Eu me sinto boba, eu me sinto uma criança lânguida, me sinto uma puta. Sinto-me idiota.

Por mais que a neve caísse, ela não poderia congelar meu sangue. E ele vibrava por todas as partes, concentrado na proibida. E ele deixava um rastro de rubor nas bochechas.

O branco umedecia. E a boca não emudecia. Os gemidos não cessavam. Sua língua, sua boca não formava palavras, muito menos a minha.

O que estávamos fazendo? O que estávamos esquecendo e deixando para trás? Estaríamos traindo alguém, um amor que nunca tivemos?

E não importa quanto à neve tente, ela não pode apagar algo que não existe. Ela não pode congelar meu sangue. Ela não pode deter o carmesim.

Eu quero que o branco apague o tempo.

Eu quero que você me ame, mesmo que eu finja que você é outra pessoa.

E eu sei que nunca poderia me enganar de tal forma, mas eu não me importo de te enganar assim.

Toque-me com seu corpo quente. Faça-me achar que é perfeito, que ele é me tomando nos braços e que ele, na verdade, nunca se foi. E que me ama.

A neve me faz tremer e ela cobre, tentando esconder, essa noite dissimulada, nebulosa, lasciva, branca e carmesim.

Uma noite silenciosa de sentido. Você estaria gostando tanto dela a ponto de gostar de mim?

A sensação de troca mútua de dor, ambos sofremos pelo que nunca fora nossa. Pelo que morreu. Por quem morreu. Por alguém que não alcançamos antes disso.

E nesse momento não é diferente. Desculpe fingir que ele é.

post scriptum: Repostado para não ser espancada (L).