Disclaimer: Eu não possuo Harry Potter ou qualquer um dos personagens. Nem a história de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Tudo pertence à magnifica J. K. Rowling.

A / N: Os trechos originais do livro estão em negrito.

E chegamos ao fim do primeiro livro *.* É tão emocionante completar uma fic, e receber todas essas reviews motivadoras. Vocês são os melhores ;) Esse capitulo foi tão difícil de escrever, porque era o ultimo e eu queria fazer algo bom. Lembrando que NÃO é o fim da história, só do primeiro livro. Amanhã eu começarei a escrever e postar Lendo o Futuro II, porque acho que ficaria enorme postar tudo numa fic só. Mas não se preocupem porque eu vou escrever o resto dos livros xD (Com meu incrível celular, que foi comprado após muita procura)

Respondendo as Reviews:

Annie Black98, Aluadiny e Ely11: Sim! Vou escrever todos. Amanhã mesmo estarei começando a Câmara Secreta numa nova fic.

Lady Argetlan: Obrigada pelos elogios. *cora*. Sim, é muito difícil escrever sobre o Snape, é o personagem mais difícil. Primeiro porque eu tenho uma opinião própria sobre o Severus que não bate com a maioria das pessoas, ao menos eu imagino pelo que li por ai depois de Relíquias da Morte. E segundo porque esse é um Snape antes de passar anos se remoendo de remorso por se achar parcialmente responsável pela morte da mulher que amava, e é difícil imaginar no Snape assim. Achar o equilíbrio sobre como ele era antes disso tudo. Entende? Dumbledore é um caso ainda mais complicado que Snape, eu acho que ele errou muito com relação a Harry, e no Enigma do Príncipe minha decepção com ele foi total, eu acho que depois de ler esse capitulo você terá uma ideia do que eu estou falando. E muito obrigada por indicar a fic =]

M. Alice Lovegood: Olha quem voltou a aparecer, já posso tirar seu nome do pergaminho vingativo de Sirius. Brincadeira ;)Eu ri demais com seu comentário sobre esconder os unicórnios e as pedras filosofais porque Voldemort está de volta! E obrigada por todos os elogios. xD Eu também não entendo o que passou na cabeça da Lya quando ela traduziu os nomes, mas fazer o que. Obrigada por oferecer os livros, eu também tinha no PC, mas era uma versão com muitos erros e a maravilhosa Mrs. Mandy Black está arrumando os livros para mim. E eu sou do Rio de Janeiro xD e a minha idade... tenho mais de dezoito, na verdade sou um ano mais velha que Lily e James Potter eram na noite em que morreram. E você esta fazendo uma capa *Olhos brilhando* Eu quero ver! E Obrigada xD E se você sumir de novo eu mando Sirius atrás de você, na forma de cachorro lambão é claro.

Juliana C: Você acha que ele iria? Leia esse capitulo e me diga se concorda com as coisas por enquanto...

Sintam-se livres para perguntar nesse capitulo, prometo responder no primeiro capítulo da Câmara Secreta.

Agradecimentos à: Teiomosa, anneribeiro, Cassia C, AnneBlackPotter, L. Potter Cullen, Anny Monique, YukaChalie, BruHina, Summer Cooper, Ines Granger Black, B. Black, Bia Akashiya, Mylle Malfoy P.W, Taciana, Lovegood, Andro-no-hana, Nina Potter, Clarizabel, Lalaias, Larissa, Luana Domingues, Inaclara, Leticia Potter Malfoy, Thayanne, Nana Torres, Biancah, WallpurgaBlack, C.L. Hashehoff, Rebeca Black, Mirian Black Lupin, ThFernanda, Leather00Jacket, Thais, Flah ', Licia, Infinity21, Annie Costa, M.T. Paneguini, Carlalli, Ju, Julia Mozzart, Vanessa E. Potter, MariaMaria6, lala-chase, Isabella Potter, Maria Wesley, MasterIlusions, Jlia Mozzart, Raquel , FLAVIA, AgathaClamy, Raquel G. Potter, Catherine3, sango7higurashi, Din, Juliana C, Lady Argetla, Ely11, Aluadiny, Karoline Costa, Licia, thamalfoy e todos os "anônimos" pelas reviews, é muito legal saber o que todos estão achando da história *.*

Agradecimentos também a todos que adicionaram a fic aos favoritos / alerta. Eu prometo fazer a lista mais tarde agradecendo um por um.

E mais uma vez um mega agradecimento para a Mrs. Mandy Black pela correção dessa fic e a ajuda com o texto da Câmara Secreta. Se os marotos me pertencessem eu dava um deles para você (O James não, mas poderia emprestar um pouquinho).

Espero ver todos novamente na continuação dessa fic xD. Boa Leitura e até amanhã.


...


James que se importava com quem não estava ali e sim com quem estava. Tinha pego o livro durante a discursão. Achando o capitulo começou a ler o titulo interrompendo, sem cerimonias, a conversa: Capítulo Dezessete: O Homem de Duas Caras.


...


Todos imediatamente fizeram silêncio para ouvir a leitura.

— Um traidor vai aparecer nesse capitulo. — deduziu Remus ao ouvir o titulo e James começou a ler.

Era Quirrell.

— Quirrell? — perguntou Alice surpresa. — O que ele faz ai. Digo por que ele?

— Ele e Snape foram as únicas pessoas que foram citadas continuamente com a pedra. E se Snape estava tentando proteger a pedra... — Frank deduzia quando James interrompeu.

— Então Quirrell que queria rouba-la. — disse James impaciente, voltando a ler. Ele queria chegar logo à parte em que Harry estava seguro.

O senhor!— exclamou Harry, Quirrell sorriu. Seu rosto não tinha nenhum tique.

Lily se mudou para uma posição mais confortável que permitisse James abraça-la com um dos braços enquanto com o outro ele passava as paginas no livro que estava apoiado no braço do sofá. A ruiva teve a sensação que precisariam um do outro nesse capitulo.

— Eu — disse calmamente — estive me perguntando se encontraria você aqui, Potter.

— Por que ele imaginou que uma criança de onze anos iria atrás da pedra e passaria pelos obstáculos? — perguntou Sirius.

Ninguém teve uma resposta para isso.

— Mas pensei.. Snape...

— Não é comigo que você deve se preocupar agora. — comentou Severus muito mais tranquilo agora que tinha certeza que não era ele quem estava atrás da pedra.

Sirius ainda olhava desconfiado.

— Severo? — Quirrell deu uma gargalhada e não era aquela gargalhadinha tremida de sempre, era fria e cortante. — É, Severo faz o tipo, não faz? Tão útil tê-lo esvoaçando por aí como um morcegão.

Mesmo com a gravidade da situação James teve dificuldade em esconder uma risada.

— Eu te disse. Não faria mal para seu futuro ser um pouco mais simpático. — disse Lily para Sev. Ainda decidida a fazer o futuro Snape alguém mais agradável.

James transformou a risada numa tosse antes de voltar a ler.

Perto dele, quem suspeitaria do c... C... Coitado do gagaguinho do P... Professor Quirrell?

— Na verdade tivemos nossas suspeitas. — contradisse Remus.

— Mas como isso aconteceu mais de dez anos no futuro, não creio que nossas suspeitas sejam levadas em consideração. — rebateu Frank.

Harry não conseguia assimilar. Isto não podia ser verdade, não podia.

— Mas Snape tentou me matar!

— Ele acabou de dizer que eu sou inocente! — reclamou Severus em direção ao livro, antes de perceber envergonhado que estava fazendo algo que ele zombou os outros por fazerem. "Estou conversando com o livro como se ele pudesse me ouvir, a loucura é contagiosa" pensou Snape.

— Não, não, não. Eu tentei matá-lo. Sua amiga Hermione Granger, por acaso, me empurrou quando estava correndo para tocar fogo no Snape naquela partida de Quadribol. Ela interrompeu o meu contato visual com você. Mais uns segundos e eu o teria derrubado daquela vassoura. Teria conseguido isso antes se Snape não ficasse murmurando antifeitiço, tentando salvá-lo.

Lily sorriu imensamente feliz com essa confirmação. Ela estava certa sobre seu amigo afinal de contas. Sev tinha um lado bom escondido dentro dele. Agora ela só teria que mostra-lo que certas coisas importavam mais que o "poder". Se mexendo um pouco no sofá a ruiva pegou uma das mãos de Severus e deu um lindo sorriso agradecendo.

Severus apertou a mão de Lily feliz. Há muito tempo não via essa expressão de Lily voltada para ele. Ele pensou que faria quase tudo para manter a ruiva sorrindo desse jeito.

Remus observou os três jovens sentados no sofá. E se alguém antes falasse que essa cena era possível ele diria que a pessoa era louca. James estava sentado num dos cantos com o livro apoiado no braço do sofá e o outro braço ao redor dos ombros de Lily. A ruiva estava sentada entre os dois rapazes, próxima o suficiente de James para que pudesse descansar a cabeça no ombro dele com facilidade. Uma das mãos um pouco acima do joelho de James e a outra no sofá segurando a mão de Snape. Este por sua vez estava sentado no sofá um pouco afastado dos outros dois, mas tinha estendido a mão no espaço vazio e não a retirara debaixo da mão de Lily. E o mais impressionante era que nenhum dos rapazes parecia que iria matar um ao outro nesse momento. Snape parecia feliz com a aproximação de Lily e James ainda parecia completamente concentrado no livro.

James estava se sentindo confuso pela mistura de sentimentos que passava pela sua mente. Snape tinha realmente tentado salvar Harry. E ele era agradecido por isso, mas o moreno tinha certeza que o motivo por trás disso era Lily, algo que não o deixava nada feliz. E agora a ruiva definitivamente reataria a amizade com Severus. E James se sentia incomodado com essa ideia. Apenas para ele mesmo admita sentir ciúmes afinal Lily e ele próprio nunca foram amigos. Mas de qualquer forma ele nunca tinha tentado ter a amizade de Lily. Pontas sempre soube que queria mais e agira em função disso. E ele vira Lily estender a mão para Snape, e se tivesse outro significado por trás disso? Mas ele realmente poderia ficar com raiva por Lily estar agradecendo por Snape ter salvo a vida do filho deles? Tomando folego para fazer algo que ele mesmo considerava muito difícil James levantou os olhos do livro para olhar diretamente para Snape.

