Watching the sequence of sounds coming out of your mouth
But the snow is too loud
Follow the hands as they move
Trying to make out your mould
But your brain doesnt want to
Pela manhã toda cidade sabia que Aegon estava de péssimo humor. O pagamento não tinha chegado às mãos de Oberyn Martell e aquele homem não era conhecido por perdoar devedores. Robb se encarregou de desviar o dinheiro e encaminhá-lo para um local seguro.
Aemon havia piorado e agora já não conseguia sair da cama. Daenerys o visitava com frequência e Arya passava a maior parte do tempo junto com ela. Ned havia insistido em tirar Arya da mansão e leva-la a um lugar seguro, mas Jon não confiava no tio mais do que confiava no irmão. Ned ainda podia leva-la de volta pro Norte, deixando Jon pra trás sem proteção e sem mulher, apesar de sua promessa. A melhor solução era se casar logo com ela e deixar Stark sem opção, mas isso estava se tornando algo bem mais problemático do que Jon havia antecipado.
O casamento ainda não havia acontecido. Ned se recusava a permitir que sua filha se casasse as pressas com um homem que até então não era nada além de um assassino com um sobrenome famoso. Haveria um casamento quando Jon estivesse com sua posição assegurada e Aegon estivesse fora do caminho. Arya não parecia nem um pouco abalada com a situação. Era como se ela estivesse preparada para qualquer coisa que viesse em sua direção e ele já havia notado que ela andava com uma pistola dentro da bolsa.
Não queria tê-la colocado numa situação tão arriscada, mas também não conseguiria passar por tudo aquilo sem ela ao seu lado. Às vezes ele se perguntava quando se tornou tão egoísta ao ponto de ignorar o risco que ela corria e a própria relação deles com os Stark.
Oberyn havia mandado um intermediário para iniciar uma negociação com Jon, uma vez que Aegon já não parecia digno de confiança. Por mais que fechar negócio com os Martell não fosse do interesse de Jon, ele ao menos devia assegurar que eles seriam ressarcidos pelo prejuízo. Além disso, ter alguém com o talento da Víbora para assassinato podia ser muito útil eventualmente.
Arya estava sentada lendo uma revista qualquer quando ele chegou em casa. Ele se aproximou dela, colocando as mãos sobre os ombros tensos de Arya. Ela respirou fundo e deixou a revista de lado. Se pudesse, Jon a levaria pra longe. Para algum lugar onde pudesse se sentar com ela numa varanda, enquanto observavam o mar sem se preocupar com nada.
- Meu pai quer voltar para o Norte. Drogo ofereceu uma escolta. Isso adia os nossos planos de agilizar o casamento. – Arya disse desanimada. Ela parecia muito cansada ultimamente. – Robb vai ficar e já há mais dez homens aqui para ajudar você, além dos seus Black Brothers. Ele vai mandar mais gente caso precise.
- Imagino que Robb deve estar amando isso. – Jon comentou. Ned querer atrapalhar os planos dele com Arya não chegava a ser uma surpresa. Enquanto Arya estivesse na Flórida, o casamento ainda poderia acontecer, mas Ned Stark queria sentir que podia mandar neles ainda.
- Acho que ele está gostando mais do que você pensa. Dá a ele a sensação de que as coisas não mudaram tanto. Além disso, vocês sempre gostaram de trabalhar juntos. – Arya parecia desanimada.
- Algum problema? – Jon perguntou beijando o pescoço dela.
- Além de tudo o que está acontecendo? – ela rebateu – Eu só estou estressada. Só isso.
- Logo tudo vai estar resolvido e nós vamos poder ter um pouco de paz. – ele disse esperançoso.
- Sei que prefere esperar a morte de Aemon pra tomar decisões drásticas, mas acho que sabe que isso não pode esperar mais. – ela disse e parecia angustiada – Grifo tem que morrer e Aegon não vai descansar até ter a sua cabeça. Não quero me casar com você e ficar viúva no dia seguinte.
- Não pretendo te deixar viúva tão cedo. – ele disse enquanto massageava os ombros dela – Não prefere ficar na casa de Danny enquanto resolvo as coisas por aqui? Drogo vai cuidar para que fiquem seguras.
- Não vou deixar você sozinho aqui. Além disso, Aemon não merece ficar sozinho em seus últimos momentos. – ela respondeu.
- Tudo vai acabar bem. – ele disse sério.
- Nós não temos outra opção, Jon. Ou nós matamos, ou nós morremos. – ela disse séria.
