N.A.: Pois é, cá estou eu com o CAPÍTULO FINAL dessa fic.

Gente, quero agradecer TODO MUNDO que mandou review, colocou no alerta e ficou comigo até aqui.

Penso em fazer um Epílogo, mas não sei ainda... vamos ver.

Agradecendo: Cora, Lady e Ludq, que comentaram no último capítulo. Vocês são divas demais!

OBRIGADA TODO MUNDO QUE FICOU AQUI ATÉ AGORA. AMO TODOS VOCÊS.

Nada disso me pertence, apenas o plot e as originais.

Boa leitura, povo!


Capítulo 14

Não era um grito, era um urro de dor. Era um desesperado e cortante urro de dor. Daryl engoliu em seco e sentiu todo seu corpo tremer, como se não conseguisse se controlar. Era inevitável. Era impossível que controlasse tudo que sentia. Via vermelho. Via sangue. Queria matar todos que levaram October para aquele lugar, queria ter certeza de que mais ninguém tocaria nela. Em nenhuma mulher.

Fora difícil chegar até ali. O sol nascendo provinha pouca luz, já não tinham lanternas, e Daryl apenas seguiu seus instintos. E eles estavam certos. Um velho posto de gasolina abandonado. Os homens guardavam um galpão ao fundo, de onde agora todos eles ouviam gritos. Rick parou ao lado de Daryl, vendo dois homens na frente do galpão, mas vendo mais alguns na frente dos pequenos caminhões e carros que tinham.

"Contei oito."

"Nove."

Glenn disse sombriamente olhando para o galpão, de onde tinham escutado os gritos. Maggie estava parada ao lado deles, olhando para todos os lados, tendo certeza de que não vinha ninguém por trás, pega-los de surpresa. Sabia que o grito que ouvira era de Tobe, e não queria imaginar o que estaria acontecendo com ela. Não queria pensar no que eles poderiam estar fazendo para que ela gritasse daquele jeito.

Por alguns segundos todos apenas escutaram, apenas percebendo o terreno, quantos inimigos, se havia algum errante. Daryl abaixou-se, olhando para os lados e vendo dois homens mais próximos. Fechou os olhos, diminuiu a respiração, acalmou seu coração e começou a escutar o que eles falavam.

"O Chefe sabe o que está fazendo, ele não vai mata-la. Ele sabe que a gente quer se divertir."

"Mas e se ele ferrar tudo nela?"

"Bom, da última vez ele quase a matou, mas acho que agora ele vai deixar pra gente… um pedaço dela ao menos."

Com a risada dos homens, Daryl abriu os olhos. Rick, que observava-o, viu que algo dentro de Daryl mudara. Ele já não tinha a caça dentro de si, ele tinha a morte. Rick já vira Daryl bravo, triste e alegre. Mas o que via ali era assustador. O que via ali era simplesmente a morte. Ele não ligaria para nada, ele apenas queria matar. E ele o faria.

"Daryl?" A voz de Glenn era apenas um sussurro. "Por onde vamos?"

Todos olharam-no, mas ele apenas olhava Rick.

"Daryl?"

"Cerquem a esquerda. Vamos por aqui."

Rick foi quem deu as ordens, ele sabia que Daryl não estava em condições de falar. E então, saíram do esconderijo. Não era um plano infalível, mas dera certo. Os homens, nenhum deles, estava esperando pelo ataque. As armas estavam abaixadas e algumas travadas. Os tiros foram certeiros e mataram as pessoas quase que na hora.

Porém, estavam em desvantagem. Alguns dos homens do Chefe ainda conseguiram atirar, apesar de que foram abatidos logo após alguns tiros. Daryl corria na direção do galpão quando algo o fez cair. Balançou a cabeça, o arco preso em seu braço esquerdo. Olhou o ombro direito, de onde sentira a leve pressão que o fizera ir ao chão. Vermelho. Algo havia machucado-o.

Viu Rick aproximar-se e olhou-o sem entender bem. Mas levantou-se. Pouco importava o que aquilo era. O galpão era seu objetivo. O ombro latejava, deveria ter levado um tiro, mas se apenas a ardência o incomodava, significava que a bala havia atravessado, o que era melhor.

Com o pé abriu a porta do galpão, a besta levantada e a cena que se colocava diante de seus olhos pareceu deixa-lo ainda mais insano. O sol brilhava forte e agora iluminava o ambiente. Parecia um pequeno quarto individual, algo como um escritório refeito para ser um quarto. October estava amarrada a cama, desacordada. Sangue escorria de cortes feitos nas coxas, na barriga, nos braços, um no rosto. Daryl via que ela estava sem camiseta, sem sutiã, que a calça fora cortada no meio, expondo-a.

Olhou para o homem que estava do outro lado da cama, a arma apontada para a cabeça de October. Rick, Glenn e Maggie entraram no galpão. Maggie virou o rosto, não querendo ver Tober daquele jeito, e ficou de guarda do lado de fora. Sabia que os rapazes dariam conta de um só homem. E então começou a ouvir a comoção do lado de dentro. Ficou ao lado da porta, apenas esperando para ver quem sairia dali e se alguém mais apareceria pelo grande pátio do posto.

Glenn registrou apenas um leve movimento de Daryl. Em um segundo o homem que estava pelado, apontando a arma para a cabeça de October, tinha uma flecha no ombro esquerdo, a mão da arma, e caia de joelhos, urrando de dor. E então Daryl pulava a cama, chegando até ele. Os barulhos de ossos contra ossos já o estava deixando nauseado. O barulho de ossos quebrando, de sangue escorrendo e morte eram fortes. Ajudou Rick a desatar October da cama, enrolando-a no lençol, puxando-a e ajudando o Xerife a leva-la para fora. Queria que ela abrisse os olhos, sorrisse para ele. Ela era como sua irmã, sua melhor amiga, não poderia perde-la, não para aquilo, não agora.

