Galerinha, muito obrigada mesmo pelas reviews. Vocês são lindas e me movem a terminar essa fanfic, então obrigada a quem está acompanhando. Avisos: esse não é o último capítulo, mas é o maior. Preparem-se, porque foi difícil de escrever, embora a ideia estivesse comigo desde o começo. Preciso saber o que vocês acharam desse. É chatinho de ler, tem que se concentrar pra pegar todas as ações, mas façam um esforço. Dependendo, se não me odiarem demais, eu continuo.
Your soul is mine.
Ela ainda tremia. Suas mãos seguravam uma xícara de café que queimava seus dedos, mas Hermione prestava pouca ou nenhuma atenção para notar a vermelhidão em sua pele. Estava sozinha agora, envolta em cobertas e olhando para a televisão sem fazer a mínima idéia do que estava assistindo. Harry havia ido até o Ministério depois de uma chamada urgente aos Aurores, e Rony estava no terraço do apartamento para mandar uma mensagem em patrono para o Dr Connors. Estavam todos preocupados demais com Hermione; Ginny mandara uma coruja avisando que chegaria em uma hora para passar a noite com a amiga, se ela não quisesse a companhia de Rony, e Harry voltaria o mais rápido possível. Todos pareciam ter certeza de que o problema seria resolvido assim que ela voltasse a tomar os remédios, que a visita a Bellatrix Lestrange tinha sido uma completa estupidez, que as coisas entre os namorados passariam em alguns dias, talvez fossem só a tensão pré-menstrual e o estresse no trabalho, Ginny dizia... a xícara caiu das mãos trêmulas de Hermione. O café quente manchou a coberta e respingou nos pés descalços e descobertos, que a fizeram gritar de choque; Hermione se levantou bruscamente derrubando a xícara no chão, que quebrou-se com o impacto e os cacos da porcelana espalharam-se aos pés dela; parcialmente desorientada, Hermione não viu aonde pisava, e então uma dor aguda na sola do pé a fez soltar outro gemido e cair sentada no chão. O desastre a acompanhava. Os cacos também penetraram a mão que ela apoiara ao cair e vários pontos de dor se espalharam por seu corpo. Hermione ficou completamente parada por um instante. Fechou os olhos e comprimiu os lábios, sua mão sangrenta fechando-se em punho sem que ela percebesse... um, dois, três, quatro. Não adiantou. Hermione juntou os joelhos ao corpo e agarrou os cabelos, sem se importar se estava sangrando. Gritou; gritou em desespero, os dedos sujos e trêmulos puxando os cabelos com tanta força quanto era possível, seu corpo mais encolhido que nunca. Ela não sabia porque estava gritando – de dor, de frustração, de ódio, de medo – só sabia que não conseguia mais segurar; precisava gritar. Virou o rosto para o lado do braço direito e mordeu-o com força, tentando abafar o grito. Quase podia ouvir os passos de Rony subindo as escadas em desespero, esquecendo-se de que era um bruxo e podia aparatar; quase podia ver os olhos muito verdes de Harry olhando-a assustados, com medo de que sua amiga finalmente estivesse sucumbindo diante dos fatos; quase, mas quase podia ouvir Ginny sussurrando que tudo ia ficar bem, que ela voltaria a ser como era antes... Eu tirei sua inocência. As palavras flutuaram diante dela e Hermione abriu os olhos, assustada. Seus dedos agarravam os cabelos tão fortemente que estavam dormentes; os pés finalmente doíam com os cortes e ela percebeu, completamente horrorizada, que uma pequena poça de sangue havia se formado embaixo de seu corpo. Lentamente, muito lentamente, ela foi soltando os cabelos. Seus dedos tocaram o chão e foram se encaminhando para o líquido gosmento e pegajoso que grudava em seus pés, muito lentamente, como se tivessem medo de se contaminar com o vermelho. E assim que ela tocou o sangue com a ponta do dedo, seus olhos se fecharam.
...Você vai engolir esse sangue nojento, sua sangue-ruim. Você achou que era forte por não ter gritado com eles? Eu vou te ensinar a gritar... E havia sangue em seus lábios, e ela estava sufocando, e unhas afiadas perfuravam sua pele, não havia respiração, só o negro ela enxergava...
Tudo acabou. Se ela tinha acabado de engolir o sangue, não sabia. Tudo que via era sua imagem no espelho nua, mas como se a pele alva tivesse sido pintada de vermelho. Os olhos castanhos estavam arregalados de choque e os lábios se entreabriam, estupefatos. Havia um punhal cravado em seu abdome e o sangue foi tudo que ela viu.
