Minha vida com Hermione Granger

A Batalha final

Hermione Pov.

O noite se arrastava em Hogwarts, fria, lenta e pesadamente. Como se estivesse com grilhões de aço sob seus pés invisíveis... como se fosse eterna. As luzes de feitiços cruzando os céus como flechas de fogo, as ruínas do que já fora a maior escola de magia da Grã-Bretanha explodiam, atirando detritos com a força de um titã contra nossos companheiros de luta.

O chão sob nossos pés vacilavam, o sangue ainda escorria da cada uma das feridas de batalha, mas, nós nos recusamos a recuar. Mesmo cercados, mesmo com todas as probabilidades contando contra nós, mesmo com o medo de não resistir até ver o amanhecer naquele confronto mortal... nós seguimos em frente.

Nunca acreditei muito em destino, ainda não acredito. Mas, a partir deste dia, não poderia ser capaz de fechar os olhos e pensar que tudo isso aconteceu por acaso. A batalha de Hogwarts como ficou conhecida, o dia do confronto final, onde as forças das trevas enfrentou a luz... foi o dia que nos levou a vida que temos hoje.

Quem jamais poderia imaginar, que nesta noite caótica, em meio ao caos, algo tão puro e muito maior do que a morte poderia nascer? O amor.

Harry. Pov.

A falta de ar fazia arder seus pulmões. Seus olhos buscaram em meio à multidão que se enfrentava, sinais de seus amigos e professores. O coração doía embalado de um poderoso sentimento de culpa e ódio, seus dedos acompanhando sua determinação, apertaram firmemente a redor da varinha.

A dor em sua cabeça aumentava, mas ele não hesitou em desafiá-la. Seus músculos, rígidos, ficaram dormentes, entorpecidos pela adrenalina, seu cérebro desesperado para o que estava por vir. Ele teria que colocar um final em tudo isso. Somente ele seria capaz. Iria se sacrificar para livrar o mundo da ameaça de Voldemort.

-Harry!

Chamou Hermione ofegante ao lado dele, agarrando seu braço direito com as mãos trêmulas. Ela estava pálida, os olhos vermelhos e inchados, os cabelos mais revoltados do que poderia ser humanamente possível. As roupas quase em farrapos, manchadas de sangue.

O grifinório não precisava olhar para ela, para descobrir o que Hermione queria, mas o aperto firme ao redor do seu braço direito o fez mudar de ideia. Foram segundos eternos que levou para Harry encontrar os olhos castanhos da sua melhor amiga.

Hermione engasgou com o que encontrou nos olhos verdes tão adorados do seu melhor amigo. Havia um conflito doloroso entre a aflição, a ira, a coragem, o medo... e o que mais a assustou... a solidão. O corpo inteiro da grifinória estremeceu, ela sabia o que ele pretendia fazer e não poderia deixar isso acontecer.

-Tenho que falar com o retrato de Dumbledore!

Diz ele com a voz rouca, seca, sem qualquer emoção aparente. E os olhos de Hermione inundam-se novamente com as lágrimas.

-Não! Você não vai sozinho Harry! Eu vou com você!

Protestou ela furiosamente, agarrando o braço do Potter com mais força ainda.

-Eles precisam mais de você aqui do que eu Hermione!

Rebate Harry duramente, lançando um rápido olhar ao redor deles, desejando trazer a razão à sua amiga de cabelos espessos.

-Eles tem McGonagall, Hagrid e Flitwick aqui! Não tente me impedir, com essas desculpas!

Acusa Hermione, as lágrimas agora manchando o rosto angustiado da grifinória.

-EU NÃO QUERO QUE VENHA COMIGO!

Grita fervorosamente o moreno, soltando-se tão brutalmente de Hermione que ela quase desequilibrou-se, antes de lançar um olhar magoado em direção ao melhor amigo.

-Tanto quanto não quer me machucar Harry, você não quer ficar sozinho! Não agora!

Rebateu ela enxugando bruscamente as lágrimas do rosto e voltando-se furiosa em sua direção.

-Para onde eu vou não terá volta Hermione!

Alerta ele tão sombriamente quanto assustado pela determinação dela. Ele não queria magoá-la, se sentia um imbecil por causa disso, mas, os alunos, os professores, eles precisavam de alguém como ela ao lado deles, ela era brilhante, poderia duelar, conjurar, transfigurar e curar os feridos, ele não poderia ser egoísta a esse ponto, privando seus companheiros de um reforço como Hermione.

