Como um Maroto Pode Conquistar sua Garota

Coragem para usar

Ok, Remo deveria estar tirando sarro com a minha cara. Só assim para ele ter mandado aquela coisa pra mim. Jogado na minha cama, estava um livro grande, com uma capa de couro vermelha. Escrito em letras grandes, chamativas e douradas, estava Como um Maroto Pode Conquistar sua Garota. Um livro que deveria ser proibido para uma pessoa como eu.

Mas Remo resolveu mandar de Natal essa desgraça pra mim. Sorte minha que nenhum Weasley tinha visto aquilo ainda, em especial Fred e Jorge. O pior de tudo era que eu olhava aquele livro, e pensava se alguma dica poderia me ajudar a conquistar a Gina.

Vocês devem estar confusos, então vou dar um resumo da situação. Nesse ano, eu descobri que eu estou gostando de Gina Weasley, a irmã caçula de seis Weasley super protetores e ciumentos. Eu já via a Gina com outros olhos no verão, quando eu e ela estávamos praticamente inseparáveis. Mas pra mim, no começo, aquilo só parecia que estávamos nos tornando grandes amigos. Mas o tapado aqui só percebeu que gostava dela, sem nenhum sentimento relacionado a carinho fraterno, quando viu ela e o... namorado, Dino Thomas, meu colega de quarto, se beijando. Depois de ter quase transformado Dino em uma lesma, e ter passado a noite toda em claro, tentando (inutilmente) me convencer de que o que eu sentia por Gina era inteiramente fraternal, deixei o orgulho de lado e admiti: Eu estava apaixonado por Gina Weasley. Que, para minha total alegria e felicidade, me esqueceu.

Sou sortudo ou não sou? A garota por quem eu estou totalmente apaixonado, segundo Hermione Granger, a aluna mais inteligente de Hogwarts, só gosta de mim como amigo. Ela não quer um relacionamento comigo. Ela quer amizade, não um namoro.

Como a vida é cruel e injusta comigo!

O mínimo que posso fazer é tentar esconder de todos o que eu realmente sinto. Fingir a todos que Gina só é minha amiga, e que eu não sinto nenhuma paixão louca e incontrolável por ela. É difícil, mas eu tenho conseguido fingir bem. Até onde eu sei, ninguém tem a menor suspeita de que a coisa que eu mais queria de Natal era beijar Gina Weasley. Para minha alegria, meus sentimentos estavam seguros.

Isso era o que eu pensava, até o querido Aluado resolver me dar esse livro de presente de Natal. Aparentemente, eu consegui enganar a Mione. Mas o Remo não. É a única explicação que eu tenho para o motivo dele ter mandado esse livro pra mim. Quando o Aluado resolvesse aparecer aqui, eu iria querer falar pessoalmente com ele. Precisava esclarecer algumas questões com meu "tio". Guardei o livro no fundo do malão, cuidadosamente escondido entre minhas roupas, e desci as escadas. Os Weasley conversavam animadamente entre si, só a senhora Weasley parecia um pouco triste, talvez porque o Percy tinha sido um idiota de novo. Eu queria conversar um pouco com a Tonks, mas ela mandou uma nota junto com o seu presente, dizendo que estaria com os pais. Ela tinha mandado um livro de Defesa contra as Artes das Trevas. Ao menos, Tonks tem mais noção que o Remo. Se eu deixasse a vergonha de lado, e Tonks estivesse aqui, poderia falar com ela sobre algumas dicas para chamar a atenção de garotas. Mas Tonks não estava aqui, e minha vergonha infelizmente estava presente. Sem chance de eu perguntar a algum Weasley. Prefiro enfrentar Voldemort de novo a resolver fazer isso, já que as dicas que eu procuro são para usar na irmã deles, e é de conhecimento geral que eles são super ciumentos em relação a Gina. Quando eu cheguei a sala, Remo estava me olhando com ar de riso. O fato de ele estar achando graça de ter mandado aquele livro, ainda mais numa situação como aquela, me deixou irritado.

- Remo, posso falar um segundo com você? - alguém me de um pouco de crédito. Minha voz saiu calma e estável, como se eu estivesse super tranqüilo, e não com vontade de bater em certo lobisomem.

- Claro Harry. – Remo respondeu em tom preocupado. Belo ator ele é.

