More Than Words
By Little0Bird
Traduzida por Serena Bluemoon
Tradução autorizada pela autora!
Disclaimer: A Autora, Little0bird, não possui Harry Potter, apenas o plot desta fanfiction. A tradutora, Serena Bluemoon, não possui nem o plot, nem Harry Potter, apenas o trabalho de traduzir. Nenhuma das supracitadas ganha qualquer coisa além de satisfação pessoal e comentários.
Avisos:
1) Vou tentar manter a maioria das traduções dos livros, mas uma coisa ou outra eu vou manter no original. Qualquer dúvida quanto aos termos originais, só perguntar.
2) Vou manter os títulos dos capítulos no original, por que gosto mais deles assim. Se quiserem que eu comece a traduzi-los, é só pedir.
3) Nomes mantidos no original, por que é o tipo de coisa que não se traduz. Não souber quem é pelo nome original, só perguntar.
4) Essa fic tem várias partes que não dependem, necessariamente, da outra. Se quiser manter a ordem, esta se encontra no meu perfil.
5) Essa fanfiction ainda está em andamento, então nem sempre a frequência de atualizações dependem de mim.
Espero que gostem, e comentem.
Capítulo Um
Brand New Day
Ginny olhou ao redor do Salão Principal com curioso desinteresse. Era sua última noite como uma aluna de Hogwarts, e não parecia real. Primeiro por que o banquete de final de ano realmente era um banquete e não um funeral. Os últimos quatro anos tinham sido como um pesadelo, difíceis por várias mortes: Cedric, Sirius, Dumbledore... E, então, a batalha...
Esse ano parecia que os alunos suspiraram em alívio todos juntos. Exceto pelas pancadas e hematomas de Quadribol, explosões nas aulas de Poções ou Feitiços, ou um corte aleatório de um Tronquilho, o ano tinha sido relativamente calmo.
Estava tão barulhento quanto Ginny se lembrava de seu segundo ano. Um grupo de garotos gritou da mesa de Lufa-Lufa e Ginny notou McGonagall os estudando com uma expressão estranha e desejosa no rosto, antes de um raro sorriso curvar seus lábios. McGonagall girou o vinho em sua taça, vendo os fantasmas de alunos anteriores e amigos há muito perdidos, antes de fazer um brinde solitário ao único que conseguia ver, antes de tomar todo o conteúdo de sua taça.
Hermione se espreguiçou languidamente, pela primeira vez sem estar cercada por todos os livros que parecia carregar o tempo todo.
- Charlie já respondeu? – ela perguntou a Ginny.
- Hmmm? – Ginny desviou os olhos da Diretora e olhou levemente confusa para Hermione. – Disse algo?
Hermione girou os olhos.
- Charlie já te respondeu?
- Oh. Sim. Mas ele pareceu um pouco estranho. – Ginny refletiu.
- Como sabe? – Hermione perguntou. As curtas cartas de Charlie eram quase legendárias.
Os olhos de Ginny se arregalaram.
- Ele disse algo sobre jantarmos com uma amiga. – afastou seu prato e descansou os braços cruzados sobre a mesa. – George disse algo sobre uma bruxa da reserva, mas achei que ele estava querendo zombar da gente.
- Pode ser apenas uma amiga. – Hermione observou, brincando com uma colher.
- Pode ser. – Ginny cedeu. – Mas ele é meio solitário fora da família. Ele deve gostar dela ou algo assim.
Demelza se sentou ao lado de Ginny.
- Certo. – ofegou animadamente. – Você tem que me contar tudo sobre seus testes com Holyhead.
Ginny franziu um pouco o cenho.
- Você não tem um teste com Kenmare?
Demelza balançou a cabeça.
- Não deu em nada. – disse com um dar de ombros. – Eles assinaram com um artilheiro reserva com mais experiência.
- Azar o deles, então. – Ginny torceu o nariz.
Demelza dispensou a raiva de Ginny em seu favor.
- Está tudo bem. Não tenho certeza se quero jogar profissionalmente.
- Você tem alguma outra coisa planejada? – Hermione perguntou.
- Eu me candidatei a uma vaga da Qual Vassoura. Sou a assistente do assistente de alguém. Revejo os anúncios, ajeito sua agenda, pego chá... A posição básica de novato. – pegou uma maçã. – Eventualmente, quero testar as vassouras que tentam vender para os times de Quadribol e fazer as análises.
- Eles recebem muito disso? – Hermione perguntou curiosamente.
