OS MAROTOS

Aviso: Esta história é baseada em personagens e situações criadas por JK Rowling. Os direitos autorais pertencem a editoras como Bloomsbury Books, Scholastic Books e Raincoast Books, e Warner Bros., Inc. Não há intenção nenhuma de arrecadar dinheiro com essa prática ou violar leis. O principal objetivo deste fic é somente a divulgação de idéias e liberdade de imaginação. Respeito e admiro totalmente as obras de JK Rowling, não pretendendo de forma alguma roubar ou marginalizar seus personagens.

Sumário: O primeiro capítulo de uma série. O retorno ao passado dos "Marotos" e aos sentimentos confusos daqueles dias.

Casais: Remus Lupin/ Sirius Black; James Potter/Sirius Black/ Remus Lupin/ James Potter; Remus Lupin/ Snape Categoria: Angst/Romance/Slash

Notas: Não sou muito habituada a escrever fanfics sobre esses personagens. No entanto, após ler "Harry Potter e a Ordem da Fênix" fiquei com muita vontade de escrever sobre "Os marotos". Estou um tanto quanto insegura. Talvez esse primeiro capítulo não esteja tão bom, mas tentarei melhorar nos próximos. Talvez eu não pudesse exagerar muito nas emoções pelo fato do capítulo I se passar na época em que eles ainda eram muito crianças. Mas tudo bem, nos próximos capítulos, eles já estarão mais crescidos. Bom, mesmo assim espero que vocês apreciem e também espero ansiosamente suas reviews. Por favor, não encarem esta história com uma visão ofensiva ou julguem seu conteúdo apenas erótico. Há aqui a presença de sentimentos e emoções que obviamente não cabem num cenário pornô, onde a única preocupação é a prática desenfreada de sexo. Se por um acaso você é menor de idade ou possui algum trauma ou preconceito contra homossexualismo (relacionamento entre homens) não a leia. Não há necessidade de entupirem minha caixa de e- mail com comentários baixos sobre yaoi ou críticas ofensivas. Somos adultos e vivemos num país livre, por isso, vamos nos comportar e nos respeitar

CAPÍTULO I

Remus livrou-se do abraço da mãe contra gosto. A estação enchia cada vez mais, reunindo diante do trem inúmeras cores e visões diferentes.

"Prometa-me que vai se cuidar, meu bem..."

Remus estremeceu. Era difícil e estranha aquela situação. Há anos ansiava ardentemente aquele momento. No entanto, agora que ele acontecia, não sabia exatamente o que dizer, como agir ou o que pensar...

"Escreveremos para você quando chegar lá..."

Remus deixou-se ser abraçado pelo pai que parecia igualmente triste. Tão diferentes estavam seus olhos castanhos que sempre se mostravam tão brilhantes e alegres.

A insegurança trazia uma atmosfera sufocante e pesada. O menino de cabelos castanho-claro sentiu um tremor subir por suas mãos. Numa tentativa urgente de controlar o nervosismo, Remus procurou na multidão distrair-se com qualquer coisa que chamasse sua atenção. Seus olhos cinzentos arrastaram-se pelas pessoas que compunham aquele quadro. Uma garota de cabelos negros despedia-se da irmã menor. Como ele sabia que eram irmãs? Deveriam ser com seus idênticos cabelos cacheados e olhos azuis.

As pupilas de Remus flutuavam rapidamente pela multidão. Precisava ocupar sua atenção com algo e esquecer-se de sua eminente partida. Necessitava pensar em algo que não fosse si mesmo. Ouvia as vozes bondosas e encorajadoras de seus pais chegarem distantes em seu cérebro. Preferia não escutá-las totalmente. Queria afastar-se da realidade.

Percorreu com uma nova onda de angústia seu olhar pelas pessoas na plataforma 9/2. Seria tão difícil ter sua atenção presa em qualquer coisa banal?

Então algo aconteceu...