Os jardins cobertos de neve deixavam a paisagem simples da Toca ainda mais bonita. Encostei-me numa árvore, respirando fundo. Precisava de calma. Se eu começasse a gritar, isso atrairia atenção demais. E eu não precisava de platéia.

- Você está bem Harry? - a voz de Remo ainda estava preocupada.

- Porque você mandou aquele troço pra mim? - perguntei, a voz mal controlada de raiva. Mas mantive o tom baixo.

Remo me encarou, e então os olhos brilharam e ele riu. Por um segundo, pensei que não fosse o Remo. Aquela risada extrovertida e alta, jovial e relaxada, não combinava com o Remo que eu conhecia. Ele estava quase chorando, e teve que se recostar numa árvore também.

- Você estava engraçado demais Harry, quando recebeu o presente. Branco, e tinha um pânico no seu olhar que ficava ainda mais engraçado. – Remo falou rindo. Sua voz estava sem fôlego, e tremia de tanto riso.

Ri sem humor, cruzando os braços e fazendo uma cara fechada para ele. Remo viu meu estado "alegre", e suspirou.

- Você está cada vez mais parecido com seu pai Harry. Mais do que imagina. – Remo falou, com um olhar nostálgico.

- Já somos parecidos. – constatei ainda de cara feia.

- Não é só isso. É na atitude, e na aparência. Se eu visse você e seu pai juntos, não saberia diferenciar quem era quem. – Remo falou nostálgico ainda.

Fiquei quieto. Gostava de ser comparado com meu pai. Só que nós éramos bem diferentes em certos pontos. Poderíamos ser parecidos no quesito aparência e modo de agir, mas talvez não no emocional. Esperei Remo prosseguir sua explicação.

- Quando vi você olhando para a Gina ontem, quando ninguém estava olhando, eu vi seu pai olhando sua mãe de novo. – Remo continuou o monólogo, a voz cada vez mais perdida nas memórias.

- E isso é bom? - perguntei nervosa. Minha mãe odiava meu pai até ele mudar de atitude. Não queria ser comparado com meu pai naquela época.

- É. Você olhava para ela com tanto carinho, tanta ternura. Mas tinha um medo. Seu pai tinha medo que sua mãe nunca pudesse amar ele. Você olhava para a Gina com o mesmo olhar que o Tiago dava para sua mãe: a certeza de que amava a sua ruiva, e o medo de não ser amado por ela. – Remo respondeu sorrindo de leve.

Fiz uma nota mental de tomar cuidado com meu olhar. Se Remo tinha decifrado tudo aquilo em um olhar, nem queria saber o que ele podia decifrar se eu abrisse a boca. Mas me lembrei do motivo de estarmos tendo aquela conversa, e cruzei os braços. Poderia me preocupar com meu olhar e os sentimentos que ele mostrava mais tarde.

- Mas isso não explica porque você me deu o livro. – perguntei com tom irritado.

- Quis adiantar as coisas. É melhor se mexer agora, do que ficar lamentando os resultados depois. – Remo respondeu, seu sorriso mais maroto.

- Mas eu não sou um maroto Remo. E nem o mestre das artes da sedução. – falei sarcasticamente. Remo não podia ter ficado burro de repente, poderia?

Caramba, eu sou tímido, e não sou um expert em garotas, considerando que eu não tenho muito contato com elas. Exclua a Hermione, porque ela é minha melhor amiga e é como uma irmã pra mim. E minha única experiência com garotas não foi o que se pode chamar de fantástica, considerando que Cho Chang ainda pensava no namorado e chorava demais.

Remo apenas riu. Hoje ele está engraçadinho, rindo da desgraça alheia das pessoas.

- Está no seu sangue. Não é como se você precisasse de um livro pra virar um maroto. – Remo respondeu, ainda rindo.

- Eu não sou um maroto. – repeti pausadamente, esperando que dessa vez ele entendesse. Se os tipos de dicas daquele livro fossem "Agarre uma garota qualquer e leve-a ao armário de vassouras para provocar ciúmes na garota que você gosta" ou "Paquere todas as garotas a sua frente", eu preferia me declarar para a Gina diante de todos os Weasley a ler aquela coisa.

