Capítulo Vinte e Cinco
When Plans Change
(Quando Planos Mudam)
25 de março de 2020
Querida mãe,
Eu preciso lhe dizer algo que provavelmente irá desapontá-la, e espero que possa ajudar o papai a entender o motivo de eu estar fazendo isso.
Eu não quero começar a trabalhar no Ministério assim que eu terminar a escola. Para ser honesto, eu realmente não sei o que eu quero fazer. A ideia de trabalhar com leis internacionais me deixa nauseado. Depois de estudar por sete anos, pular em mais três anos de estudo dessa maneira, me faz ter vontade de jogar meus livros na parede e sair correndo, gritando, na direção oposta.
O professor Moreno sugeriu que eu tire um ano de folga e tente descobrir o que eu quero fazer. Acho que gostaria disso. Os Trouxas chamam isso de "ano de intervalo", eu acho.
Eu apenas não quero decepcionar o papai.
Eu ainda vou prestar todos os meus N.I.E.M's, então não precisam se preocupar com isso, e eu prometo que vou dar meu melhor neles, apesar das minhas próprias dúvidas de como usá-los. E eu suponho que você, o papai e eu teremos que nos sentar durante o feriado de Páscoa e conversar sobre isso. Eu apenas queria avisá-los do que está vindo. Eu acho que o papai vai aceitar melhor vindo de você.
Amor,
Parker
-x-
Penelope Weasley alisou as dobras da carta de Parker, e as pontas de seus dedos tamborilaram na superfície da mesa da cozinha. Ela tinha suspeitado que algo assim fosse acontecer. Parker era tão ansioso e disposto a agradar tanto ela quanto Percy, que ela temia que Parker se colocasse em um caminho que o faria infeliz. Se não agora, então no futuro.
Quando ele fora passar o feriado de natal em casa, ela o sufocara. Ela exclamara perante as sombras de seus olhos, e como ele beliscara suas refeições, mais frequentemente do que gostaria, afastando o livro de sua mão e o substituindo com um garfo.
Penny reconheceu os sinais de exaustão. Ela tinha feito isso consigo mesma na escola e era grata por assumir uma posição de baixo escalão como a assistente de alguém no Ministério. Era necessária pouca imaginação de sua parte, e era quase refrescante mentalmente. Quando a guerra estourara, ela tinha começado a redescobrir seu intelecto, usando-o para espionar para a Ordem. Depois de ela se casar com Percy, Penny ficara um pouco surpresa ao descobrir que não queria voltar ao trabalho. Ela continuara trabalhando por mais um ano, antes de pedir demissão para ficar em casa com Parker. Percy não comentara, mas parecera aceitar que era isso o que a faria feliz. Ele não tentara convencê-la a ficar em casa, nem a voltar ao trabalho quando Parker era velho o bastante para começar o primário.
Essa era uma situação completamente diferente. Percy já tinha a papelada para Parker trabalhar no Ministério pronta, em uma pasta na sua mesa. Ele estivera esperando ansiosamente para que Parker se juntasse a ele no Ministério desde o dia que o levara para o trabalho quando Parker tinha cinco anos. Parker se acomodara em um banquinho alto atrás da mesa de Percy, ocupadamente rabiscando em um pedaço de pergaminho, vestindo uma versão em miniatura das vestes de Percy. Quando ele o colocara na cama àquela noite, Parker tinha dito:
- Papai, quando eu crescer, eu vou trabalhar com você! – Percy tinha sorrido e acariciado a cabeça cacheada de seu filho. Penny viu a breve dor em seus olhos, e sabia que ele estivera pensando nos anos em que vira seu próprio pai todos os dias e o ignorara todas as vezes que se cruzavam.
- Onde estão os meninos? – Percy perguntou, deixando sua pasta ao lado da porta.
Penny ergueu os olhos da carta.
- Oh... Estão na casa da minha mãe.
- Isso é inteligente? – Parker perguntou secamente.
- Então, seus cérebros vão apodrecer em frente à televisão por uma hora. – Penny deu de ombros. – Não vai matá-los. – Percy balançou a cabeça. Ele tinha visto as televisões no apartamento de Ron e Hermione e na casa de Harry e Ginny, e ficara profundamente desconfiado delas. – Recebemos uma carta de Parker. – ela disse, tentando fazer sua voz soar alegre.
- Oh? – ansiosamente, Percy esticou a mão para pegar a carta, mas Penny a tirou de seu alcance.
- Acho que você precisa se sentar primeiro. – ela avisou.
- Por quê? Ele soltou um Deflagração de Luxo no meio da sala de aula?
- É claro que não. – Penny gesticulou para Percy se sentar. – Eu realmente acho que você precisa se sentar. – de repente, ela acenou a varinha para o armário e uma garrafa de Uísque de Fogo pousou entre eles, bem como um pequeno copo. – E, talvez, uma bebida.
- Penny, o que está acontecendo? – Percy perguntou, tenso, afastando a garrafa.
Penny tentou lhe dizer o que Parker tinha escrito e, ao invés, apenas lhe entregou a carta.
- Devia ler.
Franzindo o cenho, Percy pegou o pergaminho e o leu. Fechou os olhos, antes de abri-los, lendo a carta novamente, na esperança de que fosse algo diferente, mas as palavras eram as mesmas. Tudo o que ele quisera e sonhara para Parker parecia estar desmoronando. Ele colocou a carta na mesa e pegou a garrafa, servindo alguns dedos de uísque no copo, tomando o conteúdo em um gole só. Olhou para Penny e, abruptamente, afastou sua cadeira, subindo as escadas. Penny esperou alguns minutos, antes de segui-lo.
Ela o encontrou sentado na ponta da cama, no quarto de Parker, segurando uma fotografia dos dois sentados atrás da mesa de Percy naquele dia distante no Ministério. O Percy da fotografia não conseguia evitar olhar para seu filho com orgulho evidente.
- Perce? – ela se juntou a ele na cama.
- Sim, eu sei. – Percy murmurou. – O Ministério não é para todo mundo. Ele seria tão bom em leis internacionais e diplomacia...
- Ele seria. – Penny disse suavemente. – Mas você conhece Parker... Ele faria qualquer coisa por você se ele achasse que isso o faria feliz. Entretanto, ele precisa fazer algo por si mesmo e descobrir o que o faz feliz.
- Eu apenas queria... – Percy engasgou.
- Eu sei. – Penny o acalmou. – E você deveria conversar com ele quando vier para casa. Você. Não eu.
- Por quê?
- Por que é para te agradar que ele sempre trabalha tanto. Mesmo que você não concorde completamente com ele, ou com seu desejo de tirar um ano de folga, você tem que deixá-lo saber que está bem com isso. E você tem que estar bem com isso. Pelo bem dele. – Penny pausou, não querendo trazer a tona memórias desagradáveis, mas continuou. – E pense em como tudo teria sido diferente se você houvesse sido capaz de fazer o mesmo. – ela adicionou delicadamente, antes de escorregar para fora da cama. – Eu vou buscar os meninos.
Ela saiu do quarto, deixando Percy com seus pensamentos. Percy dedilhou a bochecha redonda do Parker da fotografia, admitindo a si mesmo, contra gosto, que Penny estava certa.