OLHEM, UM CAPÍTULO!111


Anteriormente...

Recebo a árdua tarefa de monitorar Potter em suas detenções. Temos mais uma discussão idiota e o babaca se mostra descontente. Chega o sábado e, com ele, a visita a Hogmeade, na qual Alex se convence de que Potter está decidido a me ignorar.


CAPÍTULO IV

Momentos Inusitados

ou

Opiniões Desnecessárias

Embora o local fosse preenchido pelo barulho feito nas outras mesas, inclusive a dos Marotos, na nossa mesa o silêncio tinha se instalado.

Isto é, até Alex decidir que era hora de expressar sua opinião.

- Ah, Lily, peça desculpas ao James, vai! Afinal você não quer que ele te ignore para sempre. Quer dizer, você endoidaria...

- Alex, não viaja! Do que você está falando? – perguntei eu, interrompendo-a.

Ela esbugalhou os olhos.

- Como assim, do que eu estou falando? É óbvio que estou me referindo ao fato de que James está te ignorando para chamar sua atenção.

- Criatura, ele só não me cumprimentou ao passar por nossa mesa. Não é como se ele tivesse alguma obrigação de fazer isso. – tentei justificar.

- Mas ele sempre faz alguma piadinha. – continuou Alex. Sério, eu acho que minha melhor amiga deveria se tornar escritora de fantasias. Ela seria a melhor da categoria. – Vamos, Lily! Você foi grossa com ele e agora o rapaz está magoado. Vai me dizer que não se sente mal por isso?

Eu bufei numa atitude de cansaço. Merlin, por quanto tempo eu aguentaria?

- Alex, eu não me sinto mal, não acho que deva pedir desculpas e vou agradecer aos céus se finalmente tiver um pouco de paz por parte do Potter! Aceite isso.

Alex ainda se mostrava indignada.

- Olhe isso, Berny! Nem parece a nossa Lily!

Para minha sorte, meu amigo Bernard não parecia nem um pouco interessado na nossa conversa. Muito pelo contrário, estava encarando uma aluna que estava sozinha no balcão.

- Com licença, senhoritas, mas vocês vão perder minha ilustre presença, pelo menos por agora. Até mais. – foi sua fala final antes de se retirar.

Assim como eu esperava, ele foi até à jovem do balcão. Era uma corvinal do quinto ano que eu conhecia somente de vista, mas que era muito bonita e fazia o tipo de garota que Berny gostava.

Bom, um a menos para me atazanar!

- Olhem só! Agora ele me abandona aqui para tentar te convencer sozinha! Sinceramente, viu... – resmungou Alex.

- Por que você não simplesmente esquece tudo isto? Vamos falar de coisas mais interessantes, Alex. É sábado e estamos em Hogsmeade, não quero me estressar.

Alex revirou os olhos.

- Ok, ok, senhorita orgulhosa-demais-pra-pedir-desculpas. Do que você quer falar, então?

Eu fingi pensar. Era a minha vez de irritá-la.

- Bom, que tal falarmos sobre nosso dever de Runas Antigas? – propús.

- NÃO, LILY, POR FAVOR!


Ficámos mais um tempo jogando conversa fora. Entretanto, por diversas vezes eu me pegava espiando James Potter pelo canto do olho, embora (felizmente, devo dizer) Alex não percebesse. O dito cujo, por outro lado, parecia notar, e frequentemente eu o via com um sorriso de troça no rosto, como quem sabia o que estava fazendo. Ele havia se sentado numa posição estratégica, na qual eu era praticamente obrigada a vê-lo, por mais que ele se encontrasse do outro lado do recinto.

Babaca.

Quando comecei a me sentir entediada chamei Alex para dar uma volta. Embora eu não imaginasse lugar algum em Hogsmeade que nós já não conhecêssemos, era sempre interessante andar por aquelas ruas, tão diferentes das que eu frequentava quando ia para casa nas férias.