- Não é necessário ser um maroto para seguir as dicas do livro. Eu só achei que, além de dar um empurrãozinho inicial, você gostaria de ler alguma coisa que seu pai e o Sirius escreveram quando eles tinham a mesma idade que você. – Remo falou, seu tom agora triste. Devia estar se lembrando dos dois amigos, que estavam infelizmente mortos.

Olhei para baixo, e pensei no livro escondido no meu quarto. Até que seria legal ler algo que meu pai, Sirius e Remo tinham escrito quando jovens. Um pouco embaraçoso, mas legal. Minha raiva sumiu, e acabei sorrindo de leve para Remo. Acho que ele percebeu que eu já não estava muito bravo com ele, porque sorriu também.

- Recebeu outros presentes interessantes de Natal? - Remo perguntou sorrindo.

- Quase o de sempre. Suéter Weasley, uma caixa das Gemialidades Weasley, chocolates e recebi da Tonks um livro de Defesa. – respondi sorrindo. O presente de Monstro podia ser mantido em silencio.

Remo fez uma cara estranha. Não perguntei o motivo. Nem sabia se queria saber. Mas suspeitei que fosse algo relacionado à Tonks, já que ele fez a cara estranha quando eu falei o nome dela. Mas, antes que eu pudesse perguntar, Remo desfez a cara.

- Vai me perdoar por ter dado os livros a você? - Remo perguntou curioso.

- Acho que sim. – respondi dando de ombros.

- Acha? - Remo perguntou erguendo as sobrancelhas.

- Acho. Não tenho certeza se o livro presta. – respondi um pouco tristemente. Se não funcionasse, eu nunca ficaria com Gina. Ficaria observando ela com Dino Thomas, falando pra mim mesmo que eu era um idiota por não ter notado ela mais cedo.

- Funciona. Ajudou todos os marotos, exceto o Rabicho, que nunca participou. – Remo respondeu com um pouco de raiva.

Fiquei quieto, e meu olhar foi atraído para a janela da sala da Toca, onde eu podia ver Gina. Na verdade, eu a via só de relance, mas sabia que era ela pelos cabelos ruivos longos. Impossível não reconhecer aqueles cabelos lindos, que eu admirava a distancia. Será que valia a pena eu ler o livro? Será que o livro me ajudaria a conquistar Gina? Será que eu não ficaria patético, tentando seguir dicas do livro, e acabasse afastando a Gina? Tantas dúvidas e nenhuma certeza. Droga, porque amar tem que ser tão complicado?

Estava perdido em pensamentos, e voltei a pensar no livro que tinha ganhado de manhã. Meu olhar se desviou para a janela de novo, e eu podia ouvir o som melódico e doce do riso de Gina. Era um som que eu simplesmente amava, poderia passar horas ouvindo aquele som, porque ele me enchia com um sentimento muito bom, que eu não podia colocar um nome. Mas, naquele momento, o som me encheu de coragem. Um sorriso lento se espalhou por meu rosto ao me dar conta do rumo de meus pensamentos.

- Está pensando no que? - Remo perguntou curioso, me encarando meio preocupado, meio curioso.

- Eu acho que esse livro vai ser de grande ajuda Aluado. Obrigado. – respondi com um sorriso maroto nada típico. Mas tinha o pressentimento que seria um sorriso que eu começaria a usar agora em diante.

- Por nada Pontas. Vou querer saber como está indo nas artes de conquista. – Remo falou com um sorriso maroto.

Eu havia me decidido. Eu iria usar os livros para ter uma chance com Gina. Iria seguir passo a passo, conselho por conselho, linha por linha e palavra por palavra, até que conseguisse finalmente ter uma chance com ela. Não iria desistir. Eu nem deveria ter tentado negar que estava apaixonado pela Gina, para início de conversa. Deveria já ter começado a me mexer. Mas agora estava na hora de começar a ser sério. Ou maroto. Tanto faz. Eu só tinha uma certeza na cabeça a partir daquele momento:

Eu ia reconquistar Gina Weasley, demorasse o tempo que demorasse! E se o preço para que eu pudesse ficar com ela seria virar um maroto, era um preço que eu estava disposto a pagar. Afinal, aquela ruiva valia a pena.

Nota da Autora: Essa é a minha primeira long fic, que eu estava escrevendo a algum tempo, mas decidi postar só agora. Eu também quero agradecer a todos os meus leitores, que comentaram as fics antigas. Espero que vocês gostem dessa nova história.