Agora você vê, agora não

Sinopse:

Nada indicava que seria uma noite diferente no Largo Grimmauld. Até alguns livros caírem na cabeça de Sirius. Remus pega o primeiro e qual é a surpresa ao ver o título: Harry Potter e a Pedra Filosofal.

- X – X – X -

Prólogo

Londres, Largo Grimmauld, 12, Sede da Ordem da Fênix, 23h45min

Sirius Black bufou e encostou a cabeça na parede atrás de sua cama. Olhando pela janela – mesmo que seu quarto não fosse na parte da frente da casa, sempre mostraria o tempo lá fora – podia ver que estava escuro como breu. Ele provavelmente deveria estar dormindo, aliás, era uma noite muito irritante para ter insônia.

Poucas horas atrás tiveram uma reunião da Ordem, ou seja, duas horas ouvindo todos os membros darem seus relatórios e aturar as ironias de um malicioso Ranhoso.

Sirius suspirou. Ele odiava se sentir inútil, mas odiava mais ainda se sentir inútil no Largo Grimmauld. Treze anos em Azkaban, um como fugitivo, e, agora, um ou sabe mais quantos, como prisioneiro na casa onde passou sua infância infernal. Ele merecia tanto?

Distraiu-se de seus pensamentos ao ouvir passos no corredor. Eram pesados demais para serem de uma mulher e se fosse Tonks provavelmente já teria ouvido alguma batida ou algo caindo. Molly e Arthur já tinham ido dormir e, de qualquer forma, seu quarto era no andar de baixo, assim como o das "crianças" (como Molly tão adoravelmente colocava). Não havia mais ninguém dormindo na Sede hoje, então, com certeza era...

- Remo – Sirius cumprimentou sem muita animação. Ele girou e se acomodou melhor na cama. Não pretendia dormir; ainda vestia as jeans e a camiseta preta, estava deitado em cima de todos os lençóis, os travesseiros nem mesmo embaixo de sua cabeça.

- Sirius – o amigo sorriu cansado. Tipicamente vestia suas roupas amassadas e cheias de fiapos. Olhos âmbar examinaram o animago –, o que faz acordado há essa hora?

- Remie, Remie – o moreno brincou sem humor – não somos mais alunos, podemos ficar acordados até depois da meia-noite.

- Ainda não é meia-noite, Padfoot, – Remo corrigiu – e você entendeu o que eu quis dizer. Ninguém da Sede está acordado, por que você estaria? Se estivesse com Bicuço até entenderia...

Sua voz morreu.

- Ah – Sirius pela segunda vez soltou um suspiro -, sei lá. Só estou sem sono, ok?

- Certo – Remo disse rapidamente, vendo o mau humor que o outro se encontrava. – Bem, então, boa noit...

Mas antes mesmo de terminar sua fala, houve uma luz intensa no quarto e um baque surdo. Alguém disse um silencioso "Merda!" e Remo sabia que tinha sido Sirius, visto que estavam somente os dois no quarto.

Alguns segundos depois, a luz diminuiu, restando somente a luz dos lampiões no quarto. A porta estava fechada. Remo ainda paralisado, viu um monte de livros em cima da cama do animago, que massageava a testa.

- Bosta! Como esses livros pararam aqui? Aliás, por que na minha cabeça? – Sirius reclamava, observando o lobisomem se aproximar e ler o mais fino dos livros.

Uma pausa.

- Remo? – Sirius chamou, vendo seu amigo de longas datas congelado nos pés de sua cama.

- S-Sirius – ele gaguejou.

- O quê? – o animago apressadamente perguntou – O que tem esses livros?

Com a mão trêmula, Remo o passou para o moreno, que leu, em letras engraçadas, o escrito: Harry Potter e a Pedra Filosofal. Sirius franziu o cenho. O menino na capa, em cima de uma vassoura e cabelos pretos, era, indubitavelmente, seu afilhado.

- Tem uma carta aqui – Remo disse, pegando um pedaço de pergaminho preso entre as páginas do livro mais grosso, azul. Desenrolou-o e leu em voz alta:

Queridos Padfoot e Moony,

Imagino a surpresa de vocês ao receberem tais livros (aliás, sinto se caírem na cabeça de algum de vocês; fomos testar o feitiço e caiu na cabeça de Terrier).

Não, eles não são fictícios. Contam sobre os anos de Harry Potter em Hogwarts – desde o primeiro, até o último. Os enviamos para vocês, pessoas que confiamos muito, com o intuito de que possam mudar algumas coisas do futuro.

Mas lembrem-se: mesmo com tudo que lerem não AMEAÇEM ninguém, nem suspeitem, antes do fim. Tudo tem sua explicação. (Isso é mais para você Sirius, conhecemos seu temperamento).

Sinceramente,

Trio de Ouro

P.S.: Harry logo se juntará a vocês e devo adverti-los: a idade dele mudará conforme a idade do livro. De forma que, se querem que ele volte ao normal, terão de terminar a série.

P.S.S.: Não façam nenhuma imprudência, isso pode mudar drástica e seriamente o futuro.

Remo releu novamente a carta, dessa vez silenciosamente, enquanto Sirius lia a capa de todos os livros. Harry Potter e a Câmara Secreta, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e a Ordem da Fênix, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Harry Potter e as Relíquias da Morte.

- Isso é brilhante! – Sirius exclamou (Remo colocou um feitiço silenciador no quarto, somente para garantir) – Sempre quis saber mais sobre Harry e aqui está minha oportunidade.

- Não tenho certeza sobre isso, Padfoot, e se... E se algo der errado?

- O que pode dar errado? A carta dizia que poderíamos mudar o futuro. Podemos salvar vidas, Moony!

Provavelmente fora o Moony que convencera Remo, que respirou fundo e disse um "tudo bem", antes de pegar o primeiro livro e sentar nos pés da cama, acomodando-se confortavelmente.

- Agora vê – Agora não –

Há centenas de quilômetros dali, um garoto de cabelos pretos contemplava pensativamente o fogo. Harry Potter olhava fixamente para a lareira, o queixo apoiado nas mãos, os cotovelos nos joelhos.

O silêncio no Salão Comunal era absoluto levando em conta que era o único ali. Hermione e Rony subiram a pouco para seus respectivos dormitórios após uma briga com Harry sobre falar para os adultos sobre as detenções com Umbridge.

Num minuto, pensativo, viu um sorriso brotar entre as labaredas da lareira e, no outro, sentiu um forte puxão na cabeça. Houve um clarão de cegar os olhos e, quando a luz intensa sumiu, o Salão estava vazio.