Daryl pulara a cama em um salto, pouco importando-se com o ombro perfurado pela bala. Soltou a besta no chão e partiu para cima do homem. Enquanto uma mão segurava-o pelo cabelo, a outra fechava-se em punho e começava a acertá-lo. Já não via mais nada. Apenas sentia sangue escorrer pelo ferimento, a dor de seus dedos entrando em contato com carne, ossos, dentes. Pouco importou-se. Mataria aquele desgraçado. Ele havia tocado novamente em October. Ele a fizera sangrar novamente. Aquilo não passaria.

Entretanto, Daryl sentiu o corpo que segurava ficar mole. Soltou-o. Olhou para ver o que restara, e sabia que ele estava morto. Não haveria como alguém sobreviver ao estrago que fizera. Não havia mais rosto, não havia mais nada. Abaixou-se, sentindo a pulsação. Não havia nenhuma. Levantou-se, tendo noção de que nenhum deles estava ali dentro, mas Maggie olhava-o da porta do galpão, o rosto sério. Viu-a assentir, chamando-o para fora.

Quando Rick viu que Daryl havia saído do galpão, aproximou o carro da entrada e esperou que ele e Maggie entrassem na parte de trás, Daryl olhando para October de forma temerosa.

"Ela está viva, Daryl. Ela… apenas foi cortada."

Daryl não pareceu escutar e mais ninguém tentou falar com ele. Rick começou a dirigir de volta. Glenn e Maggie trocaram um leve olhar. Mas Daryl sentara-se e colocara a cabeça de October em seu colo. Seus olhos analisavam o rosto manchado de sangue dela. Levou a mão até o corte, sentindo seu ombro doer fortemente. Olhou-o, vendo o pequeno buraco da bala, de onde vertia sangue. Sabia que teria que fechar aquilo, não poderia se dar ao luxo de perder sangue.

Seus olhos claros seguiram para o rosto de Tobe, vendo a boca dela machucada. Não queria pensar no que havia acontecido com ela. Não queria pensar no que eles fizeram. Apenas queria pensar que ela estava ali, que ele poderia defendê-la e protegê-la o resto da vida. Tudo ficaria bem. Ele garantiria.


Tinha gosto de sangue na boca. Engoliu duas vezes antes de conseguir sentir que na verdade, havia algo errado com sua língua. Abriu os olhos, observando um teto claro descascado. Moveu-se, sentindo alguns músculos protestarem. E então tudo voltou a sua mente como um turbilhão. Chefe, seu grupo, tiros. Sentou-se rapidamente e lembrou. Lembrou que quando começara a ouvir tiros e gritos, sorriu para Chefe, avisando-o de que o caipira dela estava vindo resgatá-la. E então sua mente havia desligado sozinha. Passara horas demais gritando, com dor, fazendo seu corpo aguentar o máximo que pudera. Mas aguentara, pois ela sabia que Daryl a encontraria. Chefe não havia conseguido fazer mais nada com ela, apenas corta-la.

Tobe sentia que tudo doía, que qualquer coisa que fizesse fosse rasgar seus músculos. Mas precisava acha-lo. Precisava ver seu rosto. Precisava saber que ele havia matado Chefe. Tentou sair da cama, mas não havia muita luz e preferiu tentar encontrar alguma fonte de luz perto de si. Olhou pelo quarto e então viu. Havia alguém sentado em uma poltrona de costas para a janela, que deixava a luz da lua entrar fortemente.

"Daryl?"

Ele não respondeu. Tobe sabia que algo estava errado, mas não importou-se. Saiu da cama, quase caindo de dor nas pernas e sentou no colo dele, como um criança aninhando-se no pai. Beijou o pescoço dele, ouvindo-o gemer de dor ao pressionar o ombro dele.

"O que houve? O que aconteceu?"

Daryl segurou o rosto dela por entre suas mãos. Sua mão direita enfaixada, com pontos e machucados. Não via tão bem, mas ao menos a via, era o suficiente por agora. Mirou-a atentamente. Contaria o que fizera. Não saberia qual seria a reação dela, mas precisava contar. Puxou o rosto dela ainda mais para a luz.

"Eu o matei. Bati até que não restasse nada do rosto dele. Até que ele estivesse morto."

Viu-a engolir em seco. A vila estava tão quieta que Daryl ouvia o coração dela, ouvia a respiração curta e acelerada. Via o modo como ela o mirava atenta. Esperou. E então a boca dela estava colada a sua, devagar.

"Ele não…" A voz dela era baixa contra seus lábios. "Ele não conseguiu… dessa vez ele não…"

Beijou-a de novo. Já sabia disso. Hershel havia lhe dito de que ela não fora violentada daquela vez, não sexualmente, ao menos. Mas precisava ouvir dela. Precisava ouvir da boca dela que não havia acontecido nada. Apertou-a contra si. October nunca mais sairia de seus braços. A merda do apocalipse teria que vir com mais força, ele não deixaria nada acontecer com ela.

"Eu te amo, Daryl."

Sorriu enquanto apertava-a contra si e acariciava seus cabelos.

"Te amo."

Ela suspirou contra si e Daryl sabia que era o fim. Era o fim do mundo, e nada poderiam fazer, apenas buscar um pouco de paz, onde fosse, e esperar pelo fim inevitável.

Fim.