— Obrigado. — Todos os olhares se viraram para James, Sirius olhou para o livro como se esperando que o amigo tivesse voltado a ler embora isso não se encaixasse na historia.

— Por proteger Harry. — James não achou que seria tão difícil, ele sentia seu rosto esquentar levemente e sabia que a qualquer segundo Almofadinhas gritaria com ele. Mas Snape tinha protegido Harry, e independente dos motivos ele era grato por isso. Embora seria melhor se alguém falasse alguma coisa. Esse silencia fazia pensar que tinha feito a coisa errada. Talvez ele devesse estender a mão para Snape? Mas ele sabia que não queria fazer isso da mesma forma que sabia que Snape não aceitaria. Eles não eram amigos e isso não mudava nada. Ele só sentira que devia agradecer. Então quando ele já se sentia disposto a falar qualquer coisa só para quebrar o silencio ele sentiu a mão de Lily apertar levemente a sua perna, e ele não precisou olhar para ruiva para ter certeza que ela estava com um sorriso enorme no rosto. Sentindo-se mais relaxado ele decidiu que se ninguém falasse nada nos próximos cinco segundos ele simplesmente voltaria a ler.

Severus desviou o olhar de Lily para ouvir o agradecimento de Potter. Isso tinha que ser um truque de algum tipo. Potter estava lhe agradecendo? Snape pensou em dar uma resposta sarcástica, mas algo no olhar de Lily o impediu. A ruiva parecia ainda mais feliz que antes. E Severus não lembrava a ultima vez que vira esse sorriso no rosto dela. Parecia o mesmo de quando ela recebera a carta de Hogwarts, algo muito bom para acreditar que era real. Ele não teve coragem de falar algo que iria destruir isso. Mas não iria responder o agradecimento de Potter. Isso era impensável. Fazendo seu melhor esforço deu um pequeno assentimento com a cabeça para indicar que tinha ouvido.

Lily não conseguia parar de sorrir. Ela sabia que devia se preocupar com a leitura, mas queria guardar esse momento dentro dela. Ela não era ingênua o suficiente para esperar que James e Sev um dia fossem amigos, isso era tão impossível que só o pensamento beirava a insanidade. Mas eles poderiam coexistir sem se matar. E um medo que ela não sabia que estava sentindo se afrouxou um pouco. Mesmo sem perceber ela pensara que teria que de alguma forma escolher estre a amizade de Sev e a amizade de James. Mas talvez com um pouco de esforço ela pudesse ter as duas.

Alice ouvindo o agradecimento de James pensou que seria justo ela se desculpar. Snape não tentara matar Harry. Na verdade até o protegera. Nissoela havia se enganado.

— Me desculpe por ter acusar de tentar matar Harry. — Alice falou — Mas isso não muda o fato que eu não vou te perdoar por ter tratado Neville mal e judiado dos outros alunos.

Frank pensou que o pedido de desculpas teria sido melhor se ela tivesse parado na primeira frase. Mas era justo de certa forma. Como ele não tinha acusado ninguém sentiu que não precisava falar nada.

Remus se perguntou se desculpar com Snape também. Não por acusa-lo, o que ele não tinha feito. Mas por todos esses anos que ele não havia feito nada. Mas sentia que esse não era o momento. Sem saber o que falar ele repetiu o agradecimento de James ganhando o mesmo aceno de cabeça como resposta.

Sirius sentiu como se todos esperassem que ele falasse alguma coisa. Mas se alguém pensava que ele iria se desculpar ou agradecer ao Ranhoso baseado nas palavras de um idiota como Quirrell. Bem todos teriam uma surpresa.

— Se alguém está esperando que eu me desculpe pode tirar o hipogrifo da chuva. Vocês vieram com os papos de esperar todos os fatos para julgar, então até onde me diz respeito Snape — Almofadinhas se esforçou para não dizer Ranhoso — continua o amante de Arte das Trevas e ainda é o professor que tratou mal meu afilhado e seus amigos. E nada me garante que ele não não fará mal a Harry se surgir uma oportunidade que ele se beneficie disso. E a menos que o livro me dê uma prova irrefutável de que eu estou errado eu mantenho minha posição. — Sirius deu seu melhor olhar arrogante para Snape e Lily como se os desafiassem a responder a isso.

Lily olhou para James como se esperasse que ele tentasse fazer seu amigo mudar de ideia, mas viu o moreno trocar um olhar com Remus antes de negar levemente com a cabeça. E a ruiva entendeu que precisaria mais que isso para Sirius mudar de ideia. Ela poderia esperar, ainda tinha muita historia pela frente e agora que tinha certeza que Sev estava do lado de seu filho sabia que apareceriam muitas oportunidades para Sirius mudar de ideia.

James percebendo que ninguém tinha mais nada a dizer, continuou a leitura.

— Snape estava tentando me salvar?

Os lábios de Snape se curvaram num minúsculo sorriso. Era bom não estar sendo acusado de algo para variar.

— É claro — disse Quirrell calmamente. — Por que você acha que ele queria apitar o próximo jogo? Ele estava tentando garantir que eu não repetisse aquilo. O que na realidade é engraçado... Ele nem precisava ter se dado ao trabalho. Eu não poderia fazer nada com Dumbledore assistindo. Todos os outros professores acharam que Snape estava tentando impedir a Grifinória de ganhar, ele conseguiu realmente se tornar impopular...

Lily lhe deu um olhar severo, como se falasse que ele deveria fazer um esforço para ser mais simpático aos outros.

Snape apenas deu um pequeno escolher de ombros. Ele nunca fora popular embora o pensamento de até os professores desconfiarem dele quando ele próprio era um professor o incomodava um pouco.

E que perda de tempo, se depois disso vou matá-lo esta noite.

James teve que reler essa frase mentalmente antes de assimila-la. Todos estavam tão concentrados no fato de Snape não ter tentado matar Harry que tinham passado por alto o fato que Quirrell queria mata-lo. Ele só podia esperar que alguém tivesse dado por falta das crianças ou Hermione tivesse conseguido avisar a alguém. Não queria nem pensar nas chances de Harry sozinho contra um bruxo adulto.

Lily apertou a perna de James e a mão se Severus ao mesmo tempo que escondia o rosto no ombro do rapaz de óculos para sufocar um gemido desesperado. Por que todo mundo parecia estar atrás de Harry. E como ele sairia dessa.

Sirius esqueceu sua revolta com Pontas por agradecer a Ranhoso. Ele estava se sentindo doente de preocupação de sabia que seu amigo estaria num estado ainda pior. Capturando o olhar de James ele deu um aceno encorajador com a cabeça e o maroto voltou a ler.

Quirrell estalou os dedos. Surgiram no ar cordas que amarraram Harry bem apertado.

— Você é muito metido para continuar vivo, Potter.

Severus teve o inapropriado pensamento que se esse fosse um motivo para morte, Potter pai já teria batido as botas a muito tempo.

Sair correndo pela escola no dia das Bruxas daquele jeito e, pelo que imaginei me viu descobrir o que é que estava guardando a pedra.

— Ele estava muito ocupado pensando em outro suspeito para perceber as pistas. — falou Frank.

— O senhor deixou o trasgo entrar?

— Claro que sim. Tenho um talento especial para lidar com tragos. Você deve ter visto o que fiz com aquele na câmara lá atrás? Infelizmente, enquanto o resto do pessoal estava procurando o trasgo, Snape, que já desconfiava de mim, foi direto ao terceiro andar para me afastar, e não só o meu trasgo não conseguiu matar você de pancada, como o cachorro de três cabeças nem sequer conseguiu morder a perna de Snape direito.

Sirius ainda se lamentava desse fato. Não importava que Snape fosse inocente desse delito em particular. Havia um montão dos quais Sirius tinha certeza que ele era culpado.

Agora espere aí quieto. Preciso examinar este espelho curioso.

Foi somente então que Harry percebeu o que estava parado atrás de Quirrell. Era o Espelho de Ojesed.

James disse uma palavra muito feia todos tiveram certeza que não estava escrito no livro.

— Dumbledore explicou a Harry como o espelho funciona, além de dar a capa a ele na época que o espelho estava solto pelo castelo. Isso não é uma maldirá coincidência. — O moreno parou de falar passando a mão nos cabelos estressado. O que infernos Dumbledore pretendia?

Lily teve o desagradável pensamento que Dumbledore não tinha sido convidado a ler os livros porque ela e provavelmente se sentiam com muita vontade de exigir varias respostas ou mesmo enfeitiçar o diretor e não necessariamente nessa ordem.

— Tenho certeza que o diretor terá uma boa explicação para isso. — Remus tentou acalmar James para que voltasse a ler. Embora o próprio Remus não conseguia pensar em nenhuma explicação para o fato.

— Este espelho é a chave para encontrar a pedra — murmurou Quirrell, batendo de leve na moldura. — Pode-se confiar em Dumbledore para inventar uma coisa dessas... Mas ele está em Londres... E estarei bem longe quando voltar.

A única coisa que ocorreu a Harry foi manter Quirrell falando para impedi-lo de se concentrar no espelho.

— Eu penso que seria melhor que Harry tentasse pensar em uma maneira de sair dai. — comentou Frank preocupado com o menino. Ganhar tempo só adiaria o confronto.

— Vi o senhor e Snape na floresta. — falou de um fôlego só.

"Mesmo sabendo que sou inocente, ele não consegue parar de trazer meu nome a tona". Pensou Severus.

— Sei — disse Quirrell indiferente, dando a volta ao espelho para examinar o avesso. — Naquela altura ele já percebera minhas intenções, e tentava descobrir até onde eu tinha ido. Suspeitou de mim o tempo todo. Tentou me assustar, como se fosse possível, quando tenho Lord Voldemort do meu lado...

A menção do nome de Voldemort, todos se entreolharam nervosos.

— Eu pensei que seus seguidores o chamassem de Lorde das Trevas ou qualquer bobagem do tipo. Nunca imaginei um que seria corajoso o suficiente para dizer o nome dele. — Sirius disse olhando para Snape que entendeu a acusação implícita.

