5.2

Horas depois Jon foi encontrá-la; ela estava em sua cama, Nymeria aos seus pés. A loba se levantou assim que Jon abriu a porta, mostrando os dentes até Arya acalmá-la e mandá-la embora. Seus sentimentos estavam muito alterados para arriscar ter uma conversa com ela por perto, principalmente se Fantasma não estava ali.

Jon se sentou ao seu lado, o pelo macio do casaco tocando sua pele, e Arya odiou perceber que ainda o amava apesar de toda a raiva que sentia quando ele tocou sua mão.

"Não estávamos fazendo nada de errado." Como ele não disse nada, continuou, "Foi só um beijo, não existe perigo num beijo. Se quiser ficar bravo com alguém, fique comigo, porque Gendry não me beijou primeiro, eu o beijei, e eu sei o que todos têm dito, mas Gendry nunca me desonraria. Mas mesmo que eu não fosse donzela, isso não é da sua conta porque eu não sou um princesinha estúpida. Depois de tudo o que eu fiz por essa família e por esse reino, se eu fosse seu irmão ao invés de irmã, você estaria comemorando comigo, mal nascida ou não, então - "

"Arya!" Jon interrompeu, rindo. "Respire, você está ficando roxa." Ela obedeceu. "Terminou de brigar com o seu rei, ou devo esperar mais?"

"Não estou brigando com o meu rei, estou brigando com o meu irmão." Cruzando os braços sobre o peito declarou, "Já estou cheia de reis."

Dessa vez Jon riu livremente, e confessou, "Eu também. Eu nunca quis sei rei mais do que você quer ser uma dama. Era pra eu ser mais um bastardo na Muralha, e você... Bem, não sei se o pai sabia o que fazer com você. Mas querendo ou não, isso é o que nós somos agora, e tem coisas que são esperadas da nossa parte, tradições que não podem ser quebradas. E se nosso pai estivesse vivo, se a Senhora Coração de Pedra voltasse a ser Catelyn Stark, não iriam querer te ver com um ferreiro bastardo, mesmo que esse bastardo seja filho de Robert Baratheon."

Arya levantou o olhar, "Então é verdade? Rei Robert era mesmo o pai dele?"

Jon assentiu. "Tem uma grande recompensa por sua cabeça, por qualquer um dos bastardos de Robert. Cersei tem medo da legitimação, tanto ela quanto Stannis. Se um dos bastardos de Robert marchar sobre Porto Real, a imagem cuspida de Robert, será provado que Tommen não é filho legítimo. Isso jogaria Stannis para trás na linha de sucessão, e Melisandre não permitiria."

"Mas só se ele fosse legitimizado, assim como Robb fez com você."

"Exatamente." Jon assentiu triste. "Eu gosto do Gendry, de verdade. Quando ele apareceu eu o incomodava sempre, pedindo para contar sobre o tempo que passaram juntos. Sentia tanto a sua falta. E ele sempre foi útil aqui, tanto como ferreiro quando como soldado."

"O que você não está dizendo?"

"Se você quiser ser sua esposa eu o legitimarei. Declararei que ele é Gendry Baratheon, filho legítimo de Robert Baratheon, com direito a reivindicação do trono de ferro, mais direito do que qualquer um. Mas quando fizer isso, quando fizer por ele o que Robb fez por mim, estarei colocando um alvo em sua testa."

"Gendry não quer ser rei, tudo o que ele quer é trabalhar na forja."

"Isso não significará nada para Cersei ou Stannis ou até a Daenerys Targaryen. Baratheon é um nome poderoso em Westeros há muito tempo."

Arya sentiu seu estômago se agitar com o nervosismo, "Você já... Você já perguntou para ele o que ele quer?"

