"Onde infernos você está?"
Eu olhei para a mensagem na tela brilhante do celular com uma expressão de escárnio.
Uma mulher carrancuda passou por mim com força, desequilibrando-me e forçando-me a usar uma pequenina senhora de apoio. Ela exclamou em surpresa, mas eu já havia antecipado um pedido desculpas.
Apressei o passo, ajeitando algumas sacolas no ombro direito. Apertei as outras sacolas na mão esquerda e tentei responder a mensagem da forma mais sórdida possível.
"Vá cagar Potter, não lembro de ter marcado hora com você. Importune-me novamente com outra mensagem descabida e eu juro que você nunca terá filhos."
Esfreguei a tela molhada do celular na única parte de minha blusa que não se encontrava encharcada. Tudo uma questão de tempo, todavia. O coloquei de volta no bolso do short jeans e parei à beira da calçada esperando o sinal abrir com um punhado de pessoas que tentavam usar de qualquer artifício para proteger-se da chuva. Em geral, não sou uma pessoa descortês, mas Potter é malditamente fastidioso.
E sim, eu o odeio.
Não faço questão de esconder tal fato para uma alma sequer, não obstante, sou civilizada sempre que essencial. (Por conseguinte, quando estou em público.) Não é segredo que ele também não é exatamente meu maior fã. O vento soprava com vigor, arremessando a chuva contra meu rosto. Quando eu vira a mulher do tempo anunciar uma chuva ontem, eu não achava que ela se referia à uma quantidade de água equivalente ao Loch Ness. Meus cabelos longos estavam me dando nos nervos, colando em meu pescoço e minhas costas juntamente com a blusa molhada.
Não poderia haver dia mais perfeito para esquecer meu guarda-chuva.
O celular vibrou em meu bolso traseiro e, rangi os dentes, sabendo que se o pegasse o atiraria longe após ler a provável resposta de Potter. Resolvi fixar o olhar na luz vermelha do semáforo, respirar fundo e contar até vinte.
Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. S-seis…
Minha têmpora pulsou quando o celular vibrou novamente. Porque eu tive o infortúnio de nascer na mesma cidade que Potter?
O verde néon brilhou no momento em que o vermelho se extinguiu. Tentei evitar uma poça d'água do tamanho de Manchester ao descer a calçada, mas um homem ignorante não teve o mesmo cuidado e pisou com força, molhando a mim e mais duas outras pessoas.
Fuck.
Tentei ignorar a sensação da água suja escorrendo por minhas pernas, pensando que em 5 minutos eu teria um banho quente e uma boa taça de vinho. Um suspiro de alívio, que poderia ser eventualmente comparado à um início de choro de felicidade me veio, quando vi o pequeno prédio onde morava surgir ao dobrar uma esquina.
O vigia, Mr. Sanders, franziu o cenho ao me ver passando, mas acenou discretamente. Tentei esboçar um sorriso, que deve ter sido mais semelhante a uma careta do dor pela reação dele, mas não fiz caso e segui para a torre esquerda do prédio. Quando olhei as escadas que teria que subir, reparei fundo mais uma vez e sussurrei imprecações por ter comprado o apartamento no terceiro – e último – andar.
A semana tinha sido um inferno, a construção da clínica finalmente havia terminado após 8 meses, e todas as áreas estavam operantes. Mas minha teimosia - e não vamos mentir, necessidade financeira - não havia permitido que eu esperasse a obra terminar como uma boa menina. Eu insisti em começar a trabalhar assim que o essencial estava pronto. Hoje, após o expediente eu e meus funcionários realizamos a esterilização das aéreas que foram terminadas. Minhas pernas doíam e pareciam pesar uma tonelada cada.
As sacolas do mercado pareciam pesar mais e mais com o tempo. Se eu não tivesse conhecimento do seu conteúdo, poderia ter certeza absoluta de que naquele momento em particular, eram sacos de cimento.
Parei no primeiro andar após os lances de escada iniciais para dar um descanso as minhas mãos. Hugh, um dos moradores, abriu a porta de seu apartamento me assustando. Ele sorriu em real cortesia antes de notar meu estado lastimável.
- Lily! – Ele exclamou preocupado e se aproximou – Permite-me ajudá-la?
Veja bem, sou conhecida por ser um tanto orgulhosa, chegando por vezes até à própria imbecilidade. Hoje, no entanto, eu mandaria com muito prazer meu orgulho às favas.
- Oh – Suspirei em agradecimento – Eu apreciaria, mas não quero atrapalhar seus planos.
Hugh riu e pegou as sacolas de minhas mãos.
- Existe algo mais prazeroso do que ajudar uma linda mulher?
- Em absoluto. – Ouvimos aquela voz profunda e arrastada falar – Digo, nada que você saiba fazer com uma, Ladett.
Eu não precisei olhar para cima, em direção às escadas, para saber que se tratava do ser néscio que mora do outro lado de meu corredor estreito. Hugh, por outro lado, levantou o olhar para Potter.
