Capítulo XVIII

Li selou o cavalo e montou, atiçando-o em uma louca corrida até o porto. Não tinha bem certeza do que estava fazendo, só sabia que não poderia deixar Sakura embarcar para o Japão. Faria com que ela ficasse na China, que ficasse com ele, ao lado dele. Não deixaria que um idiota japonês a tirasse dele.

            De forma desesperada, cavalgou até o porto onde literalmente passou por cima de tudo que estivesse no seu caminho. Avistou ao longe o navio com a bandeira japonesa em seu mastro. Atiçou com mais força o corcel para que fosse na direção do navio. Assim que o viu a sua frente, pulou ao chão sem ao menos parar direito o animal.

'Em que posso ser útil, senhor?' Perguntou um soldado japonês que fazia parte da tropa de Kinomoto.

'Onde está a filha do general?' Perguntou procurando por Sakura. Avistou-a caminhando ao lado do pai e da sua amiga. Franziu a testa reparando em outro oficial que conversava alegremente enquanto preparava-se para subir na embarcação.

'Kinomoto!' Ele gritou, empurrando o soldado que tentava inutilmente barrar-lhe.

            Sakura gelou ao ouvir Li chamando-a, apertou mais forte o braço do pai que estava igualmente nervoso com a chegada do oficial chinês.

'Quem é?' Perguntou Hiraguizawa, observando o estranho que aproximava-se deles.

'Meu Deus...' Foi tudo que Cixi conseguiu sussurrar observando o homem que sabia, fazia a amiga sofrer.

'O que ele quer?' Perguntou Fujitaka apreensivo.

'Ele veio me prender...' Gemeu Sakura apertando o braço do pai com medo de que Li a puxasse do lado dele.

'Prender? Mas por que?' Eriol não entendia.

'Ele não faria isso.' Cixi tentou acalmá-la.

            Li parou em frente aos quatro, mas seus olhos estavam em Sakura que o fitava assustada. 'Não vim prender-lhe, Kinomoto.' Falou sentindo o medo dela.

            Sakura relaxou, soltou o braço do pai e encarou Li com curiosidade. 'Então o que veio fazer? Despedir-se de mim, General?' Perguntou em tom de deboche.

            Li ergueu uma sobrancelha. Realmente ele tinha enlouquecido por estar ali. 'Você pode ficar na China, o imperador a perdoou, por isso não precisa fugir para o Japão.'

            Sakura franziu a testa, observando o homem a sua frente. 'Como?'

'O que disse, general?' Perguntou Fujitaka.

'Sua filha é uma mulher livre e é chinesa. Ela não precisa ir para o Japão.'

'Veio até aqui para me dizer isso, general?' Perguntou Sakura, incrédula.

'Sim e para falar para você ficar.'

'Ficar?'

'Sim, eu quero que você fique.'

            Ela arregalou os olhos fitando Li sem entender nada.

'Minha filha vai comigo, General. Não tem porque ela ficar neste país.'

'Este é o país dela. Ela nasceu aqui e deve ficar aqui.' Respondeu de forma rude.

'Está excedendo o seu posto, general. Isso é uma questão familiar.' Falou Hiraguizawa.

            Li desviou os olhos de Sakura e encarou com fúria o homem ao lado da jovem. Quem era aquele idiota para lhe dizer o que devia ou não fazer?

'Não se meta nisto oficial.' Falou de forma assassina.

            Sakura deu um passo a frente e encarou Li. 'Por que está fazendo isso tudo?'

'Você não pode sair da China! Sou um oficial do império e ordeno que fique no país.'

'Mas por quê?!' Insistiu.

'Por que eu quero!'

            Sakura abriu a boca para falar, mas nada vinha na sua mente. Ele pegou o pulso dela e a puxou com força. Pronto, agora a confusão estava armada. Cixi não teve como não soltar um grito de medo pela vida da amiga. Fujitaka puxou o outro pulso da filha, enquanto Eriol já desembainhava a sua espada. Li fez o mesmo com a outra mão solta.

'Aconselho que solte a senhorita, General!' Ameaçou Eriol.

'Não venha me dar ordens!'

'Solte minha filha.'

'Me solta General!' Sakura gritou tentando livrar o pulso.

'Solte-a! Já não fez mal suficiente a ela?!' Gritou Cixi na cara de Li.

            Todos ficaram em silêncio. Sakura virou-se para a amiga com os olhos arregalados.

'Do que ela está falando?' Perguntou Eriol um pouco atordoado.

'Sakura?' Fujitaka a olhou com o rosto sério.

            Cixi levou uma das mãos à boca vendo que havia falado demais, mas agora não tinha como voltar. Li aproveitou a deixa. 'Sua filha me pertence.'

'O quê?!' Ela virou-se para ele com os olhos em chamas. 'Eu não sou um objeto para pertencer a alguém!'

'Pois você é minha.' Ele falou encarando-a, depois desviou os olhos dela para o pai da jovem. 'Caso com sua filha.'

            Fujitaka finalmente soltou o pulso da filha e observou Li puxá-la para perto de si. 'Irá casar com ela?'

'Sim. Acho que não vai ter nada contra isso, não é general Kinomoto?'

            Sakura sentiu o sarcasmo dele. Como ela o detestava, tentou livrar o pulso preso, mas Li a apertou mais forte. 'Me solta. Eu vou com o meu pai para o Japão!'