Remus tinha seu rosto virado para uma distância próxima à pilastra. Um garoto alto com cabelos muito negros e um pouco compridos parecia discutir com seus pais. Remus achou, de fato, que deveria ser um garoto do segundo ou terceiro ano. Seus pais o olhavam com desagrado enquanto ele apontava para o trem e discutia.

Remus não soube compreender o que se dava ali. Mas não pode deixar de reparar o olhar esnobe que o casal lançava ao próprio filho e sua postura imponente e arrogante. Suas vestimentas elegantes e alinhadas destoavam gravemente de todos presentes no lugar.

Em um determinado momento, o garoto de cabelos negros irritou-se com tanta profundidade com os pais que lhes proferiu algo muito desagradável e distanciou-se pisando duro até o interior do trem. Seu rosto estava agressivo e determinado. Nesse momento, os olhares dos dois chocaram-se e por um momento, o garoto mais alto mirou Remus. Foi com mau-humor que ele murmurou.

"Está olhando o quê?"

Remus o viu desaparecer dentro do Expresso para Hogwarts, puxando com impaciência sua bagagem.

"Aquele ali não é o filho mais velhos dos Black?"

O pai de Remus endireitou os óculos sobre o nariz e olhou atentamente o casal que se retirava, passando pela parede mágica, levando junto o seu habitual ar de superioridade.

"Sim. É realmente ele. E lá vai embora os seus arrogantes pais. Pelo visto, o filho puxou isso deles..."

"Não me admira que uma criança cresça ruim dentro de uma família daquelas. Definitivamente, não são o modelo de bruxos. E além disso...OUCH"

Um casal atravessava correndo a parece mágica nesse exato momento, puxando o filho pelo braço e esbarrara nos pais de Remus.

"Ei, desculpem-me. Achei que o trem já tivesse partido. Vi pais já indo embora quando estávamos chegando até a plataforma."

O pai de Remus virou-se para falar com um homem sorridente que enquanto o ajudava a se levantar, consultava intrigado o relógio.

"Faltam alguns minutos para o trem partir..."__ respondeu a mãe de Remus com delicadeza.

"Que sorte que temos, então. Desculpem-nos pelo incoveniente. Sou Louis Potter. Esta é a minha esposa Joanne e este é o meu filho James..."

"Ora, ora... Já ouvi falar muito dos Potters. Obviamente, que bem. Sou Andrew Lupin . Estes são Pristine e Remus..."

"Também já ouvi falar muito bem dos Lupins. É uma honra encontrá-los. Primeiro ano também em Hogwarts?"__ perguntou Andrew indicando Remus com a cabeça.

"Sim, sim..."

Remus olhou para James que observava distraído o ambiente. Ao contrário dele, ele não parecia nem um pouco nervoso ou inseguro. O último sinal soou para que todos os alunos entrassem no Expresso.

Remus abraçou mais uma última vez seus pais e endireitou seus óculos. James, à sua frente, já avançava para o trem, arrastando seu malão.

O interior do trem era amplo e agradável. Remus achou melhor procurar logo um lugar. Seus olhos percorreram sem entusiasmo as cabines lotadas dos vagões. Vários grupos de amigos se reuniam entre conversas e risadas. Como ele gostaria de fazer parte de um daqueles grupos. Ao menos, talvez não se sentisse tão deslocado e inquieto.

Caminhou com pressa até o último vagão. Talvez lá ainda sobrasse algum lugar para ele. Suas mãos já não tremiam mais tanto. Mas precisava encontrar realmente um lugar para si no Expresso. E deveria fazer isso já...

Remus abriu a porta de cabine desejando que não estivesse cheia. Foi com surpresa que contemplou o rapaz que na estação discutira com os pais, sentado com a cabeça apoiada contra a vidraça. Parecia agora não mais tão mal-humorado, mas sim pensativo.

À princípio, Remus pensou o quê um aluno do segundo ou terceiro ano estaria fazendo sozinho no último vagão e não entre os grupos da frente.

O rapaz olhou Remus de cima a baixo e murmurou após desviar o olhar.

"Hum...Você de novo...O que quer agora?"

