Disclaimer: Naruto pertence à Masashi Kishimoto; Blind pertence à ObsidianSickle. Todos os direitos reservados.
Sinopse: Estava quase na hora, Orochimaru usaria seu corpo como recipiente. Ele odiava ser usado... ele recusava-se ser usado. Com esse pensamento, ele pegou a kunai e cravou a lamina em seus olhos.
Autora: ObsidianSickle.
Tradutoras: Ledger m., o.o' Khali Hime e J. Proudmoore
Classificação: T - Gênero: Romance - Casal: Sasuke/Sakura.
n/t: Hello! Bem, Blind é uma fanfic incrível, e é a melhor SasuSaku que li, e graças as minhas duas colegas, podemos ter a honra de trazê-la para o português. Espero que gostem e nos deixem a par da opinião de vocês sobre a fanfic e a tradução em si. Não se esqueçam também, meus amores, de colocar a fanfic e o perfil nos alertas! Bem.. Here we go :}
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BLIND
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Capítulo Traduzido por Ledger m.
Betado por Bella21
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Capítulo um
Escuridão e Trevas
{Blackness and Darkness}
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O amor é paciente, é bondoso;
o amor não é invejoso, não é arrogante,
não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses,
não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido,
não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;
tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
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Hoje, Sakura vestia unicamente preto.
A usual regata vermelha com o detalhe em branco, que ela regularmente usava, estava dobrada em seu armário. No lugar, vestia uma camiseta de mangas compridas que cobria seus punhos e parte das mãos, uma calça longa e frouxa substituindo a habitual saia rosa que viera com a blusa. Se ela vestisse meias com a sandália, estas seriam igualmente pretas. A única exceção do preto em Sakura, naquele dia, eram seus brilhantes olhos verdes, o cabelo rosa pétala e a bandana vermelha que mantinha seu cabelo para trás.
Agora, caminhava para o trabalho no hospital, onde praticaria novamente as habilidades que a Quinta Hokage, Tsunade, lhe ensinara. Ela sorriu prontamente assim que chegou e acenou para as pessoas que conhecia, cumprimentando-os alegremente. Ainda que toda e qualquer pessoa mirasse suas vestes, nenhum deles conseguiu encontrar um modo educado para comentar sobre isso. Sakura não se importava, de fato era melhor para ela se eles não perguntassem. Ela não queria explicar para todos porque vestia preto, era simplesmente muito doloroso pensar a respeito.
Apesar dos sorrisos e acenos animadores para as pessoas enquanto caminhava, um sentimento sombrio de desalento repousou em Sakura. Tinha uma boa razão para vestir preto naquele dia, pois eram exatamente quase—
- SAKURA-CHAN!
Uma exuberante exclamação veio de trás. Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro. Talvez uma dose de Naruto fosse o suficiente para manter sua mente longe da tristeza.
Virando a cabeça para a direção do trajeto que acabara de traçar, Sakura viu Naruto correndo em sua direção, acenando calorosamente para ela. Um amplo sorriso, mostrando todos os dentes, estampava a face do garoto raposa, sua outra mão conduzia uma Hinata muito ruborizada. Ele deparou-se com um obstáculo na frente dele e quase se colidiu com uma pessoa que passava, para o alarde de Sakura. Naruto, por sua vez, parecia destemido (ou ele simplesmente não notou) e olhou para Sakura com felicidade.
- E aí, Sakura-chan!
Ele sorria largamente.
- Boa dia, Naruto, Hinata. - Ela sorriu para ambos. - Porque estão com tanta pressa essa manhã?
- Ah... não exatamente com pressa, - Naruto coçou a nuca, pensativo, - é só que eu encontrei no caminho o Neji, a Hinata e a TenTen e decidi pagar um rámen hoje a noite. Estava pensando se não gostaria de vir, Sakura-chan, porque você parece terrivelmente... Digo, distante ultimamente.
