OIII MEUS AMORES!..Volteeii! Demorei uma semana para postar outra fic, porque meu pai ficou internado gente.. Quase morriii!.. Meu papi é meu xodó! Vocês não tem noção!.. Mas ele já esta em casa GRAÇAS A DEUS!.. E eu mais aliviada tenho condições de postar..! Vamos lá.. Lembrando essa é uma ADAPTAÇÃO de um livro, portanto NÃO é de minha autoria!
Esse é meu livro favorito, em TODO O MUUNNDOO!.. Sério!.. Se bem que eu li 2 livros semana passada que me apaixonaram mesmo! E logo vou postar aquiie! Espero que gostem meus amores, vamos comentar a fanfic PLEASE! Vamos bater papo, discutir ideias e talz.. Nem que seja um "UP", "Li a fic", "Odiei a fic", "Você é retardada".. Só preciso saber que tem alguém do outro lado.. E as fofas que me mandam reviews grandes *-* APAREÇAM SUAS LINDAS! Lembrando 6 reviews próximo cap na HORAA!
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St. Pierre, Martinica, 1662
De repente, após o noivado de Kagome, a ilha parecia estar infestada de homens bonitos. Como ela não havia repa rado nisso antes? Não conseguia entender. Até pouco tempo ela nem sequer pensava nos homens. Era descendente de aris tocratas e se orgulhava de sua família, apesar das dificuldades financeiras que enfrentavam. Era uma boa filha e estava pronta para aceitar um casamento com um homem que honrasse seu nome e que lhe desse filhos para poder criá-los segundo as tradições da nobreza.
O que poderia estar acontecendo em Martinica para atrair tantos homens interessantes? Ou estivera tão encerrada entre as paredes de sua casa que nunca os vira até que seus pais decidiram marcar a data de seu casamento?
Kagome incitou sua montaria a trotar pelos campos que ro deavam a plantação de abacaxis. Com o movimento, a brisa agitou seus cabelos cor de canela, emprestando-lhe ainda mais formosura. Monique, sua égua, não tinha grande valor, mas era dócil e saudável. Kagome a estimava e não a trocaria por nenhum puro-sangue. Não precisava de maior velocidade do que Mo nique era capaz de lhe oferecer. Não tinha pressa de chegar a lugar algum, da mesma forma que não tinha pressa de alcançar o futuro.
Ao se aproximar do vilarejo, Kagome se deteve antes que pudessem vê-la. Mas do local privilegiado onde se encontrava, era possível reconhecer alguns daqueles belos homens. Kouga Wolf, o caçador de piratas, entre eles.
Um caçador de piratas! Ele deveria ter coragem nas veias. Em quantas batalhas deveria ter lutado? Quantos malfeitores deveria ter vencido? O que fazia para ter braços tão musculosos?
Kouga Wolf era o homem mais alto e forte da ilha. Sentia-se pequena e frágil como uma criança em comparação a ele. Cada vez que Kouga Wolf a fitava com seus olhos escuros e penetrantes, sentia as faces enrubescerem.
Os cabelos dele eram tão escuros quanto os olhos e Kouga Wolf os usava amarrados à nuca com uma fita. Com o rosto inteiro à mostra, era fácil observar seus traços varonis e admirá-los. A pele era lisa e perfeita. Nenhuma batalha con seguira marcá-la.
Kouga estava sempre com um sorriso nos lábios. Ele parecia dizer ao mundo, sem palavras, que era seguro de si o bastante para encarar com otimismo todas as situações que a vida lhe reservava. Não era do tipo que flertava com as mulheres. Para ele, flertar implicava pedir. Um homem de verdade não pede, ele toma. Era esse, provavelmente, o motivo por ele não ter dado demonstração de que notara a presença de Kagome. Porque ele não queria que ela interpretasse qualquer gesto dele como uma tentativa de conquistá-la.
Com uma perna apoiada sobre o muro de pesca, Kouga se conservou voltado para seus companheiros, também trabalha dores do mar, falando e rindo alto. Kagome afagou Monique e pensou que era uma tola por estar atraída por Kouga Wolf. Porque um homem sempre sabe quando uma mulher está inte ressada e ele a ignorava. Por que não a queria ou por que espe rava que ela implorasse sua atenção? Se assim fosse, ele estava perdendo seu tempo. A essa altura, ela não deveria estar nem sequer olhando para outro homem que não fosse seu noivo.
Com um suspiro, Kagome procurou se distrair. Mas em todas as direções que olhava, só encontrava mais homens bonitos. Preferia os loiros, morenos ou ruivos? Essa era uma pergunta que jamais lhe ocorrera até recentemente.
Por fim, Kagome sentiu o coração aquietar. Depois de seus olhos saltarem por uma ampla variedade de tipos elegantes e másculos, ela acabava de encontrar um homem pelo qual não cairia em tentação, mesmo que estivesse coberto de ouro.
Por ironia do destino, Kagome estava olhando para o homem que em breve seria seu marido.
Horrorizada com a idéia de ser surpreendida por Onigumo, Kagome resolveu voltar imediatamente para casa. Seu mo vimento brusco, porém, se não foi percebido pelo noivo, atraiu a atenção de um outro homem. Kouga Wolf era arrogante o bastante para permanecer impassível ao ser objeto do inte resse de uma mulher bonita, mas não era tolo o suficiente para deixá-la escapar. No momento que a viu girar com a égua e ensaiar o regresso para o campo, ele a chamou. Kagome orde nou-se a seguir em frente e permanecer surda à invocação, mas algo a fez olhar para trás e ter uma surpresa inesperada. Porque não era Onigumo, mas Kouga Wolf quem estava lhe sor rindo e provocando em seus lábios a mesma reação.
— Aonde vai com tanta pressa? — ele perguntou, amável, como se não fosse o mesmo que havia pouco a ignorara por completo.
— Para casa.
