Disclaimer: Naruto e seus personagens pertencem à Kishimoto. Eu não sou Kishimoto. Se você é, por favor, não me processe.
Aviso: Não, essa estória também não é minha. Ela pertence à autora estadunidense "the general girl", todos os créditos para ela. Eu só estou traduzindo. Aos interessados, o link da estória em inglês estará no meu perfil.
Sinopse: Sakura reencontra Sasuke no País do Vento, cinco anos após a guerra, quando ele deveria estar morto e ela deveria estar além de se importar. Nenhum deles tem sido muito bom em cumprir as expectativas.
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The Long Way Home
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Parte I
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"Todos nós temos nossas máquinas do tempo. Algumas nos levam de volta, elas são chamadas recordações. Algumas nos levam adiante, elas são chamadas sonhos."
Jeremy Irons
Haruno Sakura revê Uchiha Sasuke no País do Vento cinco anos após a guerra.
Ela está em uma aglomerada casa de chá, sentada sozinha em uma mesa ao canto, de costas para a parede, desfrutando um espetinho de dango após uma sucedida missão para curar um lorde ou outro. A comida está grudenta em sua boca e ela está na última bolinha verde quando ele entra.
Ele está mais velho e mais alto e tão devastadoramente bonito quanto ela se lembra. Mas não pode ser ele, absolutamente não pode ser Uchiha Sasuke porque ele deveria ter morrido cinco anos atrás. E também não pode ser ele porque aquele garoto, aquele homem que acabou de atravessar a porta está sorrindo e, deus, ela nunca o tinha visto tão à vontade antes, nunca tinha visto a incessante vigilância que ele lançava ao redor de si mesmo obliterada desse jeito.
Talvez seja apenas uma cruel coincidência. Talvez Uchiha Sasuke tenha um irmão gêmeo. Talvez isso fosse depleção de chakra e alucinações ou genjutso com o propósito de reabrir antigas feridas que, na verdade, nunca curaram.
Mas não, ele está caminhando para o balcão para pedir e aquela graça inata, aquele movimento fluído, é exatamente como ela se lembra. Mas, mas o cozinheiro está deslizando em direção a ele um prato de tempura e outro de dango e não pode ser Sasuke porque ele jamais gostou de doces. Entretanto, não é para ele; ao invés disso ele empurra o prato para outro alguém.
Alguém que ela não tinha reparado porque quando Uchiha Sasuke entra em um cômodo, sem nenhuma consideração pelo fato de que ele deveria ter morrido, sua atenção não tem espaço para mais nada.
É uma garota, e ela é pequena e delicada e tem o corpo de uma civil com o cabelo no tom mais claro de castanho e ela está sorrindo para ele, sorrindo para o Sasuke-kun dela – dela e de Naruto. O pensamento a assusta o suficiente para que o já relaxado aperto em seu dango afrouxe tanto que o espetinho inteiro cai ao chão.
Ela não tem usado aquele nome, não tem articulado aquele nome em conjunto com aquele sufixo em muitos anos.
A comida jaz esquecida no chão enquanto Sakura se levanta, erguendo-se da mesa com uma agitação e um ruído alto o suficiente para abafar a conversa a sua volta, mas ela não se importa; não pode se importar com coisas como propriedade pública quando Sasuke, quando Sasuke-kun está vivo e está bem e no mesmo cômodo que ela e ele está rindo com alguma outra garota, com alguma estranha que não são eles e isso dói. Isso dói porque é evidente que ele finalmente encontrou felicidade e não é com ela ou Naruto ou Kakashi-sensei e definitivamente não é dentro dos muros de seus respectivos lares (isso dói ainda mais, ela pensa, ter que vê-lo primeiro com uma garota).
(E Sakura sabe que é subalterno e egoísta e errado ter pensado aquilo, mas que merda, apesar de todo o seu amadurecimento, Sasuke sempre será sua frente fraca.)
Ela está parada lá, em frente a sua mesa, e logo o lugar inteiro está silencioso, as pessoas olhando-a estranhamente, expectantes porque eles conseguem ver sua bandana e sabem que ela é uma shinobi e shinobis são conhecidos por surtar. Ele é o último a se virar, apenas notando quando a garota que está com ele – e seu peito se comprime por isso – silencia-se e puxa sua manga.
E então sua surpresa está lentamente transformando-se em raiva. Porque este é um lembrete de que ele os abandonou uma segunda vez, do pior jeito possível. Ele deixou a todos pensando que estava morto, deixou Naruto pensando que seu melhor amigo, a coisa mais próxima de um irmão que ele jamais teve, tinha morrido por causa de uma explosão destinada a ele. A raiva é forte e cortante e destrói a surpresa. Por um segundo, tudo que ela consegue ver é o vermelho de indignação e de corações feridos. Então ela está calma novamente, calma como a ponta de uma lâmina afiada, olhos verdes estreitando-se, e esperando, antecipando o reconhecimento que passaria pelos olhos dele quando seus olhos finalmente se encontrassem.