Ao lado, Sakura podia ver Hinata corando pelo fato de Naruto convidá-la para o rámen. Ela dirigiu vários olhares de soslaio à mão de Naruto que envolvia a da morena. Sakura sorriu ligeiramente. Era quase como um encontro duplo, mesmo que Naruto fosse estúpido o suficiente para notar o quanto Hinata gostava dele. Ela meneou a cabeça com polidez a Naruto.
- Sinto muito, Naruto - ela desculpou-se. - Eu tenho muito trabalho a ser feito no hospital e não acho que o completarei ainda hoje. - Sem mencionar que Sakura sentir-se-ia deslocada sendo a única sem uma companhia masculina. Além disso, ela preferiria estar sozinha nesse dia.
- Ah, vamos, Sakura-chan! - Naruto implorou. - Será muito divertido!
- Obrigada pelo convite, Naruto. - Ela balançou a cabeça com um pouco mais de firmeza, sabendo que se ela desse a ele uma brecha, Naruto não pararia nunca de implorar. - Talvez em outro dia. Estou apenas muito ocupada. Sinto muito não poder ir, por mais que eu queira.
- Você não poderia apenas faltar no trabalho hoje, Sakura-chan?
- De modo algum - ela disse firmemente. - Pessoas dependem de mim. Além do mais, tenho certeza que você não precisa da minha companhia. Hinata, Neji, TenTen e você podem ter um maravilhoso encontro sem mim.
- Sa-Sakura-san, - Hinata falou timidamente, - como as pessoas dizem, quanto mais, melhor.
- Bem, eles também dizem que menos é mais. - Sakura sorriu em resposta - Os seres humanos são contraditórios, não? Enfim, eu vou chegar atrasada se não me apressar. Obrigada pelo convite, mas eu vou na próxima, se eu puder. Ja ne!
Naruto pôs-se de mau-humor enquanto Hinata assentia compreensivamente. Sakura sorriu e acenou antes de girar os calcanhares e caminhar rapidamente pela rua. Ela tinha perdido muito tempo já. Tsunade era muito rígida quanto a atrasos. 'Você pode salvar uma vida se chegar apenas alguns minutos mais cedo', ela tinha enfatizado e Sakura lembrou distraidamente de se perguntar como ela lidava com Kakashi, que estava sempre atrasado.
Abrindo a porta do hospital, Sakura torceu o nariz ao reconheceu o odor de desinfetantes e produtos de limpeza. Como odiava aquele cheiro. Conviver com esse cheiro todos os dias não era bom. Ela supôs que o cheiro era um alívio para aqueles que chegavam, pensando que iriam morrer, e acordassem para vida novamente, encontrando o aroma do hospital nas narinas. Entretanto, Sakura não era uma dessas pessoas; para ela, o local fedia. Ela sacudiu a cabeça com firmeza, não querendo gastar mais tempo ponderando sobre o fedor do hospital. Sakura correu até a recepção.
- Bom Dia, Sakura. - A recepcionista a saudou, sorrindo. - Tsunade-sama já esta a sua espera com um paciente no quarto andar, quarto quatrocentos e oitenta e três.
- Muito obrigada! - Sakura respondeu, apressando o passo até o elevador.
Checando seu relógio, ela grunhiu em apreensão, tinha apenas três minutos para ao seu destino. O elevador parecia demorar uma eternidade. Sakura espremeu o botão na parede com impaciência. Depois do que pareceu ser uma eternidade, a porta abriu-se. Sakura entrou e apertou o botão do quarto andar. Suspirou de alívio quando o elevador começou a subir. Parecia que ela chegaria a tempo, afinal.
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Estava úmido — sempre úmido. Ele odiava umidade. Sendo um usuário de fogo, umidade sempre o aborrecia, por razões desconhecidas até para ele. Não era como se fosse alguma novidade, sempre foi desagradável no subsolo, nos esconderijos de Orochimaru. Mas qualquer um pensaria que após três anos habitando vários esconderijos subterrâneos, ele se acostumaria com o tempo. Porém, mesmo depois do extenso período de tempo, Sasuke ainda odiava o cheiro de mofo.