- Você ficaria surpresa. – Demelza respondeu, polindo a maçã na manga. – Menos da metade de tudo o que é testado acaba nos Artigos de Qualidade de Quadribol. A maioria do que é testado, vai na versão que mandamos para os times de Quadribol. – falou com tom de conhecimento.
- Por quê? – Hermione perguntou inexpressivamente. Quadribol era algo que ela meramente tolerava.
- Por que...? – Ginny incentivou.
- Por que há uma versão diferente para os times de Quadribol?
Demelza riu em meio a uma mordida da maçã.
- A maioria dos times fornece as vassouras para seus jogadores. Os produtores das vassouras fazem versões diferentes de casa vassouras para cada posição. As vassouras dos Apanhadores são um pouco mais estáveis do que, digamos, as dos Batedores, que precisam aguentar o maior peso deles. Os punhais das vassouras dos Artilheiros são um pouco mais largos. A velocidade é mais ou menos igual para todas, mas as vassouras dos Artilheiros e dos Apanhadores são um pouco mais rápidas do que as outras. – Hermione piscou perante essa chuva de informações. Demelza riu, deleitada em finalmente ser capaz de despejar mais informações sobre qualquer coisa que Hermione. – E, então, há as vassouras que são vendidas para o uso geral, como as da escola. Vassouras de corrida. Vassouras para viagens de longa distância...
- Eu não tinha ideia. – Hermione disse fracamente. Ela nunca olhara para a Qual Vassoura por mais que um segundo ou dois quando Ron a enfiava em sua cara, mostrando as vantagens da Cleansweep ao invés de uma Comet. Sendo capaz de viajar com os métodos trouxas usuais, assim como Aparatação, tinha, de algum modo, limitado o conhecimento de Hermione nos outros meios de viagem mágicos. Sabia que vassouras eram usadas para transporte, tendo usado uma para voar de Londres até A Toca há dois anos, mas as várias alternativas eram um tópico desconhecido para ela até agora.
- Uau. – os olhos de Ginny se arregalaram de modo teatral. – Finalmente encontramos algo que Hermione não sabe nada. – falou para Demelza em uma voz apressada.
- Há-há. – Hermione entoou sarcasticamente. Olhou ao redor do Salão Principal demoradamente. O jantar tinha terminado, e seus pratos foram substituídos por bandejas de biscoitos e jarras de chá e chocolate. Parecia que as celebrações iam durar mais um pouco. Os alunos mais novos se moviam pelas mesas, não mais se sentindo presos a se sentarem em suas respectivas casas. Duas pequenas garotas de Lufa-Lufa arrastaram um garoto Sonserino de aparência surpresa para fora da mesa dele e o arrastaram até a mesa de Corvinal, onde um aluno do terceiro ano tirou um tabuleiro de xadrez das vestes. Alguns alunos de Grifinória pegaram várias cartas de Snap Explosivo e as distribuíram pelas mesas de Lufa-Lufa e Corvinal. Alguns Sonserinos se juntavam a outras mesas, mas como o primeiro, apenas quando incentivados por outro estudante. Eles pareciam não saber o que fazer consigo mesmos. Hannah foi em direção delas e pegou um punhado de biscoitos, antes de sentar de frente a Hermione. Ginny gesticulou para Luna se juntar a elas, mas a loira estava cercada por alunos do primeiro ano, que ouviam suas histórias com os olhos arregalados.
- Você percebeu que passamos quase metade de nossas vidas aqui? – Hannah perguntou distraidamente, se servindo de uma xícara de chá. – Passei mais tempo aqui do que com meu pai.
- Eu acho que é deliberado. – Demelza adicionou.
- Oh? – Ginny pegou o bule de chá de Demelza.
- Bem, pense nisso. Quando sairmos daqui amanhã, a maioria de nós vai começar a morar sozinho, longe de suas famílias. – Demelza disse, com um indicar de cabeça na direção de Ginny. – Tivemos que tomar nossas próprias decisões desde os onze anos, praticamente, e aí lidar com as consequências.
Hermione ficou sentada em silêncio, aceitando a xícara de chá que Ginny lhe ofereceu, e a prendeu entre suas mãos pensativamente. Não tinha pensado muito sobre moradia para depois da escola, assumindo que ia morar em Oxford com seus pais por alguns meses, enquanto se acostumava com o trabalho no Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, no Serviço de Suporte aos Lobisomens. Hermione queria uma pausa de ser adulta, mesmo que isso significasse que tinha que dormir no seu quarto de infância por mais um tempo.