E o pior é que ele não poderia se defender. Até entrar na sala ele tinha absoluta certeza que se tornaria um Comensal da Morte. Ainda agora uma parte grande parte dele se sentia tentada pelo poder oferecido. Mas isso não significava que ele não devolveria o insulto a Black quando a oportunidade surgisse.

Quirrell saiu de trás do espelho e mirou-o cheio de cobiça.

— Estou vendo a Pedra... Eu a estou apresentando ao meu mestre... Mas onde é que ela está?

James viu Remus e Frank trocarem um olhar preocupado e antes que ele pudesse perguntar a realização do que eles haviam descoberto bateu nele.

"Isso apenas colocaria Harry num perigo maior". Pensou torcendo que estivesse errado enquanto voltava a ler ainda mais ansioso.

Harry forçou as cordas que o prendiam, mas elas não cederam. Tinha que impedir Quirrell de dedicar toda a atenção ao espelho.

— Mas Snape sempre pareceu me odiar tanto.

— Ah, e odeia mesmo — disse Quirrell, displicente —, e como odeia.

Sirius olhou para Snape como se falasse "Eu tinha razão."

Ele estudou em Hogwarts com o seu pai, você não sabia? Os dois se detestavam. Mas ele nunca quis ver você morto.

James se sentiu incomodado com essa frase, embora não soubesse dizer o porquê já quer era absolutamente verdade. Empurrando essa sensação para o fundo da mente continuou lendo.

— Mas ouvi o senhor soluçando, há uns dias. Pensei que Snape estava ameaçando o senhor...

Lily sentiu James apertar o abraço em torno dela e sentiu a mesma preocupação. Se não era Sev quem mais estava ao lado de Quirrel?

Pela primeira vez, espasmos de medo passou pelo rosto de Quirrell.

— Às vezes, eu tenho dificuldade em seguir as instruções do meu mestre. Ele é um grande mago e eu sou fraco.

— Que você é fraco é um fato indiscutível. — zombou Alice sentindo um profundo desprezo por Quirrell. Ele havia escolhido o lado errado da guerra.

— O senhor quer dizer que ele estava na sala de aula com o senhor? — exclamou Harry admirado.

Todos sentiram um calafrio de medo ao pensar em Voldemort em andando livremente por Hogwarts entre todas aquelas crianças inocentes. E o coração de Lily se apertou ainda mais pensando na segurança de Harry.

— Está comigo aonde quer que eu vá — disse Quirrell em voz baixa — Conheci-o quando estava viajando pelo mundo. Eu era um rapaz tolo naquela época, cheio de idéias ridículas sobre o bem e o mal. Lord Voldemort me mostrou como eu estava errado. Não existe bem nem mal, só existe o poder, e aqueles que são demasiado fracos para o desejarem.

— Essa é a maior idiotice que eu já ouvi. — reclamou James furioso só de pensar que alguém realmente acreditava nesse monte de bobagens. E sentindo que uma descontração por menor que fosse era necessária acrescentou. — E vivendo com Sirius seis anos, já ouvi um monte de besteiras.

Sirius fez uma carinha irresistível de cachorro com a patinha machucada. E todos se distraíram por um segundo na interação dos dois amigos.

Desde então, eu o tenho servido com fidelidade, embora o desaponte muitas vezes. Por isso tem precisado ser muito severo comigo — Quirrell estremeceu de repente — Não perdoa erros com muita facilidade. Quando não consegui roubar a pedra de Gringotes, ele ficou muito aborrecido. Castigou-me, resolveu me vigiar mais de perto.

A voz de Quirrell foi morrendo. Harry lembrou-se de sua viagem ao Beco Diagonal, como podia ter sido tão burro? Ele vira Quirrell lá naquele dia, apertara a mão dele no Caldeirão Furado.

— Eu suponho que isso possa ser visto como uma pista. — concedeu Frank — Mas Harry esta sendo muito exigente consigo mesmo, quero dizer. Bruxos adultos com maior contato com Quirrell estavam ajudando a proteger a pedra e a maior parte deles não percebeu nada.

Quirrell praguejou baixinho.

— Eu não entendo... A Pedra está dentro do espelho? Devo quebrá-lo? A cabeça de Harry pensava a mil.

James olhou para Remus e ambos pensaram em como Harry escaparia quando percebesse que ele poderia obter a pedra.

— Você não pode obte-la. Dumby provavelmente fez algo para apenas quem desejasse apenas encontrar a pedra poderia acha-la. Como você deseja usa-la isso é tudo que conseguirá ver. — explicou Sirius ganhando um olhar incrédulo de todos na sala que não eram marotos. — Eu não sou apenas um rostinho bonito. — ele resmungou.

"O que quero acima de tudo no mundo, neste momento, é encontrar a Pedra antes que Quirrell a encontre. Então se me olhar no espelho, devo me ver encontrando a Pedra, o que quer dizer que verei onde está escondida! Mas como posso me olhar sem Quirrell perceber o que estou tramando?"

Lily mordeu os lábios. Esse seria um grande problema.

Harry tentou se deslocar para a esquerda, para se posicionar diante do espelho sem Quirrell notar, mas as cordas que prendiam seus tornozelos estavam muito apertadas. ele tropeçou e caiu.

Todos prenderam a respiração.

Quirrell não lhe deu atenção. Continuou falando sozinho.

Um suspiro coletivo de alivio percorreu a sala.

— O que é que o espelho faz? Como é que ele funciona? Ajude-me, mestre.

E para horror de Harry, uma voz respondeu, e a voz parecia vir do próprio Quirrell.

Use o menino... Use o menino...

James perdeu toda a cor do rosto. Sirius parecia que ia vomitar a qualquer segundo. Remus mordeu seus lábios tão apertados que apenas um pouco mais e tiraria sangue. Lily enterrou o rosto completamente no ombro de James, enquanto apertava a perna do moreno de óculos e a mão de Snape com força. Severus sentia que sua mão perderia a circulação em breve mas lutou para manter o rosto impassível, mas um musculo na sua bochecha tremia com o a lembrança da ultima parte da historia.

Franck abriu a boca mas foi Alice que pos o pensamento horrível em palavras:

— O título, O Homem de Duas Caras era realmente... — mas não completou o pensamento.

James sabendo que demorar a ler não mudaria o horror dessa verdade, continuou:

Quirrell voltou-se para Harry.

— É... Potter vem cá.

E bateu palmas uma vez e as cordas que prendiam Harry caíram. Harry se levantou sem pressa.

— Ao menos ele não está mais preso, será mais fácil para correr ou se defender. — Remus tentou ser positivo embora a chance de Harry conseguir alguma dessas coisas parecia ilusória.

— Vem cá — repetiu Quirrell. — Olhe no espelho e me diga o que vê. Harry foi até ele.

"Preciso mentir, pensou desesperado". "Preciso olhar e mentir sobre o que vejo, é isso."

— Eu disse que você deveria ter praticado essas habilidades, nunca se sabe quando serão uteis. — Sirius tentou aliviar o clima.

Quirrell aproximou-se de Harry pelas costas. Harry respirou o cheiro esquisito que parecia vir do turbante de Quirrell. Fechou os olhos, adiantou-se para se postar na frente do espelho, e tomou a abri-los.

Lily torceu par que Quirrell nunca tirasse o turbante.

A princípio viu a sua imagem pálida e apavorada. Mas um segundo depois, a imagem sorriu para ele. Levou a mão ao bolso e tirou uma pedra cor de sangue. Aí piscou e devolveu a pedra ao bolso e ao fazer isto, Harry sentiu uma coisa pesada cair dentro do seu bolso de verdade. De alguma forma inacreditável estava de posse da Pedra .

James tomou folego para se impedir de questionar o diretor novamente. Ele teria tempo para isso depois que Harry estivesse seguro.

— E então? — perguntou Quirrell impaciente. — O que é que você está vendo? Harry armou-se de coragem.

— Estou me vendo apertando a mão de Dumbledore — inventou. — Ganhei o campeonato das casas para Grifinória.

— É crível, suas habilidades enganosas estão melhorando. — elogiou Sirius, tentando se focar nisso ao invés de no horror da situação.

Quirrell xingou outra vez.

— Saia do meu caminho — disse. Quando Harry se afastou, sentiu a Pedra Filosofal comprimir sua coxa. Será que tinha coragem para tentar fugir?

— Coragem para tentar fugir? — Severus não resistiu murmurar. Apenas um grifinório precisaria de coragem para fugir.

Mas não dera cinco passos quando uma voz alta falou, embora os lábios de Quirrell não estivessem se mexendo.

Ele está mentindo... Ele está mentindo...

James fez uma pausa minúscula na leitura, encostando levemente o rosto no cabelo de Lily. Ele precisava de cada grama de força de vontade para continuar lendo esse capitulo sem fazer nada com o livro. Mesmo que nada disso tivesse acontecendo nesse momento, parecia que se tornava real ao ler em voz alta. E se ele tivesse escolha esse era um capitulo que James teria dispensado ser ele a ler. Mas se eu filho poderia ter vivido isso, o mínimo que ele poderia fazer como pai era continuar lendo.

— Potter, volte aqui! — gritou Quirrell — Diga-me a verdade! O que foi que você acabou de ver?

A voz alta tomou a falar.

Deixe-me falar com ele... Cara a cara...

— Mestre, o senhor não está bastante forte!

Estou bastante forte... Para isso...

Lily sentiu vontade de bater o livro e acabar com isso. Ela tinha um pressentimento sobre o que viria a seguir e ela não precisaria das palavras do livro para ter pesadelos na sua mente. Mas ela sabia que não poderia parar enquanto seu filho ainda estava em perigo. E então ela pensou em como devia ser pior para James que estava tendo que manter a voz calma e continuar lendo. Levantando o braço na frente do seu corpo, ela pegou a mão que James mantinha no seu ombro entrelaçando os dedos. Mexeu-se tentando achar uma forma confortável de continuar com um braço esticado sobre o sofá e o outro atravessado incomodamente sobre seu peito. E o rapaz de óculos deve ter percebido seu desconforto porque desceu o braço do ombro para cintura, deixando ambos ainda mais próximos e permitindo que Lily deixasse seu próprio braço descansar sobre suas coxas enquanto entrelaçava os dedos com ele novamente.