Talvez fosse a áurea de apreensão que sentia naquele dia que tornara o cheiro e a sensação do ar mais importuno do que nunca. Orochimaru tinha o convocado, dizendo que precisava falar com ele sobre um pequeno problema. Sasuke expressou escárnio para si mesmo, ele não era estúpido, e Orochimaru sabia que Sasuke não seria enganado, portanto, colocou o cômodo sobre forte guarda. Não que Sasuke não conseguisse lidar com os guardas — era apenas o inconveniente de causar tumulto, consequentemente, trazendo mais ninjas do Som em sua retaguarda. Seria, então, difícil continuar a escapar.
Sasuke esmurrou os punhos fortemente na parede de concreto perto de sua cama, tão forte que o objeto rachou e fragmentou, ligeiramente, pela força. Não era para terminar dessa maneira! Orochimaru tinha prometido a ele poder, e conforme concedido, o teve. Mas Sasuke sabia que Orochimaru não tinha o treinado com todo o poder que o Sannin tinha. Ele temia Sasuke e, por isso, não queria dá-lo mais poder do que conseguisse controlar. Ele provavelmente esperaria até tomar o corpo de Sasuke antes de continuar a fortalecer seu hospedeiro.
Aquele desgraçado.
Sasuke tinha tudo planejado: nessa altura, três anos após ter deixado Konoha, ele teria treinado e usado o poder de Orochimaru para, eventualmente, ultrapassar o Sannin e matá-lo. Ele iria, assim, mais adiante e usaria o Sharingan para coletar diferentes técnicas a fim de superar as habilidades de seu irmão. Era claro o que faria na seqüência. Sasuke vingaria seu clã.
Obviamente seus planos tinham naturalmente sido arruinados quando hoje Sasuke fora chamado para uma 'conversa' com Orochimaru sobre um pequeno problema. O pequeno problema em questão era, evidentemente, a transferência da alma desonrada de Orochimaru para o corpo do Uchiha, algo que o moreno tinha planejado impedir. Entretanto, Sasuke percebeu que em seu estado atual, ele não tinha chances de derrotar o Sannin; ele poderia, talvez, travar uma luta descente, e ferir seriamente seu sensei, mas Sasuke sabia que ele provavelmente estaria morto antes de Orochimaru. Claro que isso era inaceitável.
Sasuke apoiou a cabeça entre as mãos, os dedos enrolando-se nas mechas escuras; sua mandíbula estava cerrada e uma carranca era visível. Já estava quase na hora... Orochimaru obviamente o poria sobre escolta para que 'conversassem', e então Sasuke sabia que seu próprio corpo estaria fora do seu controle. Seu sensei não dava a mínina para sua vingança e, provavelmente, não vingaria o clã Uchiha, mesmo se ele pedisse.
Levantando com brutalidade, Sasuke começou a perambular irritado pelo quarto. Tinha que haver algum modo de sair dessa situação. Não tinha batalhado tanto para se tornar mais forte apenas para terminar como hospedeiro de Orochimaru. Ele tinha consciência que estava sendo usado, sabia desde o começo que o seria, porém, claro que tinha planejado ter Orochimaru morto antes disso. O que incomodava Sasuke mais do que tudo era ser usado. Ele tinha que pensar numa maneira de sair sem ser morto. Recusava-se a ser apenas um objeto.
'Pense!' ele repreendeu-se, abrindo e fechando a mão atrás das costas enquanto ia para frente e para trás. Tem que haver um jeito de prevenir, um jeito de escapar — uma forma que faria Orochimaru não querer tomar seu corpo.
Ele parou e olhou para suas mãos, as flexionando levemente. Tinha que ter um jeito... Fechou os olhos, vasculhando sua mente para saber o que exatamente Orochimaru queria dele. Eram poucas coisas, pense. Orochimaru queria o seu Sharingan... E Além das habilidades e rapidez, não havia mais razões para mantê-lo vivo.