- Boa noite, Potter. – Ele disse educadamente como se nunca tivesse ouvido o comentário petulante que ele lhe fizera.
Potter ignorou o cumprimento e se dirigiu a mim.
- Traga seu traseiro delicioso para cá, Evans. Estou cansado de esperar.
Por fim, lhe lancei um olhar furioso, o qual - como sempre - não lhe causou nenhum efeito esperado - como vergonha pela forma absurda em como ele trata Hugh, e o encontrei inclinado sobre a barra de proteção da escada. Dessa vez, Hugh se manifestou:
- Já que está tão ávido para vê-la, deveria ao menos ajudá-la.
- Pelo que vejo não é preciso, você já saiu correndo como um filhote atrás de atenção para socorrê-la.
Hugh corou e engoliu em seco.
- Potter, volte para o seu buraco. – Eu disse entediada, cansada demais para manter o olhar furioso por muito tempo. Não que fosse efetivo.
- Como quiser, só não o deixe lhe lamber a pele, esse privilégio é meu. - O idiota teve a coragem de piscar.
Eu fiz menção de mostrar-lhe o dedo, mas como afirmei momentos atrás, procuro ser polida quando estou em companhia. Do contrário, eu já teria mandado Potter ver navios. E de uma forma nada agradável, certamente.
- Venha Lily, vamos subir. – Hugh sorriu para mim como se nada houvesse acontecido.
E isso é o que de fato, mais me enerva em Hugh. Não entendo como ele pode ser tão complacente! Eu preferiria mil vezes – que ele nunca ouça isso – estar com o trouxa do James, ao invés de Hugh. Caso a situação fosse contrária e Potter estivesse aqui comigo, ele nunca teria deixado passar o primeiro comentário ofensivo direcionado à ele.
Isso eu tenho que admitir, o cara não leva desaforo para casa.
Assim que Hugh pôs as sacolas em meu balcão na cozinha, ofereci à ele algo para beber por pura educação. Quero dizer, pelo amor de Deus, ele havia acabado de sair de casa, não poderia estar com sede certo? Hugh pediu um copo com água e analisou três pequeninos gatos de porcelana que eu tenho em uma das prateleiras enquanto eu pegava o copo.
Hugh é um homem bonito. Comum. Na verdade, não tão comum. Ele tem uma qualidade de modelo. Perfeito. Proporções perfeitas. Talvez perfeitinhas demais, como um boneco. Com olhos castanhos, cabelos dourados - que mantém religiosamente arrumados para trás - e sorriso fácil ele com certeza cativa mulheres por onde passa. Uma boa companhia, uma das primeiras pessoas que conheci quando mudei para cá. A primeira sendo o gorila estúpido que mora no apartamento da frente. Nosso ódio mútuo não surgiu do nada, logicamente.
Lembro que faziam dois dias que eu havia me mudado. Eu acabava de voltar do supermercado e, para abrir a porta, coloquei as sacolas no chão livrando as mãos para procurar as chaves em minha bolsa. Assim que as achei, abri a porta e entrei, pegando apenas parte das compras. A tarde estava quente e eu havia aberto as janelas para que o vento da primavera entrasse. Ao chegar à cozinha, o vento fez com que a porta fechasse e por conseguinte que eu esquecesse que deveria voltar para pegar o resto das compras. O que é um tanto incomum, eu dificilmente esqueço algo. Apenas quinze minutos depois, quando abria o chuveiro para tomar um banho, lembrei que eu não havia guardado os produtos gelados que eu comprara. Naquele momento percebi que deixara parte das sacolas no corredor.
Enrolei-me em uma toalha e corri para a porta, no instante em que pisei do lado de fora, o vento fez com que a porta batesse novamente e eu me vi trancada do lado de fora. Minha reação inicial foi de completa e absoluta incredulidade. Em seguida veio a vontade de bater com minha cabeça na porta por ser tão incrivelmente tapada, mas pensei melhor e – após contar e respirar fundo – decidi que não seria uma boa ideia.
Com calma, recordei que Mr. Sanders mantém uma cópia de todas as chaves. É de extrema obviedade que eu não estava exatamente excitada para descer as escadas de toalha, então repensando, resolvi bater à porta de meu vizinho. Ele/ela poderia me fazer o favor de descer as escadas e pegar a cópia. Antes uma única pessoa a me ver de toalha do que o vigia pelo qual eu passava todo santo dia.
Toquei a campainha, mas quando não a ouvi soar, bati à porta. Dois minutos depois bati novamente, então ouvi uma voz – definitivamente - masculina:
- Ok, ok. Já estou indo.
Eu ajeitei a toalha para que ficasse do modo menos revelador possível, o que um tanto difícil já que a mesma não é o que se pode chamar de grande. Preparei meu sorriso de seu-animalzinho-não-poderia-estar-em-melhores-mãos que uso na clínica.