Remus permaneceu calado por alguns segundos. Então, quando o outro fez menção de voltar a falar, ele redargüiu.

"Estava procurando um lugar, mas parece que todos os lugares já estão ocupados... Er... Será que eu poderia ficar aqui...?"

O rapaz pensou um pouco nas palavras do outro antes de desviar os olhos novamente para voltar a falar.

"O Expresso não é meu. Pode se sentar onde bem entender contanto que não seja no meu colo."

Remus corou um pouco com a resposta do outro garoto. Suspirou com profundidade pela rispidez e sentou-se no banco diante do estranho, estendendo a mão.

"Meu nome é Remus Lupin..."

O outro garoto olhou a mão diante de si por algum tempo antes de aceitar a formalidade e apertá-la.

"Sou Sirius Black..."

Um silêncio longo se deu. Os dois ainda apertavam as mãos. Remus levantou os olhos para mirar Sirius e sentiu o tremor voltar às suas mãos. Não compreendeu bem, mas uma sensação estranha o tomou. Um calor subiu por suas faces. Os olhos de Sirius pareciam esmagá-lo e Remus não pode deixar de reparar no belo rosto do outro garoto. Rapidamente, seu pensamento condenou- o por ficar admirando a beleza de outro rapaz. Não era a primeira vez que isso acontecia e julgava que tal acontecimento não era nada bom. Sem tentar parecer nervoso, Remus puxou a mão e arriscou olhar novamente Sirius. Foi com timidez que tomou conhecimento que ele ainda o mirava. O que ele estaria pensando? O que quer que fosse, Remus tentou dizer qualquer coisa que quebrasse aquela situação estranha.

"Eu vi seus pais indo embora há pouco..."

Imediatamente depois de falar isso, Remus percebeu que cometera um erro grave. A expressão no rosto de Sirius modificou-se significantemente e ele olhou com indignação o outro garoto. Remus voltou imediatamente sua atenção para a janela. O trem já estava andando e a estação ficara para trás.

"Aqueles não são meus pais!"

"Desculpa. Meu pai reconheceu-os como Black e eu pensei que fossem seus pais..."

"Sobrenome e sangue não é tudo! Meus pais são patéticos! Tão esnobes e ridículos! Eles querem que eu entre na Sonserina só porque acham que é o melhor para mim! Como sabem o que é melhor para mim se nunca me perguntam o que eu quero...!? Eles só querem mesmo é que eu faça todas as idiotices que eles me mandam fazer. Como...?"

Sirius calou-se enquanto Remus o olhava assustado por detrás de seus óculos pesados. Recompôs-se imediatamente. Remus compreendeu que Sirius parecia há muito querer falar, mas só agora, explodindo, dizia o que sentia. Seus olhos voltaram a mirar a vidraça da janela quando sua percepção novamente ressaltou que mesmo quando irritado, as linhas harmoniosas do rosto de Sirius mantinham-se intactas, não deformando-o. As roupas alinhadas e elegantes combinavam de um modo charmoso com o seus cabelos negros e um pouco compridos.

Sirius olhou novamente a paisagem do lado de fora, tentando não olhar para o outro. Estava envergonhado pelo que dissera.

Remus arriscou falar mais uma vez.

"Eu gostaria de ir para a Grifinória, mas acho que vou acabar na Corvinal. Meus pais eram de lá..."

Sirius mirou Remus com um misto de agradecimento e alívio pelo fato do outro não lhe fazer perguntas à respeito do que dissera há pouco. Sua expressão suavizou-se significantemente.

"Eu pretendo ir para a Grifinória. Um tio meu estudou nessa Casa."

"Ei, pensei que você fosse aluno do segundo ou terceiro ano. Não parece um estudante primário..."

"Eu tenho 12. Na verdade, estou atrasado um ano porque fiquei muito doente no início do ano passado e não pude entrar na Escola. Estou ansioso para jogar Quadribol em Hogwarts. Você joga?"

Remus sacudiu a cabeça sorridente.

