Charles saía da sala adjacente ao laboratório quando Erik o viu; a primeira coisa que notou - como sempre - foram os olhos terrivelmente azuis de Charles, que brilhavam e chamavam tanta atenção. O professor ajeitava algo em seu pulso enquanto conversava com Hank.

"...em alguns dias isso passa.", dizia Hank, colocando as mãos no bolso. "Bobagem."

"Sem dúvidas.", respondeu Xavier, mexendo os dedos da mão. Erik, então, viu o problema: um tensor cor de areia prendia o pulso de Charles, e a junta de seu dedão estava envolvido por um elástico grosso.

"Charles!", chamou o alemão, agitado, sendo encarado pelos dois intelectuais. O mais baixo o olhou como se não entendesse a urgência. "Charles, você está machucado? O que aconteceu?", e pegou delicadamente na mão direita do namorado. Hank franziu as sobrancelhas e olhou à sua direita, onde seus amigos estavam à distância, do outro lado do vidro. "Por quê você não me chamou?"

"Erik, não fique tão alarmado!", disse Charles, mostrando o acessório em seu pulso. "Foi apenas uma tendinite! Corrigi algumas teses ontem e acordei com essa dor chata no pulso, mas nada sério!"

"Você foi pro hospital? Você está sentindo dores?", indagou Erik com uma expressão de alerta. Mal perceberam os dois que Hank havia se afastado; o telepata tentava não achar a situação cômica.

"Não fui ao hospital, Erik, estou apenas com dores no pulso! Nada que alguns dias de repouso não resolvam.", explicou Charles com toda calma do mundo.

"Tem certeza? Seu braço não vai ficar prejudicado?"

"Não! Erik, acalme-se, é normal! Eu já tive tendinite antes e meu braço está inteiro!" e mexeu a mão na frente de Erik, abrindo e fechando os dedos. "Vê?"

"Quer dizer que eu vou ter que cuidar de você esses dias todos?", perguntou Lehnsherr, sorrindo, já mais calmo. Charles lhe encarou com uma expressão doce.

"Vai. Do jeito que você gosta: cem porcento do tempo.", respondeu o professor, tocando o outro no bíceps. Ficaram alguns instantes parados, se encarando, como não se vissem há anos. Erik voltou à realidade antes.

"Aonde está McCoy?"

"Meu Deus! Quanta indelicadeza a minha!", comentou Charles, olhando em volta. No vidro que havia em uma das paredes estava colada uma folha com um recado à mão. " 'Estaremos na cozinha fazendo o lanche' ", leu o telepata em voz alta.

"Acho que ficou muito na cara...", disse Erik um pouco embaraçado.

"Você acha, Erik?", riu Charles, abraçando o namorado pelo pescoço. "Está mais óbvio do que esse tensor aqui."

"Não seja tolo. Eu não demonstro tanto assim que te amo.", disse Erik sério, não deixando de enlaçar Charles pela cintura. Este não deixou de rir.

"Está bem, Magnus", disse Charles, com os lábios próximos dos de Erik. "Hank deve ser telepata também, então." E beijaram-se, desta vez seguramente sozinhos.