'Não vai, não. Você vai ficar aqui.' Ele falou, divertindo-se com a resistência dela. 'Sua filha sabe muito sobre o governo chinês, não posso deixá-la partir. Estou disposto a casar-me com ela.'

'É por isso que quer casar-se comigo?! AHHHHHHH! Eu te odeio!' Ela falou dando soquinhos no braço dele na tentativa de se soltar.

'Eu não sei...' Falou Fujitaka observando a filha vermelha e bufando a sua frente.

'Além de limpar a reputação dela.' Li falou com a cara mais deslavada do mundo. 'Viajei durante dias com sua filha, acha mesmo que não aconteceu nada entre nós?'

            Fujitaka observou demoradamente o rapaz a sua frente. Ele sempre desconfiou que a filha escondia alguma coisa. O melhor era casá-la com ele.

'Nunca aconteceu NADA entre nós!' Gritou Sakura revoltada. 'Está querendo sujar minha reputação por causa de suas idéias mesquinhas e egoístas!'

            Ele abaixou o rosto. 'Tenho como provar que você foi minha mesmo sem ter sido realmente. Não me obrigue a contar para seu pai.' Falou ao ouvido dela.

'Eu odeio você.' Ela falou entre os dentes.

            Li sorriu de lado e soltou Sakura que ainda bufava de raiva dele. Encarou-o, morrendo de vontade de socar aquela cara. Era claro que queria casar-se com ele, mas não assim, não para proteger o que ela sabia.

'Eu juro que não falo nada... não precisa manter-me aqui.' Falou Sakura, fitando-o.

            Li inclinou-se a frente dela e a olhou bem de perto. 'Não confio em você, Kinomoto.' Divertiu-se ao ver o rosto da menina contorcer-se de raiva.

            Ela virou-se para o pai, suplicando com os olhos que ele intervisse. O general deu de ombros e balançou de leve a cabeça sem saber o que fazer.

'Estamos de partida, General Li. Não posso deixar minha filha sem ela estar...'

'Entendo', Li interrompeu o japonês. 'Há um templo aqui perto, poderei casar com sua filha agora, antes de vossa partida.'

'Isso é loucura!' Exclamou Eriol.

'Vamos então.' Resignou-se Fujitaka. O general pediu para um soldado preparar um cavalo e o montou. Li puxou Sakura em direção ao seu cavalo, ela ia contrariada.

'O que está acontecendo aqui?' Uma voz feminina chamou a atenção de Sakura e Li. A jovem virou-se para trás ainda sentindo a mão de Li apertar seu pulso com força.

'Tomoyo?'

            A jovem concubina estava parada um pouco afastada deles com a mala pronta. Sakura apesar de tudo abriu um lindo sorriso mal acreditando que a amiga teve coragem de largar tudo para ir com ela para o Japão. Deu um passo na direção dela, porém Li a puxou com força. 'Vamos, Kinomoto.'

            Tomoyo largou a mala e parou em frente ao casal impedindo que Li continuasse. 'Não teria coragem de levá-la, general!'

            Li encarou os olhos violetas com fúria. Quem aquela mulher era para se dirigir de maneira tão desrespeitosa. 'Saia da minha frente, va...'

'Cale-se!' Gritou Sakura puxando o braço com força e fazendo com que o guerreiro quase caísse. Ele virou-se para ela com os olhos arregalados, nunca imaginou que ela tivesse aquela força. 'Não ouse falar isso da MINHA amiga!'

'É amiga de...' Ele calou-se vendo o rosto da noiva realmente furioso. 'Vamos, Kinomoto.  Vamos, antes que eu me arrependa do que estou prestes a fazer.'

'Pois que se arrependa...' Ela falou entre os dentes.

            Ele aproximou seu rosto do dela, olhando dentro dos olhos verdes da garota. 'Vou ensiná-la a ficar no seu lugar.'

'Eu já disse que estou no meu lugar!'

'Por Deus! O que está acontecendo aqui?!' Tomoyo quase gritou sentindo lágrimas nos olhos. Foi quando Hiraguizawa parou ao lado da jovem observando o casal. A concubina virou-se para ele e pegou sua mão. 'Por favor, bom soldado, não deixe que este senhor leve minha amiga.'

            Hiraguizawa arregalou os olhos fitando a bela jovem ao seu lado. Ficou embevecido olhando-a durante alguns segundos, antes de ouvir Li arrastando Sakura novamente até o seu corcel. Abaixou os olhos e balançou a cabeça de leve. 'É a noiva dele, infelizmente, não posso interferir.'

'Noiva?' Tomoyo perguntou sem entender. O rapaz apenas confirmou com a cabeça.

O General subiu e puxou sua noiva junto para que ficasse entre os seus braços. Eriol e Tomoyo observavam o casal a distância. O capitão trocou um último olhar em chamas com Li antes do chinês afastar-se com Sakura.

'Porque está tão perfumada?' Ele perguntou.

'Porque eu quero!' Respondeu atravessada. 'Eu acordei hoje de manhã e pensei: Xiaolang vai me seqüestrar e me obrigar a casar com ele, pelo menos perfumada eu tenho que estar para o meu casamento!'

            Li soltou uma gostosa risada com a resposta malcriada. 'Ainda bem, pensei que fosse por causa daquele japonês.' Comentou enquanto dirigia-se ao templo. Fujitaka e mais um pequeno grupo vinha atrás.