Hi, close the door, silent cold
For you
What what I done to youKill and run
Kill and run
I'm one off the dirty guns
Kill and run
Kill and run
A bullet through your heart
Pela manhã Arya deixou a casa bem cedo. Saiu sem escolta e sem levantar suspeitas. Tomou um carro de aluguel e foi até a orla para se encontrar com o irmão. Robb esperava por ela sentado num café. Ele olhou pra ela com óbvia reprovação, irritado pelo fato de que ela havia ido até ele desacompanhada, ignorando a própria segurança.
Ele olhou em volta, assegurando-se de que ninguém os estava seguindo. Robb beijou a testa da irmã e puxou a cadeira para que ela se sentasse. Arya parecia preocupada e inquieta, o que por si só bastava para deixar Robb preocupado.
- Você está bem? – ele perguntou – Como aquele imbecil deixou você sair sozinha assim? Por um acaso Jon esqueceu tudo o que aprendeu na vida?
- Ele não sabe que estou aqui e nem deve saber. – Arya respondeu imediatamente. – Sai depois dele ter ido resolver alguns assuntos com Drogo. Oberyn recebeu sua "indenização" e agora Aegon está com a credibilidade baixa. – ela respondeu – Estou ansiosa com tudo isso.
- Devia ter pensado nisso antes de decidir se envolver com ele. – Robb disse sério – Jon é meu melhor amigo, mas eu sei do que ele é capaz. O pai fez de tudo pra manter você e Sansa longe dos negócios pra que pudessem viver em paz, ai você se deixa levar pela conversa do capanga mais sanguinário da família.
- Eu não me arrependo da escolha, Robb. – ela revidou – Eu só estou cansada de ficar parada, vendo Jon protelar uma decisão inevitável. Eu quero o Grifo morto e quero Aegon seguindo o mesmo caminho.
- Essas coisas precisam ser planejadas. Jon tem que dar a ordem no momento certo. Só assim ele vai ser respeitado pelos outros. – Robb disse.
- Você não está entendendo. – Arya disse agoniada – Aegon ainda não sabe que vocês estão ajudando Jon, mas vai descobrir em breve.
- Sei me virar sozinho, maninha. Não se preocupe com isso. Além do mais, os reforços devem chegar no fim da semana. A segurança ao seu redor será reforçada e nós poderemos acabar com essa história de uma vez por todas. – Robb disse.
- Eu estou grávida, Robb. – ela disse num tom angustiado e Robb arregalou os olhos imediatamente.
- Como? Eu achei que...Achei que ele estivesse blefando quando disse...- a ingenuidade dele as vezes a surpreendia, mas agora ele conseguia entender os motivos dela para preocupação.
- Que estávamos tentando? Pelo amor de Deus, você e Jon eram o terror de todas as mulheres de New Hampshire e Illinois! Achou mesmo que Jon ia ficar sentando esperando por uma resposta positiva do nosso pai? – Arya retrucou – É claro que não! Além do mais, foi nosso pai quem decidiu atrasar essa parte do plano e não nós. Jon ainda não sabe e nem deve. Ele vai acabar metendo os pés pelas mãos se isso acontecer, mas eu preciso que você bote alguma objetividade nos planos dele. – ela disse – E não conte ao papai, não ainda.
- Jesus! – Robb resmungou enquanto passava a mão pelo rosto – Mamãe vai odiar tudo isso. Você é louca, sabia? Olha só o tamanho do problema em que você se meteu!
- Agora não é hora de me dar bronca. Você não é o papai e eu não sou mais criança pra ficar ouvindo sermão. Se não vai me ajudar, vou procurar quem ajude. – ela disse em tom firme. Robb imediatamente segurou a mão dela em sinal de apoio.
- É claro que eu vou te ajudar, mesmo que aquele safado não mereça. – Robb disse – E você devia ir pra algum lugar seguro. Se Aegon descobre você se torna o alvo mais provável dele.
- Seja rápido e discreto. – Arya disse em tom baixo. – O Grifo vai estar fora da cidade supervisionando a entrega de uma remeça de uísque e gim. Talvez seja uma boa hora para encontrar um policial corrupto ou mesmo um agente federal que queira virar um herói. – ela puxou um bilhete de dentro da bolsa – Aqui está o local. Faça a denuncia. Aegon não vai querer chamar atenção agora, então devem ser o Grifo e mais dois ou três homens para receber a carga. Vinte policiais me parece um bom número.