Harry se sentiu como se o visgo do diabo o tivesse pregado no chão. Não conseguia mover nem um músculo. Petrificado, viu Quirrell erguer os braços e começar a desenrolar o turbante. O que estava acontecendo? O turbante caiu. A cabeça de Quirrell parecia estranhamente pequena sem ele. Então ele virou de costas sem sair do lugar.

James agradeceu mentalmente que Lily tivesse segurado sua mão, porque ele se sentia tentado a levantar e ir para longe do livro ao invés e continuar lendo.

Harry poderia ter gritado, mas não conseguiu produzir nem um som. Onde deveria estar a parte de trás da cabeça de Quirrell, havia um rosto, o rosto mais horrível que Harry já vira. Era branco-giz com intensos olhos vermelhos e fendas no lugar das narinas, como uma cobra.

Alice teve certeza que teria pesadelos com essa imagem por anos. E pela expressão de todos na sala ela não seria a única.

Harry Potter... — falou o rosto.

Harry tentou dar um passo para trás, mas suas pernas não obedeceram.

James lutava contra o mal-estar de ter que repetir as palavras de Voldemort.

Está vendo no que me transformei? — disse o rosto. — Apenas uma sombra vaporosa. Só tenho forma quando posso compartir o corpo de alguém... Mas sempre houve gente disposta a me deixar entrar no seu coração e na sua mente...

Severus pensou que se o preço do poder era compartir o corpo com o Lorde das Trevas, então seria um preço alto demais.

O sangue do unicórnio me fortaleceu, nessas últimas semanas... Você viu o fiel Quirrell bebendo-o por mim na floresta... E uma vez que eu tenha o elixir da vida, poderei criar um corpo só meu... Agora... Por que você não me dá essa pedra no seu bolso?

Sirius disse algumas palavras vindas diretamente do vocabulário da sua adorável mãe, mas James apenas continuou lendo o mais rápido que conseguia, como se ler rápido o suficiente o impediria de pensar no que estava sendo lido.

Então ele sabia. A sensibilidade voltou repentinamente as pernas de Harry. Ele cambaleou para trás.

Não seja tolo — rosnou o rosto. — É melhor salvar sua vida e se unir a mim... Ou vai ter o mesmo fim dos seus pais... Eles morreram suplicando piedade...

— Mentira! — Alice e Remus gritaram em direção ao livro.

— Eles nunca teriam pedido piedade! Eles morreriam lutando! — Sirius parecia a ponto de rasgar o livro como se fosse o culpado por ofender seus amigos.

Frank pensou que ninguém poderia dizer como reagiria ao se ver cara a cara com a morte. Todos gostariam de pensar que seriam corajosos e lutariam, mas é o tipo de coisa que não se tem certeza até acontecer realmente. Embora ele tivesse dificuldade em imaginar Lily e James fazendo isso.

Severus pensou que Potter era arrogante demais para suplicar qualquer coisa, mas o pensamento de Lily a ponto de morrer, ele não queria sequer imaginar.

Lily viu James acenar para os amigos como se agradecendo os comentários, mas assim como ela, o moreno parecia mais preocupado com o que aconteceria com Harry do que com qualquer calunia que Voldemort tenha dito.

— MENTIRA! — gritou Harry inesperadamente Quirrell. estava andando de costas para ele, de modo que Voldemort pudesse vê-lo. O rosto malvado sorria agora.

Que comovente... — sibilou. — Sempre dei valor à coragem... E, menino, seus pais foram corajosos. Matei seu pai primeiro e ele me enfrentou com coragem...

James lutou contra o sentimento estranho de ler sobre a sua própria morte, e viu que Sirius parecia estar tendo uma luta ainda pior que a dele. Nunca vira o amigo tão triste. Ele já sabia que tinham sido mortos, mas era de alguma forma muito pior quando Voldemort contava como os havia matado. Ele sentiu Lily tão próxima a ele quanto ela conseguia e percebeu que isso também mexerá com ela. Sabendo que era melhor terminar com isso de uma vez continuou lendo, sabendo que a frase seguinte quebraria seu coração de alguma forma.

Mas sua mãe não precisava ter morrido... Estava tentando protegê-lo..

— É claro que eu estava tentando protege-lo, você tinha acabado de matar meu marido e estava vindo atrás de mim e do meu filho! — Lily cuspiu as palavras com raiva.

Mas James leu de novo essa frase, desconfiado dessa escolha de palavras. "Não precisava ter morrido". Soava como se fosse uma escolha. Empurrando isso para o fundo de sua mente voltou a ler.

Agora me dê a pedra, a não ser que queira que a morte dela tenha sido em vão.

— Nunca!

Harry saltou para a porta em chamas, mas Voldemort gritou:

AGARRE-O!

E, no instante seguinte, Harry sentiu a mão de Quirrell fechar-se em torno de seu pulso. E, ao mesmo tempo, uma dor fria como uma agulhada queimou sua cicatriz, parecia que sua cabeça ia se rachar em dois,

James lutou para se manter lendo, quando sentia seu corpo doer de preocupação por seu filho. Ele sentia Lily estremecer sobre seu ombro, mas não saberia dizer se ela estava chorando ou não. E mais uma vez ele se forçou a continuar lendo.

ele berrou, lutando com todas as forças e, para sua surpresa, Quirrell largou-o. A dor em sua cabeça diminuiu, ele olhou alucinado à volta para ver onde fora Quirrell e o viu dobrar de dor, examinando os dedos, eles se enchiam de bolhas, diante dos seus olhos.

O rapaz de óculos vez uma pausa na leitura, completamente confuso.

— Talvez Harry esteja fazendo alguma magia involuntária. — sugeriu Remus vendo o olhar perdido do amigo.

"Seria um inferno de magica involuntária" pensou James antes de voltar a ler.

Agarre-o! Agarre-o! — esganiçou-se Voldemort outra vez e Quirrell investiu, derrubando Harry no chão, caindo por cima dele, as duas mãos apertando o pescoço do menino, a cicatriz de Harry quase o cegava de dor, contudo ele via Quirrell urrar de agonia.

Lily mordeu os lábios a ponto de sentir dor para impedir os soluços de saírem, ela sabia que se começasse a chorar James provavelmente pararia de ler e sabia que ambos deviam continuar lendo para de alguma forma tentar compensar o esforço que Harry tinha tido.

— Mestre, não posso segurá-lo. Minhas mãos. Minhas mãos!

E Quirrell, embora prendendo Harry no chão com os joelhos, largou seu pescoço e arregalou os olhos, perplexo, para as palmas das mãos, elas pareciam queimadas, vermelhas, em carne viva.

Severus levantou uma sobrancelha, seria a mais extraordinária magia invonluntaria que ele já ouvira falar.

— Então o mate, seu tolo, e acabe com isso! — guinchou Voldemort.

James estremeceu com mais raiva que qualquer outra coisa nesse momento. Voldemort era um grande filho da mãe que só pensava em matar Harry. Sabendo que seria melhor para todos se ele lesse logo tudo de uma vez ao invés de comentar, se esforçou para continuar lendo.

Quirrell levantou a mão para jogar uma praga letal, mas Harry, por instinto, esticou as mãos e agarrou a cara de Quirrell.

— AAAAI!

Quirrell saiu de cima dele, seu rosto se encheu de bolhas também, e então Harry entendeu: Quirrell não podia tocar sua pele, sem sofrer dores terríveis, sua única chance era dominar Quirrell, causar-lhe dor suficiente para impedi-lo de lançar feitiços.

Lily começou a falar baixinho palavras de incentivo para Harry e James imaginou que ela estava pensando em estar com seu filho de alguma forma. "Nós sempre estariam com Harry, não importa o que aconteça" era o novo lema de ambos.

Harry ficou em pé de um salto, agarrou Quirrell pelo braço e segurou-o com toda a força que pôde. Quirrell berrou e tentou se desvencilhar, a dor na cabeça de Harry estava aumentando, ele não conseguia enxergar, ouvia os gritos terríveis de Quirrell e os berros de Voldemort "MATE-O! MATE-O!" e outras vozes, talvez dentro de sua própria cabeça, chamando "Harry! Harry"!

Se perguntassem depois, James não saberia explicar como ele continuou lendo, sentindo a agonia do seu filho e a sensação de impotência de apenas pode ler sobre isso. Era quase demais. Ainda sim o rapaz continuou a leitura.

Sentiu o braço de Quirrell desprender-se com força de sua mão, teve certeza de que tudo estava perdido e mergulhou na escuridão, cada vez mais profunda.

Sem fazer nenhuma pausa para que não pudesse sequer pensar em algo horrível, James leu o próximo paragrafo quase emendando as frases uma na outra.

Alguma coisa dourada estava brilhando logo acima dele. O pomo!

Sirius soltou uma gargalhada estranha e alta, que parecia ainda mais estranha pelos momentos de tensão que todos atravessaram.

— É que apenas o filho de James poderia pensar em Quadribol num momento desses, o pomo — e voltou a rir.

Tentou agarrá-lo, mas seus braços estavam muito pesado. Piscou os olhos. Não era o pomo. Eram óculos. Que estranho.

— Porque o pomo aparecer numa hora dessas seria completamente normal. — Sirius disse ainda rindo e todos se juntaram a ele dessa vez.

Se Harry podia pensar em um pomo não podia ser nada de grave. Até mesmo Snape se permitiu um minúsculo sorriso ao ver como Lily ria, finalmente deixando uma parte da tensão sair.

Piscou os olhos outra vez. O rosto sorridente de Alvo Dumbledore entrou em foco curvado sobre ele.

— Já era tempo. — resmungou James, mas assim como os outros não pode deixar de se sentir aliviado pela presença de Dumby. Isso significava que Harry estava completamente a salvo.

— Boa tarde, Harry — disse Dumbledore.

Harry fixou o olhar nele. Então se lembrou.

— Que não era uma partida de Quadribol! — brincou Sirius se sentindo muito aliviado para ficar queito.

— Professor! A Pedra! Foi Quirrell! Ele apanhou a Pedra! Professor, depressa..

— Acalme-se, menino, você está um pouco atrasado. Quirrell não apanhou a Pedra

— Se fosse um pomo, ambos teriam perdido a partida. — Sirius realmente não conseguia parar, agora que Harry não estava em perigo tudo lhe parecia muito engraçado.

— Então quem apanhou? Professor? Eu...

