Nome da fic: Parceiros
Autor: Magalud
Censura: G
Gênero: Romance,
Personagens: Severus Snape, Harry Potter, outros
Spoilers: pós-DH
Avisos ou Alertas: AU, ligeiro fluff
Notas: Nem tudo é canon. EWE (Epilogue? What Epilogue?). Era para ter sido publicado no aniversário de Severus Snape em 2013 mas nâo ficou pronto a tempo.

Resumo: Depois do fim de Voldermot, Harry e Snape se tornam amigos. E as coisas mudam para sempre em Hogwarts.
Agradecimentos: Cris betando, como sempre, Lenny, facilitando minha vida. Momma loves you so much, my boy.
Disclaimer: Harry Potter, Severus Snape e todos os outros personagens pertencem a J.K. Rowling, a seus advogados, e aos engravatados da Warner Brothers. Eu não quero ter nada a ver com eles ou com a dinheirama que eles ganham com Harry Potter. Bom, é claro que eu aceitaria o dinheiro, se eles estivessem oferecendo.
Essa autora não é responsável por acesso de menores a essa fic. Por favor, verifique os avisos e alertas contidos no cabeçalho, bem como as restrições legais de idade de seu país. As fics têm restrição de idade por motivos muito claros. Não aceitarei contas de despesas médicas com psicólogos, psiquiatras, hospícios ou manicômios judiciais por causa de nenhuma das minhas fics.

Parceiros

Capítulo 1

No começo, o choque na população de Hogwarts foi grande. Alguns até falavam em feitiço ou poção. Mas à medida que o tempo passava e os dois envolvidos continuavam vivos e em razoável saúde, o assunto passou a ser parte natural do universo hogwartiano.

O Mestre de Poções, Severus Snape, e o Mestre de Defesa, Harry Potter, tornaram-se amigos.

Os fatos que levaram a essa circunstância não foram extraordinários ou espetaculares, apenas uma sequência de situações da vida. Snape, com sua natureza metódica, passou por uma quantidade consideravelmente menor de eventos. Salvo na última hora do ferimento mortal de Nagini graças a uma poção anticoagulante previamente ingerida, Snape teve que conciliar sua recuperação com a exoneração de seus crimes passados. A intervenção de Harry Potter com as memórias de Snape fora crucial no veredito do Wizengamot, que reconheceu os esforços de Snape na vitória contra o Lorde das Trevas.

Por insistência da diretora Minerva McGonagall e (de novo) de Harry Potter, Severus Snape retomara seu antigo posto de Chefe de Slytherin e Mestre de Poções de Hogwarts. A amizade dos dois, porém, não florescera até Potter decidir aceitar o cargo de Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, uns cinco anos depois.

Até lá, a vida de Harry Potter fora tudo menos tranquila. Na vida profissional, ele aceitara o convite do ministro Kingsley Shacklebolt para o trenamento de Aurores no Ministério da Magia. Na vida pessoal, ele retomara o romance com Ginny Weasley, ao lado dos amigos Ron Weasley e Hermione Granger.

À distância, Severus Snape acompanhava pelos jornais a vida de Potter tomar o rumo que todos esperavam. Se a Srta. Weasley não tivesse aceitado o convite para jogar profissionalmente no Harpies, o anúncio de casamento teria sido publicado no Profeta Diário há meses, calculou Snape.

Então tudo começou a degringolar, ao menos da perspectiva do público. O quase noivado com a Srta. Weasley fora rompido logo depois do casamento de Ron e Hermione. O motivo não foi revelado. Weasleys, sendo Weasleys, tacitamente romperam a amizade com Potter. Isso incluíra Hermione, que não conseguira convencer Ron a voltar a falar com Harry.

Severus não era tão íntimo da família para ir pessoalmente despejar sua indignação, mas escrevera uma carta ácida ao Profeta, condenando a insistência em "se imiscuir em assuntos pessoais e íntimos, o que não era construtivo ou desejado para nenhum dos envolvidos". Em troca, ele fora convidado a dar uma entrevista para falar de seus dois ex-alunos. A carta fora incendiada com tamanha veemência que chamuscou a pobre coruja.