- Queria saber como aprendeu tudo isso. – Robb comentou. – Eu sinceramente espero que Jayne não se interesse pelos negócios da família como você.
- Como ela está? – Arya perguntou sem grande entusiasmo.
- Eu achei que seria o primeiro a me casar, mas você e Jon são muito apressados. Ela aceitou meu pedido, mas tive de manda-la para junto da mamãe durante toda confusão. – Robb respondeu.
- Fico feliz por vocês. Vou ficar mais feliz quando não estiver com medo da minha própria sombra. – ela disse angustiada – A mamãe já sabe?
- Sabe sim. – Robb comentou – Acha mesmo que a ideia de atrasar o casamento foi do nosso pai? Ela ficou furiosa, é claro. Disse que preferia te ver morta do que casada com Jon, mas passado o choque ela proibiu que se casem sem a presença dela. Obviamente o papai não quis contraria-la no assunto. Ele é mais esperto do que isso.
- Tinha que ser. E Sansa? – Arya perguntou.
- Soube que ela está bordando monogramas no linho para o seu enxoval. – Robb disse rindo. – Os meninos também estão bem.
- Ótimo. – Arya disse de forma prática – Tenho que ir agora. Jon deve estar chegando na Fortaleza a qualquer momento.
- Não corra riscos desnecessários. Se perceber que Aegon está tramando alguma coisa, vá para a casa de Drogo e fique por lá até tudo se resolver. – Robb disse de forma prática – Nunca esqueça a arma e de preferência ande com ela junto ao corpo caso precise sacá-la rápido. Vou ter homens para a sua segurança em dois dias, até lá eu espero que não se meta em problemas.
- Obrigado por tudo Robb. – ela agradeceu beijando o rosto dele em seguida.
Interpret your eyes as they die
Should I die should I now
Your poor lashes blow
We've done of sancturary laugh
You cry all over
An innocent call
Arya saiu do café em direção ao ponto de taxi. Ela fez sinal e logo um carro parou diante dela. Com Robb ajudando ela se sentia mais confiante de que o plano poderia dar certo e se Grifo fosse pego pela polícia então Aegon não teria porque suspeitar dela. Tudo ia ficar bem. Tudo tinha que ficar bem.
Ela entrou no carro e deu o endereço da Fortaleza Vermelha. O carro seguiu pela orla em uma velocidade fora do comum. Arya percebeu que haviam tomado um desvio e seguiam por um caminho desconhecido com uma urgência alarmante. Ela chamou pelo motorista para perguntar o por que estavam tomando aquele caminho e não foi preciso muito para perceber que havia algo muito errado.
- Pra ser filha do velho Stark você devia ser mais esperta, garota. – a voz familiar disse e Arya reconheceu o rosto de Grifo pelo retrovisor. O coração dela disparou e involuntariamente sua mão pousou sobre a própria barriga. – O chefe não vai gostar nada de saber que o território está cheio de gente da sua laia.
- Pare o carro. – ela disse séria.
- Você é tão petulante quanto sua tia. – ele respondeu – Vai fazer o que comigo se eu não levar? Rosnar como uma cadela no cio? Eu tenho minhas ordens, garota.
Arya puxou a pistola de dentro da bolsa e sem qualquer alerta disparou um tiro que pegou o ombro direito dele de raspão. Grifo quase perdeu o controle do carro. Seu braço ferido caiu ao lado do corpo enquanto ele tentava conduzir o veículo com uma mão só.
- SUA PUTA DESGRAÇADA! – Grifo xingava enquanto tentava manter o controle do carro sem grande sucesso.
- Para logo a merda do carro! – ela disse com autoridade.
- Você não me ordens, vadia! – ele insistia, mas estava ficando cada vez mais difícil manter o controle.
- Você está perdendo sangue e se continuar assim logo vai desmaiar, então morreremos os dois. Para logo a merda do carro! – ela insistiu.
A estrada estava deserta naquela parte da cidade, havia apenas a vista para o mar do alto do paredão de pedra. Grifo parou o carro no acostamento. Arya respirou fundo por um momento.
- Eu vou matar você sua puta maldita. – Grifo resmungou sem fôlego antes de sentir a arma pressionada contra a sua nuca.
- Esse é o problema de vocês. – ela disse calma – Achar que uma garotinha nunca teria coragem de puxar o gatilho. – e sem pestanejar ela disparou a arma.
O corpo dele caiu sobre o volante como um saco de areia. O para-brisa do carro trincou em mil pedaços ensanguentados. As mãos dela tremiam e tudo o que Arya queria era chorar. Não era a primeira vez que matava um homem que a colocava em perigo, mas era a primeira vez que Jon não estava por perto para abraça-la.