— Permite-me acompanhá-la? — A mesura continha um toque de sarcasmo, tão artificial era o gesto para alguém como ele, mas alcançou o resultado esperado por satisfazer o apreço de Kagome pelas boas maneiras.
Em resposta, Kagome apeou. Estava em dúvida se deveria ou nao contar a Kouga Wolf que estava noiva. Enquanto en rolava as rédeas ao redor do pulso para Monique não se afastar, decidiu não mencionar que estava noiva. Não no primeiro mo mento ao menos. Talvez existisse uma regra sobre uma jovem solteira comprometida não se permitir conversações com ou tros homens. Ou ao menos não prolongá-las por mais de alguns minutos sem notificá-lo de sua condição para não ser acusada por lhe ter ocultado sua indisponibilidade. Mas se essa regra existia, era-lhe desconhecida.
— Você tem uma linda égua — ele observou.
De sua parte, Kagome estava observando o modo como Kouga Wolf andava, com passos lentos, envaidecido pelo corpo forte e pelas pernas firmes como rochas.
— Disso eu sei — Kagome respondeu com aquele seu sorriso que irradiava simpatia a quem o recebesse, desde o mais hu milde dos criados ao mais importante cavalheiro.
Não foi diferente com o homem que a cortejava. Não apenas o sorriso, mas os olhos azuis sombreados por cílios e sobran celhas escuras o fascinaram. Ao seguir Kagome Higurashi, a inten ção dele era tentar um breve flerte. Mas depois que a viu de perto e lhe falou, reconheceu que estava diante de alguém com poder de atingir seu coração.
— Não deveria ser tão exigente com ela — ele sugeriu ao mesmo tempo que acariciava o pescoço de Monique, sem ima ginar que a observação fosse ofender sua interlocutora.
— Sei como lidar com minha égua, senhor.
— Melhor do que a maioria das mulheres, certamente, mas montar é uma prática para homens.
Eles hão haviam trocado mais do que meia dúzia de palavras e já estavam em desacordo.
— Por que me seguiu?—Kagome achou por bem não discutir. Ele apenas sorriu em resposta, mas a firmeza e a intensidade daqueles olhos azuis lhe disseram que não conseguiria se es quivar com a facilidade que pretendia. E como também não podia confessar a verdade, que um homem sempre deseja se duzir uma mulher bonita, Kouga se viu dizendo:
— Eu gostei de sua companhia quando nos conhecemos e pensei que poderíamos renovar aquele momento.
A resposta e a expressão de Kouga Wolf pareceram tão forçados que Kagome descobriu que ele se sentia mais à vontade com o mar do que com uma mulher.
— Você mente muito mal — ela acusou.
— Mentiroso, eu? — Ele levou a mão ao peito com afetação.
— Sim — Kagome confirmou. — Não creio que esteja sendo sincero comigo.
Kagome Higurashi era uma pessoa especial. Apesar de pertencer a uma classe superior à dele, ele se sentia à vontade a seu lado. Sua beleza e seu perfume o fascinavam. Ao sopro de uma brisa, os cabelos de fogo esvoaçaram e o lembraram da essência das flores.
— Como pode afirmar isso? — ele se defendeu.
Com um estreitar de olhos e toques leves dos dedos no quei xo, Kagome fingiu refletir.
— Porque eu penso que deve haver um outro motivo para o senhor me seguir. Penso que quer algo de mim.
Dessa vez, o riso de Kouga soou nervoso.
— Que outro motivo eu poderia ter?
Apesar de não possuir pernas longas, por ser de baixa esta tura, Kagome era ágil. Seus passos a afastaram dele com uma rapidez surpreendente.
O sol, que para os nativos poderia pa recer inclemente, dançava sobre seus cabelos. Assim como a brisa, que mal conseguia refrescar o calor sufocante, mas que para ela era capaz de erguer a saia marrom até os tornozelos delicados e ameaçar revelar os joelhos. Kouga nunca conhe cera nenhuma outra mulher que o fizesse se sentir tão de bem com a vida. Ela era tão maravilhosa que até mesmo os elemen tos hostis da natureza se tornavam seus protetores.
— Talvez você tenha se aproximado na esperança que eu lhe desse algumas moedas.
A sugestão serviu como uma desculpa providencial.
— A senhorita me poupou o constrangimento de pedir. Con fesso que prefiro carregar um pequeno peso em minha bolsa do que senti-la vazia.
O riso foi tão espontâneo e cristalino e revelou dentes tão brancos e perfeitos que Kouga ficou sem fôlego por um instante.
— Estou errado em querer uma reaproximação com a se nhorita? É errado eu querer conversar com uma moça bonita depois de permanecer longe dos portos durante meses?
Ele não tinha por hábito seduzir as mulheres com lisonjas e jóias. O que queria, Kouga tomava. Mas seu instinto lhe dizia que correria perigo com Kagome Higurashi se forçasse a situação. Porque embora algumas mulheres gostassem de serem domi nadas por homens fortes e decididos, outras esperavam ser tra tadas com charme e gentileza.
— Seu trabalho no mar o leva a caçar muitos piratas? — Kagome não resistiu à curiosidade.
Sem saber, Kouga conseguira captar a atenção e o interesse de Kagome por um assunto sobre o qual ele tinha maior conhe cimento do que a maioria dos outros: as aventuras no mar.
— Com efeito — ele respondeu, satisfeito. — As vezes pode levar semanas até alcançarmos um navio pirata e abor dá-lo. Outras vezes, a resistência é intensa e travamos batalhas cruentas.