Ela espera, pelo bem dele, que ela esteja apta a encontrar até mesmo a mais simples alusão de remorso ou arrependimento.
(Talvez, até mesmo simpatia.)
Mas Sasuke está dolorosamente lento para se virar, e algumas vezes ela já foi chamada de mulher impaciente (especialmente em áreas relacionadas a ele). Quando ele finalmente vira, seus olhos deslizam, lentos e lânguidos, da ponta de seus pés até o rosa de seus cabelos – ela teria corado, exceto que, exceto–
(Sua respiração acelera e seus dedos afundam na madeira da mesa.)
Quando ela olha em seus olhos negros límpidos pela primeira vez em cinco anos, Sakura quase se despedaça.
Não há nada neles exceto uma curiosidade vazia.
E Sakura não aceitará isso. Ela recusa essa coisa que é pior do que sua familiar marca de apatia; recusa-se a desaparecer na não especificidade dos estranhos ao seu redor porque–
(Porque ela não é uma estranha. Jamais será não importa o quanto ele tente. Porque ela tem amarrado os rompimentos em suas ligações várias e várias vezes, trançando em novos pedaços dela mesma até transformar-se em algo que ninguém poderia desatar.)
Seus passos são leves e rápidos, talvez até tão rápido quanto ele costumava ser a última vez que o viu em batalha, e seu aperto em sua camiseta preta simples é firme enquanto ela o puxa pelo colarinho. A garota grita um pouco, em medo, e Sakura está surpresa, surpresa quando não há espada pressionada contra sua garganta, nenhum chidori empurrado através de suas costelas. Ao invés, Sasuke parece alarmado, como se ele, na verdade, tivesse algo pela qual temer, como se ele não tivesse ideia de como se defender.
Sakura não pode acreditar, não acreditará neste Sasuke desprotegido o suficiente para ser pego, neste Sasuke que permitiria que suas emoções brincassem tão claramente em seus olhos.
"Que merda," ela emite através do silêncio, "Você não é, você não é– Quem diabos é você e o que você fez com Sasuke-kun?"
Ela normalmente não abusava de profanações. Ela normalmente é a calma, racional, aquela que olharia nos olhos de quem quer que Naruto estivesse ofendendo e ofereceria desculpas educadas e sem sentido.
Essa mulher ríspida, rude – essa não é ela.
"Deixe Kun-chan ir! Só porque você é alguma ninja forte de classe alta não significa que você pode incomodar qualquer que você quiser!"
Os olhos de Sakura moveram-se rapidamente para longe do rosto de Sasuke pelo acesso de raiva da garota, sobrancelhas apertando-se ao ouvir o nome. Ela espera Sasuke zombar, franzir a testa pelo honorífico, mas ao invés disso tudo que ele faz é empurrar seus braços. Há força em seu empurrão, mas não está nem perto de ser o suficiente, entretanto ela deixa o aperto afrouxar, dando um passo para trás e observando-o com olhos críticos.
Ele está usando calças largas enfiadas em botas gastas e uma simples camiseta preta. Não há coldre com kunais ou bolsa com shurikens alçada ao redor de sua perna ou amarrada em sua cintura, nenhuma espada descansando contra suas costas. Por todas as intenções e propósitos, ele parecia com um civil.
Instintivamente, seus sentidos se expandiram e alcançaram seu chakra, sondando pela negra, densa espiral de poder que sempre foi sua assinatura, mas o que ela encontra não é nada do que ela espera. Sim, a sensação distinta do chakra de Sasuke está lá, mas está amortecida e entorpecida, encamada tão profundamente nele que ela conseguia detectar somente lânguidos anéis, sentir apenas o mais tentador toque de força.
Quando ele fala, sua voz é o mesmo timbre rico que ela sonha às vezes.
"Quem é você?"
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Sakura não pode deixar de sentir-se inquieta com o surrealismo do momento. Ela está sentada sob uma florescente árvore de maçãs, pernas meticulosamente dobradas em baixo de sua saia, com Sasuke nem a sessenta centímetros de distância e ele está sorrindo para ela. E mesmo que o sorriso seja educado e distante, e é exatamente o mesmo que ela dá aos conhecidos na rua, Sakura está fascinada, está vibrante e devastada pela mudança na personalidade dele.
O homem próximo a ela ainda é frio e reservado, mas era como se todas as pontas afiadas e os cantos perniciosos que ele ganhou em toda sua vida tivessem sido polidos por uma lixa. A mudança é desconcertante, aterrorizante, e quase agridoce porque este é Sasuke como ele poderia, como ele deveria ter sido. O Sasuke que poderia ter existido se certa missão não fosse dada muitos anos atrás ou eles fossem fortes o suficiente para mantê-lo em Konoha.
