Planos são superestimados

Naquela manhã logo após acordar Ray Kowalski encontrou preso na geladeira com um imã mais um cartão postal mandado pelos Vecchio. Ele não precisou nem olhar na parte de trás para saber quem o enviou a imagem das praias e palmeiras já entregava completamente quem eram os remetentes.

Ainda era um tanto peculiar para ele olhar para aqueles cartões postais ou para as fotos que haviam mandado há alguns tempos atrás deles na frente do boliche que haviam comprado depois de mudar para a Florida. Não conseguia deixar de ter a impressão que era como olhar para os planos que tinha feito para a sua vida acontecerem com outra pessoa.

Ray não tinha certeza se havia pensado nisso antes de Stella comentar quando tinha uns treze anos que gostaria de viver em uma casa que desse de frente para o mar, mas independentemente disso havia se tornado o futuro que ele imaginava para si : usar camisas comicamente grandes com estampas florais ironicamente, ele e Stella, cercados por fotos de seus filhos hipotéticos, e sol quase todo dia. Parecia belo e distante, algo que o seu eu mais jovem gostava de pensar quando os problemas com Stella haviam começado, pensava naquela imagem e dizia pra si mesmo que eles conseguiriam superar tudo e que eles chegariam um dia naquele sonho. Ele consegue imaginar a cara de tristeza que o seu eu do passado faria se descobrisse que os problemas entre ele e Stella não melhorariam, que não haveria a casa perto da praia, não haveria filhos, não haveria mais ele e Stella como um casal. O que Ray não consegue imaginar é a cara que o seu eu do passado faria se descobrisse que ele se mudaria para uma cabana no meio da tundra canadense e seria basicamente casado com um mountie, um bem masculino mountie. E também vivendo na cabana em questão um lobo que parecia ser meio mágico e uma tartaruga. Ele consegue ouvir os questionamentos sobre a sua sanidade futura, mas nunca a expressão que conteria o tamanho da incredulidade que o seu eu passado experimentaria, ao comentar isso com Fraser uma vez ele havia dito que se inventassem a tecnologia de viagem do tempo deveriam haver vários testes psicológicos para determinar se a pessoa poderia ou não usar tal tecnologia, e acrescentou que tinha certeza que Ray não passaria em tais testes.

Se fosse ser completamente honesto em alguns momentos do presente ainda ficava um pouco surpreso com o jeito que as coisas haviam acabado mas definitivamente não do jeito que teria ficado em outra época porque agora sabia que havia beleza naquele infinito branco de neve que o cercava, que ficar debaixo das cobertas naquele frio era bem melhor do que tinha imaginado, e que em alguns dias de verão (ou o mais próximo de que se chegava disso ali) e haviam pequenos raios de sol passando por entre as persianas que cobriam as janelas da cabana e atingindo levemente os olhos dele e os de Fraser enquanto ainda estavam deitados na cama. E é claro havia Fraser que era estranho, corajoso e gentil. Que parecia com um daqueles super-heróis da era clássica dos quadrinhos ou um príncipe da Disney e que por alguma razão que ele nunca conseguiria entender o amava. Fraser que ele nunca poderia ter imaginado que apareceria em sua vida.

Ray Kowalski não tem a vida que havia planejado : ele tem Fraser, ele tem neve, e em alguns dias ele tem pequenos raios de sol o acordando de manhã. Ele olha para o cartão postal na geladeira e se sente contente por Stella e pelo outro Ray. Ele desvia seu olhar um pouco para o lado onde Fraser estava preparando o café da manhã deles e reclamando com Dief sobre alguma coisa que ele tinha feito com um pinheiro. Nenhum dos planos que tinha feito haviam se realizado e ele não poderia estar mais feliz a respeito disso.

Obrigada por ler, reviews são sempre apreciadas.