'Hiraguizawa?'

'Ah, é este o nome do infeliz que tentou protegê-la?'

'É capitão Hiraguizawa, para o senhor. Ele é um homem muito bom e respeitador. Além de gentil e simpático!'

            Li franziu a testa observando a jovem entre os seus braços. Não gostou nem um pouco da defesa da garota. 'Será minha mulher, Kinomoto. É bom começar a me respeitar e parar de falar de outro homem.' Falou de maneira ríspida, tentando esconder o ciúme que sentia.

'Sua mulher...' Ela repetiu. 'Já disse que não sou um objeto para me tratar como se fosse meu dono.'

'Pois se acostume. Daqui a pouco será minha mulher.'

'Cixi e Tomoyo virão conosco então.'

'Não tenho nada haver com aquela garota e aquela... você sabe.'

'Pois se eu vou ser sua mulher, vai ter que ser responsável por elas também.'

'Não venha me dar ordens, Kinomoto.'

'Pois se acostume.' Ela falou em tom irônico, imitando-o.

            Li apertou-a mais forte contra o peito. 'Você vai me dar mais trabalho do que eu poderia imaginar.'

'Você é quem inventou esta loucura de casamento.'

'Ou você casa comigo ou eu a jogo na prisão.' Ele ameaçou mesmo sabendo que não havia fundamento no que dizia. Imaginou que assim, Sakura ficaria mais mansa... doce engano.

'Pois começo a crer que preferia estar na prisão a ficar ao seu lado.'

'Posso garantir que a minha cama é mais confortável do que a de uma cela.'

            Ela olhou rapidamente para ele com os olhos em chamas. Se pudesse apertava o pescoço daquele homem. Pararam em frente ao templo e Li estranhou aquela agitação toda. Imaginou que ele estaria vazio e calmo. Viu inúmeros soldados na porta. Desmontou e ajudou a noiva a descer. Fujitaka aproximou-se deles. 'O que está acontecendo?'

'Eu também não sei.' Falou caminhando em direção ao templo com o pulso de Sakura preso em sua mão. Nunca teve tanto medo que ela fugisse. Entrou no enorme salão religioso e viu o motivo de tanta confusão. Wing estava ali, conversando com um dos seus conselheiros, assim que viu o grupo entrar o velho sorriu. 'Oras Xiaolang, pensei que fosse mais rápido em suas decisões.' Falou o ancião aproximando-se do casal.  'Você demorou mais do que eu havia calculado.'

            Li sorriu e balançou a cabeça de leve. O imperador desviou os olhos dele e fitou Sakura que olhava para ele com o queixo caído. Li apertou de leve o seu pulso para que cumprimentasse o soberano do país.

'Perdoe-me, majestade.' Falou inclinando-se graciosamente para frente.

'Realmente é mais bela usando roupas adequadas minha jovem.' Falou em tom divertido. 'Venha, meu caro General Kinomoto, sente-se ao meu lado para assistirmos a este belo casamento.'

            Fujitaka aproximou-se de Wing e observou a filha. Casá-la com um General chinês e estimado pelo imperador não era nada mal. Melhor partido não encontraria.

'Não tem como fugir de mim agora, Sakura.' Li falou enquanto observava o celebrante providenciar os rituais para o casamento. Ela arregalou os olhos surpresa. Ele ainda tinha o pulso dela bem firme em uma das suas mãos, por nem um segundo havia soltado-o.

'Repete.' Pediu fitando-o.

            Li franziu a testa, não entendendo.

'Repita o meu nome, por favor.' Pediu de forma doce.

            Li sorriu e passou uma das mãos no rosto da menina, causando-lhe calafrios. 'Sakura.' Naquele momento a raiva que ela sentia dele se desfez como fumaça.

*~*~*

Sakura estava sentada na cama do quarto de Li em uma das alas da cidade proibida. Estava sozinha, pois ele havia ido acertar alguns detalhes com seu pai. Suspirou um pouco melancólica pensando que realmente era uma estúpida em pensar que um dia conseguiria casar-se com alguém que a amasse. Ela amava Li, mas sabia que ele não a amava. Pelo menos esperava que fosse um bom marido.

'Duvido...' Soltou, lembrando de tudo que passou com ele.

            Levantou-se e caminhou devagar pelo quarto, tocando de leve os móveis caros e finos que havia no quarto do General. Sorriu de leve, recordando-se da sua cerimônia de casamento, realmente nem um pouco convencional. Li parecia muito feliz com a presença do imperador na cerimônia. Apesar de tudo, foi bonita.

            Desviou os olhos para a cama de casal e tremeu pensando que daqui a pouco ele chegaria. Será que ele seria rude com ela? Será que a possuiria como grosseria? Abraçou-se sentindo os olhos arderem. Estava começando a pensar em fugir pela janela quando a porta do quarto se abriu. Li entrou assustando a jovem, que estava longe em seus pensamentos. Ele fechou a porta e a fitou. 'Acabei de acertar tudo com seu pai.'

'Ele já foi?' Ela falou tentando disfarçar seu desespero.

'Sim, está partindo agora da cidade proibida.'

Eles ficaram em silêncio por algum tempo. Sakura apertando de leve as mãos, mal controlando o nervosismo. 'E Cixi e Tomoyo?  Perguntou finalmente virando-se para ele.