Kagome viajara apenas uma vez de navio. Quando sua família se mudara da França para as índias Ocidentais. Ela se lembrava de ter detestado a travessia, impedida que fora de sair ao convés e respirar ar puro por causa do perigo oferecido pelos mari nheiros frequentemente bêbados. A monotonia imperara mi nuto a minuto. Ela se sentira como se estivesse trancada em uma caverna escura, quente e abafada, não em pleno oceano. Teria sido preferível suportar o linguajar e o comportamento inadequado dos homens. Encerrada na cabine, Kagome só pode se deixar embalar pelo movimento das ondas e imaginar o azul profundo das águas e do céu que amanhecia claro e à noite se transformava em um manto negro de veludo salpicado de estre las luminosas. De olhos fechados, ela procurara fugir ao tédio, acompanhando baixinho os marinheiros ao entoarem suas can ções. Um dia, ela esperava fazer uma nova viagem de navio para ver tudo que perdera. Não seria fácil, ela sabia, ter seu sonho concretizado, mas não era mulher de se entregar à der rota sem lutar.
— Como é sua vida no mar? — Kagome perguntou curiosa. Aquela era uma das poucas perguntas que Kouga não se sentia confortável em responder. Porque o procedimento de um homem no mar e de sua tripulação não poderia ser descrito como exemplar. Muitos podiam ser brutais e promover alga zarras com consequências funestas.
—Em geral muito ocupada com a perseguição a piratas para sobrar tempo para outras coisas.
— Sua missão é trazê-los para a terra para serem julgados? Dessa vez o riso de Kouga soou irônico.
— Quando eles se entregam pacificamente, o que é raro. Nunca esteve diante de um pirata, pelo que posso notar.
— Não — Kagome admitiu, desapontada.
— Esse é o problema do mundo civilizado — Kouga de clarou. — Recriminam nosso procedimento quando trazemos os corpos dos piratas vencidos, mas nunca tiveram de enfrentar um deles quando o lema é matar ou ser morto.
Kagome suspirou.
— Creio que é por essa razão que o rei não convoca os nobres para esse trabalho. Ele recruta homens mais fortes e menos medrosos do que nós, os civilizados.
— Sinto se a ofendi, mas até que possa fazer melhor do que eu, não tente me ensinar como enfrentar os piratas.
Embora soubesse que poderia ser mal interpretada, Kagome não se conteve.
— Não existe saída exceto matá-los? Eles são tão terríveis assim?
— Corsários não têm escrúpulos. Roubam, assaltam, tortu ram e matam qualquer pessoa por pura diversão. Se encontram uma jovem bonita, eles a violentam.
Um estremecimento percorreu o corpo de Kagome. Homens da nobreza jamais pronunciariam essa palavra diante de uma moça. Kouga era rude em suas maneiras.
Ele não escondia sua masculinidade por trás de gestos suaves e palavras amenas.
Era mais autêntico com os cabelos presos com uma fita na nuca do que seu futuro marido com a peruca de ondas elaboradas. Kouga estava todo vestido de preto. Nem os sapatos nem o colete exi biam acessórios prateados como era costume entre os homens de classes mais elevadas. Até mesmo o coldre com a pistola era simples. Em nenhum outro lugar do mundo, um aventureiro como Kouga Wolf se atreveria a abordar a filha de um escudeiro. Na França, sob as ordens do rei, eles jamais teriam a chance de manterem uma conversa como aquela.
— Você deve estar certo — Kagome concordou.
— Lógico que estou! — Kouga declarou convicto.
— Mas eu gostaria de conhecer um.
Kouga tentou identificar um brilho de zombaria naqueles olhos. Para sua surpresa, percebeu que Kagome Higurashi estava falando sério.
— De verdade?
— Sim. Como você disse, não posso julgá-lo sem conheci mento prévio do problema. Por isso, peço-lhe que me apresente a um deles.
— Um pirata não é alguém que eu possa lhe apresentar — Kouga retrucou. — Não sou amigo desse tipo de gente. O que espera? Que eu puxe um pela orelha e diga que uma adorável jovem gostaria de examiná-lo de perto antes que o enforquem por seus crimes?
— Por que não?
A zombaria foi substituída por uma expressão preocupada.
— A senhorita está brincando, não está?
— Não, não estou.
Kouga hesitou por alguns instantes antes de apontar para a construção sem janelas, à oeste.
— Talvez eu possa levá-la ao local onde eles ficam detidos a espera do julgamento, mas não prometo colocá-la através dos portões.
Kagome era proibida de se aproximar daquele lugar. Mas ouvira os gritos que às vezes ecoavam pelo ar. Sentia arrepios de pavor e aversão. Ao mesmo tempo algo a impulsionava a conhecê-lo.
— Acha que consegue realmente?
— Não vejo empecilhos. — Kouga fez um movimento com os ombros. — Os piratas são mantidos em correntes. Não po derão lhe fazer nenhum mal.
— Quando poderemos ir?
Era a primeira e ele seria capaz de apostar que seria a última vez que uma jovem encantadora como Kagome Higurashi lhe fazia um pedido tão incomum.
— Amanhã, se lhe for conveniente. — Kouga queria con quistar Kagome Higurashi o quanto antes. No prazo de uma semana, ele estaria de volta ao mar. Algo que ela não precisaria saber até a véspera. As mulheres em geral não aceitavam bem a par tida dos homens que lhe faziam a corte.
— Meus pais não aprovariam minha decisão. Peço-lhe, por tanto, para nos encontrarmos, ao nascer do sol, neste mesmo lugar, sob esta mesma árvore. — Kagome indicou uma casa de madeira. — É ali que eu moro.
— Como a senhorita quiser.
Kagome estava feliz e empolgada como nunca se sentira desde sua mudança para Martinica. Por causa de Kouga Wolf e de sua promessa de levá-la para conhecer um pirata. Ocorreu-lhe, naquele momento, que não seria correta com ele se lhe pagasse esse favor com uma decepção.
— Antes de nos despedirmos, eu preciso... Eu deveria ter lhe contado logo, mas... Meu pai quer que eu...
— Está prometida a alguém, não é isso? — Kouga fitou-a com um brilho estranho no olhar.
A um gesto afirmativo dela, ele se curvou e lhe beijou a mão sobre a luva em um sinal de que a notícia não o abalara.
