"Eles vão começar a perguntar" Zeus tentou avisar Hades, mas ele apenas sorriu.

"Ela não vai dizer a ninguém" Hades garante. Zeus fitou o irmão, confuso.

"Como pode saber?" ele perguntou. Como resposta, Hades sorriu.

"Ela é minha" foi a resposta dele. Zeus abanou com a cabeça e deixou o submundo e o irmão com aquelas ideias malucas que poderiam assustar Perséfone na forma humana que esta continuava tendo.


Aliviados, os Weasley sentavam ao lado de uma Hermione adormecida, mas já corada e parecendo bem mais viva que antes. Ninguém ousara perguntar nada à Gina; não depois da guerra que ela travara com Harry por ele ter lhe dado bronca por ter sumido e feito tudo sozinha.

- Você não devia ter feito isso sozinha! É perigoso e irresponsável, Gina! – Ele gritou com ela no corredor assim que Hermione já estava bem.

A ruiva fincou bem os pés no chão, parecendo um leão pronto para dar o salto do ataque.

- Eu faço o que eu quiser sozinha. Você só ia me atrapalhar – Desprezou a ruiva, erguendo alguns níveis o próprio tom de voz, mas sem gritar com ele como ele fazia com ela.

- Nunca mais faça isso! Ou eu vou... – O rapaz começou a ameaçar mas foi impedido pela risada cheia de escarninho que veio da garota.

- Ou você o que, Harry? – Gina cruzou os braços, uma sobrancelha arqueada. – Vai terminar comigo? Vai me prender em uma torre? Você pode ser o grande Harry Potter, mas não é o rei do mundo, muito menos meu dono. – Ela garantiu, descruzando os braços com propriedade sobre o que dizia. – Eu não tenho coisa alguma com você, e minha família que é minha família não me repreendeu pelo que eu fiz. Ponha-se no seu lugar, Potter, e pare de se meter no que não é da sua conta.

Girando sobre os calcanhares ela voltou ao quarto, beijou o rosto de Hermione, despediu-se dos familiares e deixou o lugar.

Quando se jogou no sofá do seu recém-alugado apartamento, a imagem da figura sobrenatural de pele acinzentada voltou-lhe a mente. A ruiva pôde jurar que ouviu uma risada por trás de sua cabeça, mas de tão cansada, nem mesmo ergueu-se para ver se havia algo ali.

Três dias depois ela estava novamente na Grécia, novamente naquela caverna. O estômago revirava, mas não de medo – em expectativa. Estava ansiosa pelo que estava por vir. Caminhou pela caverna, o medo a acometendo em menor intensidade dessa vez. O cão nem mesmo a cheirou, apenas abriu a porta para que ela descesse as escadas em caracol até o salão de Hades.

- Você veio – Ele disse no momento em que ela chegou, a voz monótona.

A ruiva não disse coisa alguma. Apenas engoliu em seco, parando na frente do Deus.

- O que quer de mim? – Pergunta com a voz trêmula.

- Quero a sua vida. – Hades responde, ficando de pé. Era muito grande, Gina percebeu engolindo em seco de novo. – Eu deixei que você salvasse a vida de sua amiga com um objeto meu. Quero uma vida em troca – O deus virou-se de costas e ela sentiu um arrepio descer pela espinha. – É isso, ou eu mando meu cão mordê-la de novo, e aí… aí ninguém poderá salvá-la.

Gina respirou fundo e fechou os olhos, deixando o tremor tomar conta de seu corpo e exteriorizar o que sentia. Não precisava mais se controlar. Ia morrer. Ali e naquele momento, pois nunca seria capaz de sair dali sabendo que Hermione morreria por sua causa. Olhou para Hades, entendendo o que tinha acontecido, a raiva nos olhos.

- Por que fez isso? Por que quer tanto me matar? – Perguntou profundamente magoada.

Hades caminhou até ela sem pressa e tocou seu rosto, arrepiando-a de medo mais uma vez. O olhar dele era gentil.

- Porque você é minha – O deus respondeu e ergueu a mão. Gina sentiu a vida começar a ser sugada de seu corpo, como se o seu espírito sufocasse. Mesmo cheia de medo, deixou-se levar, a imagem de Hermione e de Draco nítidas na cabeça.

A certo ponto, a sensação parou. Ainda ouviu seu corpo cair no chão com um baque surdo, estranhando entretanto a sensação. Começou a sentir calor irradiando até ela como se...


"Você se lembra?" Hades perguntou a Perséfone, soltando-a do abraço no qual envolvera sua alma enquanto ela voltava à forma imortal.

A deusa apenas assentiu com a cabeça, o sorriso doce que ele tão bem conhecia bordando seus lábios.

"Eu sou sua" Perséfone declarou. O sorriso de Hades foi a melhor recompensa que a deusa poderia ter tido.

"E eu sou seu." foi a resposta dele. O sorriso dela ficou também mais largo. Afundou-se novamente por entre os braços dele, onde ela tinha absoluta certeza que pertencia.