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- Hermione! Porra, porra, não podemos simplesmente deixá-la aqui! –
- Você quer leva-la pra casa? Ela acabou de se esfaquear! –
- Ela odeia hospitais, sei que isso não vai.. –
- Como você sabe? Ela queria trabalhar em um hospital, eu que a conheço.. –
- Calem a boca! Ela não pode ir para nosso apartamento, Harry. Mas também acho que aqui não seja o melhor lugar. –
- O hospital vai saber o que fazer, o chega amanhã, só precisamos mantê-la a salvo por enquanto... –
- Foi aquela maldita, eu devia mata-la com minhas próprias mãos. –
- Não há nada pior do que Azkaban pra ela, meu amor. –
- Querem ficar quietos? A paciente precisa de descanso! –
Ela distinguiu as três vozes que discutiam sobre seu destino, embora só tenha aberto os olhos quando a enfermeira chegou. Sentia a vista pesada e custava fazer qualquer movimento, mas ela se esforçou.
- Harry? Rony? – Sua voz saiu firme enquanto chamava os dois amigos, e um pouco mais fraca quando chamou a amiga. – Ginny? – Sentiu a amiga abaixar-se ao seu lado e pegar sua mão. Os outros dois trocaram olhares apreensivos, mas logo tornaram a sentar-se aos lados da morena.
- Vai ficar tudo bem. Vamos cuidar de você. –
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Não estava tudo bem. Não estava nada bem, embora Hermione estivesse rodeada pelas três melhores pessoas do mundo, segurasse um chocolate quente nos dedos adormecidos e esboçasse um sorriso; porque sorrir era o que ela aprendera a fazer durante tantos anos, e estava farta de deixá-los preocupados. Era ridículo que lhes causasse tantos problemas assim. Harry tinha deixado um ex-comensal perigoso nas mãos do sub-chefe do departamento, um brutamontes inútil que só tinha músculos ao invés de cérebro. Ginny tinha descartado um treino particularmente importante do quadribol, que talvez nunca mais tivesse a chance. E Rony... Rony simplesmente tinha deixado tudo de lado para sentar-se ao lado da namorada perturbada, segurando seus ombros com firmeza, como se tivesse medo de que ela se levantasse e atacasse a televisão.
- Eu realmente achei que ele ia dançar com ela. –
- Fala sério, o cara é mais desastrado que eu. Ia acabar quebrando os dedos dela.. –
- Mary é uma idiota. Devia ficar com aquele gostoso do James, não esperar que ele a chame pra dançar. –
- Você não esperaria por mim? –
- Ah, cala a boca Harry. –
Todos riram. Mas até nos sorrisos havia uma tensão difícil de disfarçar, um desconforto quase palpável, uma sensação de que qualquer movimento acabaria com toda aquela farsa. Hermione alargou o sorriso diante do programa, embora não soubesse quem dançava com quem. Não era muito difícil fingir uma vez que treinara para isso a vida toda; Finja que está tudo bem. Finja que você não o ama. Finja que é fácil, que vocês vão conseguir. Finja que isso não dói. Finja que você está fingindo. Finja, Granger, finja que não está gostando... Hermione engoliu em seco, arregalando os olhos castanhos e sentindo a respiração falhar; Aquele arrepio medonho e que corroía sua coluna aconteceu de novo, deixando-a inteiramente alerta. Felizmente os outros três assistiam a televisão e não notaram, mas Hermione ouvira muito bem. Podia sentir o lugar aonde ela a tocara, podia ver e ouvir sua voz ridícula e aguda soando satisfeita, podia senti-la... e então ela soube o que tinha que fazer para acabar com aquilo de uma vez.
Disse que iria ao banheiro; deu a Harry, Rony e Ginny um sorriso encorajador de que estava tudo bem, e subiu ao quarto aonde dividia com o namorado. Trancou-se no banheiro e despiu as roupas quentes que usava, ficando apenas de sutiã. Hermione mirou sua imagem no espelho e aproximou-se, olhando diretamente nos olhos castanhos de sua semelhante; Soube o que devia fazer, embora seu corpo tremesse com o frio. Suas mãos desceram suaves dos seios até a virilha, as unhas pequenas e roídas arranhando de leve a pele alva; O corte feito pelo punhal já tinha se fechado com magia, havia apenas uma simples cicatriz, mas Hermione nem a sentia, o arrepio costumeiro voltara e aumentava conforme ela chegava mais perto com os dedos... tocou o clitóris com suavidade. Seu corpo estremeceu e ela quis fechar os olhos, mas não. Ainda não. Começou a fazer movimentos com uma leve pressão, seus olhos continuamente presos na imagem, vendo a própria mão desenhar-lhe o corpo. Seus dedos pararam na entrada da vagina; ela sentia o corpo tremer, não estava molhada, mas tremia, tremia de frio e medo.. e seu dedo estava lá. E ela arregalou os olhos e um grito ficou preso em sua garganta, um grito terrível e assustado, porque ela finalmente se lembrou...