- Mal posso esperar. – Ginny declarou. – Finalmente vou ter um espaço para chamar de meu.
Demelza balançou a cabeça.
- Você é maluca. – afirmou. – Jogar Quadribol profissionalmente... Não é a vida mais fácil para as pessoas sem um sistema de apoio em casa. – sua cabeça se inclinou para o lado, enquanto enrolava uma mecha de cabelo no dedo e estudava Ginny. – Mas achei que você soubesse disso.
- Como isso é diferente do que fazemos agora? – Ginny desafiou. – E daí que você treina quatro dias por semana. – disse com um dar de ombros. – Não é muito diferente do que fazemos agora.
- Não o dia todo. – Hermione murmurou.
- Não se esqueça... As ligas profissionais jogam três vezes por mês, de setembro até junho. – Demelza lembrou Ginny. – Nós só jogamos três jogos em nove meses.
- E nós temos alguém para fazer nossas refeições e lavar nossas roupas. Arrumar nossas camas. – Hannah adicionou.
- Pfft. – Ginny dispensou as preocupações delas. – É. Oi. Podemos usar magia.
Hermione estudou Ginny com uma expressão neutra no rosto.
- Eu pensaria que a perspectiva de morar sozinha desse jeito pudesse ser um pouco... Bem, assustador...
Ginny balançou a cabeça. Apontou para Hermione e depois para Hannah.
- Nenhuma de vocês tem irmãos ou irmãs. – afirmou, então voltou sua atenção para Demelza. – E você é a mais velha. Nenhuma de vocês tem ideia do que é constantemente ter alguém nas suas costas. Pela primeira vez na minha vida, vou ser capaz de tomar minhas próprias decisões sem ter de justificá-las para alguém que não seja eu.
- Independente de quem essas decisões podem afetar, hmmm? – Hermione perguntou.
Ginny pareceu um pouco culpada.
- Harry vai entender. – murmurou.
- Tem certeza? – Hermione insistiu. Ginny focou os olhos na xícara a sua frente e encolheu um ombro em resposta.
- Você sabe como é a vida de um jogador profissional, certo, Ginny? – Demelza perguntou quietamente.
- É claro que sei. – Ginny repreendeu um pouco aborrecida. – Treinos de seis a oito horas por dia, quatro dias por semanas, aí o jogo. E treinar de cinco a seis dias por semana quando você não tem jogo na semana. E o treinamento fora da temporada. E?
- Você quer se casar, ter uma família? – Hannah interpôs.
- Eventualmente.
- Então, você sabe que a maioria dos jogadores profissionais raramente se casa ou tem filhos. Especialmente as mulheres. – Demelza disse. – Ou param de jogar no auge.
Ginny suspirou impacientemente.
- Sim, eu sei. Mas não tenho nem dezoito. Eu não tenho que pensar nessas coisas ainda. – pegou um biscoito e o quebrou na metade. – E eu sei que é uma vida difícil, especialmente para mulheres. Eu leio o Profeta e a maioria das jogadoras femininas é vista com desconfiança, ou acham que são imorais. E uma das razões principais para eu ter escolhido assinar com as Harpies é que elas raramente estão no jornal ou na Quadribol Trimestral por qualquer motivo que não sejam os jogos. – mordeu uma ponta do biscoito. – Por que as pessoas insistem em me tratar como se eu não soubesse o que quero?
- Ninguém está fazendo isso, Ginny. – Hermione tranquilizou.
- Ótimo. – Ginny suspirou. – Agora comecem a me tratar desse modo. – deixou os ombros caírem um pouco. – Eu não vejo ninguém questionando vocês por suas decisões...
- Muito justo. – Hermione murmurou, ciente de que trabalhar no Serviço de Suporte aos Lobisomens não era exatamente uma escolha de carreira que a deixaria em bons lençóis na comunidade bruxa. A maioria dos bruxos e bruxas acharia que ela não sabia o que queria, também.
-x-
A maioria dos outros alunos já tinham se recolhido, e apenas alguns alunos do sétimo ano ficaram para trás, sabendo que haveria pouco tempo para despedidas prolongadas no dia seguinte. Uma por uma, Demelza, Hannah e Hermione tinham ido para o dormitório para terminar de guardar suas coisas e ir dormir. Luna pulou levemente até a mesa onde Ginny estava sentada, olhando para dentro de uma xícara de chá.
- Tentando ler as folhas de chá? – Luna perguntou.