Afundando lentamente os joelhos no chão de concreto, Sasuke fechou os olhos e suspirou. A única solução em que pensou, era impensável. Caso ele a realizasse, haveria boas chances de não ser capaz de derrotar Itachi. Sasuke poderia quebrar os próprios ossos caso necessário, mas seria o suficiente para evitar temporariamente Orochimaru de possuir seu corpo. Aquele desgraçado, Kabuto, poderia provavelmente curar qualquer deformação que ele causasse em si mesmo. Kabuto, por mais que Sasuke não quisesse admitir, era qualificado, por isso qualquer ferimento seria reparado como se não tivesse existido, desprevenindo Sasuke de sua rapidez ou habilidades.
Sasuke resmungou, vasculhando a mente, tentando pensar em alternativas para escapar, mas nada conseguiu.
Pensou outra vez em seu primeiro plano de ação... era tão arriscado. Viver livre de Orochimaru, porém não estar hábil para derrotar Itachi, ou estar possuído por Orochimaru, mas provavelmente ter seus desejos rejeitados. De qualquer modo Sasuke saía perdendo. Ele pensou um pouco mais, ficando cada vez mais ansioso, a tensão da situação o esmagando. Ele tinha que tomar uma decisão, e rápido.
Optou pela única saída que tinha em mente... Existiria sempre a ínfima possibilidade de contornar a situação... Mas Sasuke não acreditava que poderia se recuperar completamente. Sabia que se fizesse o planejado, os danos teriam que ser tão prejudiciais que nem Kabuto seria capaz de curá-lo, pois caso ele conseguisse, Orochimaru o faria seu hospedeiro.
Sasuke retirou uma kunai da pequena bolsa presa no quadril. Segurou o objeto em sua mão, observando o metal escurecido reluzir perigosamente. Fechou os olhos por em breve momento, pensando seriamente no que parecia o único plano viável que não incluísse ser o próximo recipiente do Sannin. Contra sua vontade, a face do seu odiado irmão apareceu em sua mente, dizendo calma e ameaçadoramente:
Odeie-me.
Despreze-me.
Fuja e viva miseravelmente.
Sasuke abriu os olhos subitamente, fechando os dedos na kunai com firmeza, não notando quando a lâmina cravou-se em sua pele. Viva miseravelmente. Sasuke inalou o ar profundamente para se acalmar, e lentamente relaxou a mão. Seus joelhos doíam pelo contato com chão gelado, que o fazia manter os sentidos apurados e em alerta. Viva miseravelmente.
Então, ele ouviu, um barulho vago, mas inconfundível — eram passos no corredor, e caminhavam em sua direção. Olhou bruscamente por cima dos ombros, depois, para a kunai. Seu coração começou a martelar em seu peito, a testa e as mãos suando; Sasuke mordeu o lábio inferior com ferocidade, sentindo o gosto do sangue. A kunai lampejou perigosamente, os passos se tornando mais altos. Com os braços tremendo, Sasuke tombou a mão esquerda e agarrou o cabo da kunai com a direita.
Os passos do lado de fora tinham parado. Ouviu a voz de Kabuto ordenando aos guardas para abrirem a porta. Um tilintar de chaves pôde ser ouvido. A maçaneta virou, e no segundo seguinte ele ouviu o pequeno estalar da porta ao ser aberta.
Miseravelmente.
Decidido e determinado, Sasuke levantou a kunai na altura de sua cabeça e com força, cravou a afiada lamina em seu olho. O odor de mofo do subsolo foi rapidamente substituído por cheiro de sangue, e o silêncio foi quebrado por um grito agonizado.
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- Você esteve ótima, Sakura. - Tsunade elogiou sua pupila assim que ela se afastou do corpo recém curado do ninja. - Esta melhorando a cada dia que passa. Você é muito talentosa.
- Iie, Tsunade-sama. - Sakura balançou a cabeça. - Eu não conseguiria sem a sua ajuda.