Ela ouviu o barulho de outro carro se aproximando e sem dúvida teria de dar explicações. Estava tudo dando errado. Ela segurou a arma com força, pronta para disparar caso fosse abordada por mais alguém. Talvez fosse uma viatura policial e ela teria de se explicar. Se ao menos estivesse em New Hampshire poderia contar com a ajuda de algum dos policiais que estavam na folha de pagamento do pai dela, mas agora ela tinha de rezar para que não fosse nenhum dos capangas de Aegon.
O carro em frente ao carro que ela estava e Robb desceu de lá às pressas. Arya começou a chorar de nervosismo e alegria no momento em que reconheceu o irmão. Ele abriu a porta do veículo e a tirou de lá o mais rápido possível.
- Graças a Deus! – ela disse ao abraça-lo.
- Eu sabia que essa história de você andar sozinha por ai não era uma boa ideia. Você deu sorte de eu ter percebido que havia algo errado. – ele disse tentando acalmá-la. – Entre no outro carro. Eu vou leva-la pra casa do Drogo assim que terminar com esse aqui.
- O que vai fazer? – ela perguntou ainda trêmula.
- Atear fogo. – ele disse. – Vai logo.
Arya obedeceu e observou de uma distância segura Robb pegar um galão de gasolina e jogar sobre o veículo. Ele tirou uma caixa de fósforos do bolso do paletó e após acender um dos fósforos atirou-o dentro do carro. Robb correu de volta para onde Arya estava, ligou o próprio carro e saiu correndo o mais rápido possível. De longe ouviram o barulho do tanque explodindo e as labaredas que subiram em seguida.
Grifo estava morto, mas não da forma como ela queria. Seu coração ainda estava acelerado e suas mãos trêmulas. Queria que Jon estivesse ali também, mas já era grata por Robb ter chegado a tempo.
Hi, close the door, silent cold
For you
What what I done to you
- Não quero saber de você andando por ai sozinha, entendeu? Foi um risco idiota o que você correu hoje. Ele poderia ter te matado. – Robb rosnou – Pelo menos você sabe atirar.
- Vai avisar ao Jon? – ela perguntou.
- É claro que sim. Isso precipitou tudo. Você vai ficar com Danny e eu não quero saber que você saiu de dentro da casa sem pelo menos cinco seguranças. Droga! Se ao menos ele tivesse morrido na emboscada, nós poderíamos culpar os federais e ganhar tempo até nossos homens chegarem. – Robb estava nervoso – Drogo precisa estar a postos.
- Depois que me deixar na casa, quero que vá atrás de Jon. Não volte para o hotel. Grifo viu você e sabe que os Stark estão ajudando Jon, não sei se ele teve tempo de contar para alguém. Se Aegon souber onde está, ele vai atrás de você. – ela disse imediatamente. –
- Pode deixar. – ele respondeu.
O resto do caminho foi feito em silêncio. Os seguranças da casa de Drogo abriram os portões assim que reconheceram Arya e o irmão. Danny foi recebe-los na porta com um semblante confuso.
- Quem bom que vieram. Jon está no escritório com Drogo. – ela disse de forma simpática. – Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu sim. – Robb se apressou em dizer – Preciso falar com Jon e o seu marido. Se eu fosse você reforçaria a segurança por aqui.
- O que está havendo? – Danny questionou imediatamente.
- Fui atacada. Grifo está morto e logo Aegon vai saber disso. – Arya respondeu. As mãos dela continuavam tremula. Danny a abraçou e conduziu para dentro, sendo seguida de perto por Robb que agora parecia uma sombra da irmã mais nova.
Uma vez que Arya havia sido colocada para descansar em um dos quartos do segundo andar, Robb foi até o escritório. Drogo e Jon estavam examinando os livros caixa que haviam sido retirados do escritório de Aemon e não era difícil de imaginar que Aegon estava praticando desfalques há algum tempo.
Os dois desviaram a atenção dos números para encarar Robb, que parecia que tinha visto um fantasma. Aquilo não era um bom sinal e os dois sabiam disso. Jon foi até ele imediatamente.
- O que aconteceu? – ele perguntou ao primo sem rodeios.
- Me dê uma dose de uísque, pelo amor de Deus. – Robb pediu antes que pudesse começar a falar. Drogo providenciou a bebida enquanto encarava o convidado com desconfiança. – Estamos com problemas.