            Li a encarou com o rosto sério. 'Resolvi deixar que elas ficassem aos meus cuidados. Estão num dos quartos de hóspedes do imperador.'

            Sakura piscou algumas vezes fitando o marido que tirava a espada e a colocava num móvel. 'Obrigada' Falou timidamente. 'Prometo que elas não irão atrapalhar'. 

'Ah, mas elas irão atrapalhar sim. Como acha que eu vou ser visto sendo responsável por uma órfã e uma concubina?'

'Droga! Então por que fez o que eu pedi? Para ficar jogando isso na minha cara o tempo todo? Tomoyo, nem Cixi precisam da sua compaixão, todo poderoso general Li!'

            Ele a pegou pelos pulsos e a encarou com o rosto sério. 'Fiz isso por você, agora para de ser mal agradecida, Sakura!'

            Ela sentiu o coração acelerar novamente. Como era bom ouvir seu nome saindo dos lábios dele. Ficou quieta, tentando controlar a respiração. Li a soltou afastando-se dela.

'Sou seu marido agora, Sakura. Poderia me ajudar a tirar a armadura?'

Ela levantou os olhos e o fitou por algum tempo até aproximar-se dele e ajudá-lo a tirar a armadura prateada. Li a colocou de lado e fitou a jovem a sua frente. Estendeu o braço tocando de leve nos cabelos curtos, porém sedosos agora. Aproximou-se mais e delicadamente levantou o rosto dela pelo queixo, beijando-a suavemente.

'Será que preciso tirar todos os objetos de perto da cama desta vez?' Perguntou, afastando-se um pouco da jovem.

'Não.' Ela respondeu, corando um pouco mais e desviando os olhos de Li.  'Eu sei... eu sei que agora é o certo.'

Ele caminhou até um móvel e abriu a primeira gaveta, tirando uma correntinha com pingente em forma de flor. Foi até Sakura e estendeu para ela. 'Coloque.' Ordenou.

            Sakura arregalou os olhos vendo a pequena jóia pendurada entre os dedos de Li. Estendeu o braço e a pegou mal contendo a felicidade. 'Você a pegou de volta?' Perguntou.

'Ela sempre esteve comigo.' Ele respondeu fitando a jovem com os olhos suaves.

            Ela o fitou. 'Porque mentiu para mim, Xiaolang?'

'Porque não a coloca? Quero vê-la no seu pescoço.'

            Sakura desviou os olhos dele, colocou a jóia no pescoço e apertou de leve a delicada flor. Li aproximou-se dela e estendeu a mão até a faixa do quimono que ela usava e começou a desamarrar devagar. Sakura permanecia parada, trêmula. Assim que a faixa caiu no chão, ele aproximou-se dela e inclinou-se até alcançar o ouvido da esposa. 'Já lhe falei para não ter medo, Sakura.' Falou de forma carinhosa. Ela estremeceu. Levantou o rosto para fitá-lo de perto e sentiu os lábios quentes de Li sobre os dela. Por um momento ela pensou que tudo poderia não ser real. Que ela acordaria na sua cama na casa do senhor Yang em Yuhan e que tudo não passaria de um sonho. Porém sentiu a mão de Li deslizando pelo seu corpo, afastando o quimono de sua pele. Gemeu por puro prazer ao ser tocada por ele, como ela havia desejado sentir aquelas mãos calejadas sobre o seu corpo, como ela havia desejado ser daquele homem.

            Li a pegou nos braços e a levou até a cama, estava ansioso por finalmente possuir aquela mulher que simplesmente não conseguia arrancar da mente. Afastou-se dela apenas para tirar suas próprias roupas e depois a fitou, linda, trêmula de medo, mas também de prazer entre os seus braços. Voltou a beijar a boca pequena e vermelha dela, deslizou os lábios até o queixo, inalando aquele perfume de flores.

'Desejei você desde a primeira vez que a vi, Sakura...' Falou com o rosto contra a bochecha dela.

            Ela gemeu, incapaz de dizer uma só palavra devido a todas as sensações que estava sentindo.

'Desejei você naquele corredor, desejei você depois que soube que era mulher, você não saía da minha cabeça.'

'Você também, Xiaolang. Deus sabe o quanto eu o quero.' Ela falou com a voz quase falhando.

            Li apoiou-se nos cotovelos e fitou Sakura entre os seus braços. Ela tinha o sorriso tão lindo, o mais belo que ele já havia visto na vida.  Ela passou a mão pelo rosto do marido e afastou uma mecha do seu cabelo que tampava um dos seus tirar belos olhos cor de âmbar. 'A única pessoa que me fazia ter vontade de ser mulher era você, Xiaolang.' Falou com a voz doce.

            Li sorriu para ela enquanto acariciava o rosto da sua esposa. 'Como conseguiu me fazer de bobo por tanto tempo, Sakura?' Ele falou com o tom de voz suave. 'Deus, como você é linda.' Disse voltando a beijar a boca da jovem, enquanto explorava suas delicadas curvas. 'Não vou permitir que fuja mais de mim, Sakura.  Vou fazê-la minha para sempre desta vez.' Falou, beijando o colo da esposa, quase enlouquecido de prazer.

'Eu sempre fui sua.' Foi a última coisa que conseguiu dizer, antes de se entregar sem resistência para o homem que amava.