"Não sou muito bom em Quadribol. Minha mãe chegou a jogar no time da Corvinal na época em que ela estudou em Hogwarts, mas eu acho que puxei o talento do meu pai que se saía melhor torcendo por ela na platéia..."

"Se quiser, eu posso te ensinar a jogar..."

"Obrigado. Vou gostar de tentar aprender. Será que consigo...?"

Sirius olhou-o por um breve momento em silêncio.

"Se não conseguir, pode torcer por mim na platéia."

Remus olhou-o. Sorriu mais por timidez do que por vontade própria. Novamente, o incômodo silêncio abafou o ambiente.

Um barulho na porta da cabine quebrou a concentração de ambos. Um garoto, magricela, pálido, com cabelos negros muito lisos e um nariz um pouco grande apareceu arrastando a bagagem. Sem dizer palavra alguma, ele jogou- se em um banco afastado e lançou um olhar meio grosseiro para Remus e Sirius que o olhavam com curiosidade. Ainda sem dizer palavra alguma, o garoto abriu um livro de "Defesa contra a Arte das Trevas" e começou a lê- lo. Sirius deu de ombros e virou-se para olhar para a outra pessoa que entrava na cabine. Um garoto com cabelos despenteados e óculos surgia. Remus o reconheceu imediatamente como James Potter.

"Oi. Será que eu poderia ficar aqui? Esse trem não tem um lugar sequer vazio...."

Sirius mirou em silêncio o garoto por algum tempo antes de concordar com a cabeça. James, arrastando seu malão, sentou-se diante de Sirius.

"Olá, Remus. Lembra de mim na estação?"

"Oi, James. Claro que lembro. Estava mesmo a me perguntar onde você teria se metido."

"Bem, uns quartanistas da Sonserina estavam jogando feitiço das pernas- bambas nos alunos novos. Idiotas de verdade! Acharam realmente aquilo muito divertido!"

Remus olhou com preocupação para James e murmurou apreensivo.

"Então, eles pegaram você?"

"À mim? Não, mesmo! Lancei antes que eles me pegassem, o feitiço "Furunculus". Meu pai me ensinou como fazê-lo. Bom, quando os monitores chegaram, os três sonserinos estavam no chão com a cara coberta de furúnculos. Foi, então, a nossa vez de rir..."

Remus mirou James com espanto por alguns segundos. Sua atenção foi desviada para Sirius. Ele sorria com verdadeiro agrado pela história contada por James. Era a primeira vez que Remus o via sorrir. James também o olhou antes de estendê-lo a mão.

"Sou James Potter."

"Sou Sirius Black. Então, você deu para os sonserinos idiotas o que eles mereciam..."

"Yep. Eu juro que se m mandarem para a casa da Sonserina, volto imediatamente para Londres. Não entendo porque todos enchem tanto a bola da Sonserina. Até agora, só tive o desprazer de conhecer idiotas escórias que vieram de lá. Qualquer das três Casas para mim são ótimas para mim. Só não quero mesmo a Sebosina."

Uma nova gargalhada de Sirius ecoou pelo ambiente. Um pigarro forte foi ouvido no fim da cabine. O garoto magricela de cabelos pretos parecia incomodar-se com algo. Mas se realmente ele o estava, os três garotos não puderam ver, já que ele segurava firmemente o livro de Defesa contra a Arte das Trevas diante de seu rosto.

"Concordo com tudo que você falou."__ redargüiu Sirius sorrindo.

Remus percebeu um longo olhar trocado por James e Sirius. Os dois, em silêncio, miravam-se por um longo momento como que trocando algum tipo de cumplicidade em suas opiniões semelhantes. Foi Sirius Black agora quem desviou o olhar para a paisagem campestre do lado de fora. James, no entanto, continuou mirando-o serenamente com seus olhos castanhos. Remus não soube bem ao certo se foi sua imprensão, mas julgou ver um leve rubor subir pelo rosto de Sirius, tal qual acontecera com si mesmo há pouco.

