Pesadelos
Joanne Salgado
Cap 1 - Descobrindo
No meio do último ano em Hogwarts a guerra havia terminado.
A luta entre Lorde Voldemort e Harry Potter aconteceu nos terrenos da escola, muitas pessoas pereceram naquele dia. Poucos sabiam que a varinha das varinhas pertencia a Harry, menos ainda sabiam porque a varinha se recusara a matá-lo fazendo com que Voldemort morresse utilizando um feitiço que era destinado ao seu jovem inimigo.
Quando restaurou sua varinha e devolveu a varinha das varinhas ao caixão de Dumbledore, Harry sentiu como se um peso enorme tivesse saído de seus ombros. Não sentia falta da pedra, era melhor que ela ficasse perdida na floresta proibida. Nunca quis poder e fama, e principalmente por esse motivo não ficou com a varinha. Ficou apenas com o que sempre lhe pertencera. Sua capa da invisibilidade. Sua herança.
Professora Minerva McGonagall se tornara a nova diretora da escola com o falecimento dos dois diretores anteriores. Um quadro de Snape foi adicionado entre os quadros de diretores de Hogwarts, pois acima de tudo, ele fora um grande bruxo e um grande homem. Um dos poucos sobre quem se podia afirmar que fez tudo que fez por amor.
Com muito esforço as coisas começaram a voltar ao normal na escola. Ela começou a ser reconstruída e os alunos puderam voltar às aulas. Não foi fácil, mas estavam todos dispostos a deixar a guerra para trás e começar um novo capítulo em suas vidas.
Não era diferente para Ginny. No começo foi maravilhoso ter seu namorado e, agora, salvador do mundo bruxo de volta. Só que desde o dia em que a guerra acabou Harry estava estranho, mesmo que tentasse fingir que não. Ele realmente tentava ser um bom namorado, mas algo havia mudado durante o tempo em que haviam se encontrado separados, quando com a ajuda de seu irmão e de sua amiga, Harry juntara e destruíra as horcruxes. O casal também estava um pouco mudado, mas até que lidavam bem com o problema, principalmente por estarem juntos.
Talvez por esse motivo levou algum tempo até que ela finalmente se cansasse, mais tempo até do que Harry esperava, mas eventualmente Ginny desistiu de tentar manter a relação e achou melhor deixar o garoto lidar com o que fosse sozinho. Claramente Harry não queria dividir o peso com ninguém e ela já não suportava mais ser ignorada.
Harry não sofreu com o término. Na verdade era um peso a menos em sua cabeça. Não podia culpar a ruiva por ter cansado, sabia que o relacionamento já não era o mesmo. Tudo mudara com aquela guerra. Até mesmo seus sentimentos.
Depois de ver tantas mortes, tanta dor, tantas pessoas que se amavam se separarem por causa dessa guerra ridícula, resolveu que não poderia mais manter seu relacionamento com Ginny quando na verdade ansiava por outra pessoa. Resolvera que nunca tomaria uma atitude, se dependesse só dele. Desejava ardentemente que todos fossem felizes.
Agora que Voldemort saíra de vez de sua vida, estava na hora de seguir em frente, mesmo que fosse sozinho.
O maior problema é que desde o fim da guerra Harry tinha muitos pesadelos. Acordava gritando todas as noites, com Rony ao seu lado lhe sacudindo, Simas, Neville e Dino olhando de suas camas. Não era agradável ver os amigos o olhando com pena, nem no dia seguinte Hermione o observar, preocupada com os sonhos assustadores que não acabavam.
Claro que no início tomara a poção para dormir sem sonhar que Madame Pomfrey lhe dera, mas a curandeira chefe advertiu que depois de um tempo teria que parar de lhe dar a poção. Não poderia tomar para sempre ou faria mais mal do que bem. Se precisasse ela traria alguém que o ajudaria a lidar com os pesadelos. Harry apenas agradeceu dizendo que os sonhos já estavam diminuindo e saiu da enfermaria. Desde então começou a lidar com os pesadelos e com os amigos preocupados.
Chegou um determinado momento que desistiu de dormir ali. Se for para ter pesadelos o faria bem longe, ao menos poderia fingir que não nada acontecera. Ficava na sua cama fingindo dormir até que todos caíssem no sono. Então pegava sua capa e saía para caminhar. Acabava sempre no campo de Quadribol onde deitava olhando para o céu e adormecia. Os pesadelos lhe visitavam todas as noites. Acordava suando frio. Levantava e voltava para o quarto para fingir acordar de uma noite tranquila.