Encontramos Berny na Dedos de Mel, com a corvinal a quem ele havia se dirigido no Três Vassouras. O que me surpreendeu foi a forma como ele arrumou uma maneira de despistar a garota para vir até nós.

- Levem-me embora daqui. – disse ele rapidamente. – Aquela ali não conseguiu calar a boca por um segundo. Acho que só pude falar meu nome para ela, e foi o suficiente para que começasse a matracar.

Alex estava a ponto de soltar uma boa gargalhada quando Berny tapou-lhe a boca com a mão.

- Nem se atreva! Silêncio absoluto para que ela não me encontre!

Puxou a nós duas pela manga da blusa e levou-nos para fora. Ao sair, tive quase certeza de que ouvi alguém gritando "Bernard!".


Naquele sábado eu estava na escala para monitorar a escola após o horário de recolher. A maioria dos monitores detesta cumprir monitoria no sábado, mas como eu não tenho uma vida social considerada "ativa" eu nunca me importei. Para falar a verdade, monitoria no sábado era geralmente mais divertida do que o resto da semana. Era o dia em que Hogwarts inteira queria ficar acordada até tarde, então meus serviços de monitora eram muito mais úteis.

Despedi-me de Berny e Alex e saí da sala comunal da grifinória assim que o horário da monitoria começou. Eu não ia percorrer hogwarts sozinha, porém não me lembrava quem estava escalado comigo. De qualquer forma, o combinado sempre foi que os monitores se reuníssem na sua sala à meia-noite para saber se ainda faltava vistoriar algum lugar.

Sempre achei impressionante como, numa escola com a quantidade de alunos como a nossa, os problemas encontrado pelos corredores fossem sempre os mesmo – casais se agarrando, primeiranistas sendo incetivados pelos veteranos a consumir bebida alcoólica, alunos pregando peças uns aos outros... a típica hogwarts.

Quando meu relógio de pulso anunciou as 11:50 mudei meu rumo para a sala dos monitores. Chegando lá vi que, quem quer que fosse o outro monitor, não havia chegado ainda. Passaram-se uns bons quinze minutos até que eu escutasse o barulho da porta abrindo-se.

- Ah, Lily, você já está aqui. Desculpe tê-la feito esperar. – disse Thomas Hoult.

Fiquei com a usual falta de reação por um segundo, antes de lhe responder.

- Não, tudo bem. Acho que cheguei mais cedo, mesmo.

Olhando Thomas, era visível a marca arroxeada por baixo dos seus olhos, o claro sinal de quem não anda tendo boas noites de sono.

- Teve muito trabalho esta noite?

- O de costume. – dei de ombros. – Você?

- O de costume. – respondeu ele com uma piscadela. Era óbvio que ele estava tentando parecer alegre e tudo mais, mas a sua expressão era de cansaço.

De repente ele pareceu lembrar-se de algo.

- Você foi até aonde? Porque eu acabei tendo um certo problema em mandar uns terceiroanistas para o dormitório e não tive tempo de ir até à torre de astronomia.

- Então vamos lá agora, porque eu também não passei por esses lados. – respondi.

Inicialmente, eu havia chamado-o com toda a inocência do mundo. Porém, depois de falar, me lembrei que a torre é uma espécie de ímã para casais e que se nos vissem ali àquela hora todos os pensamentos teriam segundas intenções. Com isto em mente, senti que estava corando.

- O que houve? - perguntou ele, desconhecendo meus motivos para envermelhar.

- Nada, nada. – apressei-me em dizer. – Acho que deixaram a lareira acesa por muito tempo e estou sentindo que aqui está abafado. Vamos indo, logo.

Ele não pareceu muito satisfeito com essa resposta, porém foi a melhor que eu pude dar.

Saímos da sala dos monitores e fomos caminhando silenciosamente até à dita torre. A um certo momento, senti que o silêncio estava desconfortável, e acabei falando sobre algo que não teria dito em ocasião de maior lucidez.