Quando a porta se abriu, a primeira coisa que notei – perceba – não fora o peitoral nu ou a calça de dormir perigosamente baixa nos quadris estreitos e sim os cabelos negros revoltados. Apenas depois eu notei os abdomen dos seus quadris. Ele, uns 10 centímetros mais alto, baixou o olhar sonolento para mim, e atentei para seus olhos que eram de uma estranha cor: um castanho que puxava ao dourado com pequenos traços verdes. Eu não podia negar que eram lindos.
Bem, o cara é um senhor pedaço-de-mau-caminho.
- Olá, sou Lily Evans – Tentei apresentar-me com naturalidade apesar das circunstâncias. – Mudei para o apartamento em frente anteontem.
- James. Potter. – Ele disse sonolento para então arquear as sobrancelhas e perguntar: - Posso saber por qual razão bate em minha porta seminua?
Seu olhar pareceu acordar um pouco mais e percorreu meu corpo sem pudor algum.
Ei, eu entendo que essa situação é anormal, mas ele poderia ser um pouco educado e não me encarar de forma tão constrangedora certo?
Respirei fundo mais uma vez e respondi com certo sarcasmo:
- Certamente não para me oferecer à você.
- Eu nunca disse isso, ruiva.
- Evans. – Eu o corrigi.
- Hum. - Ele voltou o olhar para meu rosto ponderando - Eu acho que prefiro ruiva – A voz arrastada e rouca percorreu meu corpo com um arrepio e ele deu um pequeno sorriso maroto, a sombra de uma covinha na bochecha direita.
Os lábios perfeitos.
Digo, dentes. Dentes perfeitos.
- Não se trata do que você prefere. – Falei chocada comigo mesma pelo arrepio idiota e por minha vontade absurda e quase dolorosa de beijá-lo. Sim! Beijá-lo! Quando tornei-me tão impulsiva? – E sim, do que é adequado.
- Ruiva me parece adequado. – Ele cruzou os braços nus e encostou à soleira porta com um bocejo.
Soltei um pequeno suspiro de exasperação.
- Certo. Olhe, só me faça um favor e desça as escadas para mim? Preciso da chave reserva que o vigia tem. Pode notar que estou presa do lado de fora.
Ele soltou uma pequena risada.
- Não sei... Seria divertido ver a cara do velho Sands se você aparecesse por lá assim.
Minha face corou em questão de segundos.
- Quer saber? Esqueça! Não sei porque tive a brilhante ideia de bater à sua porta. – Exclamei afastando-me dele.
- Ei ei, eu não falava sério. – Ele inclinou-se para frente – Eu desço para você.
- Pois prefiro descer nua do que aceitar sua ajuda!
Ele deu de ombros.
- Como quiser, ruiva.
- Evans! – Eu o corrigi novamente.
- Tanto faz. – Potter falou antes de fechar a porta de seu apartamento.
No final, quando desci para o segundo andar, a senhora que mora no 22, Sra. Silverfox estava de saída. Ela foi muito gentil – ao contrário do ogro do Potter – E desceu para buscar as chaves para mim, falou sobre os benefícios de preparar suas próprias folhas de chá - com a promessa de me entregar algumas - e me ofereceu seu neto para um encontro. Isso em um lance de escadas.
Desde aquele dia nós nunca fomos exatamente civilizados um com o outro. E tudo bem, eu sei que exagerei – sempre fui um tanto esquentada – mas ele tinha que fazer uma piada no dia seguinte sobre a situação?
- Sabe, Lily... – Ele disse quando lhe entreguei o copo – ... Eu sei que tem estado ocup-
- Evans! – Ouvi meu querido vizinho gritar, já que minha porta permanecia aberta.
- Que infernos, Potter, eu estou indo! Jesus, será que não pode esperar? – Gritei de volta, dessa vez sem me importar de todo com o julgamento de Hugh.
- Não!
Revirei os olhos em irritação.
- Sinto muito, Hugh, tenho que resolver uma coisa. – Eu lhe falei andando até a porta.
Ele largou o copo na bancada sem tomar um gole sequer e seguiu-me saindo do apartamento, fechei a porta atrás de mim e ele sorriu mais uma vez.
- Por favor, não se preocupe. Conversaremos em hora mais oportuna – Hugh disse antes de acenar e descer as escadas. – Até.
- Até. – Sorri.
No momento seguinte ouvi a porta ao meu lado direito abrir. Potter se recostava à soleira da porta, o peitoral agora nu.
A beleza dele é tão evidente que chega a ser um tapa na cara. Eu não sequer pensaria em me atrever a contestar. O maldito é gostoso. James Potter é tudo o que Hugh Ladett não é. Inclusive mal-educado. Entretanto apensar de em uma comparação fria, ser Hugh esteticamente mais bonito, algo havia em James que ultrapassava os padrões normais de beleza.
Não sei explicar como seus cabelos rebeldes e o olhar constantemente decidido, cheio de certeza, poderiam me chamar mais atenção que os cabelos dourados e bem-penteados de Hugh e seus olhos castanhos e aconchegantes. É de tremenda obviedade que eu morreria negando que algum dia já achei James Potter atraente, mas é a mais pura verdade.