Sem amigos e com todos os seus mentores mortos, Harry foi se aconselhar com McGonagall (e talvez com o retrato de Dumbledore também), especialmente depois que, já auror treinado, ele largou a divisão. Em seguida (talvez a conselho da diretora), o Jovem-Que-Matara-Voldemort dedicou-se a viajar, ostensivamente para estudar outras culturas mágicas. Então a correspondência começou.

Encorajado por McGonagall, Potter passou a escrever para Severus Snape e trocar ideias sobre essas culturas. Afinal, o Mestre de Poções era extremamente versado em Artes das Trevas. O vaivém de corujas ajudou Severus a ter acompanhamento privilegiado das andanças e aventuras de Potter pela Índia, Egito, Irlanda, Romênia, Turquia, México, Haiti, Polinésia.

Quando Potter voltou de suas peregrinações, ele tinha angariado uma fama considerável - tanto como exterminador de pragas mágicas e ofidioglota quanto de conquistador. Severus descontava pelo menos uns 40% de exagero do Profeta Diário, mas era inegável que Potter aproveitava sem reservas a liberdade obtida com o fim do namoro com a Srta. Weasley. Severus não pôde evitar erguer uma sobrancelha diante do fato que aparentemente gênero não era impeditivo ou condicionante para as conquistas do Rapaz-Que-Derrotou-Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Mencionado.

Após um breve treinamento supervisionado por McGonagall em pessoa, Harry Potter foi apresentado como o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Hogwarts. Justiça seja feita: o Profeta Diário ressaltou que, aos 23 anos, Potter não era nem de longe um dos professores mais jovens da escola. O próprio Severus Snape, por exemplo, tinha sido contratado aos 21 anos.

Snape ainda se lembrava do constrangimento do rapaz no gabinete de Minerva.

— Tudo bem com o senhor, professor?

— Potter?

— Perguntei se tem algum problema em me ver no posto. Digo, o senhor sempre sonhou em lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas...

O primeiro impulso de Severus foi de rosnar, mas ele se controlou a tempo.

— Sr. Potter, estamos a ponto de nos tornarmos colegas. O senhor foi convidado por nossa diretora, que gentilmente procurou meu aval para sua indicação. Por favor, não me faça ter arrependimentos de minha indicação do seu nome ao cargo com demonstrações pueris de insegurança.

Os olhos verdes brilhantes se arregalaram.

Sua indicação...?

— A correspondência que trocamos nos últimos meses me convenceu de suas qualificações. Por favor, não prove que cometi um erro de avaliação.

Entre balbúcias atrapalhadas, Potter conseguiu expressar sua gratidão. Severus, contudo, insistiu que tinha feito apenas sua obrigação. Potter deveria saber que nem todo o esforço em reabilitar Snape teria sido capaz de fazer o homem avalizar sua indicação se ele não fosse competente para o cargo.

E foi assim que tudo começara. Reuniões de professores, elaboração de ementas e planos de aula, problemas disciplinares (Potter era particularmente ruim nisso): eram muitas as ocasiões em que Potter procurava a ajuda do experiente Mestre de Poções.

Já no segundo ano, intensificando-se nos posteriores, era habitual a troca de ideias sobre aspectos acadêmicos nos aposentos das masmorras. Por que as masmorras? A desculpa oficial era que Severus tinha dificuldade em subir a torre de Gryffindor; o excelente whisky Muggle chamado Ogden's que ambos partilhavam nunca entrava oficialmente nessa equação.

Sem perceberem, os encontros extrapolavam até as fofocas escolares e entravam em assuntos pessoais. Sem surpresa, Severus descobriu que a libido de Potter não tinha sido guardada numa gaveta só porque ele estava em Hogwarts. O surpreendente tinham sido alguns de seus affairs.

— Mas eu fiquei com a impressão que os Weasley tivessem decretado uma espécie de juramento de mortesobre você.

— Bem... Er... Sim, é verdade, mas a Romênia fica longe, e Charlie estava tão só e eu estava viajando há tanto tempo... Foi apenas um período de conforto mútuo, só isso. Sem compromissos.

— E os rumores entre você e Malfoy, então...?