Tsunade sorriu, pôs uma mão sobre o ombro da pupila e riu levemente. Sakura sorriu em resposta, a Inner Sakura deleitando-se com o elogio.
- Você fez um bom trabalho esta manhã, merece um descanso. - Tsunade sorriu. - Venha à cafeteria, o almoço é por minha conta.
Sakura sacudiu a cabeça, desculpando-se. "Ah, não posso deixar que faça isso. Apenas faço meu trabalho como sua aluna." Na realidade, queria apenas estar sozinha.
- De maneira alguma - Tsunade disse com firmeza antes de virar as costas para sair da sala. - Você merece uma recompensa. Vamos, antes que o horário de descanso acabe.
Apenas pelo modo que Tsunade proferiu, Sakura sabia que seria incapaz de argumentar. Ela sorriu delicadamente ao fitar as costas de Tsunade se afastar — Tsunade era uma sensei reservada, e um simples sorriso era difícil de ser ver. Sakura sentia-se, sim, orgulhosa por curar as feridas severas do ninja, mas não a fazia sentir-se menos miserável. Inner Sakura, que tinha se deleitado com o elogio, voltou a sentar no canto triste da mente de Sakura, depressiva como esteve o dia todo.
Lentamente, Sakura caminhou atrás de sua sensei, não deixando o humor da sua Inner transparecer. Tsunade segurava o elevador pronto para partir, Sakura se esquivou rapidamente para dentro, as portas fechando-se logo atrás. Tsunade começou a fazer comentários sobre como Sakura usava o chakra, sobre como Sakura curava com um método ligeiramente diferente do dela próprio.
- Continua igualmente eficaz, talvez até mais - Tsunade ia dizendo. - É uma técnica interessante a que você tem. Um modo que nunca pensei em usar, talvez porque seja ligeiramente mais difícil, mas parece ser ótimo para você.
- Você me bajula, shishou - Sakura disse sorrindo. Entretanto, ela não prestava total atenção, parte dela se encontrava sentada no canto triste da mente com sua Inner.
Jogaram conversa fora enquanto caminhavam até a cafeteria. Ao contrário do que muitos acreditavam, a comida lá era melhor do que a de um hospital comum, e Sakura não se importava em ter que pagar pela comida. Ela e Tsunade sentaram-se e comeram em silêncio. A mente da rosada se perdia, deixando os pensamentos depressivos flutuarem pelo lugar; viu pessoas vindo e indo, enfermeiras correndo, pacientes sendo atendidos mesmo sem consulta.
- Sakura.
Desviando sua atenção da depressão, a Sakura do exterior focou Tsunade, que olhava para sua estudante atentamente. – "Sim, Tsunade-sama?"
- Diga-me - ela disse, espetando sua salada com o garfo. - Porque está vestindo preto hoje?
Não era uma pergunta, era uma ordem; o tom indicava que ela não podia se recusar a responder. Sakura piscou por um momento, então abriu a boca, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
- Bem, minhas roupas usuais ficam tão sujas quando eu trabalho que eu pensei que talvez o preto escondesse a sujeira melhor. Então, pelo menos, eu não sentiria vergonha ao andar por aí.
- Entendo - Tsunade respondeu, soando cética. Ela tomou um gole do seu copo de água — que Sakura insistiu que ela pegasse ao invés de sakê. - Você teve vontade de vestir preto hoje para não se sujar?
- Bem, eu...
- Sakura - a voz de Tsunade trazia um tem de alerta; Sakura sabia que sua sensei não gostava de ser enganada.
Olhando para seu lanche comido pela metade, Sakura abaixou a cabeça. Ela falou baixo quando finalmente conseguiu fazê-lo, tendo dificuldades em proferir as palavras. – "Já se passarem três anos desde que eu ouvi que Orochimaru não usaria Sasuke como seu hospedeiro. Esse ano... ele pode trocar de hospedeiro... esse ano o Sasuke... o Sasuke-kun é..."