Ele falou despretensioso:
- Não se incomode. – E então olhou o caminho que Hugh fizera – Ele não saberia o que fazer com você nem se a tivesse nua e um manual nas mãos.
Revirei os olhos:
- E você sim, eu suponho.
- Você não imagina. – Ele arqueou uma sobrancelha. – Eu não precisaria do manual, no entanto.
Voltando minha atenção para seu peitoral irritantemente belo, fiz minha melhor cara de enjoo - muitos anos de treino - e disse:
- Que visão grotesca, ponha uma blusa Potter. – E abri caminho entrando em seu apartamento sem convite algum.
Ele riu.
- Você, por acaso, já se olhou no espelho?
Tudo bem, eu estava encharcada, o cabelo embolado, com lama parcialmente seca nas pernas e minhas meias 3/4 listradas em vermelho e amarelo - as botas eu havia deixado em meu apartamento. Eu poderia perfeitamente ser parte dos extras de um filme apocalíptico. Ele parecia que tinha andado de um set de comercial de perfumes.
A discrepância não melhorava meu humor.
- Se bem me recordo, foi o meu traseiro que você elogiou minutos atrás. – Eu não me incomodei em olhá-lo de volta e segui meu caminho por seu apartamento. – E acredite, você não estaria em condições melhores se tivesse saído com o tempo que faz lá fora.
Eu parei à porta de seu quarto e virei para ele cruzando os braços.
- Nada que um banho não resolva. – Potter me mediu atentamente como um expert no assunto.
Ele é dotado com essa habilidade de encará-la como se você estivesse nua.
- Eu não tenho a noite toda Potter, ao contrário de você eu tenho uma vida.
- Agora você tem pressa? Instantes atrás estava toda entretida com aquele trouxa.
- O trouxa, ajudou-me com as sacolas. – Eu arqueei uma sobrancelha.
- Oh – Ele se fez de inocente – Você precisava de ajuda?
- Creio que você não saiba reconhecer uma dama em apuros quando vê uma.
Ele riu.
- Dama? – Potter repetiu – Evans convenhamos, se eu descesse para lhe ajudar, você seria capaz de me chutar entre as pernas e me empurrar escada a baixo.
Um pequeno sorriso me surgiu.
- Tem razão.
Potter passou por mim abrindo a porta de seu quarto para se dirigir até a cama. Quando não me movi, ele olhou em minha direção e reclamou:
- O que está esperando? Um convite?
Olhei-o da porta.
- Estou pensando na melhor maneira de me proteger dos germes nojentos que seu quarto deve abrigar. – Falei dando uma rápida olhada no quarto masculino.
- Pelo amor de Deus, Evans. Você quer saber se sou vacinado ou algo assim?
- Minha preocupação vai muito além de sua carteira de vacinação, Potter. Digamos que você não é muito… seletivo.
Eu pisei com cuidado no chão do quarto evitando algumas peças de roupa que jaziam jogadas.
- Oh, isso são ciúmes, Evans? – Ele sorriu maroto.
Explodi em uma gargalhada, rindo de tal forma a curvar-me. Meus olhos encheram-se de lágrimas e eu tentei recuperar o controle acalmando a respiração.
- Por favor – Eu disse enxugando os olhos com cuidado para não borrar o rímel - que já não estava mais no seu perfeito estado, mas ei, eu tenho alguma dignidade – Eu sentiria ciúmes de um chipanzé manco antes de sequer considerá-lo um ser humano, Potter.
- Um chipanzé manco tem mais sex appeal que você, ruiva.
Revirei os olhos com um sorriso zombeteiro.
- Vamos passar a noite nisso, ou o que?
Potter me olhou furioso da cama.
- Se você fizer a gentileza de se aproximar da maldita cama, podemos começar.
- Bem, desinfete o seu quarto da próxima vez que eu vier.
Ele revirou os olhos.
Sim, isso é uma coisa que ambos fazemos com frequência.
- Sinto muito se não tenho tempo para isso, Evans. – Potter disse.
- Ah, mas tem tempo de sobra para me importunar com mensagens desnecessárias certo?
Ele me olhou como se não desse a mínima – e eu sei que não dá – e apontou para o amontoado de lençóis na cama.
- Venha agora ou eu vou buscá-la. E eu não serei gentil como seu príncipe encantado do primeiro andar.
Aproximei-me da cama em passos cautelosos.
- Oh, isso são ciúmes, Potter? – Repeti sua pergunta arqueando uma sobrancelha.
- Nem que você fosse a última mulher da terra, Evans. – Ele riu.
Ignorando-o, olhei para o pequenino gato que estava enrolado como uma bolinha de pelos. Ele espirrou.
Uh-oh.
- O que você acha que ele tem? – Potter perguntou.
Eu olhei para ele preocupada.