— Harry, por favor, relaxe ou Madame Pomfrey vai mandar me expulsar.

Agora foi Remus que gargalhou. Ele conhecia muito bem a enfermeira e poderia imagina-la tentando expulsar Dumbledore.

Harry engoliu em seco e olhou a sua volta. Percebeu que devia estar na ala do hospital. Achava-se deitado numa cama com lençóis de linho brancos e do seu lado havia uma mesa atulhada do que parecia ser a metade da loja de doces.

Os olhos de Sirius cresceram a menção dos doces, tinha passado muito tempo desde que havia comido pela ultima vez.

— Presentes dos seus amigos e admiradores — esclareceu Dumbledore, sorrindo. — Aquilo que aconteceu nas masmorras entre você e o professor Quirrell é segredo absoluto, por isso, é claro, a escola inteira já sabe.

— Nada fica em segredo em Hogwarts. — comentou Frank e como sempre que alguém dizia essa frase os marotos se entreolhavam sorrindo.

Acredito que os nossos amigos, os Srs. Fred e Jorge Weasley foram os responsáveis pela tentativa de lhe mandar um assento de vaso sanitário.

James teve que fazer uma pausa parar ri.

— Realmente brilhante! — O moreno disse sorrindo e Remus se perguntou se ganharia um assento de privada na próxima lua cheia na ala hospitalar.

Com certeza acharam que você ia achar engraçado. Madame Pomfrey, porém, achou que poderia ser pouco higiênico e o confiscou.

— Mas a intenção é o que conta. — disse Sirius sorrindo com a ideia.

— Há quanto tempo estou aqui?

— Três dias. O Sr. Ronald Weasley e a Srta. Granger vão se sentir muito aliviados por você ter voltado a si, estavam muitíssimo preocupados.

James murchou de repente. Sem nenhum motivo aparente.

— Ele está chateado porque Harry provavelmente perdeu a final de Quadribol. — explicou Sirius.

James acenou fazendo bico e Lily teve o estranho pensamento que era adorável quando ele fazia isso.

— Mas, professor, a Pedra...

— Já vi que você não se deixa distrair. Muito bem. A Pedra. O Professor Quirrell não conseguiu tirá-la de você. Cheguei a tempo de impedir que isto acontecesse, embora você estivesse se defendendo muito bem sozinho, devo dizer.

James resmungou e Frank achou completamente justificado dessa vez.

— Dumbledore soa muito feliz por Harry ter ido atrás da pedra. — o rapaz comentou.

— O senhor chegou lá? Recebeu a coruja de Hermione?

— Devemos ter cruzado no ar. Assim que cheguei a Londres, tornou-se claro para mim que o lugar onde deveria estar era aquele de onde acabara de sair. Cheguei a tempo de tirar Quirrell de cima de você...

— Então foi o senhor.

— Receei que tivesse chegado tarde demais.

Lily soltou todo o ar de repente só com esse pensamento. Ela adoraria que o livro não fizesse esses malditos comentários pessimistas.

— Quase chegou eu não poderia ter mantido Quirrell afastado da Pedra por muito mais tempo..

— Não da Pedra, menino, de você. O esforço que você fez quase o matou. Por um instante terrível, receei que tivesse matado. Quanto à Pedra, ela foi destruída.

— Então por que diabos você não destruiu a pedra antes que meu filho tivesse que passar por tudo isso! — gritou James completamente fora de si. Harry tinha se arriscando tanto quando a pedra poderia ter sido destruída antes e poupado todo esse trabalho. Ninguém fez nenhum comentário sobre isso, todos estavam de acordo. Mesmo Snape pensava que Potter tinha razão, algo que ele nunca esperou que acontecesse.

— Destruída! — exclamou Harry sem entender — Mas o seu amigo... Nicolau Flamel..

— Ah! Você já ouviu falar no Nicolau? — perguntou Dumbledore, parecendo encantado. — Você fez mesmo a coisa certa, não foi? Bom, Nicolau e eu tivemos uma conversinha e concordamos que assim era melhor.

— Me pergunto quando foi essa conversinha. — resmungou Sirius sendo completamente solidário a revolta do amigo.

— Mas isto quer dizer que ele e a mulher vão morrer, não é?

— Eles têm elixir suficiente para deixar os negócios em ordem e então, é, eles vão morrer.

Dumbledore sorriu ao ver a expressão de surpresa no rosto de Harry.

— Para alguém jovem como você, tenho certeza de que isto parece incrível, mas para Nicolau e Perenelle, na verdade, é como se fossem deitar depois de um dia muito, muito longo. Afinal para a mente bem estruturada, a morte é apenas uma grande aventura seguinte.

Snape bufou. A morte era a morte e ponto final. Não tinha "aventura seguinte".

Você sabe, a Pedra não foi uma coisa tão boa assim. Todo o dinheiro e a vida que a pessoa poderia querer! As duas coisas que a maioria dos seres humanos escolheriam em primeiro lugar. O problema é que os humanos têm o condão de escolher exatamente as coisas que são piores para eles.

Harry ficou ali deitado, sem encontrar o que responder. Dumbledore cantarolou um pouquinho e sorriu para o teto.

— Dumbledore parece ainda mais louco ao passar dos anos. — comentou Alice.

— Professor? — disse Harry, — Estive pensando... Professor, mesmo que a Pedra tenha sido destruída, Vol... Quero dizer, o Senhor-Sabe-Quem...

— Chame-o de Voldemort. Sempre chame as coisas pelo nome que têm. O medo de um nome aumenta o medo da coisa em si.

Todos na sala concordaram com a cabeça, menos Snape que não se sentia a vontade de chamar o Lorde das Trevas pelo nome.

— Sim, senhor. Bem, Voldemort vai tentar outras maneiras de voltar, não vai? Quero dizer, ele não foi de vez, foi?

— Harry tinha que estragar o humor. — resmungou Sirius.

Mas todos estavam pensando a mesma coisa. Voldemort estaria procurando uma nova forma de voltar. E se ele esse livro indicava algo. Eles leriam sobre isso novamente.

— Não, Harry, não foi. Continua por aí em algum lugar, talvez procurando outro corpo para compartilhar... Sem estar propriamente vivo ele não pode ser morto. Abandonou Quirrell à morte, ele demonstra a mesma falta de piedade tanto com os amigos quanto com os inimigos.

— Eu duvido muito que ele saiba o significado da palavra amigo. — cuspiu James.

No entanto, Harry, embora você talvez tenha apenas retardado a volta dele ao poder, da próxima vez só precisaremos de outro alguém que esteja preparado para lutar o que parece ser uma batalha perdida. E se ele for retardado repetidamente, ora, talvez nunca retome o poder.

Severus achou que isso era a coisa mais sem noção que ele já tinha ouvido. As pessoas deveriam apenas se enfiar no caminho do Lorde das Trevas e pronto. Sem pensar nas terríveis consequências? E para seu espanto Longbottom começou a falar.

— Faz sentido, se sempre tiver alguém tentando impedir Voldemort de retornar ele pode ser impedido continuamente.

Severus sufocou um bufo desdenhoso. E ele que pensara que os corvinais eram inteligentes.

Harry concordou com um gesto, mas parou na mesma hora, porque o aceno fez- lhe doer a cabeça. Então disse:

— Professor, há outras coisas que gostaria de saber, se o senhor puder me dizer.. Coisas que eu gostaria de saber, a verdade...

— A verdade — suspirou Dumbledore — é uma coisa bela e terrível, e, portanto deve ser tratada com grande cautela. Mas, vou responder às suas perguntas, a não ser que haja uma boa razão para não fazê-lo, caso em que eu peço que me perdoe. Não vou, é claro, mentir.

— Eu acho que ele ter passado por tudo que passou é uma excelente razão para ter todas as perguntas respondidas. — resmungou James.

— Bom... Voldemort disse que só matou minha mãe porque ela tentou impedi- lo de me matar. Mas por que, afinal, ele iria querer me matar?

Remus abriu a boca para falar e James pensou que ele teria percebido que Lily parecia ter tido uma escolha, mas o rapaz de cabelos cor de areia falou algo diferente.

— Voldemort estava indo atrás de Harry? — deu ênfase na ultima palavra. — O que ele poderia querer com uma criança.

Lily olhou para Remus surpresa, realmente a frase parecia significar isso, mas não fazia o menor sentido Voldemort ter ido atrás de um bebê.

Dumbledore suspirou muito profundamente desta vez.

— Que pena, a primeira coisa que você me pergunta, eu não vou poder responder. Não hoje. Não agora.. Você vai saber, um dia... Por ora tire isso da cabeça, Harry. Quando você for mais velho...

— Ele foi velho o suficiente para você incentiva-lo a ir atrás da pedra. — James resmungou. Ele esperava que o livro desse uma ótima explicação para essa atitude ou ele teria uma conversinha com o diretor assim que saíssem dessa sala.

Sei que detesta ouvir isso... Mas quando estiver pronto, você vai saber.

E Harry entendeu que não ia adiantar insistir.

— Mas por que Quirrell não podia me tocar?

— Sua mãe morreu para salvar você. Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixa uma marca própria. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível.. Ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna.

— Eu disse que sempre estaríamos com ele de alguma forma, e você provou isso. — disse James com a voz suave depositando um casto beijo nos cabelos de Lily.

A ruiva sentiu os olhos enxerem d'agua, mas dessa vez por um motivo diferente, ela realmente tinha conseguido proteger seu filho de alguma forma. Uma marca dela viveria para sempre em Harry a emoção disso era demais para por em palavras. Ela acreditara quando James disse que estariam sempre com seu filho, mas não pensara que pudesse protegê-lo de uma forma tão perceptível. Sem saber como lidar com essa emoção ela deitou a cabeça no ombro de James deixando as lagrimas escorrerem silenciosamente por seu rosto,

Está entranhada em nossa pele. Por isso Quirrell, cheio de ódio, avareza e ambição, compartindo a alma com Voldemort, não podia tocá- lo. Era uma agonia tocar uma pessoa marcada por algo tão bom.

Então, Dumbledore se interessou muito por um passarinho no peitoril da janela, o que deu tempo a Harry para enxugar os olhos como lençol. Quando recuperou a voz, disse.

— E a capa da invisibilidade? O senhor sabe quem a mandou para mim?