Ela soltou uma risada sarcástica, abafada, sem qualquer vestígio de humor.

-Desde quando isso seria motivo para me afastar de você? Desde o primeiro ano em Hogwarts, nem mesmo a morte foi capaz de me impedir de te seguir Harry Potter, o que te faz imaginar que eu iria desistir de você exatamente agora?

Vociferava ela com tal determinação feroz que fez o moreno de olhos verdes desistir instantaneamente de convencê-la.

-Onde está Ron?

Questiona ele finalmente desviando os olhos de sua amiga, sentindo o corpo pesar centenas de toneladas agora que ela não o segurava mais.

-Ele está bem... mas, Luna se feriu gravemente...

Murmura sombriamente a grifinória, a lembrança do confronto entre seu melhor amigo ruivo com os comensais da morte.

Ron. Pov.

O Weasley estava gravemente ferido no ombro esquerdo, o sangue escorria cobrindo todo o braço e roupas dele, não havia tempo para lançar qualquer feitiço de cura, por mais simples e rápido que fosse.

Se ele parasse, por um segundo que fosse, aqueles dois comensais e seus malditos companheiros puro-sangue conseguiriam entrar no esconderijo dos alunos do primeiro e segundo ano. Ao lado dele, também duelavam com todas as forças, Lavender Brown, Parvati Patil, Seamus, Dean Thomas e Luna Lovegood.

Esta ultima, corvinal, estava longe de possuir uma expressão sonhadora e pacífica, seu semblante era concentrado, seus lábios presos numa linha reta e os olhos sonhadores, moviam-se com uma habilidade fascinante. Estava quase irreconhecível. Mas, tudo mudou quando um dos comensais lançou uma maldição poderosíssima em direção ao Weasley.

O tempo pareceu congelar para Ron. Um feitiço atingiu seu joelho, quebrando seus ossos em pedacinhos da forma mais dolorosamente lenta, como um cruciatus concentrado. Ofuscado pela dor, o ruivo caiu de joelhos, não consciente de uma varinha apontada em direção ao seu peito enquanto um sorriso cruel se formava no rosto do comensal da morte.

O raio roxo abandonou a ponta da varinha do bruxo vagarosamente, o Weasley podia ouvir então, cada batida forte, lenta e profunda do seu coração contra o peito. Seria seu fim, fechou os olhos praguejando seu fracasso, quando a próxima coisa que sentiu, foi o leve aroma de melado azedo e um abraço macio o envolvendo.

Em horror, o ruivo abriu os olhos para encontrar em seus braços, Luna Lovegood, com os olhos azuis vidrados nele, um sorriso frágil estampado no rosto, segundos antes de perder os sentidos. Rony segurou a loirinha nos braços com força, a respiração engatada em sua garganta, o sangue fervendo dentro de suas veias.

-Loony...

Ainda de joelhos e com Luna em seus braços, o Weasley lançou uma sequencia mortal de feitiços e maldições, sem ao menos ter tempo de recitar cada uma delas, ele estava tão cego pelo ódio que sentia que não sentia mais dor, apenas o desejo de vingança o consumindo. Minutos mais tarde, seis corpos de comensais da morte estavam caídos ao chão diante de seus colegas grifinórios estupefatos.

Harry. Pov.

Depois da afirmação de Hermione, ele teve que respirar fundo para não explodir de ódio. Não só seu melhor amigo Rony, que era como um irmão, quase perdera a vida para poteger as crianças, como Luna, uma pessoa extraordinária, estava entre a vida e a morte por culpa daquela guerra. Dando as costas para a batalha, ele seguiu a passos firmes em direção à antiga sala de Dumbledore, com Hermione o acompanhando de perto em silêncio.

No caminho, entre os corredores escuros, ecoavam gritos desesperados e lamúrias. Não haviam fantasmas passeando alegremente, não existia qualquer movimentos de retratos, as armaduras e archotes estavam completamente destruídos, as vidraças das estreitas janelas em pedacinhos... por todos os lados, havia sinal da batalha final.