Ao invés disso, ela tem que sentar-se sob pétalas brancas caindo enquanto seu primeiro amor reconta como ele acordou em um pequeno hospital em uma vila sem nome e sem memórias de sua vida anterior. Ela o observa enquanto ele fala e escolhe seus contos. O jeito com que sua cabeça levanta levemente para a esquerda quando recontando algo especificamente difícil ou o jeito com que seus lábios se comprimem em uma fina linha se ele tem um momento particularmente trabalhoso para se lembrar de algo.
Ela sabe dizer quando ele está frustrado pelo porte de seus ombros e quando ele está entretido pelo mover-se de sua sobrancelha. Todos aqueles pequenos fragmentos do Sasuke-Que-Ele-Era resseguraram-na de que aquela era a verdade, que mesmo que ele não se lembrasse de nada sobre ela, ela ainda consegue reconhecer esses pequenos pedaços dele.
Que em algum nível inato ela ainda conhecia ele.
"Amaya e sua família me encontraram em um fosso no País do Fogo. De acordo com ela eu estava em péssimo estado. Eles me levaram para uma clínica em um vilarejo próximo e os médicos conseguiram me curar."
"Depois daquilo Kun-chan veio para casa conosco," a garota, Amaya, interrompeu. Sakura piscou, pausando em sua procura por Sasuke para observar a garota esparramada no chão do outro lado do homem. Ela é, evidentemente, uma civil, feminina; uma garota franca que sentava perto demais de Sasuke para o gosto de Sakura. Ela é bonita, em um jeito, mas Sakura consegue ver a leve cobertura de maquiagem em seu rosto e não pode deixar de pensar que a beleza é apenas superficial.
(Isso não é, ela diz firmemente a si mesma, o ciúme falando. Ele está seguro e vivo e sem ferimentos e isso, isso, ela propositalmente se lembra, é a única coisa que importa.)
Sasuke só parece levemente transtornado pela interrupção, seus olhos cintilando para garota em moderada diversão. "Ah. Eu não tinha para onde ir, e a família Endo foi gentil o suficiente para me deixar ficar. Eu faço o trabalho de campo e ajudo com quaisquer outros excedentes e finalidade que eu consiga cuidar."
"Eu sinto muito pelo que aconteceu na casa de chá antes," Sakura se desculpou, "Eu estava... surpresa."
"Eu que o diga," Amaya zomba, e Sakura não perdeu o jeito com que a boca de Sasuke se contrai para restringir uma risada.
Risadas. Essa garota ouviu Sasuke-kun rir, ela tem visto lados dele que ela e Naruto lutaram com unhas e dentes para tentar reviver. Sakura é grata porque Endo Amaya salvou a vida de Uchiha Sasuke, mas ela não consegue negar a pontada de ciúmes reverberando em seu peito.
(A única pessoa que ela não consegue mentir é para si mesma.)
"Você," ele fez uma pausa, e ela pode ver que ele está escolhendo as palavras cuidadosamente, "Você me reconhece?"
A garota de cabelos rosa pisca, e seu primeiro instinto, sua necessidade, está empurrando-a para gritar sim, sim eu reconheço, você é Uchiha Sasuke e você pertence ao Time Sete, você pertence a Konoha conosco – casa, casa, casa, por favor venha para casa.
Mas este é o Sasuke-Que-Poderia-Que-Deveria-Ter-Sido, e ele está feliz. Este Sasuke consegue rir das piadas e sorrir para estranhos. Este Sasuke não conhece nada sobre traições e corações partidos e sobre o calor do sangue do massacre de seus pais manchado nas paredes de sua sala de estar.
Este Sasuke iria querer ficar.
Ela está levando muito tempo, ela percebe, então ela nivela seus olhos verdes como capim aos dele, sorrindo languidamente, e mexe sua cabeça em sinal de não.
"Eu acho que não."
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N/A: E SIM, Endo Ayama é uma OC, e porque eu normalmente detesto OC's eu posso seguramente dizer que ela não vai estrelar em nenhum grande espaço que não seja um artifício do enredo cutucando aqui e ali.
N/T: Antes de mais nada vou mandar um agradecimento gigantesco para Fernanda por ter me ajudado betando este capítulo. :D Você me salvou.
Logo então, vou avisando que o primeiro capítulo é bem introdutório e é um dos mais curtos de todos eles. Outro ponto que vou deixar claro é que traduções não são precisas, mas, sendo a perfeccionista que sou, fiz meu melhor para deixar igual e inteligível.
Esta estória tem um total de dez capítulos.
É minha primeira tradução e a primeira vez que publico algo em dois anos, então pretendo levar esse projeto até o fim. Qualquer dúvida, crítica ou comentário podem falar. Quem quiser deixar algum comentário para a autora "the general girl", sinta-se a vontade que eu transmitirei o recado a ela. Ou falem diretamente, vocês quem sabem.
No mais, por favor, deixem reviews.