— Ah, por acaso seu pai deixou-a comigo e eu achei que você talvez gostasse. — Os olhos de Dumbledore faiscaram — Coisas úteis.. Seu pai usava-a principalmente para ir escondido a cozinha roubar comida, quando estava aqui.

Os três marotos caíram na gargalhada.

— Isso não é verdade. — disse Remus entre risos.

— Eu acho que Dumby me confundiu com Almofadinhas. — James também sorria.

— E vocês não dirão para que James usa a capa, acertei? — perguntou Alice.

Os três meninos assentiram e James voltou a ler.

— E tem mais uma coisa...

— Diga.

— Quirrell disse que Snape...

Severus revirou os olhos estava demorando muito para o nome dele aparecer novamente.

— O Professor Snape, Harry.

— Sim, senhor, ele... Quirrell disse que ele me odeia porque odiava meu pai. Isso é verdade?

Lily suspirou, se perguntando se ainda havia tempo para isso ser mudado. E James sentiu novamente uma sensação incomoda que ele ignorou novamente.

— Bom, eles se detestavam bastante. Mas não é diferente de você com o Sr. Malfoy. E, além disso, seu pai fez uma coisa que Snape nunca pôde perdoar.

"Apenas uma?" pensou Severus com sarcasmo.

— O quê?

— Salvou a vida dele.

As reações para essa frase foram as mais estranhas. Alice e Frank olharam para James chocados como se ele tivesse dito que largaria o quadribol para virar uma bailarina. Lily olhou para James curiosa, ela tinha ouvido falar disso mas não conhecia os detalhes.

Severus gritou:

— Isso é mentira.

E Sirius gritou que era verdade e ambos se levantaram segurando as varinhas e gritando mentira e verdade. Remus olhava de um para o outro sem saber como parar a briga, mas a reação de James foi a mais estranha ele havia tirado o braço ao redor de Lily para enfiar a cabeça em ambas as mãos como se isso fosse a ultima coisa que ele queria ser lembrado. A ruiva olhou com mais atenção e viu que ele parecia estar lutando contra a vontade de gritar ou socar alguém.

— Sirius! — James falou num tom de voz normal. Mas o uso do seu nome pelo seu amigo teve efeito imediato. Sirius parou de discutir e olhou para James da forma mais estranha que Lily já vira, ele parecia estar esperando uma bronca e seu olhar parecia arrependido.

— Vamos apenas continuar lendo. Não faz nenhum bem reviver essa historia novamente. — James ainda não tinha levantado o rosto das mãos.

Sirius sentou novamente parecendo que tinha sido agredido fisicamente, e seu olhar ia de Remus para James como se esperasse que algum dos dois fosse dar o golpe final.

— Não seja modesto agora Potter, tenho certeza que todos vão amar essa historia. — cuspiu Severus com sarcasmo. Potter não tinha salvo ele e sim se mudara de ideia no meio de uma brincadeira.

— Snape as coisas não aconteceram da forma que você imagina. James — Remus frisou o nome do amigo. — realmente não fazia ideia até que fosse tarde demais.

Lily percebeu que nem James nem Remus haviam olhado para Sirius.

— Eu disse — Pontas falou cada palavra deliberadamente devagar — que não faz nenhum bem reviver essa historia novamente. E isso vale para todos.

O tom de voz foi tão definitivo que ninguém perguntou mais nada sobre isso.

O quê?

É... disse Dumbledore sonhador — É engraçado como a cabeça das pessoas funciona, não é? O Professor Snape não conseguiu suportar o fato de estar em dívida com o seu pai.

— Eu não estou em dívida com você! — Severus gritou.

— Realmente parece que isso me importa? — perguntou James e Lily viu novamente aquele olhar arrogante tão comum durante as discursões entre ambos os meninos e soube que se essa historia não acabasse logo todo o progresso que o livro tinha feito estaria perdido.

Mas James balançou a cabeça como se nada disso importasse e voltou a ler.

Acredito que tenha se esforçado para proteger você este ano, porque achou que isso o deixaria quite com o seu pai. Assim podia voltar a odiar a memória do seu pai em paz...

— Tenho certeza que Snape não sente o menor remordimento em comemorar a morte de Pontas todos os anos. — rosnou Sirius descontando a frustação que sentia por esse assunto ter vindo à tona, em sua vitima preferida.

Severus pensou que como esse dia era o mesmo dia da morte de Lily, era pouco provável que ele se sentisse bem para comemorar qualquer coisa.

Harry tentou compreender, mas sentiu a cabeça latejar, por isso parou.

— E, professor, só mais uma coisa...

— Só essa?

— Como foi que tirei a Pedra do espelho?

— Ah, fico satisfeito que você tenha me perguntado. Foi uma das minhas idéias mais brilhantes, e cá entre nós, isto é alguma coisa. Sabe, só uma pessoa que quisesse encontrar a Pedra, encontrar sem usá-la, poderia obtê-la, de outra forma, a pessoa só iria se ver produzindo ouro e bebendo elixir da vida. O meu cérebro às vezes surpreende até a mim...

— Mas todos nós chegamos a essa conclusão. — Frank surpreendentemente fez bico.

Agora chega de perguntas. Sugiro que comece a comer esses doces. Ah, feijõezinhos de todos os sabores! Quando eu era moço tive a infelicidade de encontrar um com gosto de vômito, e desde então receio que tenha perdido o gosto por eles.

— Mas se não tivessem os sabores ruins, então não teria graça em comer feijãozinho de todos os sabores. — reclamou Sirius.

Mas acho que não corro perigo com um gostoso caramelo, não acha? — E sorrindo jogou um feijãozinho caramelo escuro na boca. Então se engasgou e disse:

— Que pena! Cera de ouvido!

Madame Pomfrey, a encarregada do hospital, era uma boa pessoa, mas muito rigorosa.

Os marotos assentiram com a cabeça. Eles passaram bastante tempo na ala hospitalar.

— Só cinco minutos — suplicou Harry.

— Absolutamente não.

— A senhora deixou o Professor Dumbledore entrar.

— Bom, é claro, ele é o diretor, é muito diferente. Você precisa descansar.

Estou descansando, olhe, deitado e tudo. Ah, por favor, Madame Pomfrey.

— Ah, muito bem. Mas só cinco minutos. E ela deixou Rony e Hermione entrarem.

— Tenho certeza que serão mais de cinco minutos visto tudo que eles têm para por em dia. — Alice sorriu.

— Harry!

Hermione parecia prestes a abraçá-lo outra vez, mas Harry gostou que tivesse se contido porque a cabeça dele ainda estava muito doída.

— Ah, Harry, nos estávamos certos que você ia... Dumbledore estava tão preocupado...

— Você percebe que Harry não teria conseguido sem a ajuda dela. — comentou Remus olhando para Sirius.

Almofadinhas estava muito feliz por seu amigo ter deixado de lado o assunto anterior que fez um esforço com a menina.

— Ela é uma boa amiga. — Ele cedeu — Mas ainda é louca pelos livros, isso não é saudável! — Sirius fez drama — Ela consegue ser ainda pior que você, e eu achava que isso era impossível.

Remus jogou uma almofada conjurada em Sirius e a briga anterior parecia ter sido esquecida. Almofadinhas olhou para James, ele achava que o rapaz de óculos demoraria um pouco mais para deixar esse assunto ir.

— A escola inteira não fala em outra coisa — disse Rony — Mas, no duro, o que foi que aconteceu?

Era uma das raras ocasiões em que a historia verdadeira é ainda mais estranha e excitante do que os boatos fantásticos. Harry contou tudo: Quirrell, o espelho, a Pedra e Voldemort.

Rony e Hermione eram bons ouvintes, exclamavam nas horas certas e quando Harry lhes disse o que havia sob o turbante de Quirrell, Hermione soltou um grito.

Nem mesmo Sirius pode culpa-la por isso.

— Então a Pedra acabou? — perguntou Rony finalmente. – Flamel simplesmente vai morrer?

— Foi o que perguntei, mas Dumbledore acha que... Como foi mesmo?... Que para a mente bem estruturada a morte é a grande aventura seguinte.

— Eu sempre disse que ele era biruta — disse Rony, parecendo muito impressionado com a grande loucura do seu herói.

Frank assentiu com a cabeça simpatizando com o sentimento.

— Então o que aconteceu com vocês dois? — perguntou Harry.

— Bom, eu voltei sem problemas — disse Hermione — Fiz Rony voltar a si, isso levou algum tempo, e estávamos correndo para o corujal para nos comunicar com Dumbledore quando o encontramos no saguão de entrada, ele já sabia, e só disse "Harry foi atrás dele, não foi?", e saiu desabalado para o terceiro andar.

James evitou rosnar novamente pela atitude do dretor.

— Você acha que ele queria que você fizesse aquilo? — perguntou Rony. — Mandou a capa do seu pai e tudo o mais?

Lily profundamente esperava que não, embora ela soubesse que James tinha razão. Mas era incrível pensar que o diretor poderia ser tão irresponsável.

— Bom! — explodiu Hermione — Se ele fez isso... Quero dizer... Isso é horrível... Você podia ter sido morto.

Alice concordou com a cabeça;

— Não, não é horrível — disse Harry pensativo — Ele é um homem engraçado, o Dumbledore. Acho que meio que queria me dar uma chance. Acho que sabe mais ou menos tudo o que acontece por aqui, sabe? Imagino que tivesse uma boa idéia do que íamos tentar fazer e em lugar de nos impedir, ele simplesmente ensinou o suficiente para nos ajudar. Não acho que tenha sido por acaso que me deixou descobrir como o espelho funcionava. Era quase como se pensasse que eu tinha o direito de enfrentar Voldemort se pudesse...

James parecia estar lutando bravamente contra a vontade de rasgar o livro. Ele esperava que em algum ponto dessa leitura Dumby tivesse um argumento melhor que essa esupida ideia de Harry ter o direito de enfrentar Voldemort.

— É, a marca de Dumbledore, com certeza — disse Rony orgulhoso. — Olhe, você precisa estar bom para a festa de fim de ano, amanhã. Os pontos já foram todos computados e Sonserina ganhou, é claro.

Snape sorriu provocando Black, mas teve o bom senso de não provocar Potter que parecia estar num humor muito perigoso no momento.