As palavras morreram em seus lábios; incapaz de terminar sua frase, Sakura não se incomodou em tentar dizer mais.
- Entendo... - Tsunade deu outra mordida em sua salada, mastigando-a com prazer antes de engolir. - Sabe, Sakura, as chances de ele voltar a Konoha foram reduzidas para praticamente zero assim que ele partiu a procura dos poderes de Orochimaru. Você sabe que ele pode nunca retornar. É pouco provável agora que ele um dia voltará.
- Eu sei - Sakura murmurou. - É só que ele é uma pessoa tão atenciosa, mesmo que nunca demonstrasse isso.
- Era - Tsunade disse bruscamente. - Era uma pessoa atenciosa. Eu acho que ele perdeu sua habilidade de se importar com qualquer coisa assim que deixou a vila.
- Tsunade-sama, por favor, não fale do Sasuke-kun assim - ela pediu com a voz baixa. - Eu o encontrei quando deixava a vila e por isso sei que há uma ponta de esperança para ele.
- Uma ponta de esperança é pouco, Sakura. - Tsunade foi breve e direta - Já não está mais em nossas mãos a um bom tempo. Eu sugiro que você supere seu luto rapidamente para que possa se focar em coisas mais importantes do que companheiros perdidos.
- Sim, Tsunade-sama - Sakura respondeu inaudível.
Apesar dos conselhos de Tsunade, Sakura não queria esquecer Sasuke, ele era seu primeiro, último e único amor.
Não querendo olhar para sua sensei no momento, ela caçou em sua mente assuntos que não envolvessem o Uchiha. Sakura nada encontrou; sua mente estava tão sobrecarregada. Ela achou o silêncio constrangedor, mesmo que tenha durado dois segundos.
Para seu alívio, e pelo que parecia ser obra do destino, Shizune apareceu do nado, empunhando uma grande pilha de papéis no rosto da Hokage.
- Tsunade-sama! Finalmente achei você - Shizune repreendeu a mulher, claramente frustrada. Sakura olhou levemente para a jovem mulher, que parecia ter procurado a problemática Hokage por toda cidade várias vezes. - Porque você fez uma pausa para o almoço quando se tem todos esses papéis para olhar?
- Acalme-se, Shizune, eu ia olhá-los...
- De preferência até amanhã se não houver atrasos. - Shizune rebateu de maneira frustrada. - Por favor, Tsunada-sama, vá até seu escritório a adiante o trabalho o quanto puder. Por favor?
Tsunade pôs-se de pé com um pesado suspiro. – "Tudo bem, tudo bem! Apenas pare de me atormentar!" - Ela virou-se para Sakura, - "Sakura, termine seu almoço, vejo você à tarde. Tente esquecer o Sasuke; apesar de tê-lo em sua memória, ele provavelmente não se preocupou em lembrar-se de você."
Sem nada dizer, Sakura assentiu e deu outra mordida desanimada em seu almoço enquanto uma, bastante agitada, Shizune levava sua professora.
As palavras de Tsunade tinham atingido-a dolorosamente e, ela sabia, em seu coração, que nunca poderia fazer o que sua mentora pedira. Ela nunca poderia esquecer o Sasuke. Nunca.
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Era um Kabuto muito raivoso que o arrastava pelo corredor mofado, pelo que Sasuke pôde notar. Seus olhos doíam como se os fogos do inferno tivessem invadido-os, e ele não mais podia enxergar; apenas uma vez tivera uma ferida que doera mais, e essa fora quando Orochimaru lhe dera o selo amaldiçoado, lhe dera poder.
Sangue escorria por sua face para seu nariz e boca, podia provar e cheirar claramente. Ele berrava de dor; podia ouvir a si mesmo gritando, mesmo que não estivesse conscientemente ciente que o fazia. Ele lutou brevemente, seus olhos queimando, mas ele estava muito fraco pela perda de sangue para suportar uma luta. Ele não sabia o que aconteceria consigo agora, mas não se importava, tinha sido sua escolha cegar a si mesmo. Sasuke podia terminar morto de qualquer jeito, cegando-se ou não, mas mesmo cego, ele poderia ao menos ter uma chance de sobreviver.