Todos ficaram contentes quando uma semana depois ninguém mais precisava acordar à noite com os gritos de Harry. O moreno apenas sorria, sem falar nada. A única pessoa que notava que seus olhos estavam com olheiras de noites mal dormidas e que havia perdido muito peso era Hermione. Mas todas as vezes que tentou se aproximar do amigo para conversar esse inventava algo e sumia. Ela não iria desistir e Harry sabia disso. Apesar de tudo pelo menos notara que a amiga lhe dava um pouco mais de espaço.
Já estava no segundo mês que levantava á noite e ia para o campo de Quadribol. Não aguentava mais os pesadelos, e não sabia mais o que fazer. Durante a noite esperava apenas dormir um pouco mais antes de acordar.
Draco não se sentia bem na escola no retorno às aulas. Não era maltratado, mas também não sentia como se fosse seu lugar. Com o tempo as coisas começaram a normalizar, a escola voltou ao funcionamento normal e os alunos puderam começar a recuperar suas vidas.
Nada mais era o mesmo, mas ainda assim, estava melhor do que durante os últimos momentos da guerra. Até que um dia escutou uma conversa entre a sangue-ruim e o pobretão.
- Tô falando sério, Mione. Tá cada vez pior. – o ruivo falava.
- Eu sei. – suspirou – Estamos escutando os gritos do nosso quarto na ala feminina.
- Desde que Madame Pomfrey parou de dar as poções parece que ficaram piores. – se encostou à parede e se deixou escorregar para o chão – Não sei o que fazer Mione, o Harry vai acabar ficando louco desse jeito.
- Não fale assim Rony, por favor... – a garota sentou ao lado do namorado – Tem que ter alguma maneira de ajudar ele a passar por isso.
- Também achava isso, mas de uns dias para cá os gritos dele são tão fortes, tão doloridos... Não quero nem imaginar o ele deve ver nesses sonhos.
- Rony eu...
- Você sabe que ele se culpa?
Hermione olhou surpresa.
- Por que acha isso? Ele falou algo?
- Não, mas sei que ele se culpa. Por não ter salvado mais pessoas. – sentiu a namorada apertando sua mão – Sabe, acho que é com isso que ele sonha todas as noites. Com as pessoas mortas. Já o escutei pedindo para parar uma vez, pedindo desculpas.
Uma lágrima escorreu no rosto do ruivo.
- Eu faria qualquer coisa para ajudar ele Mione, ele é meu melhor amigo. É como um irmão pra mim. Mas não sei... – e começou a chorar. Hermione passou o braço em volta do ruivo e deixou uma lágrima escorrer de seu rosto.
Nesse momento Draco se afastou antes que notassem que estava escutando.
Passou a mão pelo cabelo e passou sério pelo corredor pensando no que escutara.
"Então Potter está com pesadelos todas as noites..." – pensou enquanto caminhava. Era por isso então que notara que o grifinório parecia ter emagrecido e tinha os olhos tão fundos e uma cara de cansado, como se não dormisse há dias.
Achava que era por causa da namoradinha que dispensou ele e estava com um carinha da Corvinal. Mas pelo visto havia muito mais nessa história. Nesse momento avistou o moreno encostado em uma parede de olhos fechado. Achava que ele havia adormecido quando o rapaz deu um pulo olhando para os lados de forma alucinada até começar a se acalmar.
Sentiu o peito apertar ao notar que o pobretão podia não estar tão errado assim. Potter acabaria ficando louco se esses pesadelos não parassem. E ficou preocupado.
Depois de uns dias notou que a sangue-ruim e o Weasel pareciam mais felizes. "Será que os pesadelos do Potter acabaram?" e ficou olhando enquanto eles conversavam e pareciam mais leves nas brincadeiras. Já ia esquecer o assunto quando notou os olhares que a garota lançava para o moreno. Como se ela duvidasse?
Olhou para Potter e ele estava evitando a garota. Bom, com certeza estava escondendo algo. Mas o que?
N/A: Outro Drarry... eu amo eles, fazer o que? *-*