James virou-se finalmente para Remus e indicou com a cabeça o garoto magricela que sentara-se no banco afastado.

"Remus, quem é ele?"

"Não sei, James."

A porta da cabine abriu-se mais uma vez e um garoto meio rechonchudo apareceu na porta com uma expressão preocupada. Ele deteve-se um minuto olhando para os outros garotos.

"Quem é voc"__ perguntou James erguendo uma sobrancelha.

"Vocês não são da Sonserina, são?"__ perguntou o garoto empalidecendo violentamente.

"Não somos de casa alguma. Somos alunos primários."__ respondeu Sirius franzindo o cenho__ "Quem é você?"

"Eu sou Pedro Pettigrew. Tem uns sonserinos me perseguindo. Eles querem jogar feitiços nos alunos novos. Tá a maior confusão lá fora. Parece que eles pegaram a varinha de uma garota nascida trouxa."

"Eles o quê? Mas será que esses idiotas da Sonserina não vão parar nunca!?"__ murmurou James entre dentes, caminhando até a porta da cabine. Remus e Sirius se levantaram também. O garoto magricelo permaneceu no lugar onde estava.

Sirius girou os olhos com impaciência quando viu um grupo de garotos da Sonserina jogando feitiços em três assustados alunos novos. Um deles tinha o cabelo muito loiro e um pouco comprido. Os outros três eram morenos. Uma garota de cabelos muito negros e brilhantes dobrava-se de rir do que acontecia.

Sirius caminhou em direção aos sonserinos.

"Vocês são mesmo patéticos. O que pensam que estão fazendo?"

"Hey, olá Black! Não quer se juntar a nós...?" __ perguntou o garoto de cabelos claros.

Sirius olhou para a garota de cabelos negros com irritação.

"Bellatrix, será que você não tem nada melhor para fazer?"

"Qual é o problema, primo? Estamos só nos divertindo com alguns sangue- ruins..."

Sirius mirou-a com irritação verdadeira.

"Lave sua boca, sua estúpida. E não me chame de primo. Quero esquecer que somos parentes."

A garota parou de rir e olhou-o com desafio. O garoto de cabelos loiros aproximou-se com um riso debochado.

"Qual é o problema, Sirius? Tomando as dores dos nascidos trouxas? Nem parece um Black falando. Escuta, se você quer mesmo vir para a Sonserina é melhor..."

"EU NÃO QUERO IR PARA A SONSERINA!"__ berrou Sirius atraindo a atenção de todos no vagão. James, Remus e Pedro observavam de longe. James teve sua atenção desviada para uma vozinha fina que abria caminho entre as pessoas e passava por ele.

Seus olhos pairaram em uma garota de cabelos ruivos e olhos muito verdes que caminhou altiva até Bellatrix que ainda mirava Sirius.

"Devolve a minha varinha."__ ordenou a garota ruiva estendendo a mão para Bellatrix.

Bellatrix olhou-a não melhor que uma pessoa que vê um inseto. Depois, voltou a olhar para Sirius, ignorando-a totalmente.

"DEVOLVE A MINHA VARINHA, AGORA!"__ berrou a garota empurrando Bellatrix com força.

"Cuidado aí, sua pirralha sangue-ruim senão eu transformo você em algo mais repugnante do que é. Quer que eu devolva sua varinha, é? Eu vou devolver quando eu quiser! Isso se eu não resolver quebrá-la..."

"ME DEVOLVE!" __ berrou a menina avançando novamente para Bellatrix.

Sirius virou-se para Bellatrix com verdadeira raiva.

"Devolve a varinha para ela agora mesmo!"

"Me obrigue..."

Sirius tirou sua própria varinha de dentro do bolso e apontou sem cerimônias para Bellatrix.

"Obrigo se for preciso. Agora vê se não me envergonha ainda mais!"

Bellatrix pareceu por um momento confusa. Seus olhos corriam de Sirius para a garota ruiva. Depois, buscou apoio nos olhos claros do garoto louro. Por fim, ela tirou uma varinha de dentro das vestes e a entregou para a garota.