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A falta de luxo era compensada pelo conforto e pela har monia entre os familiares. A casa dos Higurashi contava com três quartos, um a mais do que a deixada na França. O chão era de terra batida e a construção de madeira e sapé, mas apesar da simplicidade abrigava membros da nobreza, pois Monsieur Higurashi, o pai de Kagome, era descendente de uma antiga linhagem. Kagome fora ensinada, desde pequena, assim como sua irmã caçula, que era o comportamento que dignifi cava as pessoas, não a quantidade e o valor de seus pertences. Kagome concordava com os pais. Para que desejar poder e opulência quando a natureza com suas árvores imponentes e fron dosas proporcionavam uma linda vista e frescor a sua feliz morada?
— Olá, maman — Kagome saudou com a respiração acelerada por ter corrido com Monique e depois a pé, receosa de estar atrasada para o jantar. — Oi, Rin. Como foi a aula hoje?
— Pensei que não chegaria a tempo. A comida está pronta. Lave as mãos e venha para a mesa — a mãe ordenou, séria. — Que aula? Não estamos na França para sua irmã aprender o que realmente importa. Não existem bons tutores neste fim de mundo.
Kagome não respondeu. Sentia pena de sua mãe. Para ela nada que não procedesse da França tinha algum valor. Sua mãe não conseguia, ou não queria, se adaptar à nova vida. A Martinica, no entanto, lhe parecia tão linda em recursos naturais com seu mar azul e a brisa constante que ela mal se lembrava dos campos de centeio amarelo-escuros do lugar de onde viera. Em seu pa recer, a mãe apagara a vida real que levaram no velho continente e conservara em sua memória apenas as boas lembranças.
Depois que se refrescou e ajeitou os cabelos, Kagome se reu niu à mãe e à irmãzinha que adorava com seus cabelos loiros como o trigo. A mãe pediu que a ajudassem com os guardanapos. As duas irmãs se entreolharam. Rin, apesar de ser mais nova, era mais habilidosa nessa tarefa. A mãe sempre chamava a atenção de Kagome para que os dobrasse direito.
— Mainan, se não está contente com o tutor de Rin, por que não contrata outro ou a coloca em uma escola? Ou não há escolas na Martinica? — Esperava-se que membros da nobreza recebessem educação formal. Seus filhos precisavam aprender a ler, a escrever e a contar. Apenas os meninos, contudo, tinham o privilégio de se instruírem em suas próprias casas. As meninas geralmente eram internadas em escolas dirigidas por freiras.
A mãe se mostrou tão chocada com a sugestão que quase deixou cair a travessa que estava segurando.
— Escola? A filha de um escudeiro não deve se mistura com crianças plebeias. Você já deveria estar ciente disso, Kagome.
Monsieur Higurashi demorou para se apresentar à mesa de carvalho paia procederem à refeição. Ele fazia questão de se apresentar impecável todas as noites, com seus melhores trajes, e peruca, o chapéu com uma longa pena e a espada na bainha. Kagome não entendia o motivo dessa insistência em manter a tradição, se o pai usava culote e botas desde que o sol nascia até se pôr e assim era visto por todos. O casal, tanto o pai quanto a mãe, parecia ter feito um juramento de trazer a França para a Martinica, por mais que a razão lhes dissesse que o passado deveria dar lugar ao presente e que a adaptação teria que acontecer mais cedo ou mais tarde.
— Eis minha formosa filha! — Toutousai Higurashi beijou Kagome no rosto. Orgulhava-se da pele alva e acetinada de sua filha mais velha e de seus brilhantes olhos azuis. Mais ainda de suas maneiras dóceis e gentis. Tanto que não se importava com suas pequenas excentricidades e com o fato de ela olhar para todos os homens da ilha, menos para o noivo.
Madame Higurashi serviu o peixe condimentado com alho, cebola e cebolinha em uma travessa de prata como prato único e um abacaxi cortado em rodelas para a sobremesa.
— Estão trazendo escravos da África para trabalharem nas plantações — madame Higurashi contou com ar grave. Ela sem pre era direta em suas conversas. Como passava o dia inteiro longe do marido, aproveitava para lhe falar às refeições.
— Novos tempos — respondeu monsieur Higurashi com en tonação igualmente dramática.
— É abominável — a mulher declarou. — Não quero que minhas filhas presenciem essa crueldade.
— Os burgueses são capazes de qualquer coisa por dinheiro — o pai lastimou. Não concordava com aquela solução desu mana para os problemas de mão-de-obra. Ao mesmo tempo, queria se estabelecer permanentemente na Martinica e estava começando a perder a esperança de ver a esposa feliz com a nova vida. Fazia cinco anos que se mudaram da França e nunca ouvira dizer nem sequer uma palavra de otimismo.
— Os camponeses serão os maiores prejudicados — Madame Higurashi continuou. — Onde encontrarão outros empregos? Nós precisamos deles e eles de nós. O que pretende fazer para ajudá-los?
— O que sugere que eu faça? — o pai perguntou impaciente.
— Nada. Não detemos o poder — a mãe respondeu revol tada. — Somos inúteis aqui. É por isso que vivo repetindo que deveríamos...
— Voltar para a França — marido e esposa falaram juntos.
— Não vim para cá por minha escolha, mas a pedido do rei — o pai lembrou. — O rei Luís precisava que o ajudássemos a colonizar esta ilha antes que os ingleses a tomassem de nosso povo com sua cobiça ilimitada.
— Mas por que tinha de ser você? — Hinata Higurashi se queixou pela centésima vez.
— Não sei. Alguém teria de vir. Por que não nós?- Sempre que ficava nervosa, sua mãe tremia e sacudia a perna sob a mesa. Kagome pensou em trazer outro assunto à conversa, mas antes que o introduzisse, Rin lhe fez a única pergunta capaz de deitar por terra seu entusiasmo.
— Como vai Onigumo?
Na tentativa de coibir a irmã de prosseguir com o assunto Kagome fingiu que estava mastigando e se limitou a fazer um gesto de descaso com a cabeça.