Jon sorriu tristemente, "É como você diz: Gendry não deseja uma coroa. Eu já havia feito essa proposta antes e ele sempre disse não, que preferia viver em relativa paz como Gendry Waters. Mas isso foi antes de você voltar, antes de ele perceber que precisaria de um nome real se esperava desposá-la"

"Todos sabiam que ele queria se casar comigo, menos eu?!" Arya explodiu em frustração, deixando Jon às gargalhadas.

"A questão não é ele querer ou não se casar com você. A questão é: você que ser casar com ele?"

Desviou o olhar, o chão do seu quarto parecendo muito interessante. "Eu nunca pensei... Nunca quis me casar! Queria fazer parte da guarda de Robb ou ser um Homem sem Rosto, tudo menos uma senhora! E eu não pensei -"

"Não pensou o que?"

Encolhendo os ombros, terminou, "Nunca pensei que um dia alguém iria querer se casar comigo."

Aproximando-se mais dela, Jon colocou as mãos em seus ombros. "Às vezes você é a pessoa mais velha e mais jovem que eu já conheci, ao mesmo tempo." Deu um beijo na sua testa, e disse, "Gendry disse que aceitaria sua decisão. Se você quer que eu o declare Gendry Baratheon, ele está preparado para aceitar as conseqüências que vêm com o título. Mas se você quer mantê-lo seguro com seu nome de bastardo, ele aceitara da mesma maneira." Sorrindo triste, dor e saudade em seus olhos, Jon declarou, "É muito raro encontrar alguém que te ame, não importando as circunstâncias, e ainda mais raro encontrar alguém que deixaria de lado sua segurança por esse amor. Todos nós merecemos um pouco de felicidade Arya."

Ela não consegui dormir depois de Jon deixar o quarto. Virou-se na cama milhares de vezes, tentando decidir o que queria, odiando Gendry e Jon que jogaram a decisão sobre seus ombros, tendo o total controle sobre sua vida justamente quando ela não queria ter. Irritada e se sentindo presa ela pulou da cama, colocou as botas e vestiu um pesado casaco.

Era surpreendentemente fácil escapar do castelo sem ser notada; a neve caía, acumulando-se por centímetros no chão, mas mesmo com a neve ela era capaz de encontrar a forja. Tirou as botas e caminhou até o fundo da forja, ao quarto onde Gendry dormia, e se assustou ao deparar-se com o próprio bloqueando seu caminho, um martelo em suas mãos.

"Pelos sete infernos Arya" ofegou, abaixando o martelo. "Pensei que fosse um ladrão."

"Que tipo de ladrão entra pela porta da frente e ainda tira as botas?"

Sacudindo a cabeça, Gendry disse, "Você não devia estar aqui. Sabe o que Grande Jon vai me fazer se alguém te encontrar aqui no meio da noite? Eu prefiro não ter que viver o resto da minha vida como um eunuco."

Tirando o casado, para deixar claro que ela não sairia, Arya se aproximou dele. "Por que não disse que gostava de mim?"

Gendry ficou em silêncio por um momento, e finalmente falou, "Porque eu não achei que você gostasse de mim, não do jeito que uma mulher gosta de um homem. Ao menos até hoje de manhã."

Arya corou, desviando o olhar por um momento, antes de olhá-lo nos olhos. Forçando a voz a sair, ela declarou, "Eu nunca serei uma dama de verdade. Não vou usar vestidos ou te chamar de Milord ou abandonar a espada. E não sei se quero ter filhos e nem se quero ficar em Westeros depois do fim da guerra, então se você não aceitar esses termos – "

"Se esses fossem os traços que eu procuro numa esposa, eu me casaria com a Sansa." Gendry sorriu gentil enquanto afastava um mecha de cabelo do rosto dela. "Eu sei quem você é, Arya"

As lágrimas vieram aos seus olhos rápido demais, tornando o mundo um borrão. Arry, Doninha, O Fantasma de Harrenhal, Nan, Loba, Ninguém... Ela foi tantas pessoas nos últimos anos, mudando de pele como uma cobra, de assegurando de que ninguém jamais saberia quem ela era de verdade. Ouvir Gendry dizer com tanta certeza que sabia quem ela era acordou um pedaço de seu coração que ela jurou ter morrido no dia da morte de seu pai.