"Acho melhor você ser mais educado com os terceiranistas, Black. Afinal, esse é somente o seu primeiro ano e você vai precisar de nossa ajuda. Não fazemos com você o que fizemos com aqueles sangue-ruins porque você vem de uma boa família. Agora, é melhor você escolher logo de que lado ficará."

"Vai pro inferno, Malfoy!"

Bellatrix deu um risinho debochado quando retirou-se junto com os amigos pela multidão que abria caminho.

"Imagine a cara do titio e da titia quando souberem que você tem aptidões para Lufa-Lufa, priminho..."

Os sonserinos desapareceram no corredor. Uma garota de cabelos castanhos veio correndo em direção à menina ruiva.

"Lílian, você está bem...?"

Remus viu Sirius quebrar o feitiço das pernas-bambas que os sonserinos haviam lançado nos nascidos trouxas com sua própria varinha. A menina de cabelos ruivos aproximou-se de Sirius e murmurou agradecida.

"Obrigada pela ajuda. Sou Lílian Evans. Quem é você?"

"Sou Sirius Black. Não ligue para aqueles imbecis. Você é nascida trouxa, não é? É melhor ficar perto dos monitores. Sonserinos são implicantes e não gostam muito de alunos novos."

"Está bem. Obrigada mais uma vez. Farei isso..."

A menina de cabelos ruivos deu a mão para a amiga e também desapareceu no corredor. Remus percebeu que James a acompanhava com o olhar até que seus cabelos ruivos tornaram-se apenas um pontinho na distância. Pedro avançou para Sirius, trêmulo, mas sorridente.

"Você é muito corajoso...Er...Cuidou direitinho daqueles idiotas...E você__ murmurou ele, virando-se agora para James__ foi aquele garoto que há alguns minutos atrás lançou "Furunculus" naquele outro grupo de sonserinos. Como vocês são fortes! Er...Será que eu podia ficar com vocês durante a viagem?"

James sorriu com gentileza.

"Claro que sim. Anti-sonserinos aqui são sempre bem-vindos..."

Sirius, no entanto, limitou-se a olhá-lo em silêncio, sem dizer palavra alguma.

Os quatro garotos entraram na cabine e a viagem continuou sem mais problemas. O garoto magricela continuava lá, lendo o livro em silêncio.

Os quatro conversaram bastante durante a viagem. Remus e Pedro em um determinado momento silenciaram-se. No entanto, James e Sirius continuaram falando. Falaram a viagem inteira. Pareciam antigos amigos que haviam se reencontrado. Remus olhou-os por um rápido momento. Sentiu-se um pouco mal. Antes de James chegar, ele e Sirius estavam conversando. No entanto, agora ele estava deixado de lado. Uma pontada de ciúme o incomodou. Silenciou-se, mesmo quando James tentou introduzi-lo na conversa, até o momento da chegada em Hogwarts. Os quatro vestiram seus uniformes. Remus foi o último a deixar a cabine, permitindo que Pedro passasse a sua frente. Nesse momento, o garoto magricela surgiu na porta da cabine, arrastando sua mala que arranhava o assoalho. O garoto magricela olhou Remus rapidamente e atrapalhando-se com a bagagem, deixou que o livro que lia caísse no chão. Remus ajoelhou-se para apanhá-lo e devolveu-no ao seu dono, sorrindo.

"Isso aqui é seu..."

O garoto magricela virou-se em seus calcanhares para olhar para Remus. Pareceu atordoado por um momento antes de esticar o braço e agradecê-lo com uma voz um tanto quanto rouca, tal qual a voz que não se usa há muito tempo torna-se.

"Eu sou Remus Lupin. Quem é você...?"

"Se...Severus Snape..."

"Você também é do primeiro ano, não é mesmo? Por que ficou calado durante a viagem? Poderia ter se juntado à nós. Também somos alunos primários..."

Severus manteve-se calado, olhando-o. Remus fitou o livro que Snape segurava.