*~*~*

Um ano depois

            Sakura estava sentada na biblioteca da sua casa. Estava lendo um livro sobre filosofia, enquanto seus dedos brincavam delicadamente com o pingente em forma de flor que estava em seu pescoço. Depois da lua de mel, Li a levou para apresenta-la à mãe e às irmãs, por fim acabou construindo uma casa no mesmo terreno montando ali o seu lar. Wing o transferiu para ser o responsável por um quartel perto de onde era sua casa, facilitando a vida do jovem.

            Fechou o livro já entediada com a leitura, não que ela não estivesse interessante, muito pelo contrário, porém sentia-se triste. Na verdade, sentia uma falta terrível do marido. Li fora até a cidade proibida para uma reunião e já estava há mais de uma semana fora.

Li havia se mostrado um marido maravilhoso, permitindo a ela que estudasse. Na verdade, havia lhe trazido mais e mais livros, além de continuar a ensiná-la o que sabia, inclusive sobre lutas. Permitia que ela montasse, apenas recusava a aceitar que ela usasse calças. Era carinhoso e gentil quando se amavam e perdia o controle pouquíssimas vezes com os devaneios e as idéias da esposa. Sakura não poderia ter desejado melhor marido. Às vezes, ela pensava que apesar de tudo que passou, a vida lhe valeu demais a pena. Se a senhora Yang não a tivesse vendido para Quang Dan, ela nunca conheceria o marido e talvez tivesse o fim tão triste como de muitas mulheres. Ela era uma mulher de muita sorte. Se tivesse que voltar no tempo, teria feito tudo novamente, tudo! Só para tornar-se esposa do General Li Xiaolang.

Caminhou devagar pela biblioteca, tocando de leve os móveis simples, mas belos do cômodo. Fechou os olhos e respirou fundo, parecia que poderia sentir o cheiro bom do marido pela casa.

'Está mais lenta do que quando era Kinomoto Touya, Sakura!' Falou Li, observando a esposa vermelha e suada a sua frente.

'Você que está pegando pesado comigo!' Revoltou-se. Ela tentava controlar a respiração ofegante e irregular pelo esforço que estava fazendo.

'Oras, mas não foi a senhora que falou: Trate-me como se eu fosse um soldado! Não quero moleza!' Falou de maneira debochada.

            Sakura trincou os dentes. Detestava aquele risinho de lado que ele dava quando estava debochando os outros, achando-se superior. Avançou sobre ele tentando desferir inúmeros golpes no general, que defendeu-se de todos sem muitas dificuldades.

'Você nunca aprende! Está com a espada muito abaixo da cintura do inimigo, Sakura!'

'Não estou não!' Falou, tentando acertá-lo quase que desesperadamente.

'Está sim!'

            Li riu do rosto contorcido de raiva dela. Parecia incrível como ficava ainda mais bonita quando irritada. Sakura avançou até ele sem pensar. Foi o suficiente para ele afastar-se um pouco e, com um golpe mais forte, fazê-la soltar a arma no chão. Ela tentou abaixar-se para pegar a espada perdida, mas sentiu a lâmina fria da arma do marido tocando de leve a pele de seu pescoço.

'Seria uma pena machucar um rosto tão bonitinho como este.' Comentou observando a esposa.

            Sakura sentiu o sangue ferver. Era impossível vencê-lo numa luta entre espadas ou uma luta corporal. As únicas habilidades em que ela o superava, em raras ocasiões, era a luta de bastões e o arco e flecha. Os dois ficaram se encarando até que ela sorriu maliciosamente para ele. Levou uma das mãos até o quimono abriu-o um pouco mostrando de leve a saliência de seus seios. 'Realmente não terias coragem de machucar-me, não é General?'

            Li desviou os olhos dos de Sakura e baixou o olhar para observar aquela outra parte do corpo dela. Ela sorriu vendo como era fácil distraí-lo. Sem demora chutou sua mão, fazendo-o soltar a arma que caiu no chão. Antes que Li percebesse o que tinha acontecido, ela lhe chutou no abdômen, fazendo-o dobrar-se ao meio. Pegou um dos pulsos do marido e contornou o corpo dele,  segurando o braço pelas costas. Ela bateu o pé na dobra do joelho por trás, fazendo-o cair de bruços.

'EU venci!' Falou vitoriosa.

'Venceu nada! Você jogou sujo!'

            Ela puxou o braço dele com força, fazendo o general gemer de dor. 'Eu venci sim! O senhor é que se distraiu pensando em besteiras!'

'Não posso fazer nada se você usou artifícios tão bons para distrair-me. ' Falou com o tom de voz maldoso.

            Ela finalmente o soltou. Li levantou-se, sentando no chão e mexeu um pouco o braço que estava levemente dolorido. Pensou que a esposa até que continuava bem forte. Sorriu de lado, observando-a em pé com as mãos na cintura em pose de triunfo.

'Se eu fosse seu inimigo, já estaria morto por causa da sua distração, general.' Ela falou fitando-o de cima.

'Quando um soldado se insinuar assim para mim, irei lembrar-me disso.' Falou divertindo-se. 'Apesar de que eu duvido que um inimigo tenha pernas tão bonitas quanto as suas.'

            Ela ergueu uma sobrancelha para ele e abriu a boca para falar alguma coisa, mas Li agilmente lhe deu uma rasteira, fazendo a jovem cair no chão. Ele foi até ela, sentando-se por cima de suas pernas, enquanto segurava seus pulsos.

