(N/A): Olá, pessoas! Queria pedir desculpas pela demora em postar, realmente não é do meu feitio. Mas ando tão sem tempo até para vir aqui na fic... Enfim, as coisas andam se acalmando e espero aproveitar esse momento pra por tudo em dias. Gostei muitos dos comentários que recebi, acho que minha chantagem emocional funcionou, hahaha. Mas sério: obrigada pelo apoio de todos. Aos comentários que precisam resposta...

Vanessa E. Potter: Fiquei muito tocada pela mensagem que você me mandou. Demonstrou uma consideração que não esperava... Muito obrigada!

Lalaias: Eu não posso dizer se houve algo demais ou não, né? É bem a cara do James zoar com a cara do Sirius, mas ele também não faz o estilo mentiroso... Enfim, novidades sobre isso em breve!

L. Evans Potter: Infelizmente eu não tenho tempo pra relar os capítulos depois que escrevo, então errinho eventuais aparecem, erros como esse: Samantha era o nome original da personagem, por exemplo. Mas estou procurando errar o mínimo possível, juro.

Espero que vocês gostem desse capítulo! Deixem reviews, please!

Beijos,

Lis Black.

Cap. VI – Colchão ensopado

Lily levantou-se de um pulo e começou a andar em círculos. Ainda não tinha parado para pensar em certas consequências de morar na mesma casa de um maroto e de dividir a mesma cama que ele. A mera imagem de James e ela deitados lado a lado a fez tremer incontrolavelmente. Sem saber ao certo como se locomovia, Lily caminhou até a cozinha, pegou uma jarra de água na geladeira e um copo e começou a empurrar a maior quantidade de líquido que pode para dentro do seu corpo.

- Não há motivo para pânico, não há motivo para pânico... – ela sussurrava, entre um gole e outro.

Quanto secou a jarra, começou a caminhar em direção ao quarto, olhando a redor como se esperasse que a qualquer momento alguém pudesse surgir ao seu lado. Parou na entrada do quarto e bateu na porta.

- Potter? – chamou.

Um segundo depois, James abriu a porta. A boca de Lily se escancarou quando a ruiva percebeu que ele não vestia nada além de uma cueca boxer preta.

- Quê, deu para bater na porta do seu quarto antes de entrar? – ele se aproximou dela e a puxou pela cintura – Eu já estava deitado, bastava ter empurrado a porta...

Os lábios de ambos se encontraram e Lily corou ao perceber maior urgência no beijo de James, bem mais profundo e quente que no sofá.

- Potter... James... – ele se afastou e encarou-o, ambos ofegando – Eu acho que preciso de um minuto, só o banheiro e eu.

James sorriu marotamente e se afastou dois passos de Lily, dando espaço para que ela pudesse seguir livremente para o banheiro.

- Você tem dois minutos, ruiva. Eu vou estar esperando. Na cama. – ele disse, sorrindo marotamente e se jogando do lado direito da cama.

Ela deu um sorriso amarelo e correu para o banheiro. Fechou a porta e encostou-se na mesma, respirando rapidamente. Tentava pensar em alguma desculpa, algo que pudesse tirá-la daquela situação, mas nada lhe via em mente. Caminhou pelo banheiro, que havia lhe surpreendido na primeira vez que o havia visto. Era um cômodo espaçoso e branco, como todo o resto do apartamento. Do seu lado direito havia um pia gigantesca, com duas torneiras e um espelho que encobria toda a parede. Era tudo muito bem iluminado e Lily podia ver um estoque bem numeroso de perfumes e cosméticos que ela jamais teria pensado em comprar.

Já do lado esquerdo estava o box, com o chuveiro, e uma banheira redonda, suficiente para duas pessoas. Ao pensar nisso, Lily fez uma careta e meneou a cabeça, a fim de espantar certos pensamentos. Por fim, à sua frente, estava um cabide mais alto que Lily e que continha uma única peça dependurada: o pijama de Lily. Ela caminhou até lá e segurou o pijama: uma camisola de seda verde e bem mais transparente e curta do que Lily gostaria.

- Mas não é possível que nem nisso eu tenho sorte. – ela resmungou – Até uns anos atrás eu costumava dormir de calça e moletom.