A cada novo passo, o coração de Harry batia mais rápido, sua respiração acelerava no mesmo ritmo e um desejo feroz de acabar com Voldemort o possuiu. o maldito bastardo das trevas lhe roubara tudo. Primeiro seus pais, depois sua infância, seguido por Cedrico, Sírius, Dumbledore, Moody, Dobby, Snape...

Não podia dormir um único dia sem ser atormentado por ele, não poderia ter uma vida normal sem a constante repetição da profecia na sua mente, sem o peso e a culpa por tantas vidas se perdendo nesse mesmo instante em Hogwarts o atormentando. Voldemort, não estava somente atingindo Harry, estava invadindo sua casa, sua escola, tomando a vida de seus colegas, amigos e professores...

A expressão severa no rosto dele não passou despercebida por Hermione. Ela também estava vendo sua vida passar como um filme, rápido, feliz e distante, diante dos seus olhos. Diferente de Harry, ela não lutava com a certeza da sua morte, mas não era ingênua para acreditar que haveriam muitas chances de sair viva quando o próprio Voldemort estava em Hogwarts.

No entanto, o tanto que ela acreditava no poder destruidor do lorde das trevas, ela confiava muito mais no poder esmagador e incrivelmente único de seu melhor amigo Harry. instintivamente, ela acelerou os passos até se encontrar lado a lado dele, entrelaçando seus dedos com força. Ato que não foi repelido pelo grifinório que segurou mais firme sua mão buscando a força que precisava para encarar o seu fim.

O encontro com Dumbledore, as memórias do deu detestado professor de poções... foi muito mais do que Harry conseguiria processar, muito além do que ele poderia esperar, tão triste, duro, revoltante e incompreensível. O desespero era evidente no olhar de Hermione, não havia pena ou compaixão, mas um desejo sem nome de tomar toda aquela dor para si mesma, para aliviar o peso que ele carregava sozinho.

-Eu tenho que encontrá-lo!

Diz o moreno dolorosamente, em nenhum instante, tinha soltado a mão de Hermione, mas agora, tinha que afastar-se, teria que morrer para mantê-la a salvo, para garantir um futuro, não só para ela, mas para todos os seus amigos, por todos que lutavam incansáveis lá fora, por seus pais, por Sírius, por Cedrico... por Snape.

-Nos despedimos aqui Hermione!

Fala ele sem conseguir medir a tristeza que transparecia em sua voz, no lado mais profundo de sua alma.

-A profecia diz que você deve vencê-lo Harry! Mas não disse que faria isso sozinho! Eu já disse que irei com você até o fim do mundo se for preciso!

Protesta ela sem segurar as lágrimas novamente.

-Eu vou morrer Hermione! Eu nem tenho certeza de que vou conseguir derrotá-lo! Se você estiver comigo e eu não vencer, tem ideia do que ele poderia fazer contigo?

Bradou o moreno a segurando com força pelos ombros, sentindo-se aterrorizado com a possibilidade de ter Hermione nas mãos do seu maior inimigo.

-Eu não posso perder você!

Diz ele furiosamente, olhando no fundo dos olhos da sua melhor amiga, sua companheira, confidente, sua motivação, sua vida. Ele não conseguia encontrar palavras para definir a importância de Hermione em sua vida, era muito mais do que agradecimento, muito mais que amizade, superava as fronteiras de irmão e irmã como imaginava.

-E eu não posso te perder Harry!

Devolveu ela com toda a explosão de sentimentos que gritava dentro do seu corpo, no interior da seu espírito, do fundo do coração. Quando seus olhos encontraram, era como se dois mundos colidissem entre si. Uma força massiva, poderosa, constante os impedia de falar, ou pensar corretamente.

Havia fogo, havia luz, havia desejo, havia algo misterioso e ao mesmo tempo inconfundível, eles conseguiam ler os sentimentos do outro através de um único olhar, diziam tudo e ao mesmo tempo não confessavam nada, apesar disso, eram inundados por um sentimento capaz de atravessar eras, derrubar muralhas, resistir a magia, ao tempo e ao fogo, capaz de vencer a morte.

Hermione foi a primeira a quebrar aquele encanto, jogando-se contra o peito do moreno num abraço apertado, angustiado e carregado de carinho. Harry permaneceu imóvel por uma breve fração de segundos antes de devolver o abraço com a mesma intensidade, a mantendo firme junto a si, enterrando o rosto nos cabelos cacheados enquanto a deixava chorar em seus braços.