- Quantos meses ele tem?
- Tenho cara de quem sabe? Eu o encontrei há dois dias, não consegui deixá-lo na chuva naquela caixa imunda. Resolvi trazê-lo para casa lhe dei um banho quente. Ofereci água e comida, mas ele mal se move.
Peguei o gatinho mantendo-o envolvido nos lençóis que Potter anteriormente havia separado para ele.
- O que está fazendo?
- Vou examiná-lo em meu apartamento, tenho um quarto apropriado para isso. Preciso de meus equipamentos e dos remédios necessários.
Potter me seguiu e se adiantou, abrindo a porta de seu apartamento para mim, com um dos braços segurei o gato e com a outra procurei a chave do meu em meu bolso. Abri a porta rapidamente, Potter sempre em meu encalço e o mandei esperar na sala.
Cerca de meia hora depois sai da pequena sala com o gatinho novamente enrolado no lençol. Potter levantou-se como um familiar preocupado. Eu lhe sorri momentaneamente e disse para não se preocupar. Seguimos para seu apartamento, e eu pus o gatinho novamente na cama com cuidado, Potter estava bem ao meu lado. Ele esticou uma das mãos e coçou a cabeça do gatinho.
- Eu venho vê-lo durante a semana. Já o fiz tomar alguns medicamentos, não o deixe sentir frio. Ele teve ter de seis a oito semanas então acredito que uma ração pra filhotes já possa ser introduzida. Faça a experiência e se tiver problemas é só avisar. Você vai precisar de uma caixinha de areia e um arranhador se não quiser que seus moveis sejam destruídos. - Eu sorri.
- ... Obrigado, Lily.
Foi então que eu desliguei do modo veterinária e percebi que aquele não era um cliente normal. Era Potter.
Nesse momento que percebi outra coisa: Ele nunca – nunca – agradeceu-me por nada. (certo, não que eu tenha alguma vez feito algo importante por ele, mas mesmo assim) Segundo, eu raramente o ouvia me chamar de Lily. (Okay, eu nunca lhe dei permissão para tal, mesmo assim ele sempre fez questão de usar Evans, baixinha ou "ruiva" – seu preferido ) Eu não pude evitar me sentir tão íntima dele.
Ao perceber que eu o encarava como uma louca, engoli e respondi:
- É o meu trabalho... James.
Foi a vez de Potter encarar-me em estupefaça. Permanecemos calados em um silencio constrangedor. Foi quando ele disse voltando ao seu tom normal de voz:
- Se o seu namoradinho aparecer e precisar de dicas para tratá-la adequadamente, eu não me importarei em ajudá-lo.
Arqueei uma sobrancelha.
- Ajudar, Hugh? Você? Em qual universo?
Ele deu de ombros.
- Eu só não a quero mal-humorada e frustrada quando ele tentar algo mais... Físico com você.
- O que o faz pensar que é tão bom quanto dizem?
- Bem... – Ele fingiu pensar – ... Eu acho que as milhares de mensagens que recebo de mulheres não são pedidos para fazermos manicure juntos.
- Existe sempre a possibilidade de que sejam pobres mulheres ludibriadas por suas cantadas baratas.
- Cantadas baratas? – Potter repetiu incrédulo – Você tem um péssimo gosto para homens, Evans.
- Os homens que escolho, Potter, tem um cérebro.
- Qual o sentido de se ter um cérebro sem ter tato?
- E por acaso você tem tato?
Potter jogou a cabeça para trás rindo em deleite.
- Mais do que você pode esperar de Hugh. Quer testar? - Ele provocou.
Não vou mentir. Eu senti a provocação percorrer o meu corpo e descer para um lugar bem específico.
- Pelo amor de Deus, Potter! E eu sou capaz de me por a vomitar se me tocar!
- Seria um favor, ruiva – Ele fez um careta – Quem a tocaria por vontade própria?
- Não que eu lhe deva satisfações, mas o cara do primeiro andar é um exemplo!
- Vá em frente. Só não venha lamuriar em minha porta após seu sexo frustrado.
Eu ri em zombaria.
- Mesmo que eu viesse a lamentar, Potter, você seria o último ser vivo do universo para o qual eu me queixaria.
Eu disse mais algumas coisas – não muito agradáveis – para Potter quando ele, em vez de responder-me sem escrúpulos como normalmente faria, levantou a mão e tapou minha boca. Antes que eu pudesse acertá-lo com uma joelhada, – no local mais apropriado para tal – ele levou sua mão livre aos próprios lábios pedindo silêncio.
- ... Brigando novamente!
- Eu sei! Agindo como crianças, certo? – Minha... Mãe disse?
Que infernos?
O que minha mãe está fazendo no corredor de meu apartamento?
- Mais que crianças – Ouvi a voz da Sra. Potter – Como dois adolescentes, cheios de tensão sexual.
As duas riram.
- Isso só acabará quando tiverem um bom sexo selvagem. – Minha mãe falou – O que rezo para que seja logo.