'Agora EU venci.' Ele falou, vendo o rosto da esposa começar a contorcer-se de raiva.

'A aula já tinha terminado.  Eu que venci a luta.' Revoltou-se.

'Nada disso, a luta só termina quando eu digo que termina.' Rebateu aproximando o rosto do dela.

'Isso não vale, Xiaolang! Solte-me, a aula já tinha terminado!' Ela falou tentando livrar-se dele.

'A aula só termina quando eu quiser.' Falou ao ouvido dela com a voz rouca. 'Quero lhe dar uma última lição ainda.'

            Sakura fechou os olhos e gemeu baixinho sentindo a mão calejada de Li entrando por baixo de seu quimono enquanto ele a beijava de leve.

            Sakura balançou a cabeça tentando afastar aquelas lembranças. Só em recordá-las, já sentia o corpo queimar.

'Preciso tomar um banho frio.' Pensou em voz alta.

            Começou a caminhar pelo corredor em direção ao quarto de banho enquanto observava a casa vazia. Suspirou fundo, pensando em como sentia falta do marido. Li Xiaolang era mais que seu esposo, era a única família que já teve na vida. Ela sabia que tinha um pai, e o amava, mas não era a mesma coisa. Inclusive ele havia ido visitá-la há dois meses com o capitão Hiraguizawa Eriol. Sakura sorriu de leve, lembrando-se das cenas de ciúmes explícitas do marido.

'Porque ele tinha que ter vindo?' Li soltou com raiva, enquanto caminhava de um lado para o outro no quarto do casal.

            Sakura correu até a porta do quarto para certificar que estava bem fechada e que assim não pudessem ouvir o que estavam falando. 'Pare de ser grosso, Xiaolang! Ele veio acompanhar o meu pai! Ele já é um senhor com idade, não pode viajar sozinho.'

'Mas tinha que ser logo ele?!'

'Oras, Papai tem muita estima pelo capitão Hiraguizawa. Era claro que ele é que o acompanharia numa viagem familiar.' Ela falou calmamente.

'Eu NÃO gosto dele!'

'Você não gosta de ninguém, Xiaolang. Hiraguizawa não fez nada a você para que o trate de forma tão arisca.'

'Não gosto da maneira que ele olha para você.'

            Ela arregalou os olhos, fitando o marido que desviara os olhos para não encará-la. 'Eu não acredito que está com ciúmes...'

'Não me faça rir, Sakura! Não sou homem de ter ciúmes, ainda mais de um capitãozinho japonês!'

            Ela aproximou-se dele e tocou suavemente um dos braços do marido que estava de costas. 'Sou sua esposa, Xiaolang. Entristece-me saber que não confia em mim.'

            Ele virou-se rapidamente para ela. 'Nem pense em fazer isso que eu a mato, Sakura. Você e ele!' Falou com os olhos em chamas. 'Não gosto de dividir o que é meu!'

            Ela fechou a cara emburrada. 'Eu não sou um objeto!'

'Você é minha mulher! MINHA!' Ele quase gritou na cara dela. 'Se eu vê-lo olhando para você novamente, corto o pescoço dele! Não me importa se o Japão resolva invadir a China depois disso, ouviu bem, Sakura?'

            Ela ia retrucar, quando ele afastou-se dela, caminhando em direção a porta para sair.

'O que pretende fazer?' Perguntou indo atrás dele.

'Vou tentar esfriar a cabeça e a senhora fica aqui dentro! Não ouse sair deste quarto até eu voltar!' Ele falou saindo do quarto e fechando a porta, mas não a trancou.

            Sakura sorriu de leve lembrando de uma das discussões que teve com o marido por causa do capitão. Era incrível como Li era tão inseguro com relação a sua fidelidade.

'Como ele é bobo em pensar que eu o trocaria pelo capitão... não o trocaria por homem nenhum deste mundo.' Falou sorrindo passando a mão carinhosamente na barriga.

            Estava inerte em suas lembranças quando a porta abriu de repente e o rosto vermelho de Tomoyo apareceu. Ela morava agora com eles, Sakura tinha a impressão que o Capitão Hiraguizawa visitava sua casa, não por ela, como Xiaolang imaginava, mas sim por causa da bela japonesa. Porem achou por bem deixar isso ainda em segredo.

'O General...' Tomoyo falou com a voz ofegante. 'Ele se aproxima.'

'Xiaolang!' Gritou, pulando de alegria.

            As duas correram pela casa, Sakura mais atrapalhada do que o de costume. Da varanda da sua casa, avistou sua sogra e duas de suas cunhadas na frente da outra casa, deu um leve aceno para elas mal contendo a alegria com a chegada do marido que cavalgava de forma imponente no corcel negro em direção delas.

            Ele desmontou do cavalo e a fitou sério. Sakura abriu um enorme sorriso e correu ao encontro dele, pulando em seus braços como uma criança. Li divertia-se com isso, rodopiou-a em torno de si antes de beijá-la de forma saudosa. Depois foi cumprimentar a mãe e as irmãs. Yelan era uma mulher conservadora e muitas vezes deixava claro que não aceitara bem o casamento do único filho, mas vendo-o sorrir como nunca pensou que veria, fazia-a aceitar Sakura.

*~*~*

            Sakura estava na cozinha, preparando o jantar quando ouviu o marido aproximar-se. Virou-se e o viu na porta, encostado ao batente, sem camisa. Corou um pouco, voltando a atenção ao que estava fazendo.