Talvez fosse esse o último momento entre eles... Ele ponderou. Movido por um sentimento desconhecido, ele a abraçou mais forte e beijou seu rosto repetidas vezes.

-Eu quero... eu preciso que você viva Hermione!

Implorava ele, seus olhos ardendo como se fizesse desse último abraço uma despedida.

-Não, Harry! Não me peça para te deixar ir sozinho! Eu não posso fazer isso!

Pede ela enterrando o rosto em seu pescoço, fazendo o grifinório estremecer ao sentir os lábios dela num beijo singelo contra sua pele. O Potter fechou os olhos saboreando aquela sensação, desejando ter mais tempo, ter mais vida pela frente, para desvendar ao lado dela tudo o que estava sentindo, aquele calor que envolvia seu peito e a vontade irremediável de estar com ela, somente com ela.

Se afastando suavemente, Harry leva suas mãos ao rosto dela, enxugando as lágrimas com os polegares antes de unir sua testa à dela respirando com dificuldade, o coração a mil.

-Eu queria ter mais tempo... queria de verdade, Hermione!

Revela ele apertando os olhos fechados com força, sentindo um nó se formar em sua garganta. A grifinória soluçou levando as mãos a se fecharem em punhos sobre a camisa dele, o segurando desesperadamente.

-Isso não é uma despedida Potter!

Exige ela levantando levemente o rosto roçando seus narizes desajeitadamente o que levou ao grifinório a oferecer-lhe um meio sorriso, fraco, cansado, que ela ignorou ao conectar seus lábios ao dele em um beijo urgente e apaixonado.

Hermione. Pov.

A batalha foi sangrenta, regada a ataques violentos, lágrimas, despedidas, quebras de paradigmas em todos os possíveis sentidos e marcada por perdas imensuráveis. Depois do nosso beijo, Harry parecia mais determinado ainda a enfrentar seu maior inimigo, Voldemort.

Seguimos de mãos dadas pelos corredores até encontrarmos Rony. Ele tinha o mapa do maroto em mãos, seu rosto guardando uma expressão tenebrosa e sua voz oca de qualquer emoção. Todo o sangue em suas roupas fazia meu estômago afundar. A ferida em seu ombro, ainda parcialmente reparada.

Ele estava nos procurando, disse que conhecia Harry o suficiente para saber que agora ele estaria se preparando para enfrentar o maior bruxo das trevas da sua era. Ele olhou de canto para minha mão segurando a de Harry, mas não disse nada, provavelmente pensando em Luna e seu estado de saúde não muito promissor.

Seguimos os três juntos, em um silêncio perturbador, até o momento que Rony alertou os elfos domésticos para se salvarem, me deixando tão orgulhosa do nosso amigo ruivo que o deu um abraço esmagador, que ele retribuiu meio sem jeito ficando vermelho enquanto Harry dava uns tapinhas em seu ombro saudável.

Quando chegamos ao limite da floresta proibida, senti meu coração parar de bater. A partir daí, Harry decidiu seguir sozinho, levantando um escudo impenetrável para afastar a mim e Rony. Eu usei todos os feitiços que conhecia, eu gritei por ele, usei minhas próprias mãos para romper aquela maldita barreira, mas não conseguia.

Ron, percebendo que a batalha na escola se intensificava, me arrastou com ele até encontrar os Weasley e outros membros da Ordem da Fênix. Duelamos por horas a fio, sentia meu núcleo mágico completamente desgastado. Nossos colegas estavam feridos, os professores já não conseguiam impedir os avanços dos comensais.

No entanto, eu me recusava a ceder, não deixaria de lutar enquanto Harry estava enfrentando Riddle. Eu estaria aqui, de pé, defendendo Hogwarts, esperando por ele. Mas, aí meu mundo parou de girar. A voz de Voldemort ecoou imperativa entre os escombros da batalha. Hagrid trazia em seus braços o corpo dele. O corpo sem vida de Harry.

Um grito dilacerante cortou as linhas do tempo. Meus olhos vidrados na figura do meu melhor amigo, o garoto mais gentil, altruísta, corajoso, leal, humilde, companheiro, atencioso, protetor que já conhecera. Harry, seu primeiro amigo, seu melhor amigo, o bruxo mais importante na vida dela, os seu Harry estava morto.

