Disclaimer: HP não me pertence e não sei dizer todos os que detêm direitos autorais sobre o nome.

Sumário: UA – Ele era um super herói, imbatível, perfeito. Talvez não tão perfeito, pois tinha um ponto fraco. Essa fraqueza se materializava na dona dos olhos que não eram feitos de esmeraldas e sim, criptonita. Era isso. Lily Evans era pura criptonita...


Kryptonite

Prólogo.

Naquele breu com odor pesadamente úmido, dois policiais faziam a sua batida. O aposento se localizava numa das ruas do grande subúrbio de Londres e apesar da aparência abandonada, um imenso prédio cinza carente de reformas, os oficiais acreditavam que tudo servia de fachada para encobertar um peixe dos grandes...

- Poderias ser um pouco metódico para variar... - sussurrou Sirius Black para seu amigo e parceiro, James Potter, se referindo à forma com a qual este adentrara o local sem muito tato, na opinião de Sirius.

Evitando o mínimo contato do solado de seu sapato contra o solo, Black tomara à esquerda, enquanto que Potter, à direita.

Não que tanto esmero em não provocar ruídos valesse a pena depois da entrada espalhafatosa de Prongs..., pensou Black com um leve balançar de sua cabeça.

- Peço licença da próxima vez – James devolveu sarcástico, apontando sua MP7 para vários lados e direções.

O fato de estarem no ramo a um (relativo) bom tempo, confiarem um no outro e acima disso, em si mesmos, proporcionava a eles a "dádiva" de poder lançar farpas entre si.

- Barra limpa – Sirius concluiu com sua entonação a indicar que não acreditava no que acabara de dizer, esquecendo completamente a pequena rixa com o parceiro e amigo.

- É. Pelo jeito nosso informante estava muito bem informado – James encarou nada agradecido o único ocupante (além de si) do descuidado local.

Apesar da escuridão, parecia que eles podiam sentir suas localizações.

Sirius nem piscou e levou as mãos à cintura, descrente.

- Que tal a gente resolver isso lá fora? - o mais alto, centímetros, sustentou o olhar alheio em desafio, ou o que acreditava ser o olhar alheio.

Pelo menos hematomas, ossos quebrados e dentes perdidos, Black queria, já que sua missão aparentemente havia sido em vão e broxantemente frustrante, além de falha. É difícil conviver com o erro, ainda mais tendo seu amigo esfregando isso na sua cara.

Potter segurou um sorriso contrafeito, murmurando um "tch" chiado e ao mover a cabeça em negativa, desviando sua atenção da descontraída contenda que tratava com Sirius, captou um borrão sangrento.

Aprumando os olhos na direção de onde calculava ter visto aquela coisa estranha, ele discerniu uma discreta lâmpada que emitia a luz vermelha e fraca na parede oposta e, abaixo da orelha direita de Sirius, ou o que ao menos acreditava ser a orelha daquele vira-lata.

Black se desinteressou pela segunda vez de uma provável discussão que teria com o amigo e achara um interruptor, assim acreditava James, pois a claridade invadiu sua visão o deixando por poucos segundos cego.

Forçando uma veloz adaptação, com algo a lhe cutucar a nuca sobre o perigo que aquele sutil brilho vermelho poderia significar, ele se voltou para a fonte de sua preocupação.

A desgraçada tremelicou.

- Fudeu – o homem só conseguiu proferir esta palavra, tão curta e ao mesmo tempo tão carregada de significado e força, só não mais que a bomba que disparara seu mecanismo de explosão naquele exato segundo.

O local explodira, levando tudo pelos ares.

Menos os nossos heróis, é claro.

Eles estavam a dois palmos abaixo dos escombros.

Após infindáveis tossidas, James estava de pé e praticamente ileso, o que não se podia afirmar de seu ego, pois Sirius estava correto no fim das contas. Sem voz para fazer uso de seu vasto dicionário de palavrões, se limitou a livrar seu companheiro daqueles escombros de concreto com um zumbido chato no seu ouvido.

De volta à escuridão, desta vez não haveria lâmpada que tivesse sobrevivido à explosão, James lamentou ter quebrado a que estava atada às suas vestes, já que seu celular mal iluminava cinco centímetros adiante.