Houve um ruído enquanto a porta da câmara de Orochimaru abria-se, e Sasuke foi despejado abruptamente no chão, no que ele assumiu ser aos pés de Orochimaru.
- Orochimaru-sama - Kabuto declarou em um tom importante, apesar de Sasuke poder ouvir uma leve oscilação em sua voz. O covarde sem dúvidas sabia que seria responsabilizado pelo que aconteceu com o novo recipiente de seu mestre. - Nós temos um problema.
Houve uma discussão, e um estalido de roupas e Sasuke sentiu seu queixo ser levantado pelo pé de alguém, para investigá-lo. Sasuke comprimiu suas pálpebras, mas a dor não se abateu. Parecia menos estranho não poder enxergar quando seus olhos estavam fechados, ao contrário de quando estavam abertos. O pé afastou antes de chutá-lo fortemente no ombro; Sasuke mal estremeceu, já que a dor era nada comparada a combustão em seus olhos.
- Por que, Sasuke-kun? - era a voz sedosa de Orochimaru soando perto de sua cabeça. O tom era suave, entretanto pingava raiva e aversão, como o veneno das presas de uma cobra. - Porque fez algo tão terrível, Sasuke-kun?
Mantendo sua boca bem fechada, apenas emitindo gemidos de dor, Sasuke não respondeu, sabendo que para viver, tinha que jogar com suas cartas cuidadosamente. Sentiu Orochimaru roçar por ele ao ir para seu outro lado.
- Kabuto, - a voz continuava mortal, - ele pode ser curado?
Alguém, mais provavelmente Kabuto, o chutou nas costas, e a quente respiração que sentiu em seu rosto sugeria que era examinado. Uma mão agarrou-lhe o queixo grosseiramente e o manteve de cabeça erguida. Uma pausa. Então, a mão e a respiração recuaram, permitindo que Sasuke se curvasse sobre o chão.
- Eu poderia curar a ferida, mas ele não seria capaz de ver novamente, muito menos usar o Sharingan. - A voz de Kabuto soou séria, misturada com um pouco de nervosismo e incerteza.
Houve uma longa pausa, e a tensão estabelecida no cômodo era tão pesada que poderia ser cortada com uma kunai, - "Entendo."
- O que gostaria que eu fizesse? - Kabuto perguntou enquanto o tecido crepitante afastava-se da figura ferida.
Uma nova longa pausa, - "Certifique-se que ele seja devidamente punido e então jogue o corpo na mata."
- Você o quer morto? - Kabuto indagou.
- Não importa, com o tanto de sangue que perdeu, morrerá logo - Orochimaru replicou. - Certifique-se que seus últimos minutos sejam dolorosos.
- Gostaria que a memória fosse apagada?
Outra pausa, - "Caso o improvável aconteça e ele sobreviva, apague apenas as partes importantes."
- Sim, Orochimaru-sama. - O tecido crepitou ao Kabuto curvar-se para seu mestre, e então outro ruído. A voz foi projetada para outra direção quando Kabuto proferiu novamente, - Você, leve-o para cela, estarei lá logo.
- E para você, Kabuto, - a voz de Orochimaru foi afastando-se enquanto Sasuke via-se, vagamente consciente, ser arrastado para fora, - Temos que discutir seu descuido em deixar nosso pequeno Sasuke machucar-se de tal maneira.
Sasuke não conseguiu entender a resposta de Kabuto, pois sua mente nublava. Perdeu a consciência.
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CONTINUA...
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n/t: É isso ai. O que acharam? O que vai acontecer com o Sasuke?
Bem, só posso dizer pra vocês: continuem acompanhando, porque vale a pena.
E não se esqueçam das reviews! :)
xoxo
Ledger m.