Suspirando fundo e percebendo que não tinha opções, Lily trocou-se e com muito esforço, abriu a porta e caminhou para fora do banheiro. Olhou para a cama e encontrou James, as pernas entrecruzadas, os braços servindo de travesseiro para a cabeça, assobiando distraidamente.

- Eu já disse o quanto você fica absolutamente irresistível quando usa verde? – ele perguntou, um sorriso sedutor no rosto – Quando se trata dessa camisola em especial eu posso garantir que é uma visão e tanto.

Lily corou com aquele comentário que normalmente a teria feito gritar o resto da semana com James. Ele engatinhou até a ponta da cama, onde ficou de joelhos, mas perto o suficiente de Lily para puxá-la para si. Ela continuava sem reação, então se deixou levar para os braços de James, que no instante seguinte já havia deitado a ruiva na cama, ele sobre ela.

- Então, vai parar de me enrolar? – ele perguntou divertido, traçando os seus lábios na clavícula de Lily.

- Eu... Eu... – por dentro ela gritava consigo mesma por ser incapaz de formular uma frase que fizesse James parar.

- Você tem estado tão fria comigo, Lil. – ele agora beijava o seu pescoço – Talvez eu não tenha lhe dado o tratamento que você merece nos últimos dias. Mas eu prometo que essa noite eu vou tentar me redimir.

E então os lábios de James encontraram os de Lily. Ela permanecia estática, as palmas das mãos depositadas na cama; ele, entretanto, era ágil e enquanto sua mão esquerda envolvia a cintura de Lily a direita segurava o seu pescoço. Ele aprofundou o beijo e então foi impossível Lily continuar a fazer nada, mas tudo o que James recebeu foi uma pressão nos ombros.

- James... – Lily começou, tentando afastá-lo.

- Eu prometo nunca a deixar, Lily. Ser um marido mais presente do que o noivo que tenho sido ultimamente. – ele foi descendo os beijos pelo o pescoço da garota.

Uma das mãos de James baixou a alça da camisa de Lily e seus lábios encontraram o ombro nu e frio da garota. Ela fazia uma cara de desespero, mas estava tão nervosa que sequer conseguia se mover. Suas mãos continuavam paradas nos ombros de James, mas agora sentiam um impulso incontrolável de afagar-lhe os cabelos. Ele deixou o seu peso pesar sobre o corpo de Lily e ela sentiu uma leve pressão sobre a região de sua bexiga.

- James, eu acho que preciso fazer uma coisa... – ela disse baixo demais para que ele a ouvisse.

O corpo de James foi pesando cada vez mais sobre o corpo de Lily, já que ele estava ocupado demais em beijar a clavícula de Lily para se preocupar se seu peso estava incomodando a ruiva.

- James...

Uma das mãos de James afagou os cabelos de Lily enquanto a outras deslizava da cintura e seguia em direção as pernas de Lily. Ela estremeceu ao lembrar como sentia cócegas na coxa. Ela tentou conter o riso quando os dedos frios de James passavam delicadamente por sua pele na coxa e ela sentiu sua bexiga doer. Estava concentrada agora em controlar a imensa vontade de urinar que sentia, mas James não cooperava: agora a beijava nos lábios com a maior ardência que Lily já havia sentido e por um minuto ela sentiu que não conseguiria mais se controlar, entregando-se ao beijo. James mexeu-se um pouco sobre Lily e apertou-a mais entre seu corpo e a cama. Separam-se um pouco e logo voltaram a se beijar, mas dessa vez o contato entre seus lábios foi interrompido bruscamente.

- Lily, que foi isso? – James olhou para a garota a sua frente, que agora corava furiosamente – Que houve?

- Potter, acho que temos problemas. – ela disse, colocando a mão sob o colchão da cama.

James acompanhou o movimento de Lily e ao ver onde a mão da garota tocava, levantou-se de um pulo, fazendo uma careta.

- VOCÊ FEZ XIXI? NA CAMA? ENQUANTO EU TE BEIJAVA? – ele berrou, olhando-a incrédulo.

- A culpa não foi minha, ok? Você fez muita pressão sob a minha bexiga! Eu tinha bebido muita água, não deu para controlar... – ela tentava explicar, tremendo de vergonha.

- Mas se você tinha acabado de voltar do banheiro!