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''O frio maltratava seu rosto já machucado. O braço esquerdo pendia em um ângulo estranho enquanto ela corria de volta ao centro do problema; em segundos, tudo voltara ao normal – Harry e os membros da Ordem haviam chegado, devolveram sua varinha, estavam saindo da zona de perigo antes que precisassem lutar – e então houve uma explosão de feitiços e fumaça e corpos caindo, e vários comensais apareceram envoltos em negro, bloquearam a saída deles e a luta se tornou inevitável; Hermione tinha sede de lutar – fora torturada por vários dias, de diversas maneiras e por diversas pessoas – e não gritara uma única vez; deixara os comensais frustrados, irritados e ainda mais perigosos, mas não gritara. Tinha decidido que não daria a eles o que eles queriam, e seu silêncio foi sua maior arma enquanto esteve presa. Agora ela queria lutar – mas algo dera absurdamente errado, fora afastada da luta principal pela presença de Bellatrix Lestrange. Ela não estivera presente na tortura de Hermione, provavelmente estava agindo por fora naqueles dias, mas agora voltara para a guerra; E Bellatrix tinha sede de sangue. Hermione tentava voltar para o meio da confusão, onde poderia se esconder entre a montanha de gente e feitiços e fumaça e atingir a comensal de algum ponto, mas a mulher parecia estranhamente obcecada com ela.
- Não fuja de mim, Granger. Ouvi dizer que você suportou toda a agonia calada, vamos lá, vamos te ensinar a gritar... – Hermione se virou para bloquear um feitiço que vinha em sua direção, mandando-o para longe, quando topou com algo duro e caiu com força no chão, em cima... de um corpo. Ela soltou uma exclamação e recuou, os olhos vidrados no rosto ensangüentado do rapaz, quando um raio de luz atingiu o lugar aonde sua perna se encontrava no segundo anterior.
- Venha brincar, Granger. Está com medo de mim? – Bellatrix tinha mudado de posição, agora se encontrava mais ou menos de costas para a batalha, bloqueando o caminho de Hermione pra lá. A garota levantou-se com agilidade e resolveu correr pro lado oposto; havia um depósito mais adiante na propriedade dos Malfoy e uma sebe alta rodeando os limites do terreno, separando-o da floresta mais densa aos fundos. Hermione correu para lá, tentando visualizar aonde poderia se esconder, quando um feitiço atingiu-a com força nas costelas e ela perdeu o ar; voou para frente e raspou o rosto e o tórax na grama úmida enquanto escorregava; seus músculos protestaram quando ela tentou se levantar.
- Peguei você. – Bellatrix tinha quase lhe alcançado; Hermione rolou para o lado para evitar outro feitiço e disparou rapidamente um contra-feitiço contra a comensal. Algo a distraiu e ela não conseguiu evitar, o raio da garota atingiu-a bem no rosto e Bellatrix caiu para trás. Respirando com dificuldade a grifinória se sentou, examinando a perna raspada. Conjurou ataduras com a mão boa que se enrolaram nos machucados, e depois enfaixou a mão esquerda, cujos dedos pareciam quebrados.
- Você está morta! – Ouviu Bellatrix praguejar enquanto se recuperava de ter sido atingida diretamente no rosto, e levantou-se, meio trêmula. A comensal tinha se ajoelhado e estava de quatro; sangue pingava de seu rosto para a grama; Hermione apontou a varinha para ela.