— Já decidiu se o acha atraente? Está ansiosa pelo casa mento?
— As moças de nossa classe social casam para ajudar suas famílias, Rin — a mãe explicou. — Não importa se os pretendentes sejam ou não bonitos. É preciso pensar em sua posição social e em seu caráter.
- Sim, é verdade — apoiou o pai. — O casamento de sua irmã significará uma vida melhor para todos nós. Passaremos a ter condições de comprar roupas mais bonitas e arrumar me lhor nossa casa. Você, Rin, parecerá uma princesinha.
—O pai piscou carinhosamente para Kagome que lhe deu um sorriso débil em retribuição. Gostaria de falar com igual entusias mo sobre seu casamento. Vinha repetindo consigo mesma que o prospecto era animador. Que ela se sentiria feliz ao ver seus entes queridos felizes por poderem comprar trajes elegantes e novos móveis e enfeites para a casa. Só lamentava que tivesse de ser Onigumo o homem capaz de realizar os sonhos de todos.
— Por falar em atraente — disse a mãe que parecia o reflexo de Kagome ao espelho, a não ser pelo modo severo de pentear e prender os cabelos — Você deveria se apresentar com mais capricho à mesa, Kagome. Na França, embora fosse pouco mais de uma criança, você se penteava como uma lady. Por que a vejo sempre com os cabelos soltos aqui?
— Porque gosto de me sentir à vontade — Kagome confessou. - Gosto quando o vento os sopra em meu rosto. Além disso, não estamos mais na França.
Diante da expressão dolorida de sua mãe, Kagome se arrepen deu de seu tom.Não se lembrava dela como a mulher amarga que tinha constantemente sob seus olhos. Continuava boa e generosa, mas a alegria parecia ter ficado nos campos da França e substituída por esse excesso de zelo e de rigor que cobrava das filhas e de si própria.
— Por não estar mais na França deixou de ser francesa? Tornou-se uma outra pessoa? — ela acusou.
— Não foi isso que eu quis dizer — Kagome se defendeu. — Apenas notei que as mulheres da ilha não se preocupam com os cabelos como nós.
— Porque são simples e vulgares e não sabem o que é tra dição. Ao contrário de nós. Ao se negar a conservar nossos costumes, você envergonha seu pai.
O sermão era invariável. Quando a mãe se envergonhava do comportamento das filhas, ela as ameaçava em nome do patriarca.
— Está bem — Kagome concordou. — Amanhã eu os pren derei.
— Faça isso. Com a proximidade de seu enlace com Onigumo Peridot, também devemos marcar para amanhã sua primeira aula de culinária. Toda mulher casada precisa saber cozinhar.
— Ora, maman — Kagome protestou. — Onigumo tem cria dos. Não serei eu a preparar suas refeições.
— Seu noivo é rico, mas não esqueça que é um burguês. Você poderá ter quem cuide das tarefas da casa, mas será sua função orientar os criados no serviço à mesa e na obediência à etiqueta. Ninguém deverá criar seus filhos a não ser você própria. Não espera que seu marido, sem traquejo social, o faça, espera?
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No quarto, apesar de cansada, Kagome não conseguia parar de andar de um lado para o outro.
Não conseguia entender a necessidade de se recolher cedo. Não era mais criança. Para ela, a noite tinha algo de mágico. A chegada da lua e das es trelas que falseavam tanto no céu quanto no oceano escurecido, até mesmo os sons eram diferentes após o pôr-do-sol. Sempre ' que precisava se encerrar entre as quatro paredes do quarto, sentia que estava perdendo algo de muito importante em sua vida.
O motivo da insônia naquela noite em especial era mais do que justificado. Porque no dia seguinte ela viveria sua segunda grande aventura. Que poderia chamar de primeira, a bem dizer, tal fora sua decepção com a viagem de navio que a trouxera à Martinica. Cada vez que ela se lembrava de que teria um en contro secreto com um magnífico capitão do mar e que veria um autêntico pirata de perto, sentia o coração bater tão forte que mal conseguia respirar.
Sentada na banqueta, diante do espelho, sua irmã escovava os longos cabelos. Aos quinze anos, ela era alta e bonita e seu corpo já anunciava as curvas que a tornariam uma moça. Kagome desejaria ser loira como Rin, por mais que todos elogias sem a cor avermelhada de seus cabelos. Principalmente a pró pria Rin que a considerava uma mulher feita em seus de zoito anos de idade, pronta para se casar e sair de casa, quando ela ainda teria três anos pela frente para conhecer alguma excitação em sua rotina.
— Aonde você foi hoje? — Rin quis saber assim que as duas ficaram a sós. — Viu Onigumo?
— Sim, eu o vi — Kagome respondeu sem olhar para a irmã.
— Sobre o que vocês conversaram? — Rin se atirou sobre a cama, sentou-se com as costas apoiadas nos travesseiros e abraçou as pernas. — Já escolheram os nomes que darão a seus filhos?
A última pergunta foi tão descabida que Kagome tentou, mas não conseguiu sufocar uma risada.
— Não sabe que as pessoas solteiras não devem falar sobre essas coisas? — E antes que Rin tivesse tempo de respon der, Kagome começou a se despir e mandou que a irmã apagasse as velas.
— Você acha Onigumo bonito? — Rin insistiu.
— Beleza não significa nada — Kagome resolveu mentir. Rin deveria crescer consciente da vida que a esperava para seu próprio bem. Porque sonhos impossíveis de concretizar comprometiam a capacidade de ser feliz.
— Mas eu espero que o marido que papa e maman arruma rão para mim seja bonito.
Kagome percebeu que seu argumento não convencera a irmã. Determinada a não perder aquela batalha, continuou com a explicação.
— Precisamos pensar em nossa família em primeiro lugar. Uma boa filha coloca o bem-estar dos pais e dos irmãos antes de seu próprio. — Kagome deitou-se ao lado da irmã e aconche gou-se a ela. — Veja esta coberta, Rin. Ela foi feita por nossa bisavó que já não se encontra entre nós. No entanto ela continua nos aquecendo e protegendo. Você entende agora? A família nos confere a imortalidade.