- Mas eu não fui fazer isso, oras! – ela disse, dando de ombros.

O corpo inteiro de James estremeceu.

- Você é impossível, Evans. Impossível. Sabia que no mundo de hoje as pessoas usam vaso sanitário? – ele berrou, furioso, seguindo para o guarda-roupa, de onde tirou um lençol limpo.

- O que você está querendo dizer com isso, Potter?

- Que você não ia morrer de pedisse um minuto para ir fazer suas necessidades no lugar certo! – ele tirou furiosamente um travesseiro da cama.

- Pois parece que você ia! Seu estúpido, eu quis avisar, mas você mais me deixava respirar, ficava só me agarrando e me beijando... – agora Lily estava em pé do lado da cama, que tinha uma mancha molhado visível no seu centro.

- Deixa eu te contar uma novidade, Evans: é assim que os homens se comportam quando estão querendo passar a noite com a sua noiva. E elas, por incrível que pareça, fazem o mesmo, e não ficam controlando o xixi enquanto isso. – ele seguiu para a porta do quarto e abriu.

- Aonde você pensa que vai? – Lily esganiçou.

- Dormir no sofá. Por quê? Vai querer fazer xixi lá também? – ele perguntou, olhando significativamente para Lily.

- Seu grosso! – Lily berrou, arremessando um travesseiro na porta, mas James a fechou antes disso.

O maroto caminhou a passos largos até um dos sofás. Olhou-o e lembrou que Lily e ele estavam sentados a pouco naquele mesmo lugar e rumou para o outro, onde Sirius estivera sentado e que era relativamente menor que o primeiro. Deitou-se, seus pés pendendo para fora, e cobriu-se com o lençol. Na posição que a cabeça de James estava, dava diretamente para a porta da sacada que havia na sala, de onde se tinha uma bela visão da lua cheia que pairava no céu lá fora. James revirou os olhos, pensando na cena que presenciara a pouco. Mal teve tempo para tirar alguma conclusão quando viu um corpo cruzando a sala, carregando consigo um objeto com o dobro de seu tamanho.

- O que você pensa que vai fazer? Jogar o colchão pela sacada? – James perguntou, a voz seca.

Lily o ignorou. Depois que o maroto tinha deixado o quarto, Lily ficou livre para vestir a calça e a camiseta larga que tanto desejara. Depois tirou os lençóis sujos da cama e jogou-os no cesto de roupa. Olhou para o colchão e para o seu alívio ele parecia intacto; entretanto, era melhor retirá-lo do quarto e colocar para pegar um ar na noite fria que fazia em Londres.

- Eu não acho que você consiga segurar esse colchão muito mais tempo. Ele tem o dobro do seu tamanho, Lil. Não que você seja muito grande... – James ponderou, sentando no sofá.

- Potter, me faz um favorzinho de nada? Cala a boca. – Lily sibilou, abrindo a porta da varanda, enquanto o colchão estava apoiado na parede.

James revirou os olhos. Enrolou-se no lençol e caminhou até Lily.

- E se eu não calar? Você vai fazer xixi em mim? – ele riu, carregando o colchão para a sacada.

Quando o maroto virou-se para voltar para a sala, onde Lily tinha ficado, viu a porta da sacada ser fechada antes que ele pudesse atravessá-la.

- O que você está fazendo? – ele perguntou, batendo a mão na porta de vidro da varanda.

Lily sorriu maliciosamente.

- Não tem cama nos outros quartos, não é? – ela perguntou, a voz alta.

- Claro que não! A gente só ia mobiliar os outros quarto à medida que os nossos filhos fossem nascendo! A gente combinou isso, Lily! – James berrou para que sua voz ultrapassasse a porta e chegasse aos ouvidos de Lily.

- Eu? Mãe dos teus filhos? – ela fez uma cara de horror – Vai sonhando, Potter! – ela lhe deu as costas – Como o único colchão está aí fora e só resta a sala... Eu não acho que hoje eu queira dormir no mesmo cômodo que você.

- Eu vou morrer de frio aqui, Evans! – ele urrou, batendo no vidro da porta com mais força – PIEDADE!

- Você tem um lençol, aí, James, não reclame. – ela disse, deitando no mesmo sofá onde James estava há pouco e lhe dando as costas.