- Nunca duvide do meu informante – depois de respirar profundamente e verificar que seu estado era semelhante ao de James, Sirius falou.

- Considerando que era pra estarmos mortos... - começou Potter, refletindo sobre as atuais circunstâncias, enquanto vasculhava entre o lixo que restara: algum vestígio do equipamento que os delatara e desencadeara a detonação.

E de novo, o breu não estava ajudando o seu trabalho.

- Provavelmente vão mandar seus soldadinhos pra limpar a sujeira – Black arrematou os pensamentos do amigo.

E ele estava, infelizmente, correto.

As feições dos dois não demonstravam alegria.

Com certeza os donos do lugar já sabiam da presença deles ali e coisa boa não viria para saudá-los.

- Já posso ouvir Moody nos praguejando e ameaçando nossos traseiros com bibas – Sirius exteriorizou o pesadelo que invadia sua mente ainda acordado e observou os movimentos de investigação (básicos) de James se tornarem frenéticos de periferia a periferia do ambiente.

Black tinha dó deles, mas principalmente de seus traseiros... Já pensando em encomendar uma cueca com cadeado e feita de ferro, além de...

- Achei Pads! - vibrou Potter, acordando Black.

- Tem uma parede aqui atrás... - encostou-se no que narrava para demonstrar que estava correto – E ali deve ser a entrada... - continuou correndo para o sentido contrário, com Sirius o acompanhando através daquela pesada nuvem de poeira, que definitivamente os jogara num negrume maior que o anterior.

Como o prédio não desabara não era milagre, a construção não estava tão ao relento como sua imagem passava. Mais um motivo para desconfiarem de que não fosse um peixe que estava escondido naquela sujeira, talvez um tubarão... Além do que, a explosão tinha como finalidade dar um fim na existência deles e não na do prédio.

Apressadamente cavaram em meio às ruínas, para abrir passagem.

Depararam-se com a entrada de um elevador antigo, com características que remetiam há uns trinta anos, um gradil enferrujado fazia o papel de portas e o veludo esburacado e esgarçado que revestia seu interior exalava a mofo.

- É por aqui mesmo – confirmou James verificando os botões luminosos no interior do compartimento móvel, com a poeira grudando-lhe no pescoço e testa, misturando-se pastosa com o suor.

A única coisa que lhe martelava o cérebro era a necessidade de saírem dali o quanto antes. E a alternativa de usarem a rua estava completamente descartada.

James Potter nunca saía de uma batida com o rabo entre as pernas, apesar de que a frase soaria mais adequada se Sirius a proferisse.

- Prongs – Sirius lançou um olhar de alerta e que explicitamente significava encrenca ao amigo – Nos acharam... Bora logo cara! - empurrou sem cerimônia James para o interior da cabine e apertou um andar a esmo no painel.

- Como 'cê sabe? - James encarou incrédulo o outro, tendo toda sua meticulosidade implodida, junto às suas determinações de nunca desistir.

- Ah nem vem!, foi o meu informante – e então Sirius, após colocar o celular por onde seu informante lhe mandara o aviso no bolso traseiro da sua calça, pulou para tentar remover a usual escotilha que se camuflava no teto de todos os elevadores.

O problema era: não existia uma!

- Era por isso que estava hesitando seu pulguento, era pra termos vindo de escada... - James analisava a porta que era iluminada pelas brechas de vários andares que transpunham, em pose reflexiva.

Sim, o elevador funcionava, mas funcionava também como uma espécie de prisão! Ou melhor, seria o caixão deles se os rapazes não se retirassem logo dali, pois estavam vulneráveis ao extremo naquela caixa sem saída e arcaica que se arrastava tão lenta quanto uma tartaruga em direção aos andares superiores.

- A gente fica aqui – Sirius parou o elevador habilmente no nível mais raso, socando o painel de controle.

Assim como James tinha os seus "blá blá blá's" de nunca desistir, Sirius tinha os seus que se resumiam a "tudo se resolve na porrada".

Aqueles dois eram uma tremenda enxaqueca juntos.

- Não sei como funcionou, mas funcionou – deu de ombros diante dos olhos arregalados de James.