Por mais que se esforçasse, Rin não estava conseguindo manter os olhos abertos e prestar atenção ao que sua irmã mais velha dizia.
— Quando eu casar, papa poderá comprar mais cavalos para nosso estábulo e você terá vestidos mais bonitos. Onigumo entrará em posse de um título e nossos filhos terão uma vida boa garantida por ele e tradição e prestígio garantidos por mim. Percebe como é importante pensar mais nos outros do que em si mesma?
— Sim — Rin respondeu por que considerou que era o que deveria fazer para tranquilizar sua irmã e encerrar a con versa para que ela pudesse ceder ao sono que a estava vencen do. Porém, provavelmente pelo tom que ela empregou, Kagome não se convenceu de sua firmeza. Ou, talvez, porque ela própria não se sentia firme.
— Maman só terá você para lhe fazer companhia e auxiliá-la nas tarefas da casa quando eu for embora. Por favor, seja uma boa filha para ela. E procure obedecê-la mais do que eu fiz - Kagome falou com seus botões.
O silêncio fez Kagome suspeitar de que Rin havia ador mecido. Olhou para conferir, apesar da escuridão e sorriu ao ter certeza. Não culpava sua irmã. Nada lhe parecia mais entediante do que cobrar obediência a alguém. E mais sério do que planejar a criação da própria família. Em sua ingenuidade, Rin lhe perguntara se já havia discutido com o noivo os nomes que dariam aos filhos. Ela se sentiu estranhamente per turbada ao lembrar. Tratar daquele assunto com Onigumo seria quase o mesmo que falarem sobre a noite de núpcias.
O prospecto fez Kagome apertar as mãos uma contra a outra. Ela sabia como os bebês eram feitos. Mais ou menos.
E toda menina era criada para um dia casar e cuidar do marido e dos filhos que iriam nascer. Mas nunca até aquele momento lhe ocorrera que não suportaria a idéia de fazê-los com um homem de quem não gostava. Ele lhe pediria para tirar a roupa e tocaria no centro de sua feminilidade. Seria horrível. Se Onigumo quisesse ter apenas um filho, talvez ela admitisse. Mas se ele, de repente, quisesse ter cinco filhos? Precisaria se entregar a ele cinco vezes?
Kagome obrigou-se a parar de pensar. Queria dormir e esquecer o medo e a apreensão. Quando o sol nascesse, ela teria tarefas para realizar e não sobraria tempo para conjeturas.
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Kouga estava atrasado. Se ele acreditava que esse tipo de comportamento era um sinal de sua superioridade perante uma mulher deveria se preparar para enfrentar as consequên cias de seu engano. Porque ao fazê-la esperar, Kouga demons trara sua falta de consideração e lhe despertara uma irritação que não precisaria ter lugar.
— Se não tinha intenção de cumprir sua palavra, não deveria ter concordado em vir me buscar ao nascer do sol — Kagome protestou no primeiro instante.
— Eu fiquei detido — Kouga justificou.
— Pelo cano de um mosquete?
— Não.
— Pela morte de alguém da família?
— Não.
— Por ter caído em um fosso profundo sem poder sair en quanto não chegou ajuda?
— Não.
—Então o senhor não ficou detido, mas apenas dormiu mais do que deveria. Agora teremos de nos apressar. Eu disse a minha mãe que estaria de volta para o almoço.
Kouga pensou em responder à altura da agressividade com que fora recebido, mas ao ver o sol refletido nos cachos de ouro e cobre que escapavam do chapéu branco amarrado sob o queixo com uma fita cor-de-rosa, sua indignação desapareceu por completo.
Kagome estava linda com os cabelos presos no alto para depois caírem sobre os ombros em uma cascata de anéis. Com aquele penteado, os traços de seu rosto ficavam realçados e ele podia admirar a beleza da pele de marfim, a formosura das faces, e as sobrancelhas levemente mais escuras. Eram as sobrance lhas de Kagome que mais o atraíam. Por serem acentuadas, elas contrastavam magnificamente com os olhos claros. E empres tavam determinação ao conjunto. Ele também gostava da pinta no canto da boca. Esperava que fosse natural.
— A pontualidade é uma virtude rara nas mulheres — Kouga observou ao mesmo tempo que a segurava pela cintura, surpreendendo-a com seu atrevimento e levando-a a lamentar que não fosse rico como seu noivo porque ela o trocaria por Onigumo sem pestanejar se lhe fosse dada a escolha. O que não implicava que ela iria permitir um tratamento menos condutível com sua posição. Com um olhar de censura, ela retirou firme mente as mãos que a abraçavam.
— Admiro quem sabe o que quer — Kouga afirmou como se pretendesse lhe fazer um elogio, mas ainda se dando ares de importância, o que ficou claro à conclusão de seu pensa mento. — Ao mesmo tempo espero que o homem que seu pai encontrou para se tornar seu genro seja capaz de domar a filha.
— Animais são domados, monsieur mulheres são conquis tadas. — Agora foi a vez de Kagome tocá-lo. Ela o segurou pelo braço gentilmente em uma tentativa de restabelecer a paz.
Estavam se aproximando da praia. O marulhar das ondas lhes chegava aos ouvidos como uma melodia. Logo eles se deslumbrariam com o movimento incansável do vai-e-vem das águas e com suas cores em variados matizes de verde e de azul entre as espumas brancas. Ela sabia que à noite e em tempes tades o mar podia ficar cinzento e até mesmo negro e se tornar letal.
— Pretende me castigar, senhorita, ao se recusar a satisfazer minha curiosidade? Não irá me responder sobre o afortunado homem que será seu marido?
— Como poderia responder se o senhor não perguntou? — Kagome fitou-o com estranheza.
— Muito bem. Estou perguntando agora.