- Eu fiquei sabendo... de você e Lori.

Senti que Thomas ficara tenso ao meu lado e me arrependi imediatamente. Ele só veio a responder segundos depois.

- É, bem... aconteceu. – foi tudo o que disse.

Eu achei que já tinha sido demais da minha parte fazer um comentário tão inusitado, então preferi ficar calada dali para a frente.

- Acho que ninguém estava esperando, não é mesmo? – perguntou ele, olhando para mim.

Fiz que não com a cabeça e dei um sorriso tímido. Afinal, que mais poderia eu fazer?

- Foi repentino para mim, também. Eu acabei descobrindo umas coisas sobre ela que não em agradaram muito, e achei que esta fosse a melhor atitude a ser tomada. Ainda estou me perguntando se fiz a coisa certa, mas foi o que me pareceu correto no momento.

- Foi algo tão sério assim?

Ele suspirou.

- Para mim, pelo menos, sim. Lori tentou fazer pouco caso de tudo e dizer que nada se repetiria, mas para mim já tinha acabado no momento em que descobri.

Eu não tinha a lata de perguntar o que ele havia descoberto sobre a namorada. Não era da minha conta e eu desejava que ele somente me contasse se realmente fosse da vontade dele.

- Se essa tiver sido uma decisão tão séria e final como você diz, eu te parabenizo por ter a coragem de tê-la tomado. – comentei. – E espero que você consiga seguir em frente.

Thomas me olhou com um sorriso sincero.

- Obrigado, Lily. De verdade. Nestes últimos três dias as pessoas têm vindo até mim somente para perguntar o porquê do término e se vamos voltar. Ninguém pareceu se preocupar em como me sinto.

Dei uma risada fraca.

- Conte comigo. Lily Evans, à disposição para ajudar os romanticamente desafortunados.

Ele riu com vontade e por um momento pareceu até mais leve. Isso me fez sentir bem. Levar uma pessoa a rir sempre dá aquela sensação ótima de ter feito bem a alguém.

Já estava para dar uma da manhã quando consegui chegar à sala comunal.

Achei que ia ter, finalmente, descanso, mas Potter estava jogado no sofá com um pergaminho no colo, completamente adormecido.

Curiosa como sou fui até ele para ver do que se tratava, porém o pergaminho estava em branco, com a varinha dele do lado.

Percebendo que estava ali um momento perfeito para uma vingança e que dificilmente eu teria outra oportunidade de ouro daquelas, fui até à escada do meu dormitório e convoquei um balde de água gelada, que fiz derramar por cima de Potter.

Precisei segurar o riso no momento em que ele pulou de vez do sofá e gritou com o susto. Logo depois subi as escadas correndo para que ele não me visse, pensando que, afinal, a noite não tinha corrido tão mal.


- Lily, por que você está parecendo tão bem-humorada? – perguntou Berny, na manhã seguinte.

- Quem você matou ontem à noite? – questionou subitamente Alex.

Eu ri, mesmo tentando me segurar.

- Apenas matei a saudade que eu estava de me divertir. Faz tempo que este castelo está se tornando entediante. – conclui com uma piscadela.

Eles se entreolharam, confusos.

- Só eu estou desconfiando muito disso? – disse Alex.

- Minha cara Lily, você pretende nos contar o que andou aprontando?

Fiz um gesto de indiferença com a mão. Não fazia sentido contar a eles a graça existente em jogar um balde d'água num cara que está te ignorando. Berny me chamaria de infantil e Alex diria que isso não é nada legal da minha parte, principalmente porque não gosto que aprontem comigo. Conheço meus amigos o suficiente para saber suas reações.

Ao invés disso, decidi falar sobre Thomas.