- Que tipo de problemas? – Drogo perguntou com sua voz grave e poderosa.
- Arya foi se encontrar comigo na orla. No momento em que ela tomou um taxi para voltar para a Fortaleza, notei que havia algo errado. – Robb disse rapidamente – O carro arrancou de uma vez e saiu correndo. Eu segui até encontra-lo parado numa estrada vazia com o vidro estilhaçado. Quem estava dirigindo era o Grifo. Arya atirou no braço dele para força-lo a parar o carro e depois atirou na cabeça dele. Aegon logo vai saber.
- Onde ela está? – Jon perguntou entre seus dentes cerrados.
- Ela está bem. Está lá em cima descansando. – Robb disse imediatamente – Precisamos reforçar a segurança daqui e ela não pode sair sozinha em hipótese alguma.
- E o que diabos ela foi fazer na orla sem um segurança por perto?! Eu não entendo! – Jon disse dando um soco na mesa.
- Ela queria conversar comigo em particular. Disse que estava preocupada com a demora em nos livrarmos do Grifo e terminar logo com essa história. – ele disse – Ela só queria conversar.
- E agora o Grifo está morto como ela queria. Muito conveniente, não acha? – Jon questionou.
- Nós sabíamos que isso ia ter que acontecer. – Robb disse.
- O problema é que eu não queria minha mulher mais envolvida nisso do que ela já está! – Jon vociferou – Arya detonou um confronto direto com meu irmão, enquanto nós ainda não estamos prontos! Até onde eu sei, o acordo era para que eu assumisse a família, mas parece que Arya decidiu que quer comandar sozinha!
- Ela poderia, se quisesse. – Robb disse firme – Eu só estou aqui por causa dela, ajudar você é um acidente de percurso que eu preferia evitar, mas não posso. Você morreu pra mim no dia em que traiu nossa confiança.
- Então é isso? Da noite pro dia há um complô Stark pra expandir a influência de vocês? – Jon questionou furioso.
- Eu não me importaria nem um pouco, mas não. Não é isso o que está acontecendo. O que de fato está acontecendo é o inevitável. Você queria esperar o velho morrer, mas aparentemente o seu irmão não é tão cheio de boas intenções quanto você. Ele atacou a minha irmã e nem eu, nem Arya podíamos ficar parados olhando. – Robb rugiu – A esta altura você já deveria ter se organizado. Seus Black Brothers, os homens de Drogo, mesmo algum apoio dos Martell, isso deveria bastar para acabar com a raça daquele cretino. Eu não sei porque você está demorando tanto para fazer o seu movimento.
- Stark está certo. – Drogo interviu – Aegon não está se importando com o velho. Sua mulher agiu em legítima defesa e agora é a nossa vez de retalhar. Se deixar esse ataque passar em branco, ele vai tentar outra vez e com mais violência. É a sua hora de agir.
- Muito bem. – Jon disse após passar a mão pelo rosto, como se aquele gesto pudesse apagar seu aborrecimento – Arya está bem?
- Apenas nervosa. – Robb disse em tom reticente.
- Antes de começarmos a discutir os detalhes do nosso ataque a Aegon, eu vou ver como ela está. – Jon disse sério – E Robb, eu não quero saber de você se encontrando as escondidas com ela. Vou providenciar uma escolta para Arya e de preferência tentarei mantê-la aqui para sua segurança.
Dito isso ele deixou a sala, batendo a porta ao sair. Subiu as escadas correndo, quase atropelando Danny pelo caminho. Seus planos estavam desmoronando e Arya parecia ignorar qualquer juramento de lealdade a ele. Era difícil não se sentir traído, mais difícil ainda acreditar que tudo havia acontecido porque ela agiu em legítima defesa.
Ela não deveria nem mesmo estar desacompanhada em primeiro lugar. Se algo acontecesse a ela...Se algo acontecesse a ela, Aegon ia implorar por uma morte rápida.
Jon abriu a porta com cuidado e a viu sentada junto à janela, observando a movimentação dos homens de Drogo do lado de fora da casa. Havia uma bandeja com chá e biscoitos diante dela, mas Arya nem mesmo se deu ao trabalho de tocar na comida. Ela também não se deu ao trabalho e encará-lo;
- Me dê uma boa razão para ter saído de casa desacompanhada. – ele disse ríspido.
- Eu queria um pouco de paz. – ela respondeu indiferente.