Ginny balançou a cabeça.
- Quando você vai? – ela perguntou.
- Em duas semanas. – Luna apoiou a cabeça mão. – A expedição vai começar na Europa oriental no final de julho, mas os naturalistas que eu vou auxiliar com as pesquisas querem que eu comece antes.
- Não está assustada? – Ginny perguntou quietamente.
Luna juntou seu cabelo em uma mão e o puxou por cima do ombro, correndo seus dedos pelas mechas.
- Um pouco. – confessou. – Quero dizer, estou deixando papai sozinho e não vai ter ninguém por perto para lembrá-lo de comer suas refeições...
- Ficar sozinha em um grupo de pessoas que você não conhece muito bem, se é que conhece, não te assusta? – Ginny bufou.
Os grandes olhos de Luna piscaram lentamente e ela começou a assentir.
- Ah... Entendo. Você não pode ficar realmente sozinha. – perante o olhar confuso de Ginny, Luna continuou. – Nunca estará realmente sozinha, desde que tenha sua família... Ou, ao menos, a lembrança deles. Sempre podemos fazer novos amigos.
A confusão de Ginny deu lugar a ceticismo. Luna sempre estivera bastante confortável vivendo as margens de todos e quaisquer grupos.
- Suponho que sim...
Luna juntou seus dedos sob o queixo, os cotovelos descansando na mesa.
- Mas isso não é sobre mim.
- Talvez não. – Ginny concordou.
- E você é suposta a ser corajosa. Como todos os Grifinórios. – os olhos de Luna brilharam em diversão. – Não há nada de errado em sentir uma apreensão saudável perante o que a vida pode lhe dar. Não é como se você sempre soube que queria jogar Quadribol e o que esperar.
Ginny tomou um gole de seu chá morno.
- São as mulheres. – confessou em um murmúrio apressado. As sobrancelhas de Luna se ergueram, fazendo-a parecer ainda mais surpresa que o normal. – Além de você, Hermione, Demelza e Hannhah, eu não me dou bem com a maioria das garotas. E quando eu namorei Michael Corner, depois Dean, e aí me joguei para Harry... – Ginny sentiu suas bochechas esquentarem. – Ouvi os rumores. Das outras garotas. Eu apenas não tenho a melhor reputação com elas...
- Não será como a escola. – Luna disse esperançosamente.
- Familiaridade trás desrespeito. – Ginny retorquiu. – Poderia ser exatamente como a escola. Ou pior.
-x-
Os candelabros queimavam suavemente na loja calma. O rádio estava tocando no canto, os sons das Esquisitonas enchendo o cômodo. George pegou a mão de Katie quando ela passou, e a puxou para si, girando-a no próprio eixo. Ela jogou a cabeça para trás e riu, passando um braço ao redor da cintura de George, seus movimentos ficando um pouco sugestivos, até que Ron pigarreou.
- Vão fazer isso em casa, certo? – suspirou. Ron girou a cabeça em círculos lentos, sorrindo alegremente com os altos estalos que soaram.
George depositou um beijo na bochecha de Katie, antes de soltá-la, olhando ao redor da loja.
- Acha que estamos prontos para amanhã? – perguntou a Ron.
Ron assentiu.
- Sim. – apoiou o quadril no alto banquinho atrás do balcão, fazendo uma careta para a dor nos pés. – Não aguento mais olhar para as coisas daqui. – gemeu. Olhou para uma das prateleiras. – Fico achando que estou esquecendo algo...
George olhou para as prateleiras.
- Está tudo... Bem. – pronunciou. – Não foi um trabalho ruim para sua primeira venda de final do ano escolar. – cutucou o ombro de Ron. – Você fez um ótimo trabalho organizando isso tudo, maninho.
As esquinas da boca de Ron se ergueram.
- Obrigado. – falou um pouco timidamente. – Seria legal se pudesse dormir até mais tarde amanhã, também. – bocejou, esticando os braços para cima da cabeça.
- Arrume sua própria casa. – George retorquiu.
- Uh... Falando nisso... – Ron se sentou de repente alerta. – Posso falar com você por um minuto?
- Estou feliz onde estou, Ron. – George disse. – Katie é uma cozinheira decente, e ela consegue dobrar as roupas com magia.
- Muito obrigada, George. – Katie disse lentamente, girando os olhos.
George afastou o cabelo dos olhos.
- Não vou dividir um apartamento maltrapilho com você, só para você sair de casa. – ele falou para Ron.
Ron corou.