'Onde está Daidouji?' Ele perguntou aproximando-se dela e pegando uma maçã que havia num cesto.

'Ela está brincando com as crianças. Sabia que ela é realmente uma ótima professora? Está ensinando-os a ler e escrever.'

'Isso é bom.' Ele falou debruçando-se na parede ao lado da janela.

'Sim, é muito bom! Ela se sente mais útil aqui. Acredita que estão vindo até algumas crianças das propriedades vizinhas?'

'Espero que não descubram...' Ele parou de falar observando a esposa.

            Sakura parou de mexer a panela e suspirou. 'Espero que nunca descubram.'

            Ele ficou em silêncio comendo a maçã. Sakura o fitou rapidamente, sentia que alguma outra coisa perturbava o marido.

'Aconteceu alguma coisa?'

            Li virou-se para ela e a observou, respirou fundo antes de começar a falar. Era incrível como sentia falta dela quando viajava para aquelas reuniões. Sua vontade muitas vezes era levá-la, mas sabia das tradições. 'Tenho a sensação de que os mongóis não estão sendo honestos nos acordos que o imperador anda fazendo com eles.'

'Bem, eles nunca concordaram muito com a delimitação da fronteira com a China.' Ela comentou.

'Acha que seriam capazes de uma invasão?'

            Sakura pensou um pouco. 'Mas o provável é que se isso ocorrer mesmo, tentarão depois de um acordo mais proveitoso para a China. Lembra-se do fator surpresa que me ensinou?' Ela falou sorrindo para ele.

'Sim, é isso que também penso...' Ele comentou antes de morder a fruta. 'O problema é que está difícil colocar isso na cabeça daqueles velhos. Eles acham que só porque o inimigo está sorrindo e dizendo que aceita tudo acabou o acabaram as dificuldades.'

'Você precisa ter mais diplomacia, Xiaolang.'

            Ele franziu a testa, observando a esposa mexendo nas panelas. 'Diplomacia?'

'Oras, o senhor não é um general? Sua função vai além do campo de batalha.' Ela virou-se rapidamente para o marido. 'O imperador lhe escuta, porém o império não é sustentado apenas por ele. Por que acha que há tantos conselheiros? O tempo que fiquei lá, percebi que ele sempre usava de bom senso, mas ouvia os seus conselheiros. Às vezes, a decisão da maioria era a que ele acatava.' Ela falou, fitando o marido.

            Li inclinou a cabeça, pensando um pouco. Sakura continuava inteligente como sempre foi, e o melhor, era sua esposa e sua companheira. Era incrível como continuava a ser seu melhor aluno e amigo. Não havia nada que comparasse ao valor que ela tinha. Podia conversar com ela sobre tudo e ainda tinha a melhor amante que já teve na vida, toda as noites ao seu lado e era só dele, apenas dele. Sorriu de lado pensando que apesar da timidez inicial, Sakura mostrou-se, além de muito amorosa, muito maliciosa quando queria. "Acho que aquela bruxa tinha razão..." Pensou, lembrando-se de Kaho. "Acho que encontrei duas preciosas esmeraldas..." Abriu um tímido sorriso para ela. Deixou a fruta no batente da janela e aproximou-se da jovem parando às suas costas.

'Eu já disse que prefiro vê-la com os cabelos soltos?' Ele falou, começando a desfazer a trança que prendia os cabelos mais compridos da esposa.

'Não.' Ela respondeu sorrindo.

            Ele passou seus dedos entre os fios sedosos e a abraçou por trás. 'Tire as panelas do fogo, almoçamos mais tarde.' Ordenou.

            Ela fez o que o marido havia pedido e virou-se para ele já sentindo os lábios quentes dele sobre os seus. Beijaram-se de forma carinhosa antes de pegá-la nos braços e levá-la para o quarto do casal.

'Xiaolang, só precisamos ter cuidado...' Ela falou sentindo as carícias do marido.

'Cuidado? Oras, nunca a machuquei.' Respondeu um pouco contrariado.

'Não! Não é isso que eu quis dizer...' Ela consertou rapidamente. Deu um tímido sorriso e passou uma das mãos no rosto sério do marido. 'Eu estou grávida.'

            Li saiu de cima dela e a fitou sentado na cama. 'Tem certeza?' Perguntou.

Ela confirmou com a cabeça e abriu um lindo sorriso. 'Três meses. Eu não queria lhe contar antes de ter certeza.'

            Li arregalou um pouco os olhos, ser pai era seu maior sonho. Inclinou-se sobre a esposa com cuidado para não pressionar seu ventre e sorriu. 'Será um menino?' Perguntou fitando-a.

'Quem sabe? Espero que sim, já que é seu sonho.'

'Se for podemos chamar de Shang como meu pai...' Falou já sonhando com a criança. '... ou Touya. O que acha?'

            Sakura enlaçou o pescoço dele e beijou-o com carinho. 'Você é quem decidirá.'

'Oras ele será o primeiro... primeiro dos cinco que quero ter.'

'Cinco?!' Perguntou, arregalando os olhos.

'Claro! Sabe que sempre quis ser pai!' Ele falou beijando a barriga da esposa com carinho. 'Mas pode ser uma menina. Já pensou nisto?' Seu tom de alegria não tinha mudado.