Superando o choque, meus pés parecendo pesar toneladas, me obriguei a correr até ele, gritei, sentindo como se um pedaço irrecuperável da minha alma. Depois disso tudo aconteceu numa velocidade surpreendente. Neville levantou a espada de Griffindor e matou Nagini.

Seu discurso levantou a revolta em Hogwarts. Remus e Tonks, caíram juntos, mãos entrelaçadas. Molly Weasley liquidou Bellatrix após quase tirar a vida de Gina. Fred, ficou gravemente ferido, quando um feitiço atravessou seu peito, o gêmeo tentava proteger George quando foi ferido. Arthur tomado pela ira, explodiu o comensal em inúmeros pedaços de carne humana.

Percy lutava lado a lado com Bill. Padma e Parvati combinavam feitiços para impedir que os comensais avançassem ainda mais. Dean e Seamus estavam em seu limite. Lavender caiu sem vida após uma maldição de cruciatus, Colin Creevey não resistiu ao ferimento mortal em sua perna esquerda, Cho reuniu um bom número de corvinais para ajudá-los depois disso, estavam levando os feridos para dentro do castelo e ao mesmo tempo duelando incansavelmente.

Gina. Pov.

A ruivinha correu ao lado de George, desesperada para conseguir ajuda para Fred. O estado do seu irmão não era em nada animador, havia muito sangue. A palidez profunda do rosto dele também não contribuía muito à imaginação. Quando chegaram ao grande salão, o choque que percorreu cada terminação nervosa do seu corpo era aterrador.

A Weasley jamais imaginara encontrar tantos feridos... tantos corpos reunidos num único lugar. Estremecendo,obrigou-se a manter-se firme, George precisava desse apoio, e até o momento que Madame Pomfrey chegou, ela não deixou o lado dos irmãos gêmeos. Convencida por George, que sua família precisaria muito mais dela no campo de batalha do que presa no salão comunal sem poder ajudar ninguém.

Ela percorria rapidamente, por um dos corredores sombrios da escola quando um feitiço de explosão abriu um buraco monumental na parede ao lado dela. Precisou de todo seu reflexo e habilidade como seeker para jogar-se contra o chão e lançar um escudo para protegê-la dos detritos. Dois comensais entravam ansiando por liquidar os feridos no salão comunal.

Do outro lado do corredor, Mihael Corner deixou sua posição de batalha para alcançar sua namorada Gina Weasley. No entanto, Lúcius Malfoy encurralou a menina, tomando sua varinha com facilidade e lançando contra ela uma maldição da morte. Sem pensar duas vezes, o corvinal atirou-se a frente da ruivinha a protegendo do flash verde mortal.

A grifinória empalidecera, suas mãos segurando o corpo sem vida de Michael caindo pesadamente sobre ela. Ela queria gritar, queria recuperar sua varinha e torturar aquele maldito Malfoy até sua morte. Desejava poder levantar com a força de um gigante e esmagar entre seus dedos a figura repugnante do comensal, assassino, desgraçado que tirara a vida de seu namorado.

Mas, nada acontecia, ela parecia congelada no chão, diante do sorriso arrogante e do olhar cruel de Lúcius.

-Será um prazer acabar com você traidorazinha miserável!

Diz ele levantando a varinha para torturá-la quando um escudo esbranquiçado se levantou entre eles.

-Deixe-a em paz!

Gritou o sonserino para horror de Lúcius.

-O que pensa que está fazendo Draco? Se o Lorde das trevas souber de sua traição estará morto!

Sibilou o comensal enraivecido, traído pelo seu único filho.

-Não sou escravo daquele monstro!

Rebateu com toda força o mais novo, se colocando entre Lúcius e Gina que segurava o corpo de Michael desesperadamente.

-Não seja tolo garoto! Potter está morto, não há ninguém capaz de superar o senhor das trevas, contente-se em ser um escravo e esteja agradecido por isso!

Intervém um homem de aparência grotesca, tão intimidador como seu próprio filho, Crabbe.

-Já estou cansado de seguir seus passos pai! Eu sinto nojo do bruxo que se tornou, sinto vergonha de quem você é!

Diz secamente o sonserino, ignorando Crabbe e levantando ameaçadoramente a varinha em direção à Lúcius que o encarava com desprezo absoluto.