Duas horas depois, quando Lily já podia ouvir os roncos de James, ela o arrastou para a sala e o colocou no sofá maior, enquanto ela voltava a se deitar no outro.

- James bobão. – ela murmurou, sorrindo e dando um beijo na testa de James, que se mexeu um pouco e disse Lily, ainda imerso no mais profundo sono.

(...)

Ela fez uma careta ao acordar, irritada com o raio de sol que insistia em brincar no seu rosto. Como de costume, ela se espreguiçou antes de sequer se mover, mas logo percebeu que tinha sido uma péssima mania a executar: o sofá era pequeno demais e ao se esticar, Lily acabou caindo, com a cara do tapete na sala.

- Mas que coisa! – ela resmungou, sentando no chão – Ninguém nunca ouviu falar em sofás extra grandes?

- As pessoas não costumam dormir em sofás, Lily, elas sentam nele. – Lily ficou em pé em um pulo e se deparou com James atrás da bancada da cozinha, segurando uma frigideira – Mais um costume que você parece ter esquecido.

- Eu não acredito que você já acordou. Desde quando você acordar antes da uma da tarde, Potter? – ela perguntou, as mãos na cintura, caminhando até ele.

- Ué, você até deu para fazer xixi em camas, os costumes mudam, minha cara... – ele piscou o olho, se aproximando de Lil, que fazia uma careta. – É bom sair da rotina às vezes, ainda que isso implique acordar antes de você.

- Escuta, se você quer mesmo tocar nesse assunto de xixi e afins...

- Eu não quero. Hoje é domingo e finalmente o seu planejado jantar-teste vai sair, então vamos comemorar desde já. Além do quê, resmungar em dia de festa é proibido, não se lembra do nosso trato? – não, ela não lembrava, mas aceitou o beijo que James deu em sua bochecha, para logo se afastar, depositando o conteúdo da frigideira que segurava em um prato – Quer ovos?

- Você aprendeu a cozinhar no mesmo lugar que aprendeu a acordar cedo? – Lily sorriu levemente, enquanto sentava na bancada ao lado da que James já havia sentado.

- Algo assim. – ele deu de ombros, pegando um garfo e estendendo outro para ela.

- Devia passar uma temporada por esse lugar que faz milagres, iria te fazer muito bem...

- Doida para se livrar de mim, não? – ele riu, brincalhão.

- Que isso, James, que ultraje imaginar isso de mim. – Lily disse, carregando um riso irônico no rosto – Eu só estou tentando melhor a sua vida... E a minha, claro. Se você até consegue acordar cedo, quem sabe as outras maravilhas que você poderia fazer...

- Acho que todas as maravilhas que eu poderia fazer incluem você, eu e nossa cama, Lily. – James piscou o olho para Lily, que corou furiosamente – E nada de xixi dessa vez.

- Certo. – ela concordou, em tom de quem encerra o assunto, pegando o garfo e enchendo-o de ovos, depois colocando na boca.

- Então estamos em paz? – James perguntou casualmente, colocando uma garfada na boca.

- Algo assim. – Lily respondeu e James sorriu marotamente – Acho que Jesus não me perdoaria se eu marcasse o seu mês de aniversário com o sangue de uma de suas almas, ainda que fosse uma das mais perdidas...

- É, eu acho que não. Seria uma péssima lembrança para esse cara aí, mesmo que eu não saiba quem ele é...

Lily franziu o cenho. Agora que James falara, ela estava se perguntando como ambos haviam concordado em realizar o casamento, já que os bruxos não tinham exatamente uma religião definida. Até onde se lembrava, Lily nunca tinha participado de nenhum casamento bruxo ou ouvido falar como este se realizava, mas é claro que esta era uma pergunta extremamente proibida para ser feita justamente a James.

- E o jantar hoje? – James perguntou, resgatando Lily de seus pensamentos – Tudo certo dessa vez?

Ela fez uma careta.

- Sabe que eu não acho realmente uma boa idéia? Nós podíamos sair...

- Mas você que insistiu em cozinhar, Lils, além dos pratos que serão enviados como amostra pelo buffet.

- Mudei de idéia. – ela respondeu, corando levemente – Além disso, o fogão está detonado e... – ela se calou ao olhar para o fogão e encontrá-lo completamente restaurado – Você consertou?