- Você fala demais. Estupef – Não chegou a terminar o feitiço, porque Bellatrix agiu mais rápido do que seria humanamente possível, e Hermione sentiu algo como uma faca cega cortar-lhe na altura dos joelhos. Ela gritou de susto e desabou, apertando a varinha com força nos dedos e pronta para contra-atacar, mas a comensal já estava em pé; Chutou a garota no rosto, um ato tão vil (e trouxa) que Hermione não esperava dela; sangue quente espirrou do seu nariz e ela o apalpou com a mão machucada; não teve tempo para se recuperar, e Bellatrix já tinha lhe acertado de novo, desta vez no quadril. Hermione soltou uma exclamação muda e caiu de lado, os olhos arregalados de dor. Apertou o rosto contra a grama, mas ficar naquela posição era terrivelmente ruim para ela; arriscou outro contra-feitiço, mas a comensal o repeliu.
- Sua menininha estúpida. – Ela rosnou, e havia uma ferocidade indigna em suas palavras; Hermione ergueu o rosto e a encarou; Bellatrix também sangrava no nariz e lábios, e parte de seus cabelos negros e espessos estava queimado.
- Você acha que sabe lutar? – No momento que a mulher se abaixou, seja pro que quer que fosse, Hermione impulsionou o tronco para frente e agarrou-lhe os cabelos, puxando o rosto de Bellatrix para baixo. Ela gritou de ódio e fez o mesmo com a garota, e por um instante elas lutaram como trouxas, puxando os cabelos uma da outra como que medindo forças, até que a comensal tombou o corpo para o lado e jogou Hermione por cima dela; a garota escorregou e caiu de costas no chão, o pouco fôlego que lhe restava escapando. Tentou rolar para longe de Bellatrix, mas a mulher já estava de joelhos e agarrou-a pelos cabelos; Hermione ergueu as mãos para lutar contra ela, mas agora estava de bruços e Bellatrix subiu em cima dela, uma perna de cada lado da garota.
- Me solta! – Hermione gritou, a mão que milagrosamente ainda segurava a varinha ergueu-se e disparou uma maldição, mas errou por pouco. Bellatrix segurou seus cabelos com mais força e bateu o rosto dela contra a grama; Hermione sentiu o cheiro fresco do capim se misturar ao de ferrugem de seu sangue, e percebeu que não tinha quebrado o nariz, ainda...
- Volte pra lá, ela é minha! Minha! – Ela apurou os ouvidos para escutar. Podia ouvir a batalha se desenrolando mais ao longe, os gritos e os feitiços ricocheteando no céu iluminado pelas estrelas, e contudo estava ali, o rosto contra a grama, o corpo dominado pelo da comensal, suas chances de viver diminuindo a cada segundo. Fez mais uma tentativa brusca de atingir Bellatrix virando o pulso que portava a varinha, mas ela o repeliu e Hermione sentiu as unhas compridas descerem e pressionarem seu pescoço.
- Sua sangue-ruim nojenta. – Ela sussurrou com desprezo, e foi a percepção de que a mulher estava tão próxima de seu rosto que fez Hermione reagir. Ela ergueu a mão machucada e obrigou os dedos a se mexerem; agarrou o rosto de Bellatrix e arranhou-o com o pouco de unhas que tinha, o máximo de força que conseguiu. A comensal gritou e soltou-lhe os cabelos para apalpar o rosto, deixando Hermione livre para erguer a cabeça e atingir o rosto de Bellatrix bruscamente. Houve um barulho audível de maxilar quebrando e um uivo agudo escapou da comensal, que se desequilibrou; a garota ergueu-se nos braços e empurrou o corpo da outra para o lado, respirando com dificuldade. Hermione não perdeu tempo, ficou de quatro, embora seus joelhos estivessem cortados, e começou a se arrastar para longe. Virou o rosto e o tronco para estupefar Bellatrix, mas a comensal ergueu a varinha na mesma hora. Seu rosto era uma máscara de negro e sangue, o vermelho escorrendo por toda a pele outrora morena, e somente os olhos como a escuridão pareciam visíveis. Os feitiços se colidiram no ar, mas o da comensal era uma maldição; A força do impacto jogou Hermione de costas outra vez, ela sentiu as costelas estalarem horrivelmente e uma coisa quente e viscosa escorria de seu ouvido esquerdo. Ela ergueu-se nos cotovelos, tossindo e se sentindo totalmente desorientada, como se tivesse acabado de desmaiar, e levou a mão boa ao ouvido... seus olhos se arregalaram; havia um buraco com apenas um pedaço do que deveria ser sua orelha esquerda, e o sangue voltou vivamente vermelho em seus dedos trêmulos. Hermione sentiu o pânico tomar conta dela; estava sem equilíbrio, seu tímpano esquerdo tinha sido praticamente explodido, e a dor chegaria como um furacão em alguns segundos... ela tentou conjurar ataduras para envolverem o ferimento, mas suas mãos tremiam tanto que era quase impossível focar no que estava fazendo. Então um esgar horrível ecoou da fumaça e veio se aproximando de Hermione, que sentiu um arrepio gélido e tenso corroer sua espinha, ela gelou de medo... e Bellatrix surgiu da escuridão densa e sobrepôs os gritos de longe; a face dela era assustadora, e seus olhos brilhavam insanamente, querendo sangue. Hermione tentou recuar, mas ainda estava sentada e sem equilibro, e o feitiço da mulher a atingiu com tudo no peito, roubando seu fôlego. Ela caiu para trás, as mãos ensangüentadas apalpando o peito, a varinha caída ao lado do corpo. A dor na orelha finalmente chegou, avassaladora como ela esperava, fazendo-a gritar sem fazer som, apenas a agonia presente em suas expressões. Hermione sentiu vagamente algo pressionar sua coxa com força, e só quando conseguiu abrir os olhos, viu que Bellatrix estava novamente em cima. Um de seus joelhos pressionava a coxa de Hermione, a outra perna no meio das da garota. Ela pressionou a varinha contra a testa da menor e sua outra mão agarrou o pulso machucado dela, fazendo-a gemer involuntariamente. Os olhos castanhos estavam cerrados de dor.