-Não vou permitir que manche ainda mais o meu nome! Se quiser matar a Weasley, vai ter que passar por mim!

Exigiu Draco, com os olhos ardendo em fúria, lançando um feitiço estuporante contra seu próprio pai, lutando contra os comensais para manter a salvo, alguém a quem sempre considerou como sua inimiga.

Hermione. Pov.

O mundo deu uma volta de 180 graus. E só recuperei meus sentidos quando vi Parvati jogando-se sobre um corpo imóvel no chão, gritando a morte de sua melhor amiga Lavender Brown. Levantei-me com meu coração devastado, mas determinada a lutar até o fim, como Harry queria. Enxuguei as lágrimas, sentindo o tecido áspero do meu casaco arranhando a minha pele. Mas, nada disso me importava mais.

Minha varinha girava no ar tão hábil como a lâmina de uma espada, lançando feitiços e azarações mortais, não importando se me colocaria em risco, poderia morrer, mas levaria muitos daqueles monstros comigo. Lobisomens, bruxos, dementadores... não importavam, bastava se colocar à minha frente e eu já estava atacando-os com uma fúria selvagem.

Não tinha ideia de quanto tempo estivemos lutando, Rony ao meu lado, também pareia querer vingar a morte de Harry, mesmo que isso lhe custasse a própria vida. Perdemos Lavender, Tonks, Lupin, Colin... Não teríamos como proteger Luna, Fred, Susan e Terry Booth que estavam feridos, entre a vida e a morte o grande salão.

Neville liderava aqueles que ainda ficavam de pé. Foi um momento emocionante, ainda mais quando Harry revelou-se vivo, e eu tinha um desejo tão desesperado de abraçá-lo e depois enfeitiçá-lo até a morte novamente, pelo terror que me fez sentir até agora. Meus olhos encheram-se de lágrimas mais uma vez, mas o olhar que ele me lançou me impediu de manter a raiva que sentia naquele instante.

Malditos olhos verdes! Não havia nada que eu pudesse negar àqueles olhos. Ele me pedia para esperar. Me dizia coisas inimagináveis, tinha orgulho brilhando sobre eles, determinação e esperança. Me agarrei com força a essa luz de esperança em seus olhos e quando nos separamos novamente, eu sabia que ele voltaria para mim.

Harry. Pov.

Acabou! Voldemort está morto. O mundo mágico está livre da ameaça suja e cruel que representava a figura doentia de Tom Riddle. Eu o matei, usei a mesma maldição imperdoável que tirou a vida de meus pais e de tantos outros inocentes nessa guerra.

Sujei as minhas mãos para destruir o assassino dos meus pais e meu maior inimigo. Minhas mãos tremiam, senti minhas pernas fraquejarem ligeiramente, vacilando sob o peso do meu corpo. Percebi minha visão escurecer e sabia que não me manteria de pé por muito tempo.

Mas, antes que meu corpo chegasse ao chão, fui amparado pelos braços de Rony sobre meus ombros, e pelo abraço firme de Hermione sobre meu peito.

-Ainda não é hora de descansar cara! Tem muita gente querendo te agradecer na escola!

Diz Rony numa voz cansada, mas com uma pequena luz de realização. Hermione ao seu lado fungou duas vezes antes de levantar o rosto o suficiente para encará-lo com um sorriso frágil.

-Estou tão orgulhosa de você Harry!

Confessa ela enterrando o rosto no seu peito antes que eu tivesse a chance de responder qualquer coisa. Estava tão confuso, tão abalado que mal me lembro de como chegamos ao grande salão, onde fomos saudados com gritos de comemoração e ovações ensurdecedoras.

Olhei rapidamente ao redor, tantos feridos, amigos, colegas, membros da ordem... Senti uma espada atravessar meu peito quando do outro lado do grande salão, encontrei os corpos de Colin Crevvey, Lavender Brown... Remus Lupin e Ninphadora Lupin...

Era demais para suportar! Perdi Remus! Não conseguia me manter acordado por muito mais tempo. Estava tudo acabado então, eu cumpri a minha missão, fiz a minha parte aquela maldita profecia, matei Voldemort e ainda me sentia um lixo, como bruxo, como homem, como ser humano. Não faria mal deixar esse mundo trágico para trás.