- Conversei um pouco com Thomas Hoult ontem, depois da monitoria. Ele me disse que ele e Lori terminaram porque ele descobriu algo muito sério sobre ela. Algum de vocês sabe o que foi?

Alex deu de ombros.

- Escutei umas garotas da lufa falando sobre o assunto, mas já estavam encerrando a conversa quando me aproximei, então não aproveitei muito. Mas pelo que entendi foi alguma coisa que o fez passar vergonha, tipo, muita vergonha.

- Eu não tenho muito contato com ele, então não sei de nada. – disse Berny, dando de ombros também.

- Ele parece estar sofrendo bastante com isso. Está com olheiras enormes e parecendo super desanimado.

- Lily, você não pode esperar que uma pessoa termine um namoro de 2 anos e fique bem depois.

- Só se for bem insensível. Tipo você. – brincou Berny.

- Ha-ha, que engraçadinho, você. Pois saiba que eu sou sensível sim e que fiquei tocada por qual mal ele parecia.

Alex fez bico.

- Quando é para o James você não quer nem saber.

Revirei os olhos.

- Potter não merece nem que eu lhe dirija a palavra, quanto mais que me preocupe com ele.

- Mas Lily, vocês formariam um casal tão lindo! Imagine um filho de vocês, com seus olhos verdes e aquele cabelo charmoso dele.

- Charmoso? Aquela arapuca de macumba? A juba que nunca viu um pente? Teria pena dos nossos filhos.

- Olhe só, Berny, já está dizendo "nossos filhos". Eu sou ou não uma ótima cupido? – exclamou Alex com os olhos brilhando.

Berny bufou.

- Arruma namorado para todo mundo, menos para você mesma.

- Ei! - disse ela, dando-lhe um tapa forte no braço.

- "Ei" digo eu. Isso doeu, sua louca.

- Não me chama de encalhada nunca mais!

- Se você puder parar de me bater...

Parei de prestar atenção na briga boba deles quando os marotos entraram no salão principal, onde estávamos todos tomando café da manhã.

Eu esperava sinceramente que Potter estivesse emburrado e enfurecido por ter tomado banho de água fria na noite anterior, mas ele estava com um sorriso de orelha a orelha.

Como assim? Como pode uma pessoa ficar tão alegre indo dormir com os dentes trincando de frio e sabendo que está a horas de pagar uma detenção?

Voltei-me para meu prato e soltei um leve suspiro. Era de James Potter que estava falando, afinal. O cara não era útil nem para se irritar.


Fiquei no dormitório, organizando meu malão – que não via arrumação há um bom tempo - até que fossem 9:45, próximo ao horário em que a detenção começava.

Despedi-me de Alex, que ficou lendo no quarto, e segui para a biblioteca que, por ser domingo, estava praticamente vazia.

Peguei o livro de Runas Antigas, ao ver que Potter ainda não chegara, e comecei a folhear as páginas. Passaram-se dez, quinze, vinte minutos e quando deu 10:15 notei que Potter ainda não estava na biblioteca. Já me irritando com tamanha irresponsabilidade, fechei o livro e me preparei para ir embora, porém, ao me virar, dei de cara com o dito cujo.

E digamos que a distância entre nós estava menor do que o suficiente para me deixar confortável com a presença dele.

- E aí, Lily? – disse ele, tão próximo a mim que consegui sentir o hálito de menta que exalava da sua boa. – Quando começamos?


N/A: Boooom... digamos que vai ser assim por agora: quando eu tiver um capítulo, eu posto.

O próximo já está em processo de criação, porém me encontro no fim de unidade na escola e por isso acho difícil postar tão cedo.

Contentem-se com esse por enquanto auhauhauhua

Ah! Como serão 4 domingos de detenção, cada um dos próximos capítulos terá um dia de castigo do jamezito. Ou seja, 4 caps, 4 semanas.

Reviews me fazem querer ir dormir mais tarde pra poder escrever um pouquinho toda noite ;)