Mas que...?
- Sexo selvagem me parece uma boa ideia, Evans. O favor ainda está de pé. – Potter murmurou maroto.
Revirei os olhos.
- Está me dando ânsia de vomito, Potter. – Eu afastei sua mão para sussurrar de volta – E cale a boca, estou tentando ouvir!
- Eu também! – Sra. Potter exclamou – Eu amo meu filho, mas Deus sabe que não posso mais suportá-lo mal-humorado toda vez que pergunto como Lily está.
- Oh, Lily é igualzinha! Você imagina que semana passada ela confessou qu-
Eu abri a porta do apartamento de James interrompendo-a.
- Mamãe! – Eu exclamei corada em revolta.
As duas nos encararam surpresas.
Mamãe não se preocupou em fingir algum constrangimento e a Sra. Potter apenas sorriu para nós.
- O que Evans confessou? – Potter perguntou curioso.
- Que eu prefiro beijar aquela lesma gigante de Star Wars a trocar saliva com você Potter! – Eu disse abrindo a porta de meu apartamento e empurrando minha mãe para dentro.
Nesse momento lembrei da Sra. Potter parada ali ao meu lado.
- Perdão. – Eu disse em embaraço.
Ela levantou as mãos com um sorriso doce.
- Finja que não estou aqui.
- O nome da "lesma" é Jabba. Achei que você fosse a sabe-tudo, Evans. – Potter arqueou uma sobrancelha sem lançar um olhar sequer para sua mãe – E não tenha tanta certeza, Jabba pensaria duas vezes antes de beijá-la.
- Vá cagar, Potter. – Eu bati a porta do apartamento.
Mamãe sorriu para mim.
- Bem, isso foi divertido.
- Divertido? – Eu disse incrédula – Mãe, o que tinha na cabeça? Como pode pensar em dizer aquilo à Sra. Potter? Com o próprio Potter logo ali!
Ela pôs as sacolas que segurava ao lado do sofá e se dirigiu à cozinha ignorando-me completamente.
- Mamãe! – Eu a segui incrédula.
- Oh, Lily, que mal faria ao pobre rapaz saber que você teve um sonho um tanto... Empolgante com ele.
Okay! Eu admito certo? Pelos céus, eu admito que tive um sonho terrivelmente erótico com James Potter. Quando acordei pela manhã, estava tão assombrada com meu sonho mais-que-absurdo que não me movi por minutos antes de certificar-me que fora apenas um momento de insanidade, uma insensatez de meu subconsciente, porque – por tudo o que é mais sagrado – não é como se eu saísse por aí fantasiando com caras, com Potter muito menos!
E eu tinha que abrir a boca para minha mãe. Ás vezes esqueço o quão perigoso isso pode ser.
Corei até último fio de cabelo ruivo, mortificada.
- Nenhum! – Joguei os braços para cima – Nenhum mal faria, só alimentaria seu ego absurdamente desmarcado!
- Não seja dramática – Mamãe falou em abnegação olhando o conteúdo de minha geladeira. – Agora, você irá sábado para o jantar, certo? Vamos receber os seus favoritos.
Suspirei desistindo de fazer minha preciosa mãe entender a gravidade de seus atos.
- Sim mamãe, eu irei.
Ela pegou minha caixa de suco de frutas vermelhas e serviu dois copos entregando-me um. Bebi o conteúdo todo depressa, sem perceber quão sedenta estava.
- Ótimo. – Mamãe guardou a caixa, pegou seu copo e com um movimento de mãos, pediu para que eu a seguisse.
Pus o copo vazio no balcão ao lado do copo d'água intocado de Hugh, e segui mamãe novamente. Sem paciência para arrumar meu – que agora começava a secar – cabelo, apenas o prendi em um coque qualquer com uma liga.
Deus… Com minha sorte eu conseguirei tomar um banho e tirar essa lama seca de mim lá para meia-noite.
- Eu estava fazendo compras quando encontrei Dorea – Mamãe começou a falar sentando-se no sofá – Por coincidência ela estava vindo visitar James, então viemos juntas. Ela é tão maravilhosa. Disse que dessa vez ficará em Londres por um ano enquanto terminam a reforma em sua casa em Oxford. Os Potter estarão no jantar, você sabe.
Lógico que morar em frente à Potter não poderia ser castigo suficiente, então em adição, minha mãe e a sua são como melhores amigas. Eu não posso culpá-la, Dorea Potter é realmente cativante e não é culpa de Dorea ter James como filho. Exatamente o contrário de Marcus, – meu colega de faculdade – ele é uma das pessoas mais deliciosas que já pisou na face da terra, mas sua mãe é como a Bruxa Má do Oeste! Ela é tão desagradável que conseguiu afastar cinco namoradas incríveis que Marcus teve. Incluindo Dorcas, minha querida amiga. E acredite, "persistente" dificilmente é a palavra que posso usar para descrever Dorcas. Quando ela foca em um alvo, é praticamente impossível fazê-la desistir. Claro que em geral Dorcas mata com palavras. Só que por pura polidez, ela sempre evitou responder à mãe de Marcus.