— Rumores? Mas que merda, fomos super discretos.

Snape ergueu uma sobrancelha, sem conseguir esconder o risinho sarcástico.

— Obviamente seu conceito de descrição pode ser aprimorado. — Depois acrescentou. — Mas não se preocupe: não chegou ao conhecimento da população geral.

— Ainda bem. Malfoy me mataria se isso se espalhasse. Mesmo que já tenha sido há anos.

— Quem o mataria? Malfoy Júnior ou Sênior?

— Ambos teriam me matado, claro. Separadamente. Ressuscitando-me várias vezes só pelo prazer de me matar de novo e de novo.

— Muito provável. E como vocês pretendem contornar a curiosidade alheia?

— Foi uma única vez. Pura curiosidade de ambos os lados. Ele queria saber se realmente era tão hétero quanto achava, e eu queria saber se toda aquela animosidade era ódio mesmo ou se havia chance de algo mais.

— E...?

— Ódio mesmo. Eu nem teria concordado se soubesse que ele já estava noivo de Astoria Greengrass na época.

— Então ele confirmou sua preferência?

— Sim, ele é fresco, mas não fresco o bastante para ser gay. Ele só é fresco do tipo filhinho de papai.

— Lucius não gostaria de ouvi-lo falando assim do herdeiro dos Malfoy.

— Lucius Malfoy tentou me matar pelo menos duas vezes enquanto eu estudava em Hogwarts. Acha que me importo com o que aquele pavão pensa? Por mim, ele pode enfiar aquela bengala no olho-que-nada-vê.

— E quando você começa a usar sua linguagem colorida, é hora de guardar o Ogden's e desejar boa noite, Potter.

— Puxa, está tarde mesmo. Boa noite, Severus.

Assim era a amizade entre os dois. Entre uma agenda pesada dos dois professores, uma conquista amorosa e outra (de Potter) e uma explosão irada e outra (de Severus), eles compartilhavam camaradagem amistosa.

Se fosse possível apontar um marco do dia em que as coisas mudaram, certamente seria o Dia dos Namorados. O dia, em si, não foi muito diferente de anos anteriores.

Severus recebera os já tradicionais (e reciprocados) cartões de Minerva, Poppy e Potter. Já Potter recebeu as tradicionais três caixas de cartões, mais chocolate do que poderia consumir em um ano (alguns devidamente embebidos em elixires e poções de amor) e a noite de folga.

Era madrugada, e Severus voltara da última ronda na Torre de Astronomia em busca de pares românticos, quando bateram à porta. Intrigado, abriu.

— Potter?

O jovem professor entrou quieto. Severus notou a bochecha vermelha e o andar instável. O Mestre de Poções perguntou, preocupado:

— Você requer assistência?

Potter deixou-se cair numa cadeira, suspirando.

— Convença-me que não sou um suicida contumaz.

Severus relaxou.

— Impossível. Fiquei convencido de suas tendências autodestrutivas assim que o vi jogar sua primeira partida de Quidditch aos 11 anos. Fora isso, que mais posso fazer por você?

Potter gemeu desolado.

— Algum gelo para o rosto, talvez. Se eu aparecer para dar aula assim, McGonagall come meu fígado. Ela já me deu um discurso sobre "comportamento libertino incompatível com o corpo docente de Hogwarts".

— Então o que foi dessa vez?

— Fui levar Paula para jantar. Como eu ia saber que John trocou de turno no restaurante? Ele nos viu juntos. Não consegui me livrar da Azaração das Pernas Bambas. — Ele enrubesceu. — E as outras maldições.

Severus puxou a varinha, murmurou um contrafeitiço e Potter sentiu as pernas mais firmes.

— Obrigado. — Havia sinceridade na voz de Potter. — Olha, a diretora tem razão. Já tenho 28 anos: faz tempo que deveria ter me assentado com um bruxo ou bruxa decente, e constituir uma família. Melhor dar um tempo nas aventuras e tentar achar o amor da minha vida.

— Suponho que esse plano não inclua a Srta. Weasley.