- Eu não estava aqui para fazê-la gritar, Granger, ah se eu tivesse. Eles me contaram, todos disseram que você não gritava, que era orgulhosa demais para isso... – Hermione sentia a respiração quente e rápida de Bellatrix em seu rosto, mas não ousava abrir os olhos. Sua varinha estava embaixo de seu corpo e um dos pulsos imobilizado, a varinha pressionada com cada vez mais força em sua testa. A cabeça parecia que ia explodir.
- Mas você devia apreciar a dor, querida. Você devia aprender, eu vou te dar uma aula... – Hermione juntou toda sua coragem e ergueu a cabeça para cuspir em Bellatrix. Sua testa quase for perfurada pela varinha da outra, que ficou parada por um momento como se não conseguisse acreditar que Hermione tinha feito aquilo. Depois os olhos de Bellatrix faiscaram. A mão que segurava o pulso da garota subiu para seus dedos e os torceu. Os dedos – se não estavam quebrados – estalaram e Hermione ofegou, arqueando a coluna de dor. Não gritou, porém. Seus olhos se arregalaram e as íris castanhas pediram por clemência, mas a dor não cedeu.
- Olhe pra mim, sua sangue-ruim maldita! – Bellatrix acertou-lhe no rosto com um tapa. Depois outro. Hermione sentiu o sangue se acumular em sua garganta e ficou ainda mais difícil respirar. Ela ofegou e contorceu o corpo, procurando um jeito de derrubar a comensal de cima, mas isso só pareceu atiçá-la. Ela pressionou ainda mais o joelho contra a coxa da garota e sua varinha desceu para a bochecha dela.
- Você vai implorar para morrer, Granger. – Ela sussurrou com um ódio e um sadismo pulsantes, e Hermione virou o rosto para o lado para cuspir o sangue que se acumulara em sua boca. Atingiu a mão de Bellatrix que segurava seu pulso, e a mulher recuou como se tivesse sido atingida por ácido.
- Você vai engolir esse sangue imundo! – E ela enfiou com violência os dedos sujos de sangue contra os lábios da menina. Ela mordeu os dedos de Bellatrix.
- Sua louca! Vá pro inferno! – Hermione esbravejou, cuspindo e se sacudindo para tentar se levantar, os olhos castanhos em fúria. Mesmo em posição inferior, mesmo sem chances, ela não ia simplesmente deixar a mulher ditar as regras do jogo. Suas mãos se ergueram e agarraram o rosto da comensal, tentando atingir-lhe os olhos e os ouvidos; tinha que desorienta-la, tirá-la de cima de si e depois correr, de algum jeito, tinha que sair dali, seu ouvido continuava sangrando demais... por um instante pareceu funcionar, a varinha de Bellatrix caiu ao lado de bruxa e ela usava suas forças para tirar as mãos de Hermione de seu rosto enquanto praguejava; ficou momentaneamente desequilibrada e a garota arqueou a coluna para poder empurra-la para o lado. Então finalmente Bellatrix agarrou os pulsos de Hermione e prendeu-os; menina e mulher se encararam por um instante, castanho no negro, e aquele arrepio terrível e inexplicável se espalhou pela espinha de Hermione quando os olhos da comensal faiscaram. Ela pegou a varinha e prendeu os punhos da menina na grama acima de sua cabeça; ela protestou, fazendo força para soltar as mãos, mas então a varinha atravessou a palma de suas mãos, fincando-as ao solo, e Bellatrix ergueu-se triunfante. Um gemido alto escapou da boca da menor enquanto a extensão de seus machucados pesava; ela perdia muito sangue, estava presa pelos punhos e a comensal continuava sobre ela, olhando-a com superioridade. Bellatrix gargalhou, um som agudo e horrendo que parecia ecoar; Hermione nem ouvia mais a batalha, perguntava-se porque ninguém vinha ajudá-la, porque ninguém via uma menina sendo torturada, porque continuava sozinha depois de tudo aquilo?
