Nada como o Halloween

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Eu juro que eu tento ser um cara paciente e compreensível, mas às vezes não tem como, eu realmente fico puto da vida com a Lily. Todo santo dia, ela parece que para me evitar escolhe se sentar com uma de suas amigas bem longe de mim para o café-da-manhã. Eu sei que ela tem algum tipo de pudor que a impede de simplesmente sentar-se ao meu lado, mas cara, eu disse para ela ontem com todas as letras que por mim ela se sentaria todos os dias ao meu lado. Será que sou sempre eu que tenho que ficar indo atrás dela?

- Bom, se você vai ficar aí emburrado... – Almofadinhas deu um peteleco sobre um dos guardanapos fazendo com que fosse bater em meu braço. – eu vou lá me sentar com sua ruiva hoje.

Terminei de comer meu pão ainda de péssimo humor enquanto assistia Sirius tentar uma conversa com Marlene e Lily. Sem ter muito que fazer fui para a aula de transfigurações e me sentei no fundo na sala, meu lugar por sete anos. Nada de ficar mudando de cadeira para ficar perto dela hoje.

- Que foi, cara? - Sirius me perguntou assim que se sentou ao meu lado. Percebi que ele entrou junto de Lily e Marlene.

- O de sempre. – falei mal humorado.

- Lily?- ele fez uma cara de incompreensão. – Deixa disso, Pontas, ela já foi um problema, agora está completamente na sua.

- Às vezes não parece. – eu estava mesmo irritado.

- Fique olhando para elas. – ele apontou para a cadeira da primeira, na fileira do meio, onde estavam sentadas Lily e Marlene. – Aposto que a ruiva olha mais vezes para cá do que Marlene.

- Aposta aceita, caro amigo!- dei meio sorriso a ele e apertamos a mão. Estávamos ferrados, esta era a verdade.

- Não. – eu disse a Madame Rosmerta. – O combinado era apenas as bebidas, Sirius vai pagar pela comida que consumiu.

Ela olhou para meu amigo que a esta altura cantava o hino de Hogwarts e então olhou para mim novamente. Peguei meus galeões em meu bolso, sempre sobrava para mim mesmo, e paguei a conta inteira a ela.

Como podem ter percebido perdi minha aposta e matamos a aula de Herbologia à tarde para vir clandestinamente a Hogsmead. Lily olhara quatro vezes para trás contra duas de Marlene, claro que tentei argumentar que minha garota havia deixado sua pena cair por duas vezes, mas Sirius jura que foi proposital. Era uma injustiça, eu deveria saber desde o inicio que ele ganharia, Marlene já está acostumada com estes joguinhos desde o quinto ano. Lily ainda era inocente a ponto achar que não estaríamos observando calculosamente.

É claro que quando ela veio até a minha cadeira, um pouco enrubescida e sem jeito no fim da aula, eu já havia me esquecido de minha irritação do inicio do dia. Na verdade, eu sempre me culpava por ter ficado puto com ela, sabe, aquele cabelo, com aqueles olhos, e aquela voz falando meu nome timidamente. Era claro que eu poderia poupá-la amanhã e ir atrás dela assim que ela fugisse de mim como de costume.

- Oi, Lil. – eu tinha dito, enquanto me levantava. Almofadinhas deu duas batinhas em minhas costas e disse que me esperaria perto da "olho só", que eu já sabia ser a estatua da bruxa com um olho só. – Voltou a falar com suas amigas, então.

- É. – ela riu, aparentemente feliz por eu ter começado um assunto. – Você sabe, elas não saberiam viver sem mim.

Eu ri. Passei meu braço sobre seu ombro e beijei sua cabeça.

-Este é um grande problema. – eu disse conduzindo ela para fora da sala. – Elas te sobrecarregam.

- Olha quem fala...- ela me disse displicente. – o garoto que marca encontro com os melhores amigos através de códigos.

Já disse que era muito inteligente? E linda, claro. Divertida também. Definitivamente cheirosa.

- Que se dane todos eles. – eu disse rindo alto. – Vamos almoçar comigo hoje.

Não sei se fiz a coisa certa ao levar Sirius bêbado para Hogwarts. Essa coisa de Marlene querer dar uma lição em Sirius aceitando o convite de outro cara estava acabando com ele. Eu digo não importa o tamanho do ego de cara, uma garota pode leva-lo ao fundo do posso do dia para a noite. Falo, claro, por experiência própria.