- Não era isso que eu ia pedir. – murmurou. Respirou fundo e abriu a boca, mas nenhum som saiu.
- Bem, vamos lá. – George resmungou. – Desembucha.
- Eu quero o apartamento aqui de cima. – Ron falou rapidamente.
A boca de George se fechou.
- Eu... – as palavras morreram em sua garganta. Ron parecia bastante esperançoso, mas George ainda não conseguia responder. Sua postura toda mudou, e ele pareceu se encolher. Sem falar uma palavra para Ron, George se afastou do balcão e saiu da loja para a noite de verão.
-Merda. – Ron sibilou. – Estúpido... – notou o olhar confuso de Katie e balançou a cabeça. – Não George. – corrigiu rapidamente. – Eu.
A expressão de Katie rapidamente se suavizou em algo menos confuso.
- Desculpe. – ela suspirou. – Você não está sendo estúpido.
- Não estou?
- É um espaço perdido. – Katie disse suavemente. – Se não está sendo usado. - adicionou praticamente. – Por que quer morar aqui, em particular?
Ron colocou os livros de couro sob o balcão e afastou o banquinho.
- É conveniente, para começar. O custo de alugar não deve ser muito alto, e é grande o bastante para Hermione e eu. Se ela quiser morar aqui comigo. E se ela não quiser... – Ron deu de ombros. – Não importa.
- Mentiroso. – Katie repreendeu gentilmente. – Vai importar.
Ron riu cansadamente.
- Sim, vai.
Ela mordeu o lábio, estudando Ron.
- Eu vou falar com ele.
- Quem? George?
- Sim. – Katie acenou a varinha para os candelabros, que começaram a lentamente apagar. – Vá para casa e durma bem. – ordenou. – E eu vou tentar fazer George ver as coisas da sua maneira.
- Ele não vai gostar. – Ron avisou.
- É claro que ele não vai. – Katie concordou. – Mas eu não intenciono fazê-lo mudar de ideia. – murmurou conspiratoriamente.
- Então, por que se dar ao trabalho? – Ron resmungou.
Katie sorriu para Ron, com uma aparência um pouco pesarosa.
- Você deve saber. Não dá para mudar a ideia de um homem Weasley. – segurou a porta aberta para Ron. – Eles têm que pensar que foi ideia deles.
Ron abriu a boca para protestar, mas percebeu que Katie estava certa. Ele não tinha intencionado deixar a loja depois de amanhã? Mas não, ele estava fazendo planos do que fazer para quando os alunos começassem a aparecer para comprar o material da escola, o que podiam criar para as férias de verão e como podiam tentar abrir uma loja em Hogsmeade. E tinha sido sutil, tão sutil, que talvez nem mesmo Hermione notasse George cuidadosamente fazendo Ron ver que era uma parte integral da loja agora.
A risada de Katie soou pela rua deserta.
- Entende? – afastou o cabelo da nuca. – Não se preocupe. Pode ser dezembro antes de George te deixar morar no apartamento, mas vamos fazê-lo entender. – desceu a rua até seu prédio, deixando Ron sozinho no meio da rua.
-x-
Harry tentou erguer Teddy dos braços de Ginny, mas ela o abraçou um pouco mais fortemente.
- Eu faço. – murmurou. Atravessou o apartamento sem tropeçar no tapete ou acordar o bebê e, cuidadosamente, entrou no pequeno quarto do outro lado do apartamento. O colocou no berço e afastou o cabelo turquesa do rosto dele. – Não acredito que ele cresceu tanto. – comentou.
Os braços de Harry passaram por sua cintura.
- Nem eu...
Ficaram parados por vários momentos, vendo Teddy dormir, antes de Harry acenar a varinha para o candelabro, diminuindo a intensidade da luz. Guiou Ginny para fora do quarto, deixando a porta parcialmente aberta.
- Que dia... – Ginny suspirou, colocando os pés sobre a mesa de centro.
- Que horas falou para Molly que estaria em casa?
Ginny olhou para o relógio.
- Antes de amanhecer. – gemeu suavemente, se acomodando nas almofadas gordas do sofá. Seus pais, Harry, Teddy, Bill, Fleur e Percy tinham a encontrado na plataforma, junto com os pais de Hermione, e então as convenceram a ir até o Caldeirão Furado para um jantar de 'bem vindos de volta', onde encontraram Ron e George. Os dois tinham engolido suas refeições sem nem sentir o gosto, e voltaram para a loja. Hermione e seus pais foram embora, seguidos por Bill, Fleur e Percy. Molly e Arthur foram embora, levando as coisas de Ginny de volta para A Toca. Harry e Ginny comeram seus pudins, conversando sobre isso e aquilo. Teddy tinha adormecido na viagem de volta a Soho. Passava das dez.