Bellatrix segurou seu queixo com as unhas pontudas, fazendo o sangue vazar da boca da garota enquanto seus lábios formavam um bico.
- Você dificultou as coisas, an? Poderia estar morta há horas, mas você quis mostrar que sabia lutar, que algum dia pudera lutar comigo... – Bellatrix pressionou-a ainda mais forte, suas unhas perfurando a pele alva. Seu rosto estava muito inclinado agora, os lábios dela quase chegavam aos de Hermione.
- Agora eu quero me divertir. Eu vou fazê-la gritar, Granger. – E foi com crescente horror que Hermione sentiu a boca de Bellatrix deslizar por seu rosto e pescoço, deixando mais uma trilha de sangue por sua pele. O arrepio outra vez a fez arquear a coluna, mas Bellatrix tomou aquilo como um incentivo e começou a deslizar seu corpo para baixo. Agora estava com os dois joelhos entre as pernas de Hermione, que tinha os olhos arregalados, mas parecia incapaz de falar.
- Não... – As unhas da comensal rasgaram sua blusa e expuseram a lingerie. Hermione começou a tremer, mas as mãos dela já desciam para sua barriga, arranhando a pele.
- Pare com isso! – Ela gritou, porque o arrepio tornara-se freqüente e seu corpo tremia cada vez mais, mas as mãos da comensal continuaram descendo e enfim chegaram a calça. Bellatrix ergueu os olhos negros e um sorriso medonho brincou em seus lábios vermelhos.
- Nunca fez isso, não é garota? – Nesse momento, os olhos castanhos queriam saltar das órbitas e seu corpo estava enrijecido como pedra quando sua calça foi abaixada.
- Não! Por favor, não – Hermione suplicou; não tinha mais alternativa, agora tremia descontroladamente e sabia o que a mulher ia fazer, mas não podia deixá-la, tinha que fugir... ela forçou as mãos que estavam presas pela varinha da comensal, tentando rasga-las, tentando se libertar, mas nesse momento Bellatrix abaixou sua calcinha e todo o corpo de Hermione gritou NÃO!. As pernas tentaram se fechar, mas a comensal agarrou suas coxas e forçou-as a ficarem abertas; ela estudou o intimo da menor como se fosse algo raro e curioso. Um sorriso malicioso desenhou seus lábios quando Hermione começou a suplicar.
- Por favor, não faça isso, me mate logo, por favor! – A garota engoliu em seco quando os dedos da comensal pressionaram seu clitóris.
- Eu não estou ouvindo você gritar, Granger. – Bellatrix gargalhou; o corpo de Hermione não estava preparado, ela estava dura e não havia lubrificação alguma, aquilo não podia acontecer, era contra tudo... Hermione gritou. O dedo da comensal estava dentro de sua vagina, aquilo machucava e doía e Hermione gritou, um grito desesperado e terrível, um grito de súplica. Ainda podia ouvi-la gargalhar enquanto todo seu corpo se contorcia e quando Bellatrix colocou outro dedo; Hermione sentiu que um crucio seria preferível, aquilo ia muito além, a comensal tirara sua inocência e sua essência, ela violara a menor do jeito mais repugnante possível, e Hermione ainda gritava quando sentiu os dedos dela em sua boca, e havia sangue e lágrimas e um líquido nojento e a escuridão, porque estava tão escuro? Gritos, dor e sangue, e agora havia também a vergonha, o ódio... ela queria esquecer, tinha que esquecer... e Bellatrix foi tirada de cima dela, alguém chegara, alguém viera, mas Bellatrix tirara uma coisa que ela nunca ia recuperar de volta, não havia mais silêncio, não havia mais inocência. ''
Ok, é isso. Forte? Comentem.