Notas da história: E chegou ao fim mais uma coletânea com os sêxtuplos. Obrigada todos que acompanharam até aqui.

É ano novo e seis pequenas crianças visitam o templo pela primeira vez com seus pais para pedir por mais um ano bom.

Notas de vocabulário no fim.


Oshogatsu – by Anjo Setsuna

Era véspera de ano novo, o templo da pequena cidade de Akatsuka estava movimentado. Várias crianças corriam pelo pátio brincando de pega-pega, alguns visitantes estavam em filas para rezar ou para comprar coisas nas lojinhas do templo, afinal um amuleto sempre era algo bem vindo.

Um casal aparentemente cansado chegara com várias crianças. A mulher carregava uma das crianças no colo, enquanto outras duas lhe davam a mão. Já o homem carregava uma das crianças nas costas, enquanto mais duas seguravam cada uma em um lado de suas calças.

Eram seis irmãos, seis pequenos gêmeos de olhares curiosos e roupas iguais. Bastou alguns segundos de apreciação do "grande" lugar para os olhinhos brilharem e eles quererem sair correndo, mas uma voz severa os fez ficar parados.

- Meninos! Primeiro nosso combinado. – Matsuyo disse enquanto descia o pequeno do colo, que não parecia muito feliz com o gesto. – Vamos Todomatsu, mamãe está cansada.

- Quais as regras Osomatsu? – o pai Matsuzou perguntou descendo a criança que carregava nas costas. – Calma Jushimatsu, vai cair desse jeito.

- Nada de aprontar, não sair do templo e não se separar. – a criança respondeu empolgada.

- Muito bem. – o homem fez cafuné no cabelo de Osomatsu – Não deixe de olhar seus irmãozinhos, afinal, você é o mais velho, certo. Aqui molecada, dinheiro de ano novo. - tirou alguns envelopes decorados do bolso, entregando para cada um - Não gastem tudo numa lojinha só haha!

- Yay! Vamos gente!

- Tem certeza que é uma boa ideia deixar eles sozinhos? – a mãe perguntou preocupada, vendo as crianças sumirem rapidamente no meio das pessoas.

- Aqui não é tão grande querida, pelo menos até rezarmos acho que não destroem nada.

- Tomara...

Osomatsu e seus irmãos seguiram animados no meio das pessoas, vez ou outra pisavam no pé de alguns adultos, fugiam aos risos da zanga e finalmente acharam algumas crianças num canto do pátio do templo. Elas jogavam pião concentradas.

- Ei nanico! Não é assim que se puxa a corda.

- Cala a boca – a pequena criança de cabelo ralinho olhou quem o importunava – Seu cabelo de tigela!

Osomatsu ficou vermelho, seus irmãos riram e a criança que jogava pião ficou assustada ao ver tantos rostos iguais.

- Oso-nii, mostra suas habilidades!

- É vai!

Os gêmeos atiçavam o mais velho, que começou a competir com as outras crianças ali, o pequeno assustado apenas se afastou chamando pela mãe, gritando que havia visto um youkai.

Os sêxtuplos se divertiam, nunca tinham saído de casa para um lugar com tanta criança, de pião foram para uma competição de peteca, mas conforme o tempo passava o cansaço batia e já queriam achar os seus pais. Enquanto procuravam acharam em um outro canto do templo, um pequeno grupo de crianças que brincavam com cartas. Sentaram com eles, mas apenas Osomatsu parecia ainda com energia.

- Poxa manos, assim a mamãe vai ficar brava comigo se deitarem no chão, fica sentado pelo menos. Eu já tô terminando a partida.

- Oso-nii eu tô com sono... – Todomatsu reclamava enquanto deitava no colo de Karamatsu.

- Tá, tá, - se levantou do lugar - eu já...

O garoto ficou estático, uma garotinha de maria-chiquinha chegava com um copo de saquê-doce nas mãos. Ela sorriu de um modo estranho para ele, mas ele pareceu não se importar. Logo foi empurrado para o lado por ela.

- Levantou, perde o lugar! – a menina mostrou a língua e se sentou no lugar do menino.

- Totoko! Não faz isso, são novinhos poxa! – uma das crianças que jogava junto ralhou.

- Hunf, é de pequeno que se aprende a vida.

Os irmãos olharam confusos, Osomatsu achou aquilo fantástico, uma garota corajosa, pensou. O mais velho pegou Todomatsu do colo do irmão e começou carrega-lo nas costas.

- Vamos!

Logo o sino do Joya no Kane* começou a tocar imponente, assustando os pequenos.

- Oso-nii o que é isso? Eu to com medo...

- Não sabem é? – a menina olhou maldosa – É o sino do demônio, quando ele parar de tocar, ele leva criancinhas choronas e sem os pais embora.

- Totoko! Já disse pra parar!

Todomatsu abriu o berreiro, logo Choromatsu o acompanhava. Jushimatsu abraçou Ichimatsu, enquanto olhava aflito para os irmãos chorosos.

- Aniki, o que fazemos? – Karamatsu perguntou também receoso, enquanto olhava zangado para a garota que ainda ria.

O mais velho não respondeu, as badaladas continuavam, desceu Todomatsu de suas costas o entregando para Karamatsu e foi para o meio das crianças que jogavam cartas.

- Ei Totty, Choro, não chorem. Eu vou fazer uma mágica que faz a mamãe aparecer rapidinho!

Logo começou as rasgar as cartas e criar um pequeno rebuliço, gritos e choros eram ouvidos. Totoko corria atrás do garoto possessa.

- Osomatsu! – a mãe gritou zangada.

Logos os seis correram em direção a mãe, que pedia desculpas efusivamente aos pais das outras crianças. Matsuzou deu um cascudo em cada um e os colocou sentados de castigo em um dos bancos.

- Fiquem aqui até eu resolver essa bagunça!

Os irmãos riram baixinho, apesar da zanga pareciam aliviados, não seriam levados pelo demônio do sino.

- A mamãe sempre aparece quando a gente apronta hehe!

FIM


Notas de fim: Esses gêmeos estão no lugar mais especial e querido do meu coração por diversos motivos, eu espero novamente um dia escrever com eles de novo. E dizendo de novo, obrigada a quem acompanhou até aqui.

Uma curiosidade: o pobre do Choromatsu não apareceu em nenhum dos contos anteriores.

Fiquem com o link de um AMV que resume a série e que faz eu querer chorar de saudade sempre que assisto.

you tube watch?v=F4glilQK2TQ

*Joya no Kane – ritual budista, em que nos templos tocam 108 badalas para "purificar" e saudar o ano novo.