Almofadinhas pode mesmo ser uma pessoa difícil, eu bem sei. Acontece que desta vez ele estava cheio de razão, Marlene tem um ciúmes descabido de meu amigo, e já houve época em que ela estaria certa, mas hoje ele costuma fugir das garotas que não ela. A última briga aconteceu porque ele sumiu durante as noites de lua cheia e voltava sempre acabado no dia seguinte. Claro, que ele não poderia simplesmente falar que tem um amigo lobisomem, Remus nos mataria, e ela já deveria ter se acostumado, quero dizer de 28 em 28 dias, sumimos à noite mesmo.

Não dá pra dizer que a vida de meu amigo seja desprovida de dramas. Ele já sofreu bastante em seus 17 anos, só o fato de ter sido expulso de casa pela própria mãe traumatizaria qualquer adolescente. Ele até que se sai bem enquanto está sóbrio. Mas o álcool, eu sabia que era uma péssima ideia o uísque de fogo, depois da euforia inicial, sempre vinha o momento depressivo.

- Sabe qual o problema, Pontas? – ele falou tudo disso de forma bem enrolada. Estávamos em nosso dormitório. – Eu amo aquela mulher, cara, e ela vai sair com outro.

- É cara, eu sei. – bati duas vezes em suas costas, antes de simplesmente empurrá-lo para que ele caísse sobre a própria cama. – Espere aí quieto, ok? Vou ver se consigo achar Remus para ficar aqui com você.

Desci as escadas e procurei um dos marotos, mas não havia sinal de Remus e Peter. No entanto, meu olhar parou em Lily sentada num canto, aparentemente estudando. Ela me viu encarando-a e sorriu pra mim. Não havia outro jeito teria que ser ela.

- Lil... – eu disse devagar. – vou te pedir um favor desses enormes e impagáveis.

Acho que ela percebeu meu tom urgente, tanto que prontamente se ergueu e fechou seu livro.

- Fique lá em cima, no dormitório masculino, com Sirius. – ela arregalou os olhos sem entender. – ele está bêbado, não ouça o que ele falar, mas mantenho-o lá, eu já volto, o resto do time deve estar me esperando para o treino.

-Tudo bem. – ela disse passando por mim em direção as escadas.

Quando voltei Sirius dormia e Lily estava sentada sobre minha cama com o porta retrato que tenho em minha cabeceira em mãos. Aparentemente tudo tinha ocorrido bem em minha ausência. Sentei-me ao lado dela, em minha cama, e ela finalmente me percebeu.

- São seus pais. – não era uma pergunta, ela afirmava.

-Minha mãe sempre diz durante as férias. – eu ri pegando o porta-retrato das mãos dela e colocando novamente na cabeceira. – É para você jamais esquecer que tem uma mãe e um pai.- fiz uma pausa, a mesma que minha mãe fazia. – e que eles estarão em casa te esperando para falar a respeito de cada detenção que receber durante as aulas.

Ela sorriu. Eu sorri de volta.

- Eu sempre os vejo. – ela me disse, e eu fiquei sem entender. – Quando voltamos para casa, eu os vejo na estação.

- Ah sim. Você precisa os conhecer, são pessoas menos normais do que eu. – falei pensando nos conselhos que meu pai me dera quando Sirius dissera que eu estava apaixonado por uma ruiva. Nada que valesse a pena, com certeza.

- Impossível! – ela riu.

Olhei para Sirius e voltei a olhar para ela novamente. – Obrigado, você sabe já ganhamos uma detenção para domingo, se ele recebesse outra perderia a festa de Halloween

- Por falar em festa...- ela se levantou. – preciso ir encontrar Alice, ela está quicando com a proximidade da festa e a dificuldade de achar uma banda.

- Alice estaria quicando mesmo que já estivesse tudo pronto. – eu me levantei e a acompanhei até a porta.

Minha vontade era beijá-la bem ali, mas eu queria fazer as coisas da forma certa. Não com um amigo bêbado dormindo ao lado , e não correndo porque ela tinha de encontrar a amiga. Tinha planejado tudo para o Halloween e era por isso que eu estava tão ansioso e agitado.

Nota da autora:

Oi gente! Tudo bem? Eu sei que demorei um pouco mais do que o de costume, mas eu estive ocupada e doente durante o fim de semana, então, perdoem-me, por favor.

Espero que tenham gostado da narrativa de James e desculpe pelo palavrão, os garotos às vezes não sabem expressar suas emoções de outra forma.

Um beijo enorme e muito obrigada

Ju

p.s. Responderei aos comentários agora e quem puder, por favor, me faça feliz e comente!