            Sakura fechou o sorriso involuntariamente. É claro que ela já havia pensado que poderia ser uma menina o problema era que sabia que o marido sempre sonhou com um filho, homem. Por alguns segundos, as palavras rudes que ele já havia lhe dito por ser mulher vieram em sua cabeça.

            Li estava tão fascinado com a idéia de ser pai que não reparou na reação da esposa a sua pergunta. Levantou-se e a fitou por alguns segundos. Passou sua mão pelo rosto bonito da esposa perguntando-se como ela pudera enganá-lo por tanto tempo. 'Se for menina, será tão linda quanto você.'

            Sakura corou como o elogio. 'Acha?'

'Eu tenho certeza. Poderíamos chamá-la de Ying Fa, o que me diz?'

            Sakura arregalou os olhos surpresa. 'Nunca pensei que gostaria de ter uma filha, Xiaolang.'

'Isso foi antes de lhe conhecer, minha flor.' Falou com sinceridade. 'Sei que nosso filho, mulher ou homem, será uma criança especial.'

            Ele deitou-se na cama e Sakura acomodou-se no peito do marido de forma confortável. Ela sorriu de pura felicidade, tinha certeza que Li seria um bom pai independente do sexo da criança em seu ventre. 'Eu te amo, Xiaolang.' Falou baixinho, mas sabendo que ele a ouviria.

Li não falou nada, apenas a apertou mais forte contra o peito e beijou a cabeça da esposa. "Eu também, minha flor", pensou para si.

Sakura não precisava ouvir o mesmo, ela tinha certeza que ele também a amava, mesmo que nunca fosse capaz de lhe dizer isso. Como o velho senhor Yang sempre falava: Ações valem mais que mil palavras.

You better love loving and you better behave
You better love loving and you better behave
Woman in Chains
Woman in Chains
Calls her man the Great White Hope
Says she's fine, she'll always cope
Woman in Chains
Woman in Chains
Well I feel lying and waiting is a poor man's deal
And I feel hopelessly weighed down by your eyes of steel
It's a world gone crazy
Keeps Woman in Chains
Trades her soul as skin and bones
Sells the only thing she owns
Woman in Chains
Woman in Chains
Men of Stone
Men of Stone
Well I feel deep in your heart there are wounds Time can't heals
And I feel somebody somewhere is trying to breathe
Well you know what I mean
It's a world gone crazy
Keeps Woman in Chains
It's under my skin but out of my hands
I'll tear it apart but I won't understand
I will not accept the Greatness of Man
It's a world gone crazy
Keeps Woman in Chains
So Free Her
So Free Her

            Atualmente na China morrem quase dez fetos femininos por dia, seja por aborto ou mesmo assassinado após seus nascimentos. Apesar de toda a evolução da humanidade, mulheres são vítimas de violências físicas e psicológicas impostas por seus maridos, famílias e pela própria sociedade machista.  Estamos no século 21 e mesmo assim encontramos resíduos fortes de preconceito entre raças e entre sexos. Não apenas no mundo oriental, como no mundo ocidental. Talvez este romance sobre uma menina que teve que se fingir de homem para ter suas idéias e seus valores ouvidos não seja, infelizmente, tão fora da realidade atual como imaginamos...

*~*~*FIM*~*~*

Notas finais da autora:

Bem o que posso dizer agora finalizando este fic... acho que esta foi a minha primeira tentativa em fazer um fic puramente romântico e acho que não fui tão mal quanto eu imaginava.

Quero agradecer a Andréa Meiouh, minha amiga e conselheira, além de uma excelente autora que não só inspirou este fic que vocês acabaram de ler, mas outros de muitos autores.

Quero agradecer também a outra amiga mais que especial Rô (Rosana), que revisou os textos com carinho e dedicação e me deu muitos toques para não cometer enormes gafes no decorrer da história.

Gostaria de agradecer a todos que mandaram reviews e e-mails comentando sobre este fic. Sinto muito se não pude dar a atenção que mereciam, respondendo aos e-mails ou até aos reviews, mas realmente meu tempo é corrido. Não sei nem como consigo arranjar tempo para escrever as histórias. Perdoem-me.

 Quero comentar que fiquei infinitamente feliz em receber reviews de autores que admiro muito: KayJuli,  Sandor Yamato e Felipe S. Kai. Foi muito importante receber a opinião de vocês.

Inicialmente eu ia encerrar este fic com a música "Reflection" do filme Mulan que foi minha inspiração inicial para começar a escrevê-lo, porém quando ouvi "Woman in Chains" dos "Tears For Fears", eu cheguei a me arrepiar toda! Sei que ela é meio antiguinha, mas é muito bonita e passa uma mensagem bem legal.

Para encerrar, gostaria de deixar claro que não me baseei em nenhuma época da história da China. Alguns nomes das cidades realmente existem, porém não sei ao certo se foram colocadas geograficamente no lugar certo. A festa de Yuan Xiao Jie, realmente existe, mas não tenho a menor idéia do que comemoram neste dia! Hehehe Desculpem-me, mas como eu já falei tenho pouquíssimo tempo para me dedicar à escrita.

Agora com o fic finalizado, peço a todos que deixem sua opinião sobre ela. Meus erros e acertos. Criticas e elogios. Tudo é muito importante para mim.

Beijos a todos e o meu muito obrigada!

Kath Klein

29-07-2003