Ela estremeceu quando Gendry a beijou, suas mãos sobre o peito dele antes de subirem até o cabelo negro. Suas bocas se encontravam ansiosas, as mãos quentes dele vasculhando cada pedaço do seu corpo, e Arya imediatamente se perguntou, enquanto o seguia até o quarto dos fundos, se era daquela forma que as garotas se arruinavam: com doces toques e beijos quentes.

Nada tão bom pode arruinar alguém.Arya tentava tirar a camisa do garoto, desesperada por sentir sua pele contra a dele, seu corpo em chamas com uma sensação que ela não conhecia, mas parar nunca passou pela sua cabeça. Gendry a ajudou a se despir, os dois ofegantes.

"Você tem que ir," ele tentou, a afastando.

"Por que?"

Uma expressão de dor cruzou seu rosto, e depois ele explicou, "Porque se não for, Grande Jon vai me capar pela manhã"

Arya sorriu enquanto tirava a mão dele do caminho, e se aproximou colocando seus braços ao redor do pescoço dele. "Eu te protegerei."

Era estranho, Arya pensou quando Gendry se sentou na cama e ela por sua vez em seu colo, como seu corpo parecia saber o que fazer mesmo quando seu cérebro não tinha a menor idéia. De alguma forma ela sabia mover seu quadril contra o membro entre suas coxas, sabia colocar as mãos dele em seus seios mesmo que fosse inconsciente; parecia que fogo corria por suas veias, como se seu corpo se preparasse para algo melhor e ela estava desesperada para descobrir como fazer aquilo acontecer.

Ele gemeu quando sua mão alcançou os cordões da calça, "Tem certeza disso?"
Ela o beijou antes de murmurar sobre seus lábios, "Você sabe fazer?"

Ele afastou as mãos dela dos cordões. "Sim, mas..."

"Mas o que?"

Seu rosto ficou tão vermelho que quase brilhava. "Foi só uma vez, no 18º dia do meu nome... Foi só uma vez, e eu nunca – "

"Eu sei que não" Ela disse, as mãos descendo pelos calções dele. "Senão não seria Grande Jon que te caparia."

Ela estremeceu quando Gendry tirou sua roupa, deixando-a apenas com as roupas de baixo, seu cabelo longo e escuro caindo sobre os ombros. Ele a deitou sobre a cama, e Arya assistiu enquanto ele se despia. Ela já tinha visto homens nus antes, mas nunca daquela forma. Quando ele começou a tirar suas roupas de baixo, ela congelou.

"Você quer parar?"

A voz falhou, mas Arya acenou com a cabeça, negando. Quando estava nua Gendry parou, ajoelhado aos pés da cama, devorando-a com os olhos. Imediatamente ela sentiu vontade de se cobrir, mais por proteção do que por vergonha. Ela sabia que não era mais Arya Cara de Cavalo, agora era uma garota bonita, mesmo que não tanto quanto a irmã. No passado achava que seu corpo fora feito só para treinar; precisava ser forte, ágil, sempre pronta em caso de ser atacada. Quando os homens a viam, viam Ninguém, assim como tinha que ser, mas agora com os brilhantes olhos de Gendry sobre seu corpo, ela entendia porque Sansa se preocupava tanto com aparência.

"Eu costumava sonhar com isso," Ele revelou, suas mãos subindo pelas pernas dela. "Mesmo em Harrenhal, eu tinha sonhos de como você seria quando crescesse. Você seria mais velha e viria até a forja..."

"E depois?" Ela perguntou entre suspiros quando sentiu os lábio dele contra a curva de sua barriga, beijos por todo o seu corpo, até ele se concentrar nos seus seios.