— Ele é um cavalheiro e pertence a uma rica família. As mulheres o admiram por seus modos finos e gentis.
Dessa vez Kouga não teve chance de se vangloriar sobre o concorrente. Porque tinha consciência sobre sua força, mas também sobre sua natureza rude. Ele poderia ser honesto e cumpridor de seu dever, mas certamente não tinha os modos nem o aspecto de um cavalheiro.
— Como o descreveria? — Kouga insistiu na tentativa de descobrir alguma característica negativa no outro que fizesse Kagome compará-los e lhe dar a vantagem.
Kagome olhou para o céu como se as nuvens fossem ajudá-la a refletir.
— Sem graça, sem outros atrativos que não sejam aqueles que mencionei. — Ela suspirou com enfado. — Gostaria de não ter de desposá-lo.
Nenhuma outra observação de Kagome teria sido mais agra dável aos ouvidos de Kouga. Um desejo imenso de beijar aqueles lábios rosados o dominou. Resistiu ao impulso com receio de ofendê-la. Uma atitude dessa envergadura era tão inédita em sua vida que ele mesmo não entendeu o que poderia estar acontecendo.
— Não pode recusá-lo?
Kagome moveu negativamente a cabeça. Kouga hesitou. Era um homem simples do povo, mas conhecia as regras e tinha noções de que aquele era um procedimento normal entre as famílias importantes. Restava-lhe esperar que Kagome decidisse continuar encontrando-o às escondidas.
— Ele não estará a seu lado o tempo todo. Talvez possa reservar uma ocasião ou outra para zelar por seus próprios interesses.
A impressão de Kagome era que Kouga lera seu pensamento. Não seria capaz de dizê-lo em voz alta, mas já lhe havia ocor rido que se Onigumo podia ter amantes, não seria errado se ela reclamasse iguais direitos. Apesar de sempre ter encarado uma relação extraconjugal como algo vergonhoso. Principalmente no que dizia respeito à mulher. Porque por mais amantes que o marido tivesse, a esposa deveria se manter fiel ao lar.
— Uma mulher casada não pode perseguir outros interesses, monsieur.
— Por que não?
Uma ave cortou o céu naquele instante e Kagome aproveitou para fugir ao assunto.
— Olhe! Acho que é um falcão.
Kouga sorriu. Não era preciso ser brilhante para deduzir o que a jovem ruiva pretendera com aquela observação intem pestiva.
Eles estavam quase chegando à prisão. Ele não concordava em absoluto com a presença de uma mulher, ainda mais jovem e bonita como Kagome, em um lugar sujo e perigoso como aque le, mas comprometera-se à levá-la na tentativa de conquistar seu coração. Achou que deveria ao menos sugerir que cancelassem os planos.
— Tem certeza do que está fazendo, senhorita? Nós pode ríamos prosseguir com nosso passeio para outro lugar mais agradável. — Ele quase não dormira na noite anterior de tanto pensar no capricho inusitado de Kagome. Não acreditava que fossem correr riscos, propriamente, durante a visita, mas não conseguia se livrar da impressão de que estava cometendo um erro ao levá-la.
— Está tentando voltar atrás em sua palavra? — Kagome o desafiou.
— Claro que não — ele se apressou a responder.
— Ainda bem.
A construção pôde ser vista naquele instante. Erguia-se so bre pedras em um canto do mar. Parecia um lugar como outro qualquer: comum e inofensivo. Se ela não soubesse sobre os segredos que aqueles altos muros encerravam, não o temeria.
Um cheiro de morte a fez hesitar no último momento.
— Homens são executados aqui?
— Ao menos eu detestaria saber que aqueles que consegui capturar e trazer para a terra para saldarem suas dívidas, con seguiram voltar para o mar e para seus crimes hediondos.
— Acha que desejarão me matar quando me virem?
— Os piratas? — Kouga balançou a cabeça e precisou sor rir à observação ingênua. — É mais provável que queiram possuí-la.
A franqueza da resposta desnorteou Kagome. Não seria mais prudente de sua parte recuar antes que pudesse ser tarde de mais? Ou talvez não. O perigo lhe parecia mais excitante do que a prudência.
— Não tenha medo — Kouga tranquilizou-a. — Eles não lhe farão nenhum mal presos às correntes.
— Não estou com medo — Kagome garantiu. — Apenas an siosa. O senhor já deve ter visto centenas de piratas, mas será a primeira vez que chegarei perto de um.
Diante do portão de acesso à prisão úmida e cinzenta, Kagome teve dificuldade para acreditar que estava prestes a conhecer o local que descreviam como o inferno.
O carcereiro que lhes possibilitou o ingresso era tão feio e mal-encarado que Kagome não pôde evitar o pensamento de que os detentos não a assustariam em comparação.
A barba grisalha crescia em todas as direções, os olhos estavam injetados de álcool.
— Kouga! Saudações! — O homem bateu nas costas de seu velho conhecido, caçador de piratas, com satisfação. Kagome imaginou que ele deveria estar sorrindo por trás de todos aque les pêlos. — O que o traz aqui hoje?
Kouga apertou a mão do brutamontes e indicou Kagome cuja presença ainda não parecia ter sido notada. Talvez por ela, tão pequena, ter ficado escondida às costas dele.
— Não trago um pirata comigo, mas uma jovem curiosa.
— O que ela quer? — o homem perguntou com desconfiança.
— Ver como eu ganho a vida. Ela deseja ver um pirata de perto.
Apesar de sua inexperiência, Kagome percebeu estar sendo alvo da hostilidade daquele homem pelas mulheres em geral. Talvez tivesse sido rejeitado alguma vez e transferido sua raiva pura todas.
— Ela quer ver um pirata? — o homem zombou. — Por que não a embarca em um navio mercantil para a França? Ela não terá de esperar muito para não apenas ver, mas ser abor dada por um bando!
Kouga relevou o riso sarcástico e sorriu com diplomacia.