"Esse livro de 'Defesa contra a Arte das Trevas' é muito bom. Já o li várias vezes. Acho que deve ser a melhor matéria de Hogwarts... Também acho que 'Poções'deve ser legal. Mas 'Defesa contra a Arte das Trevas' é melhor..."

Remus pode ver Severus mover os lábios finos levemente em um sorriso meio inseguro. Remus retribuiu ao sorriso espontaneamente.

"Preciso ir agora. Espero que fiquemos na mesma Casa. Até mais tarde..."

Remus afastou-se, puxando a bagagem e sentiu os olhos de Snape em seu rosto. Virou-se mais uma vez para acená-lo e sorriu quando obteve uma insegura resposta.

James, Sirius e Pedro que o esperavam na curva do corredor olharam para trás.

"Quem é ele afinal, Remus?"__ perguntou James mirando o garoto que ainda olhava Lupin.

"Severus Snape...Ele também é aluno do primeiro ano."

"Parece ser um antipático! Viram como ficou durante a viagem inteira emburrado lá atrás?"__ redargüiu Sirius com deboche.

Remus olhou mais uma vez para trás e viu Snape ainda parado olhando-o.

"Sabe...Ele não parece ser má pessoa. Só parece ser meio tímido. Deve estar se sentindo deslocado..."

Sirius olhou-o pelo canto dos olhos e murmurou com mau-humor.

"Pelo visto vocês já são amigos íntimos, não é mesmo? E além do mais, que nome ridículo ele tem..."

Remus não entendeu o motivo do comentário de Sirius e preferiu manter-se em silêncio. Os quatro garotos reuniram-se do lado de fora esperando por Hagrid que os conduziria até o castelo de Hogwarts.

***

Remus naquela noite sentiu um alívio profundo. Estava feliz por ter entrado na Grifinória juntamente com Sirius, James e Pedro. Os quatro dividiam o mesmo quarto. Sentia-se mais tranqüilo agora. Olhando pela janela, Remus contemplou a lua minguante. Dumbledore o havia dado a chance de estudar em Hogwarts, mesmo com o problema que possuía. Estava disposto a ser um excelente aluno e esforçar-se para isso, a fim de retribuir a bondade do diretor da Escola. Mas não podia de modo algum permitir que seus novos três amigos descobrissem o seu segredo. Remus afastou-se da vidraça e aproximou- se de sua cama. Nas outras próximas, Sirius, James e Pedro dormiam. Remus percorreu os olhos pelas camas. A cama de Pedro estava com o cortinado fechado. James, ao lado, dormia profundamente. Seus óculos estavam na mesa próxima. Seus cabelos caíam por seu rosto. Sirius, no entanto, ainda estava acordado. Olhava para o teto em silêncio.

"Boa noite, Sirius..."

"Boa noite, Remus..."

Remus mirou na penumbra os contornos da face de Sirius que piscava vez ou outra para o teto. Os fios negros de sua franja mal cortada caíam-lhe pelo rosto. Sua cabeça estava apoiada sobre seu braço esquerdo. Remus viu Sirius, percebendo o insistente olhar, virar-se para olhá-lo.

"O que está olhando, Remus...?"

Remus corou violentamente e ficou satisfeito pelo quarto não estar muito claro e Sirius não poder ver a vergonha crescendo em seu rosto.

"Er...Estou pensando...que foi muito bom ficarmos na mesma Casa..."

"Pare de ficar me olhando, Remus porque eu quero dormir. Não consigo dormir com ninguém me olhando..."

Remus corou um pouco mais e baixou os olhos. Vez ou outra, no entanto, levantou os olhos para encarar o amigo com cautela suficiente para não deixá-lo perceber. Observou Sirius adormecer e mesmo depois continuou olhando-o. Remus dormiu naquela noite feliz pelo bom dia que tivera. No entanto, aquela sensação estranha que corria por seu rosto incomodava-o ainda um pouco. Naquela noite, Remus dormiu pensando em Sirius e julgou que isso não era nada bom.