A respiração dele contra seu rosto quando ele se posicionou acima dela, apoiando os braços na cama, os lábios formando um sorriso. "Eu acordava e você tinha ido embora."

"Sonhava com você também." Ela confessou.

A dor ao sentir Gendry dentro dela era quase imperceptível, bem menos que um corte de espada, mas mesmo assim arrancou suspiros dela, mais pela novidade da sensação. Gendry ofegava a cada movimento, entre cada suspiro sussurrava o nome dela e palavras que ela não pode entender. Quando ele saiu para entrar novamente nela a dor já não existia, apenas a corrida por prazer; ela moveu seu quadril contra o dele e repetiu a ação, e julgando pelos gemidos dele, era isso que ela devia fazer.

É como uma disputa, ela entendeu enquanto tentava trazê-lo mais para perto. Dar e receber, puxar e empurrar. É como a dança das águas.

Aquele sentimento de antes retornava, tensão crescendo dentro dela. Num momento Gendry separou seus quadris, separando seus corpos o suficiente para que pudesse encaixar sua mão entre eles. Antes que ela pudesse perguntar o que ele estava fazendo ele acariciou o lugar pelo qual seus corpos se uniam, seus dedos a massageando rápido, o que fez todo o corpo dela enrijecer e depois sacudir de prazer.

Gendry atingiu seu ápice momentos depois, despejando suas sementes dentro dela. Enquanto os dois tentavam se recuperar, os corpos ainda unidos, Arya acariciou as costas do garoto, seu corpo ainda estremecendo com réplicas do prazer. Ele beijou seu pescoço, seu rosto, até encontrar sua boca, os lábios dele eram doces e macios contra os dela.

"Eu amo você," ele jurou.

"Eu amo você," ela retornou, sentindo a estranha sensação de perda quando ele os separou.

Repetiram o ato mais duas vezes antes de Arya voltar ao castelo. Rapidamente se vestiu, tentando recompor seu cabelo para que ninguém desconfiasse do que tinha feito. Gendry a assistia, e ela o mandou parar se não queria que Grande Jon cumprisse sua promessa.

"Direi ao Rei que quero a legitimação quando ele acordar." Gendry anunciou. "Nos casaremos antes de marchar sobre Porto Real."

Arya assentiu, não querendo pensar na batalha quando estavam tão felizes. "Então te vejo depois."

Os salões do castelo estavam silenciosos quando Arya entrou. Chegando ao seu quarto, tirou o casaco e as botas, e só depois notou que havia alguém deitado sob seus cobertores. Estava procurando sua adaga quando a pessoa levantou, a luz da lua iluminando os cabelos ruivos de Sansa.

"Você se deitou com ele?" Perguntou sonolenta. Arya suspirou.

"Sim." Considerou mentir, mas não conseguiria de qualquer forma, não com seu corpo ainda tão cheio de prazer.

Esperava que Sansa a punisse, dissesse que contaria a Jon, mas ao invés disso Arya viu o rosto da irmã se encher de curiosidade. "Como é?"

Arya nunca se considerou uma dama, nunca quis ser como a irmã, mas naquele momento confessou tudo; a oferta de Jon, os planos de casamento, como era ter Gendry dentro dela. Sansa ouvia tudo com atenção, seus olhos se arregalando quando Arya descrevia as coisas que Gendry tinha feito, e suas bochechas ficando vermelhas mesmo que as perguntas partissem dela. E quando as duas não tinham mais o que dizer, Arya sentiu a exaustão tomar conta de seu corpo.

Quando seus olhos estavam se fechando, Sansa murmurou "Você será Arya Baratheon."

Forçando-se a abrir os olhos, Arya negou. "Não. Não importa com que eu me case, sempre serei Arya Stark"

Tinha levado seis anos para ter seu nome de volta, ela não o deixaria por ninguém, nem mesmo por Gendry.


É isso ^.^

Obridaga a quem leu e muito mais obrigada a quem comentou, vocês vão para o céu dos leitores sz