- E esse não é meu presente de pré-casamento, que por sinal você só receberá no nosso jantar à noite. – James disse, levantando e colocando o prato e os garfos na pia.

- Presente de pré-casamento? E desde quando essa modalidade existe?

- Desde que a gente concordou que existiria, lembra? Algo que marcasse o tempo que estamos juntos... – ele respondeu vagamente, como se esperasse a hora que ela fosse sorrir e dizer que estava perguntando bobagens.

Lily estremeceu. Será que havia se lembrado de comprar um presente para James?

- Err... Eu também só vou entregar o seu à noite. – disse rapidamente, rezando para que fosse isso mesmo.

- Sem problemas. – James caminhou até Lil, parando na sua frente e dando-lhe um selinho demorado – Agora eu vou ter que sair, coisas da Ordem, você sabe... – Lily sorriu amarelo, perguntando-se o que diabos seria aquela ordem – Mas em uma hora mais ou menos vou estar aqui. – ele sorriu de forma amável – E vou sentir sua falta cada segundo dessa hora.

- Volta para me ajudar com o almoço? – foi tudo que saiu da boca de Lily.

James respirou fundo e se afastou em direção à porta.

- Volto antes que você e o Sirius detonem a geladeira, o microondas, o freezer, a casa inteira, o prédio...

E sob os resmungos de Lily perante seu comentário, James saiu do apartamento e fechou a porta atrás de si.

(...)

Era inacreditável que alguém, por pior que fosse essa pessoa, tenha decidido fazer aquilo consigo mesma. Ainda mais se esse alguém fosse ele, que passara parte da vida se controlando, vigiando e culpado por algo que jamais foi responsabilidade dele. E talvez isso foi o mais absurdo ainda: carregar dentro de si uma culpa sem motivos; e mesmo que houvesse motivos, todos eles seriam justificáveis. Melina deu mais um passo em direção à câmara de ferro que Remus tinha construído no porão de sua casa.

Um jeito diferente de se passar os dias, com certeza, e Melina estava lá justamente para tentar mudar isso. O local cheirava a mofo, como boa parte do resto da velha casa de madeira. Qualquer um poderia ouvir ou até ver um ou dois ratos correndo pelos cantos, aproveitando a sujeira e imundice que tomara conta do lugar. Melina tirou uma teia de aranha da sua frente e parou em frente à porta, que tinha apenas um pequeno orifício quadrado mal ou menos à altura dos olhos e uma grande maçaneta, também de ferro e redonda.

- Remus? – ela chamou, abrindo a fechadura.

Pelo pequeno buraco só passava luz suficiente para que os dois pudessem se encarar.

- Eu pedi para que você não me procurasse. – Remus resmungou, olhando fixamente para Melina, mas ainda assim um pouco afastado da porta.

- Ah, definitivamente. E deixar você passar dias sozinho aqui, comendo enlatados e fazendo companhia a ratos? – a voz de Melina era como se ela dissesse o maior absurdo que já vira na vida; e talvez fosse.

- Dessa vez é diferente, Mel...

- Diferente por quê?

- Porque eu não tenho a poção no Mata-Cão, você sabe que está impossível conseguir os ingredientes com quase todas as lojas do Beco Diagonal fechadas! – agora Remus estava grudado na porta, os olhos quase saltando para fora da câmara através do orifício pelo qual Melina o olhava, serena.

- Mesmo assim, você deveria sair e se divertir um pouco... Está ai há horas, Remus, pelo amor de Merlin, você precisa de um banho! Deve estar cheirando pior que o Snape. – ela disse com um tom brincalhão, que ele repugnou com um meneio de cabeça.

- Você nunca leva nada a sério, não é? – Remus perguntou, uma mistura de saudosismo e desaprovação em sua voz.

O rosto de Melina endureceu.

- Se eu não levasse as coisas a sério, Remus, hoje eu não estaria nessa porta pedindo para almoçar com você, porque nós provavelmente já estaríamos casados. – ela disse, um sorriso irônico no rosto.

- Você sabe perfeitamente que isso é algo impossível a não ser que você queria ser morta.

- E você sabe o que eu penso disso e que essa discussão nunca vai chegar a lugar nenhum. – ela suspirou, colocando um sorriso em seu rosto – Então você quer, por favor, sair dessa toca, seu lobo de meia tigela?