Você faltou ao último jogo de Quadribol, fomos estraçalhados por Cornival sem você.

Mesmo com a cabeça cheia de coisas, James não pode evitar um gemido de decepção.

Mas a comida vai ser legal.

Nesse instante, Madame Pomfrey irrompeu no quarto.

— Vocês já estão aí há quinze minutos, agora FORA — disse com firmeza. Depois de uma boa noite de sono, Harry se sentiu quase normal.

— Quero ir à festa — disse a Madame Pomfrey, quando ela estava arrumando suas muitas caixas de doces — Posso, não posso?

— O Professor Dumbledore disse que devo deixar você ir — respondeu ela fungando, como se, na sua opinião, o Professor Dumbledore não percebesse os riscos que uma festa pode oferecer

Remus sorriu. A enfermeira realmente levava seu trabalho muito a serio.

— E você tem outra visita.

— Que bom. Quem é?

Hagrid foi-se esgueirando pela porta enquanto Harry indagava.

Em geral quando estava dentro de casa, Hagrid parecia demasiado grande para que o deixassem entrar. Sentou-se ao lado de Harry, deu uma olhada e caiu no choro.

— É... Tudo... Minha... Culpa! — soluçou, o rosto nas mãos. — Eu informei ao mal como passar por Fofo! Eu informei! Era a única coisa que ele não sabia e eu informei! Você podia ter morrido! Tudo por causa de um ovo de dragão! Nunca mais vou beber! Eu devia ser demitido e mandado viver como trouxa!

— Não exagere, Voldemort teria descoberto de alguma maneira mesmo que você não tivesse contado. — comentou Lily suavemente.

— Rúbeo! — chamou Harry chocado por vê-lo sacudir de tristeza e remorso, as grandes lágrimas se infiltrando pela barba — Rúbeo, ele teria descoberto de qualquer maneira, estamos falando de Voldemort, teria descoberto mesmo que você não tivesse informado.

— Mas você podia ter morrido! — soluçou Hagrid — E não diga o nome dele!

— VOLDEMORT! — berrou Harry, e Hagrid levou um choque tão grande que parou de chorar.

— Definitivamente o gênio de Lily. — Alice sorriu.

— Estive com ele cara a cara e vou chamá-lo pelo nome que tem. Por favor, anime-se, Rúbeo, salvamos a Pedra, ela foi destruída e ele não poderá usá-la. Coma um sapo de chocolate. Tenho um montão...

— Chocolate realmente ajuda a pessoa a se sentir feliz. — comentou Remus sorrindo. Ele amava chocolate.

Hagrid secou o nariz como dorso da mão e disse:

— Ah, isso me lembra. Trouxe um presente para você.

— Não é um sanduíche de carne de arminho, é? — perguntou Harry. Abriu-o curioso e, finalmente, Hagrid deu uma risadinha.

— E agora ele pareceu James. — comentou Remus sorrindo ganhando um fraco sorriso do amigo.

— Não, Dumbledore me deu folga ontem para eu providenciar. Claro, devia mais é ter me demitido. Em todo o caso, trouxe isto para você...

Parecia ser um belo livro encadernado em couro. Harry abriu-o, curioso. Estava cheio de retratos de bruxos, de cada página, sorrindo e acenando para ele, estavam sua mãe e seu pai.

Agora James não pode deixar de sorrir. Isso seria algo impressionante para Harry ter, sabendo o quão pouca informação seu filho tinha sobre os pais isso teria sido o equivalente a um tesouro.

— Mandei corujas para todos os velhos amigos de escola de seu pai e sua mãe, pedindo fotos... E sabia que você não tinha nenhuma... Gostou?

Lily apertou o braço de James para chamar a atenção sorrindo para o rapaz, sabendo o quão importante esse presente seria para Harry. O moreno sorriu de volta mas Lily viu que ele ainda parecia chateado com algo, mas esse não era o momento de perguntar.

Harry nem conseguiu falar, mas Hagrid compreendeu.

Harry desceu para a festa de fim de ano sozinho aquela noite.

Atrasara-se com os cuidados de Madame Pomfrey, que insistiu em lhe fazer um último check-up, de modo que o salão principal já se enchera. Estava decorado com as cores de Sonserina, verde e prata, para comemorar sua conquista do campeonato das casas pelo sétimo ano consecutivo. Uma enorme bandeira com a serpente de Sonserina cobria a parede atrás da mesa principal.

Sirius fingiu vomitar.

Quando Harry entrou houve um silêncio momentâneo e em seguida todos começaram a falar alto e ao mesmo tempo. Ele se sentou discretamente numa cadeira entre Rony e Hermione à mesa da Grifinória e tentou fingir que não via as pessoas se levantarem para espiá-lo.

Lily sorriu, isso era algo que Harry havia herdado dela sem sombra de duvidas. James provavelmente teria subido na mesa e agradecido como se todos o aplaudissem.

Felizmente, Dumbledore chegou instantes depois. A algazarra foi serenando.

— Mais um ano que passou! disse Dumbledore alegremente. — E preciso incomodar vocês com a falação asmática de um velho antes de cairmos de boca nesse delicioso banquete. E que ano tivemos! Espero que as suas cabeças estejam um pouquinho menos ocas do que antes... Vocês têm o verão inteiro para esvaziá-las muito bem, antes do próximo ano letivo.

— Almofadinhas realmente leva esse aviso a serio todos os anos. — brincou Remus

Agora, pelo que entendi, a Taça das Casas deve ser entregue e a contagem de pontos é a seguinte: em quarto lugar Grifinória com trezentos e doze pontos, em terceiro, Lufa-Lufa, com trezentos e cinqüenta e dois pontos, Corvinal, com quatrocentos e vinte e seis, e Sonserina com quatrocentos e setenta e dois pontos.

E uma tempestade de pés e mãos batendo irrompeu da mesa de Sonserina. Era uma cena nauseante.

James não pode mais que concordar imaginando a cena.

— Sim, senhores, Sonserina está de parabéns. No entanto, temos de levarem conta os recentes acontecimentos.

Severus cruzou os braços, mas todos os outros se inclinaram em direção ao livro.

A sala mergulhou em profundo silêncio.

— Tenho alguns pontos de última hora para conferir. Vejamos. Sim... Primeiro: ao Sr. Ronald Weasley...

O rosto de Rony se coloriu de vermelho vivo, parecia um rabanete que apanhara sol demais na praia.

— ... Pelo melhor jogo de xadrez presenciado por Hogwarts em muitos anos, eu confiro à Grifinória cinqüenta pontos.

Os marotos aplaudiram mesmo James parecia ter deixado os pensamentos de lado para colocar dois dedos na boa e soltar um alto assobio.

Os vivas da Grifinória quase levantaram o teto encantado, as estrelas lá no alto pareceram estremecer.. Ouviram Percy dizer aos outros monitores: "É o meu irmão, sabem! O meu irmão caçula! Venceu uma partida no jogo vivo de xadrez de McGonagall!"

— Não deixe Minnie te ouvir falando assim, ou ela tirará os pontos novamente. — brincou Sirius,

Finalmente voltaram a fazer silêncio.

— Segundo: a Senhorita Hermione Granger... Pelo uso de lógica inabalável diante do fogo, concedo à Grifinória cinqüenta pontos.

E novamente os marotos comemoram.

Hermione escondeu o rosto nos braços, Harry teve a forte suspeita de que caíra no choro. Os alunos da Grifinória por volta da mesa não cabiam em si de contentes, tinham subido cem pontos.

— Terceiro: ao Sr. Harry Potter — A sala ficou mortalmente silenciosa. — Pela frieza e excepcional coragem, concedo à Grifinória sessenta pontos.

Até mesmo Lily bateu palmas dessa vez.

— Grifinória e Sonserina estão empatadas, a taça terá que ser sorteada. — comentou Frank.

A balbúrdia foi ensurdecedora. Os que conseguiam somar enquanto berravam de ficar roucos sabiam que Grifinória agora chegara a quatrocentos e setenta e dois pontos — exatamente o mesmo que Sonserina. Precisariam sortear a Taça das Casas, se ao menos Dumbledore tivesse dado a Harry mais um pontinho.

Dumbledore ergueu a mão. A sala gradualmente se aquietou.

— Existe todo tipo de coragem — disse Dumbledore sorrindo. — É preciso muita audácia para enfrentarmos os nossos inimigos, mas igual audácia para defendermos os nossos amigos. Portanto, concedo dez pontos ao Sr. Neville Longbottom.

Agora Frank e Alice se juntaram a bagunça. E foi preciso quase cinco minutos antes que eles se acalmassem o suficiente para voltar a ler. Por esse tempo Severus estava quase batendo com a própria cabeça na parede de frustação.

Alguém que estivesse do lado de fora do salão principal poderia ter pensado que ocorrera uma explosão, tão alta foi a barulheira que irrompeu na mesa da Grifinória.

— Se Pontas ou Almofadinhas estivessem lá, seria provável que uma explosão tivesse realmente ocorrido. — brincou Remus.

Harry, Rony e Hermione se levantaram para gritar e dar vivas enquanto Neville, branco de susto, desaparecia debaixo de uma montanha de gente que o abraçava.

Alice sorriu ainda batendo palmas.

Jamais ganhara um único ponto para Grifinória antes.

"Isso mudará a partir de agora." Pensou Frank, confiante.

Harry, ainda gritando, cutucou Rony nas costelas indicando Malfoy, que não poderia ter feito uma cara mais perplexa e horrorizada se tivesse acabado de ser encantado com o Feitiço do Corpo Preso.

— O que torna a vitória ainda melhor. — sorriu Sirius.

— O que significa — continuou Dumbledore procurando se sobrepor à tempestade de aplausos, porque até Cornival e Lufa-Lufa estavam comemorando a derrota de Sonserina

Muito parecido com o que ocorria na sala nesse exato momento.

— que precisamos fazer uma pequena mudança na decoração.

E, dizendo isto, bateu palmas. Num instante, os panos verdes se tornaram vermelhos e, os prateados, dourados, a grande serpente de Sonserina desapareceu e o imponente leão da Grifinória tomou o seu lugar, Snape apertou a mão da Professora Minerva, com um horrível sorriso amarelo.

Alice e Sirius sorriram a esse comentário.