— Ginny? Claro que não. Provavelmente ela me aceitaria de volta, mas acho que eles nunca deixariam de ficar ressentidos. Cedo ou tarde, o rompimento ia voltar à tona.

— Estranho. Se bem me lembro, naquela época você era bem mais discreto com suas escapulidas.

— Mas não foi uma escapulida. Foi eu ter dito que gostaria de experimentar com um outro homem.

— Os Weasleys não parecem inclinados à homofobia.

— Mas não ficaram com raiva de mim por eu talvez ser gay, e sim por ter (e as palavras são deles) enganado Ginny quanto a isso.

— Estou confuso. Até onde eu saiba, você não é gay. Ao menos, não é estritamente gay. Bissexualidade é comum entre nossa gente. Os Weasley sabem disso. Acredito que até você, apesar de sua ignorância crassa do mundo bruxo, saiba disso.

— Na verdade, não, eu não sabia. Mas aquele ménage com Bill e Fleur deveria ter me alertado para a possibilidade, não acha?

Severus teve a decência de parecer chocado. Harry achou aquilo divertido.

— Ora, ora, até que para um ex-Death Eater você está agindo como um puritano. Nunca fez nada tão libertino na sua juventude? Orgias com a rapaziada? Excursões às casas de má fama em Knockturn Alley?

— Acho que me entendeu mal. Meu choque foi saber de suas escapadas com mais um Weasley.

O jovem sorriu. — Oh, bem, eles parecem realmente surgir do nada, não é verdade? Mas essa história merece ser contada com tempo e doses generosas de Ogden's. Certamente outra ocasião. Agora é melhor me recolher.

Ao vê-lo se levantar, Severus armou-se de um sorriso sarcástico, anunciando:

— Aguardo tal ocasião sem conseguir respirar, tamanha ansiedade.

— Boa noite, Severus. E obrigado pela companhia.

— Boa noite, Potter.

Harry deixou as masmorras sem ter oportunidade de ver Severus abrir a garrafa de Ogden's e beber seu conteúdo até ficar completamente intoxicado.

Talvez fosse impressão, mas Harry começou a achar Snape mais "mole" à medida que o tempo passava. Bem, "mole" podia ser um exagero, corrigiu-se, mas menos áspero. Não que de repente Snape tivesse parado de tirar pontos de alunos - incluindo os de Slytherin. Ele só parecia menos... amargo, pensou.

Certamente, não ter que se empenhar em espionar e enganar para deter o avanço de um bruxo das trevas extremamente poderoso podia ter algo a ver, concluiu Harry. Desde a segunda (e derradeira) queda de Voldemort, Snape parecia muito mais tranquilo e confortável.

Era bem verdade que antes disso Harry não tiver oportunidade de ter muito contato com o homem, a não ser da pior espécie. Durante os esforços para reabilitá-lo, Harry tinha tomado conhecimento de um outro lado de Snape. E agora, como colegas docentes, o fato parecia ainda mais evidente.

A questão ficou ainda mais presente num sábado em que Harry recebera a visita-surpresa de Ron e Hermione. O jovem ficou muito feliz: a aproximação estava sendo lenta e gradual. Ron parecia demorar a voltar a falar com Harry.

O afastamento de seus amigos mais queridos era uma mágoa em seu coração. Assim, quando o jovem casal mandou uma coruja a Hogwarts, dizendo que estava no salão de chá de Madame Pudifoot em Hogsmeade, Harry correu até lá.

Foi um reencontro feliz. O constrangimento de Ron era ainda maior por eles estarem no local dos namoradinhos adolescentes, com rendinhas, músicas românticas e fru-frus variados. Menos mal, pensou Harry, que aquele fim de semana não era de Hogsmeade, e não havia alunos por perto.

Mas, embora a relação com Ron e Hermione tivesse melhorado, a situação da família Weasley em relação a Harry não tinha mudado.

— Mamãe acha que se Dean anunciasse logo o casamento, Ginny iria parar de jogar e ter bebês.

— Mas Bill e Fleur não têm um?

— Isso é pouco para ela, você sabe — disse Hermione. — Harry, viemos aqui por um motivo. Ron e eu estamos tentando. Ter um bebê.

Ele arregalou os olhos.