- Eu não posso ir, não quero estragar a festa de ninguém. Se acontecer um acidente...

- Não vai acontecer nada, Remus! Eu não estou pedindo para você ficar até tarde, estou pedindo para você sair agora, tomar um banho e ir almoçar com seus amigos. Eu acho muito improvável que a lua cheia nasça ao meio-dia, sabe... – ela completou em tom casual e o olhar defensivo que Remus carregava sumiu instantaneamente – Não tem porque você se torturar agora.

- Não é tortura. É destino. – ele respondeu prontamente.

- Que seja. Eu chamo de tortura, você chama de destino e assim todos somos felizes. – ela deu de ombros – Eu só ia agradecer se você resolvesse sair daí hoje, porque nós ainda temos que ir ao shopping, eu simplesmente cismei que tenho que comprar uns incensos maravilhosos. Vou até pegar o contato da distribuidora, para por lá na loja...

- Ao shopping? – ele perguntou enquanto girava a maçaneta da porta da câmara.

Ao sair, o estado de Remus não assustou Melina, que esperava algo do tipo, mas isso não o deixava em um estado menos deplorável. Ele usava várias camisas, uma sob as outras, provavelmente para resistir ao frio que fazia dentro da câmara, que não tinha aquecedor. Trajava mais uma calça jeans e um tênis velho, os cadarços desamarrados. O cabelo estava desalinhado, mal cortado e completamente desarrumado, com fios apontado para todos os lados.

- Você me conhece e sabe que enquanto eu não tiver os incensos que eu vi, eu não vou ficar nem deixar ninguém em paz. – Melina deu de ombros, segurando a mão de Remus.

Ele seguiu em silêncio a garota, para fora do porão.

(...)

Lily xingou baixinho um palavrão que nem ela sabia que conhecia. Mas, para a sua surpresa, cozinhar havia despertado na ruiva suas tendências mais... Sádicas. Após a saída de James e de tomar um banho, ela sequer se dera o trabalho de tomar café; colocou uma calça jeans e uma camiseta velha, com um avental por cima e rumou diretamente para a cozinha, onde sabia que iria passar toda a manhã. Vasculhou todas as gavetas da geladeira procurando algo que ela nem mesma sabia, porém sua visão iluminou-se instantaneamente ao deparar com um peru enorme e congelado que estava na parte mais alta da geladeira. Sem saber se ficava feliz ou triste por ter achado algo para cozinhar, ela pegou a ave e colocou-a debaixo da água que jorrava da pia, para que descongelasse mais rápido. Mas ao ligar a torneira, a água saiu com tanta força que bateu no peru e foi diretamente ao encontro do rosto de Lily, deixando-a encharcada.

- Maldita torneira, maldito peru... – ela resmungava, enquanto diminuía o fluxo de água.

Achar os temperos necessários naquela manhã foi espantosamente mais fácil que achar a frigideira no dia anterior. Ela rezou para que as vagas aulas de culinária que tinha tido com dez anos ainda servissem para alguma coisa, temperou o peru da forma mais segura que conseguiu lembrar, colocou a ave em uma grande bandeja e logo depois dentro do forno.

- Ok, agora como eu ligo isso? – ela se perguntou, olhando para todos os botões no novo forno automático que James tinha conjurado na cozinha – Certo, isso não é justo, nem o fogão coopera comigo...

Ela tapou os olhos com a mão esquerda e mirou o dedo indicador direito em um botão qualquer. Escutou o barulho do botão sendo apertado e nada mais, mas ainda assim não conseguia abrir os olhos. Ofegante, começou a apertar todos os botões que seu dedo alcançava, ainda com os olhos tapados. Um minuto depois, ela tirou a mão da sua visão e a cena que se deparou a fez suspirar aliviada: o forno estava ligado. Porém, logo depois, a respiração foi travada novamente e seguiu-se um grito.

(...)

James entrou no hall do prédio a passos largos. Ao olhar para o elevador, viu que este estava acabando de fechar. Correu velozmente e ainda chegou a tempo de entrar e se deparar com Sirius encostado na parede oposta da porta.

- Apressado, cara? – perguntou ao ver o amigo, ofegante, se colocando ao seu lado.