- Dia longo, eh?
Ginny assentiu.
- Estou acordada desde as seis. – bocejou, cobrindo a boca com as costas da mão. – E depois o trem...
- Eu sempre achei difícil me aclamar quando a escola acabava. – Harry comentou, uma mão se enterrando no cabelo de Ginny para lhe massagear a nuca. – Ou não queria voltar, ou estava tentando processar tudo. – se sentou. – Tenho algo para te dar.
- Oooh. Um presente? – o rosto de Ginny se iluminou.
- Fique aqui. – Harry foi para seu quarto e voltou com um pacote grande. – Aqui. – o passou sem cerimônias para os braços de Ginny.
Curiosamente, Ginny abriu o embrulho, revelando uma gaveta vazia do guarda roupa de Harry. Olhou inexpressivamente.
- O que é...?
Confuso, Harry gaguejou:
- Uma... Uma... Gaveta... Para você...
- Por quê? – Ginny se sentou lentamente, desconfiança em seu rosto.
Harry suspirou e correu uma mão pelo cabelo.
- Tenho que falar com todas as letras?
- Acho melhor. – Ginny deixou a gaveta de lado.
- Eu quero que você more aqui. – Harry disse corajosamente. – Comigo.
O maxilar de Ginny ficou tenso.
- Por quê?
- Por que não?
Ginny ficou tensa.
- Por que eu posso querer morar sozinha por um tempo, antes? – sibilou, se lembrando de Teddy dormindo no cômodo ao lado. Ergueu-se e começou a andar de um lado para o outro. – Por que está tudo bem você morar sozinho, mas eu não?
- Não foi isso que eu quis dizer. – Harry sussurrou fervorosamente.
- Todo mundo sempre quer cuidar de mim! – Ginny se irritou. – Você, mamãe, papai, Ron... Demelza, Hermione, Hannah... – virou sobre o calcanhar e marchou suavemente até Harry: - Eu posso me cuidar sozinha, ouviu?
Magoado, Harry se afastou um pouco.
- Ouvi. E isso não tem nada a ver com sua habilidade de se cuidar...
- Então, por quê?
- Eu só achei... – Harry deu de ombros. – Achei que você pudesse querer morar aqui...
- Você pensou em conversar sobre isso comigo, antes de ir comprar móveis pensando em mim? – Ginny repreendeu. – É, eu sabia o que você estava procurando quando fomos as compras em abril. Você não comprava nada ou arrumava as coisas sem minha opinião. Se eu não tivesse gostado do apartamento, aposto minha vassoura que você teria desistido dele. – cruzou os braços sobre o estômago. – Morar com você? Isso é uma coisa de "algum dia" para se fazer. Não o tipo de coisa "para se fazer no dia que sai da escola".
- Gin... – Harry começou.
- Maldição, Harry, nós nem mesmo... – Ginny parou de falar, embaraçada e fez um gesto vago.
- Sim, eu sei. – Harry disse sarcasticamente, mantendo a voz baixa.
Ginny deixou os braços balançarem no lado do corpo.
- Morar aqui... Isso é um compromisso. Um compromisso maior que sexo. E se eu... Nós... Não estamos prontos para transar um com o outro, então como você consegue acreditar que estamos prontos para morar juntos? Nem mesmo Ron e Hermione foram tão longe ainda.
- Pelo menos vamos fazer algo que eles ainda não fizeram. – Harry murmurou, em uma vã tentativa de colocar um pouco de humor no momento tenso.
Ginny jogou as mãos para cima.
- É exatamente isso! – sussurrou. – Eu não quero fazer algo por que todos estão fazendo, ou por que ainda não fizeram. – pegou seu agasalho do gancho perto da porta e passou os braços pelas mangas. – Eu quero fazer por que nós queremos. Quando nós dois estivermos prontos! – reclamou. Ginny abriu a porta e foi para o corredor, mal se impedindo de bater a porta, a não ser que quisesse acordar Teddy. Desceu as escadas pesadamente e voltou para o Caldeirão Furado, usando o flu para voltar para A Toca.
Harry ergueu os óculos e apertou a ponte do nariz.
- Bem, podia ter sido melhor. – falou para a gaveta esquecida.
Continua...