- Eu deveria coloca-la em cárcere privado depois de hoje. Na verdade, é exatamente isso o que vou fazer. – Jon disse ao fechar a porta atrás de si – Está proibida de sair de casa e terá um grupo de seguranças ao seu lado noite e dia. E nem pense em tentar se livrar deles.
- Eu devo lembra-lo que nós crescemos juntos e eu já te vi em situações constrangedoras de mais pra me deixar intimidar pelas suas ameaças? – ela disse aborrecida, fazendo-o inflar as narinas. – Você devia estar planejando uma retaliação ao invés de perder tempo gritando comigo.
- Você não entendeu? – ele disse avançando em direção a ela – Você podia ter morrido! Você podia estar nas mãos de Aegon agora e Deus sabe o que ele faria com você!
- Provavelmente tentaria me levar pra cama. Ele deixou bem claro que gostaria de tentar, da última vez que conversamos. – ela retrucou como se aquilo não fosse nada de mais.
Jon perdeu a paciência e num movimento brusco girou a cadeira onde ela estava sentada para que Arya olhasse diretamente para ele. Apesar de sua raiva e da vontade de sacudi-la pelos braços enquanto ele colocava pra fora toda sua fúria, Arya não parecia nem um pouco abalada.
Quando matou o Cão de Caça ela correu para os braços dele em busca de consolo e apoio, agora ela havia perdido qualquer senso de fragilidade, havia deixado de ser a garotinha da família para se tornar a mulher dele e Deus sabe que um pouco de sangue frio faria bem a ela. Entretanto, aquela não era a garota que ele amava, apenas uma cópia cruel de Arya Stark.
Ele fechou os olhos e segurou as mãos dela. Seus joelhos estavam trêmulos e seu coração apertado. Uma cópia cruel ou não, ele amava aquela mulher diante dele e esteve a um passo de perdê-la por pura negligência. Seus olhos ficaram úmidos enquanto Jon sentia seus nervos se desfazendo dentro dele. No minuto seguinte ele estava chorando.
- Nunca mais faça isso! Nunca mais faça isso comigo, entendeu?! – ele disse entre soluços enquanto olhava pra ela – Eu não cheguei até aqui pra perder você agora! Eu proíbo você de me deixar! Proíbo você de se colocar em riscos desnecessários ainda que tenha boas intenções!
Arya passou a mão pelo rosto dele e beijou-o com ternura. Jon se agarrou a ela como se fosse um naufrago e ela sua única chance de salvação. O coração dela batia num ritmo suave, suas mãos acariciavam o cabelo dele enquanto Arya permanecia calada.
Palavras nunca foram o forte dele, Arya sabia. Jon era famoso por nunca confiar em ninguém e por não inspirar grandes amizades. Seu rosto era muito austero, seu temperamento rígido, seu padrão de conduta rigoroso. Entretanto, aquele homem que inspirava medo e respeito estava ali, diante dela, se desfazendo por completo. Tudo aquilo era culpa dela.
- Calma, baby. – ela disse – Eu estou bem agora. Tudo vai ficar bem.
- Não faça isso de novo. – ele disse enquanto a abraçava – Tudo o que eu fiz até agora...Nada disso tem sentido sem você. Eu fiz tudo isso...Eu fiz tudo isso por você. Só você.
Não havia mais volta, nem uma forma de tornar o confronto que estava por vir menos sangrento. Era tarde de mais para dar as costas e fazer de conta que ambos não haviam sujado as mãos de sangue naquela maldita briga de família. Jon não ia deixa-la agora e se soubesse a verdade sobre o filho que ela estava carregando, ela provavelmente seria trancada em alguma casa em território seguro até segunda ordem, como se fosse mais uma garota indefesa.
Se Jon iria lutar, se ia confrontar o irmão de uma forma definitiva, ela se recusava a ficar longe da briga enquanto rezava para que ele voltasse são e salvo para ela. Ela não havia feito tudo até aquele momento por nada. Ela havia feito por ele.
Kill and run
Kill and run
I'm one, off the dirty guns
Kill and run
Kill and run
A bullet through your heart
Nota da Autora: Eu sei que demorou uma era pra sair este capítulo e na verdade foi um problema referente a como organizar a dinâmica dos ataques. A morte do Grifo saiu meio no susto enquanto Jon e Arya ainda não oficializaram a união, porque Mama Stark faz questão de algo grandioso e não um casamento as escondidas. Então...Arya grávida e sorrateira, agora ela está oficialmente perigosa e eu AMEI usar mais o Robb dessa vez. Música Kill and Run, da trilha sonora de O Grande Gatsby.
Bjus
Bee