Faz quase um mês que eles terminaram – digo, que Dorcas terminou com Marcus – e quando ela veio dormir aqui semana passada para uma noite de sorvetes, chocolates, compras online e filmes melosos, confessou-me que tudo se trata de um teste. Caso Marcus verdadeiramente a ame, enfrentará a mãe e irá atrás de Dorcas.
Vamos dizer que eu não estou segurando meu fôlego.
Meu celular vibrou em meu bolso, então enquanto mamãe continuava a falar sobre como eu deveria ser mais civilizada com Potter, o peguei para ler as mensagens. Ignorei as duas que Potter havia mandado mais cedo tentando evitar stress. Eu não estava preparada, claro, para a mensagem que receberia:
"Ruiva, não consigo falar com Prongs! Bata na porta dele e mande-o atender o lixo do celular!"
Eu reli a mensagem de Sirius para ter certeza de que eu não havia me enganado.
"Você fumou? Venha você bater na porta dele!"
Eu respondi irritada.
"Qual é, ruiva! Você está a dois passos do cara! Estou do outro lado da cidade!"
Sirius respondeu depressa.
"Nem se você estivesse em Júpiter, Black!"
Segundos mais tarde o celular vibrou novamente.
"E se eu implorar?"
Revirei os olhos.
"Eu não o faria nem que me desse seu sangue. Agora pelo amor de Deus me deixe em paz!"
Nota mental: trocar o número do celular.
- ... que acha? – Mamãe perguntou.
- Sim, claro. – Eu respondi automaticamente.
- Então, você não se importa? – Ela levantou o olhar para mim.
O celular vibrou novamente e eu olhei entediada para o pequeno aparelho sabendo que seria Sirius novamente.
- Porque me importaria? – Falei para mamãe pegando o celular para ler a mensagem.
"Você faria se eu revelasse algo que não sabe sobre Prongs?"
Eu sorri.
"Que tipo de melhor amigo é você? Entregando o ouro ao inimigo?"
Resolvi esperar a resposta com o celular na mão. Mamãe mostrava-me o conteúdo da sacola – roupas – excitada.
"Ele não ligará. E se ligar, dane-se. Quem sabe ele aprende a atender o celular"
Sorri ligeiramente divertida.
"Surpreenda-me."
"Prongs a acha a mulher mais deliciosa do planeta"
Meu coração – estranhamente – deu um pequeno salto.
"Vá lamber sabão, Black! Potter acha toda mulher deliciosa!"
"Não precisa ser grossa, ruiva!"
"Comentário idiota, resposta cretina"
"Prongs dorme nu"
Não pude evitar outro sorriso.
Eu já tenho conhecimento da maior parte dos hábitos noturnos de Potter. Morar três anos em frente à ele tornou isso possível. Inclui-se aqui, sua mania de dormir despido. É de tremenda obviedade que esse fato não é simples de descobrir, mas ano passado, o alarme de incêndio disparou sem motivo algum. Naturalmente, saltei da cama depressa sem me importar em pegar nada que não fosse Chiara – a gata de um cliente que eu estava cuidando – e seus dois filhotes.
Quando abri a porta, a primeira coisa que vi foi Potter. Os cabelos estavam mais bagunçados que o normal, ele tinha os óculos no rosto em vez das lentes e segurava com uma mão um livro e seu lençol branco enrolado na cintura. Com o outro braço abraçava mais uns cinco ou seis livros. O torso nu, e o tecido baixo deixaram claro que ele não vestia peça alguma de roupa.
Ao chegarmos no térreo, vimos Mr. Sanders tentando acalmar os moradores, e pedindo desculpas pelo inconveniente.
"Eu achei que você tivesse algo interessante para mim, Black"
Esperei cerca de cinco minutos quando a tela do celular brilhou anunciando uma nova mensagem.
"Têm três meses que Prongs não tem ação nenhuma, se é que você me entende. Tudo isso porque não para de pensar em uma mulher"
Eu encarei – completamente inerte – o celular. Sem saber como reagir na verdade. Dentro de mim uma mistura estranha de satisfação, pelo "sofrimento" de Potter, e alguma outra coisa que fazia revirar o meu estômago que não soube identificar.
Asco talvez.
O aparelho, vibrou novamente, a mensagem aparecendo na tela.
"O que é bem idiota se você me perguntar. Prongs nunca foi muito normal de qualquer forma"
Quer dizer que o Todo-Poderoso-Potter tem uma mulher na cabeça?
Um sorriso maroto me surgiu.
Definitivamente asco.
- ... Dessa forma, amanhã seu pai e eu iremos até a casa deles para tomar chá juntos!
- Parece maravilhoso. – Eu respondi vagamente.
"O que supostamente devo fazer com esse projeto de informação?
"O que quer dizer?"
Revirei os olhos.