- Não enche, Pads. – a voz de James saiu em meio a suspiros.

- Credo. Eu não acredito que depois de ter uma noite daquelas com a ruiva, você ainda está de mau humor... Ou será que não teve uma noite naquelas? – Sirius perguntou, rindo marotamente.

James permanecia com a cabeça baixa, suspirando ofegante.

- Ontem não interessa, mas meus pais me obrigaram a ir jantar com eles amanhã à noite. Lily e eu, aliás. Logo amanhã, que eu tinha planejado uma noite fantástica com ela, porque hoje eu duvido muito que role alguma coisa... – James falou entre suspiros finais, olhando de soslaio para Sirius – Eles ficam cercando a gente de cuidados e paparicos. Como se eu fosse uma criança novamente.

- Mas você ainda é o nosso Little Baby Prongs, meu amigo. – Sirius colocou a mão no ombro de James, que lhe deu um tapa; Sirius revirou os olhos e colocou as mãos nos bolsos – E eles não vão me convidar? Credo, eu não tenho mais moral nenhuma por aqui... – ele começou a se reclamar, mas parou em meio ao olhar descontente de James – Ok, eu nem queria ir mesmo. Então você vai ter que adiar mais uma noite de SS com a ruiva, é isso?

- SS? Sigla nova de quê?– James perguntou, franzindo o cenho.

- Sexo selvagem. – Sirius disse, dando de ombros, pouco depois da porta do elevador se abrir e uma garota com a expressão imediatamente alterada para puro desgosto adentrar no recinto.

- Eu tenho muita má sorte mesmo. Além de ter que dividir um cubículo com o Black, ainda tenho que fazer isso enquanto ele discute o sexo selvagem que o melhor amigo dele não vai ter com a minha melhor amiga. – Liana se recostou na parede do elevador ao lado de James – Vocês não têm vergonha não? E James, a Lily sabe que você discute a intimidade de vocês usando esses termos?

- Você veio de onde? – Sirius perguntou, os olhos arregalados.

- Eu estava na casa de uma outra amiga nesse mesmo prédio. – ela respondeu, seca – Mas me respondam: a vergonha de vocês, onde se meteu? Tirou férias?

- O Prongs que devia ter vergonha por não querer jantar com os próprios pais. – Sirius respondeu prontamente, dando um sorriso esperançoso para Liana, que o ignorou.

- Meus pais que deviam ter vergonha de acabar com a minha farra. – James disse, a postura normal, os braços cruzados.

- Ah, definitivamente eles sabiam dos seus planos de SS, James. – Liana comentou, irônica – Eu só espero que a Lily não saiba disso, não quero ter que aguentar um desapontamento duplo no meu almoço. – ela completou, sorrindo de deboche.

- Na verdade, eu ia fazer uma surpresa. – James reclamou.

- É, fica para a próxima, Jammie. – ela caminhou para fora do elevador – Quem sabe para depois do casamento.

Os outros dois a seguiram, em direção ao apartamento.

- Depois do casamento? – Sirius perguntou, boquiaberto – Você acha que o Prongs fez o quê, voto de castidade?

Liana deu de ombros.

- Eu não sei, mas você bem que poderia fazer isso, não acha, Black? Aliás, como estão os seus furúnculos? – perguntou, o riso abafado.

Sirius fechou a cara, cruzando os braços.

- Muito bem, mas não graças a você. E não se preocupe, já estou de volta à ativa. Ontem mesmo...

- Você aproveitou a noite fazendo a farra com o máximo de garotas fedendo a whisky de fogo que encontrou na rua, eu suponho.

- Eu não tenho culpa se a garota que eu quero me renega. Enquanto eu não fico com a certa, vou me divertir com as erradas... – ele deu de ombros, sabendo exatamente o efeito daquilo que dizia.

- Mas você é muito abusado mesmo, seu canalha, cafajeste, tirano! – Liana começou a estapear o ombro do maroto, no que ele ria, divertido.

- Cale a boca você dois. – James reclamou, levantando uma sobrancelha, parando na porta do apartamento – É o meu nariz ou vocês também estão sentindo um cheiro de queimado?

Então os três se entreolharam. Gritaram ao mesmo tempo. E, quase derrubando a porta, irromperam para dentro do apartamento.