— Wow. Puxa. Er, parabéns. Mas... Er... E o que eu tenho a ver com isso?

— Estávamos pensando se você gostaria de ser padrinho de mais uma criança, além de Teddy.

— Padrinho? Eu?

— Claro. É nosso melhor amigo.

— Mas... Eu achei que George...

— É, pensamos nele também. Mas não fazia sentido. Você é nosso amigo, Harry. Queremos você na nossa vida. Não é, Ron?

— É, cara. Não queremos você longe de nós.

Pelo constrangimento do ruivo, Harry sentiu que ambos eram sinceros.

— Eu também, mas não quero criar constrangimentos para sua família. Acreditem, se isso for difícil para Molly, ou Ginny, ou...

Hermione o interrompeu suavemente:

— Harry, está tudo bem. Nós deixamos bem claro nossa posição.

Ron riu:

— Precisava ver a cara da mamãe quando Hermione ameaçou deixá-la sem neto até ela concordar em receber você.

O rapaz arregalou os olhos por trás dos óculos.

— Você fez isso?

— Eu não falei a sério – mas ela não precisa saber disso.

Os três riram, e Harry falou:

— Gente, vocês têm certeza? Sou um padrinho ausente, morando tão longe. Às vezes me sinto culpado por ver Teddy tão pouco.

— Ora, mas você não pretende ser professor para sempre, não é? Você sempre quis ter uma família.

— Sim, eu quero ter uma família. Mas aqui não é tão ruim. Hogwarts sempre foi meu verdadeiro lar, vocês sabem. Não consigo me ver deixando esse lugar ainda. Um dia, talvez.

— Assim você vai terminar como nossos professores: amargo, velho e sozinho.

— Ei! Veja lá como fala. São meus colegas agora.

— Bom, ao menos parece que um deles está se esforçando para remediar isso — disse Ron, baixando a voz. — Já viram quem está naquele reservado, fazendo de tudo para não ser notado? O velho morcegão em pessoa: Snape.

— Snape? — repetiu Hermione.

— Severus? — indagou Harry.

Marido e mulher se voltaram para o amigo, repetindo:

Severus?

— Desde quando ele é Severus? — riu-se Ron.

— Como eu disse, agora eles são meus colegas. E Snape tem um uísque Muggle divino. Ele é boa gente, quando se conhece ele melhor.

Hermione confessou:

— Que bom que vocês conseguiram superar as diferenças do passado. É quase surpreendente. Ele fala sobre sua mãe?

— Muito pouco. Acho que ainda é difícil para ele.

— Acho tão romântico — disse a moça. — Amar uma única pessoa a vida toda...

Ron deu um sorrisinho:

— Não quero estragar suas fantasias, Mione, mas acho que a mãe do Harry perdeu o trono. Pelo menos, se for mesmo uma bruxa loura trancada com ele no reservado.

— Loura? Tem certeza que não é um Malfoy?

— Não, eu vi direito — insistiu Ron. — Cabelo é curto. E acho que eles vão sair agora. Não olhem!

Harry não conteve o impulso de olhar naquela direção. Realmente, Snape saiu do reservado acompanhado de uma bruxa loura de cabelo curtos e que todos os três conheciam muito bem desde crianças.

Rita Skeeter.

Várias ações ocorreram simultaneamente: o trio de ouro de Gryffindor apressou-se em fingir que nada tinha visto, Rita Skeeter tentou imediatamente voar para cima dos três e puxar assunto, e Snape agarrou-a pelas vestes de um tom ácido de verde e empurrou-a para a saída dos fundos, usando um feitiço abafador de sons.

Hermione discretamente lançou mão de um feitiço periscópio para ver que os dois saíram com grande trepidação e alacridade. Na verdade, Snape estava vermelho e discutia com a veterana repórter, que também mostrava sinais de alteração. A moça comentou:

— Eles parecem estar brigando.

— Lá se foi o tranquilo romancezinho da tarde de sábado — ironizou Ron. — É, o morcegão não tem mesmo sorte no amor.

Harry ficou a imaginar o quanto disso era verdade. Resolveu perguntar ao colega na primeira oportunidade.