Não que cada um aprovasse os métodos do outro. Contudo, essa não era a hora, nem o lugar para iniciar mais uma discussão. Pois, ao saírem foram recebidos com o ricochetear de balas. Tentando se proteger, eles se jogaram para lados opostos. Era árduo dizer qual a origem das balas, ainda mais quando foi usada uma cortina de fumaça com algum tipo de gás tóxico.

Chutando alguma coisa por pura sorte, James abriu a porta da escada e berrando por Sirius, os dois seguiram para o próximo piso. Desta vez, utilizando de táticas e de um plano de verdade.

- Show time – Sirius sorriu, apesar de que aquele rasgo em seu rosto possuía maior capacidade em meter medo e não de despertar sentimentos apaixonados e avassaladores, não importando se seu dono era belo, aquilo simplesmente significava encrenca, das boas.

Puseram os pés no chão agindo como um "L" humano, protegendo suas retaguardas e cobrindo o máximo das direções possíveis. Avançaram assim quase sem danos. Sendo que a própria conformação do prédio lhes ajudava, estavam num corredor extenso e de pequena largura. Porém, também havia desvantagens, lascas de paredes e teto atrapalhavam não só a visão como chegavam a lhes machucar a pele (ou tecidos mais profundos), se eles não se movessem com esmero.

- A gente vai ficar nessa briga besta de merdinha em merdinha? - gritou Sirius que já havia se estressado e desfazendo a conformação, pegara um dos atiradores pelo cabelo e o deixara desacordado ao jogá-lo de contra ao chão.

Não dava para bancar o eticamente correto, ou era o couro dos outros, ou era o dele e Sirius Black não estava muito contente com as feridas que já sustentava.

- Quer chamar reforço? Desde quando viraste um bunda mole Pads? - alfinetou James com uma meia risada, enquanto descarregava sua MP7 sem piedade à esquerda e já sacava uma Carter com certa intimidade.

Sirius assobiou baixinho para a arma.

- Hasta la vista baby – James brincou ao mirar o bastardo que lhe enchia a paciência desde quando embarafustaram naquele funil de corredor.

O silêncio imperou no local, a silhueta dos dois policiais perpetrava um ar agourento e nebuloso no aposento.

- Era uma vez a testemunha... - censurou Black e começou a conferir os equipamentos, que não passavam de sucata, no que era a base, e nada sensibilizado pelo que fizera, junto ao parceiro, do lugar.

- Próxima base! - anunciou James se dirigindo para a janela instantaneamente quebrada e já com uma corda, arranjada sabe Deus de onde, em mãos.

Ele não precisava olhar uma segunda vez para ter certeza de que dali nada poderia ser aproveitado. Só lhes restava enfurecer cada vez mais os responsáveis e convidá-los a cometer um deslize qualquer...

Ele não desistiria. James Potter não era um homem de desistir, droga!

Black observou o amigo e pela primeira vez suas feições foram atravessadas por um, na verdade dois tipos de emoção, que usualmente faziam parte da personalidade de Remus e não da sua: a) preocupação e b) responsabilidade. Ele sabia o que tudo aquilo que estavam fazendo teria como resultado...

Todavia, James estava com alguma coisa em mente, tornando impossível perceber aquele raro rompante maduro que acometia seu melhor amigo, fato muito positivo para Black, já que seria razão de infindáveis piadinhas se James tivesse notado o que se passava consigo.

Sirius exalou o ar com mais força do que o natural e seguiu o amigo.

- Cara, você tá no comando nesta missão, então se veja com a foguinho depois – sussurrou com um início de sorriso substituindo as expressões anteriores, já ante-vendo a confusão que toda aquela situação iria dar quando certa ruiva tomasse conhecimento do ocorrido.


N/A: Feliz Natal p/ todos! Esse é meu presente de Natal p/ vc Cacto-sama, era para ser uma oneshot, mas não ficou legal, então vc vai continuar recebendo seu presente durante os próximos dias [x

Espero que vc n tenha se empaturrado de muitas coisas gostosas, porque eu vou lhe empaturrar de Sirius Black, então abra espaço ;D

Bjin'