— Por favor. Deixe-me fazê-la testemunha de minha mais recente vitória. — Kouga estendeu o braço para apanhar um molho de chaves pendurado em um gancho. — Você vai me dar sua permissão, não vai?
— Está bem. Vá em frente — o homem finalmente con cordou.
Kouga não perdeu tempo. Puxou Kagome pela mão e já ha viam percorrido um bom trecho do corredor quando ela se deteve e ergueu os olhos ansiosos.
— Preciso de um motivo para entrar e vê-los. Não quero que pensem que estou aqui por simples curiosidade.
— Mas não foi por isso que veio?
— Sim, mas eles não precisam saber.
— Como pretende se apresentar? — Kouga ironizou. — Com um buquê de flores?
— Claro que não! Seria ridículo. Preciso de algo que trans mita meu interesse em ajudá-los. Um jarro de água, talvez.
Qualquer oportunidade para tocar em Kagome era bem-vinda. Kouga segurou-a pelo ombro.
— Você parece insegura. Se quiser desistir, eu...
— De jeito nenhum! — Kagome retrucou e estava olhando ao redor em busca de inspiração quando teve a sorte de encon trar um balde com uma concha. — Eu me aproximarei e direi que estou levando água para lhes oferecer.
Kagome fez menção de se abaixar para pegar o balde. Não imaginava que o carcereiro os tivesse seguido.
— O balde está enferrujado — ele os surpreendeu com sua voz cavernosa. — Fiquem avisados que a alça poderá quebrar.
Kouga agradeceu pelo aviso, mas a um sinal de Kagome apa nhou-o mesmo assim. Com a outra mão, segurou Kagome pela cintura e juntos seguiram pelos corredores sombrios e cheios de insetos atraídos pelo calor e pela umidade. Com os braços desnudos, Kagome precisou esfregar várias vezes a pele para se proteger, mas assim mesmo levou algumas picadas.
Não era aquilo que ela esperava da visita. Imaginara ver os piratas atrás das grades, colocando as mãos esquálidas para fora em súplica por pão e pela liberdade. Andava por um imen so corredor, fracamente iluminado por tochas, e só havia uma sucessão de portas pesadas e trancadas. Demorou alguns ins tantes até que lhe ocorresse que não deveria penetrar nenhuma luminosidade nas celas.
— Eles ficam o tempo todo no escuro? — Kagome perguntou com um fio de voz.
— Ficam — Kouga concordou. — As prisões nestas ilhas seguem o modelo das existentes na França.
A má impressão fez o coração de Kagome bater mais forte. O chão era escorregadio naquele trecho por causa do limo. Ela poderia cair se não se acautelasse. Subitamente apreensiva, ela se apoiou com mais força em Kouga e respirou fundo na ten tativa de se abastecer daquela calma e segurança.
Ele parou diante de uma porta e introduziu uma das chaves na fechadura. Kagome sentiu as mãos umedecerem e enxugou-as no vestido cinza. Sua vontade era desistir e sair correndo da quele lugar horrível. Mas não podia fraquejar. Nunca mais teria coragem para olhar Kouga de frente se o decepcionasse.
— Vou abrir a porta. Não tenha medo. Eles estão acorren tados e eu não a deixarei sem proteção nem sequer por um segundo.
— Não — Kagome surpreendeu-se dizendo. — Quero entrar sozinha.
Kouga não poderia ter olhado para Kagome com maior es panto. Ela própria não entendia o que a levara a tomar aquela decisão. Os olhos que a fitavam pareciam negros na penumbra. Eram tão escuros quanto os cabelos que emolduravam as fei ções másculas.
Kouga, no entanto, considerou o pedido de Kagome e respei tou sua vontade. Ele, mais do que ninguém, entendia quanto era importante ter coragem diante das situações que o destino colocava em seus caminhos. Embora fosse a primeira vez que ele via uma mulher demonstrar essa mesma necessidade de senti-la.
— Está bem. Ficarei esperando aqui fora. — Ele abriu a pesada porta. A escuridão era tão completa que não deu para ver nada nem ninguém. Kouga retirou uma tocha da parede e colocou-a gentilmente na mão de Kagome.
Ela sorriu em agradecimento, respirou fundo e se preparou para entrar no que se assemelhava a uma caverna. Ao dar o primeiro passo, engoliu em seco.
O ar viciado impregnou-lhe as narinas enquanto esperava que seus olhos se adaptassem à escuridão.
A tensão estava à flor de sua pele. Sua impressão era que a qualquer momento um par de mãos a agarraria pelo braço ou pelo pescoço. E, subitamente, ela se sentiu presa. Não por al guém, mas por um pressentimento. O coração pareceu lhe subir à garganta. Ela estremeceu e a luz dançou pelas paredes. Deu um passo e tropeçou. Ao se desequilibrar caiu de joelhos ao lado de um homem. Nunca o vira antes, mas era como se já se conhecessem. Seu coração se acelerou e sua boca de repente ficou seca. Não foi amor o que ele lhe despertou não é?, mas sim es perança à primeira vista... Ou será que foi amor mesmo?
OoOoOoOoO
Adivinhaa quem é o PIRATA GATHENHOOO!?.. MUUIITOO FACIL, todos sabem Muahaha!.. REALMENTE!.. Essa história vale a pena, o segundo episodio, é ótimoo!.. Vimos uma mocinha decidida (não é monga), um homem apaixonado (trio amoroso?) E o nosso pirata, é um.. Surpresa!.. Porque além de lindo ele é.. Tem que ler o próximo capitulo para saber, e tem que mandar reviwes para ler o próximo.. CHANTAGEM!.. Isso mesmo u_u
Vamos lá, lembrando.. Essa fic NÃO É MINHA, e no ULTIMO EPISÓDIO, colocarei o nome da autora e talz!..
Ops:6 reviews PROXIMO CAP NA HORAA!
MIIIIL BEIJOS E CONTINUEM COMIIGO!