"Qual é a graça se não sei o nome da pobre coitada?"
"Sinto desapontá-la, ruiva, mas eu não sei"
"Pelos céus, você é ou não o melhor amigo desse trouxa?"
"O "trouxa" não me conta tudo ok? Não é como se nos juntássemos sexta à noite para manicure e conversas profundas sobre sentimentos melosos"
Qual é a implicância dos homens com manicure? Sinceramente é uma atividade muito saudável, okay? E higiênica.
E relaxante.
"Tenho certeza de que vai pensar em um bom uso para ela. Então? Bata na porta dele por mim?"
"A sua mãe está aqui. Não é mais fácil ligar para ela?"
"Primeiramente: o celular dela é praticamente decorativo, vive no silencioso e dentro da bolsa. Segundamente: você não sabe disso, então só posso concluir que usou do meu desespero para se aproveitar de mim e conseguiu informações pessoais de James. Eu gosto do seu estilo.
Revirei os olhos mais uma vez, agora com um sorriso.
"Okay, Black. Já estou indo."
Suspirei desencostando-me da parede.
- Dê-me um minuto mamãe, preciso ver Potter. – Falei abrindo a porta e cruzando o corredor para bater na porta logo em frente.
Esperei por um momento, e quando não obtive resposta bati novamente.
- Mãe! – Ouvi Potter – Atenda a porta!
- Eu sou visita! – Ela exclamou de volta.
Eu pude ouvir Potter grunhir em irritação.
- A senhora não é visita!
- E sou o que por acaso?
- Minha mãe! Pelo amor de Deus, atenda a porta.
- Sinto muito querido, está passando minha novela favorita e esse é um episódio muito importante. O que vou fazer se perder algo revelador?
- É para isso que existe Netfilx.
- Você sabe que eu não uso essas coisas.
Potter murmurou alguma coisa e pude imaginá-lo revirando os olhos.
- James Fleamont Potter! Eu ouvi isso!
- Perdão, mamãe. – Ele pediu.
Eu ri.
- Agora seja um bom menino e atenda a porta.
Segundos mais tarde ouvi passos pesados vindo em minha direção, e então Potter abriu a porta. Como se ele tivesse algum conhecimento de minha conversa com Sirius ou de meus pensamentos, Potter segurava uma toalha nos quadris com uma das mãos enquanto tentava tirar os cabelos molhados dos olhos com a outra.
Eu mordi os lábios. Se ele não fosse um asno completo eu definitivamente consideraria um contato mais íntimo. Os ombros mal-enxutos ainda tinham diversas gotas d'água e ele exalava um cheiro deliciosamente masculino.
- Qual é, Evans? – Ele disse curto e grosso.
Bruto.
- O seu namorado está entrando em parafuso pois você não atende ao telefone, então faça-me um favor e ligue para ele.
- Precisava me tirar do banho para isso?
Revirei os olhos.
- Estou fazendo um favor ao seu amigo, seja educado Potter – Então levantei as mãos na defensiva – E ei, reclame para Black.
Potter arqueou uma sobrancelha desconfiado.
- Eu pensei que você não falasse com, Sirius. Porque está fazendo um favor à ele?
- Não falo, mas o maldito tem meu número. Uma decisão tomada não por mim, claramente. – Eu o encarei arqueando uma sobrancelha já que fora por meio dele que Sirius obteve meu celular – Não obstante, descobri que seu precioso amigo pode ser útil de ano em ano.
- Querido – Ouvimos sua mãe dizer – Seu celular está me dando nos nervos. Tire-o de minha frente ou vou jogá-lo pela janela.
- É Sirius, mamãe. – Potter respondeu.
- Oh! Ele já está em Londres? – Ela perguntou alegre.
- Creio que sim. Porque não atende?
Ele voltou-se para mim desconfiado.
- O que o cachorro prometeu a você?
Fiz-me de inocente.
- Não posso simplesmente ser prestativa e ajudar uma alma em apuros?
- Acontece que Pads não é uma alma em apuros. E mesmo que fosse, você dificilmente cruzaria o corredor para me ver.
- James! Sirius disse que você é pior que uma moça no banheiro e o esperará no restaurante português às oito junto com os outros meninos. Falou algo sobre ter que passar em Grimmauld e por isso não vem direto para cá. Não que essas tenham sido as exatas palavras dele.
- Diga à ele... – Potter começou a falar.
- Já desliguei amor, o comercial terminou. – Ela o cortou.
Eu ri.
- Adoro sua mãe.
Potter bufou.
- Cai fora. – Ele fechou a porta raivoso.
- Deus, você é tão impolido Potter! – Eu exclamei para que sua mãe ouvisse.
- James Potter! Eu não o ensinei a ser mal-educado. Despeça-se propriamente de Lily.
Eu sorria de ponta a ponta quando Potter abriu a porta novamente.
- Odeio você. – Ele murmurou.
- O odeio também. – Sorri e virei-me para entrar em meu apartamento.