Seu olhar encontrou o de Harry e o menino percebeu, no mesmo instante, que os sentimentos de Snape com relação a ele não tinham mudado nem um pingo.

Lily realmente queria que seu amigo tivesse uma relação mais agradável com seu filho

Isto não o preocupou. Parecia-lhe que sua vida voltaria ao normal no próximo ano, ou tão normal quanto ela poderia ser em Hogwarts.

Foi a melhor noite da vida de Harry, melhor do que a vitória no Quadribol ou a ceia de Natal ou o encontro com o trasgo... Jamais esqueceria esta noite.

James soltou um sorriso puramente feliz. Era bom ver seu filho se sentindo como uma criança normal para variar. Sentiu Lily encostar a cabeça no seu ombro e não precisou olhar para saber que ela estava sorrindo também.

Harry quase esquecera que os resultados dos exames ainda estavam por vir, mas eles não deixaram de vir, Para sua grande surpresa, tanto ele quanto Rony passaram com boas notas,

Lily sorriu satisfeita que seu filho tivesse ido bem nos exames.

Hermione, é claro, foi a melhor do ano.

— Nenhuma surpresa ai. — Frank riu.

Até Neville passou raspando, sua boa nota em Herbologia compensou a péssima nota em Poções.

Alice não pode evitar olhar para Snape, ela suspeitava que seu comportamento rude em relação ao seu filho tinha ajudado na nota ruim em poções.

Tinham tido esperanças de que Goyle, que era quase tão burro quanto era mau, fosse expulso, mas ele também passou.

— Você não é expulso por isso, só tem que fazer os exames novamente. — explicou Remus.

Foi uma pena, mas como disse Rony, não se podia ter tudo na vida.

E, de repente, seus guarda-roupas ficaram vazios, os malões arrumados, o sapo de Neville foi encontrado escondido em um canto do banheiro,

Alice sorriu lembrando todos os lugares que seu sapo aparecera durante a volta para casa.

as notas foram entregues a todos os alunos, com o aviso de que não fizessem bruxarias durante as férias.

— Eu sempre tenho a esperança de que eles se esqueçam de entregar as notas e o aviso — lamentou Fred Weasley.

— Como é o ministério que controla isso não faz nenhuma diferença o aviso ser entregue ou não. — comentou Frank.

— E como seus pais são bruxos, vocês podem fazer magia durante as férias, só não podem ser pegos fazendo. — explicou Sirius.

Lily olhou para ele confusa. Ser puro-sangue não isentava as pessoas do traço.

— O traço apenas detecta magia ao redor de bruxos menores de idade, quando você mora com bruxos maiores de idade é impossível saber quem fez a magia. Então cabe aos pais controlar. — Remus explicou.

Lily não pode deixar de pensar em como era injusto que todos na sala, menos ela, tinham chance de fazer magia nas férias.

Hagrid estava a postos para levá-los à flotilha de barcos que fazia a travessia do lago, e, no momento seguinte, estavam embarcando no Expresso de Hogwarts, conversando e rindo à medida que os campos se tornavam mais verdes e mais cuidados, comendo feijõezinhos de todos os sabores enquanto atravessavam as cidades dos trouxas, trocando as vestes de bruxos pelos blusões e paletós, parando na plataforma 9 e ½ na estação de King's Cross.

Lily sentiu um aperto no coração ao se lembrar que ela não estava lá para seu filho, e no lugar disso ele teria que voltar para casa com a sua adorável irmã.

Levou um bom tempo para todos desembarcarem na plataforma. Um guarda muito velho estava postado na saída e os deixava passar em grupos de dois e três para não chamarem atenção ao irromper todos ao mesmo tempo por uma parede sólida, assustando os trouxas.

Sirius não pode deixar de imaginar que isso seria divertido.

— Vocês precisam vir passar uns dias conosco — disse Rony — Os dois. Vou mandar uma coruja para vocês.

— Obrigado — disse Harry — Preciso ter alguma coisa por que esperar.

Lily e James agradecem mentalmente a Ron por isso, e quanto mais dias melhor seria para Harry.

As pessoas passavam empurrando-se ao se dirigirem para a saída para o mundo dos trouxas. Alguns gritavam.

— Tchau, Harry!

— Nos vemos por ai, Potter!

— Continua famoso — comentou Rony, sorrindo para o amigo.

— Não aonde eu vou, posso lhe garantir.

James não pode deixar de se sentir deprimido entendendo a que o filho se referia.

Ele, Rony e Hermione passaram juntos pelo portão.

— Olha lá ele, mamãe, olha lá ele, olha!

Era Gina Weasley, a irmãzinha de Rony, mas não apontava para Rony.

— Harry Potter! — gritou com a vozinha fina. — Olhe, mamãe! Estou vendo...

— Ela é tão fofa. — comentou Lily.

— Você acha mesmo? Porque eu conheço alguém que tem um comportamento muito parecido todos os anos. —brincou Sirius olhando para James.

Lily corou levemente entendendo o comentário e James simplesmente ignorou voltando a ler.

— Fique quieta, Gina, é falta de educação apontar. A Sra. Weasley sorriu para eles.

— Muito trabalho este ano?

— Muito — respondeu Harry. — Obrigado pelas barrinhas de chocolate e pelo suéter, Sra. Weasley.

A ruiva sorriu orgulhosa por seu filho ter sido educado.

— Ah, de nada, querido.

— Está pronto?

Era tio Válter, ainda com a cara vermelhona, ainda bigodudo, ainda parecendo furioso com a audácia de Harry de andar carregando a coruja numa gaiola por uma estação cheia de gente normal. Atrás dele, achava-se tia Petúnia e Duda, parecendo aterrorizados só de olhar para Harry.

— Não faça um drama tão grande, Tuney. — Lily revirou os olhos para o comportamento da irmã.

— Vocês devem ser a família de Harry! — falou a Sra. Weasley.

— Por assim dizer — respondeu tio Válter — Ande logo, menino, não temos o dia inteiro. — E se afastou.

— Meu filho tem nome. — reclamou James indignado.

Severus se remexeu incomodado, ele sabia como era ser chamado de "menino" o tempo todo.

Harry ainda demorou para trocar uma última palavrinha com Rony e Hermione.

— Vejo vocês durante as ferias, então.

— Espero que você tenha... Há... Umas boas férias — disse Hermione, olhando hesitante para tio Válter, espantada que alguém pudesse ser tão desagradável.

— Também me surpreende. — concordou Alice.

— Ah, claro que sim — respondeu Harry, e eles ficaram surpresos com o sorriso que se espalhava pelo seu rosto. — Eles não sabem que não podemos fazer bruxarias em casa. Vou me divertir à beça com o Duda este verão...

— Infelizmente Tuney sabe que Harry não pode fazer bruxarias fora do colégio. — comentou Lily tristemente.

James fechou o livro e antes que qualquer um pudesse fazer alguma coisa Sirius saiu correndo em direção a mesa.

— Eu me recuso a fazer alguma coisa antes de comer! — o maroto gritou.

— Eu imagino que todos devemos comer e dormir, já é tarde. — concordou Remus sabendo que era tarde. Eles tinham prolongado a leitura no ultimo livro porque ninguém conseguiria comer ou dormir naquele momento.

Agora que a adrenalina do ultimo capitulo havia baixado, todos perceberam o quão cansados estavam. Todos se acomodaram para comer e o jantar correu tranquilo, com alguns comentários ocasionais sobre o que eles tinham acabado de ler.

As únicas pessoas que não estavam participando da conversa era Severus, que só respondia quando Lily lhe perguntava diretamente alguma coisa. E James que parecia completamente perdido em pensamentos.

Após o jantar todos se dirigiram para o quarto para se preparem para uma boa noite de sono. Sirius aproveitou a oportunidade para ficar para trás e falar com James em particular.

— Olha Pontas, se você ainda tiver chateado pelo que aconteceu ano passado... — começou Sirius sem jeito.

— Eu disse que te desculpava, não foi. Eu apenas não gosto de lembrar daquilo. Do quão perto as coisas chegaram de ir horrivelmente mal. — disse James olhando seriamente para Sirius. O episodio que envolveu Snape, uma noite de lua cheia e o salgueiro lutador foi a única real que eles já tiveram. — Vamos dormir que amanhã teremos mais um dia cheio de leitura, Almofadinhas.

Se sentindo aliviado com o uso do apelido, Sirius sorriu indo em direção a sua cama para pegar as coisas para um banho. Mas James ainda estava perdido em pensamentos. Mesmo quando foi sua vez de usar o banheiro, ou quando todos cessaram a conversa para finalmente ir deitar. Até mesmo quando Lily passara pedindo sua varinha e lhe desejando boa noite a mente de James ainda estava em outro lugar.

O silencio caiu no quarto, mas James não conseguia parar de ouvir seus próprios pensamentos. As pessoas constantemente comparam Harry a ele. E o tratavam como tratariam James. Minnie e Snape fizeram isso varias vezes durante o livro. E esse era apenas o primeiro. O rapaz de óculos não pode evitar um sentimento de culpa, como se alguma forma ele tivesse tornado a vida de Harry mais complicada do que precisaria ser.

E tinha o pensamento ainda mais fundo em sua mente que Lily parecia ter tido uma escolha. O que não fazia o menor sentido. Por que Voldemort deixaria Lily, que era nascida trouxa ter a chance de viver, não era ele que pensava que os nascidos trouxas eram escoria? A não ser que alguém tivesse pedido...

Sabendo que o que ele teria que fazer para aliviar sua consciência mas nada animado com a perspectiva James se levantou da cama, sem perceber quanto tempo havia se passado e se encaminhou para outra cama no quarto.

— Eu quero conversar com você, na sala. — disse o maroto enquanto sacudia a cama de Snape para acorda-lo. — Nossas varinhas estão com Lily. — Ele lembrou a Severus quando viu o mesmo procurar a varinha no bolso do pijama.

James deu as costas e saiu andando em direção a sala, sendo seguido por um Snape muito desconfiado. O moreno parou um pouco depois da mesa na qual eles haviam jantando a pouco tempo atrás e Severus parou a uma distancia prudente.

Pontas não sabia como começar, na verdade ele não tinha muita certeza do motivo que o levara a chamar Snape para uma conversa.

— Eu gostaria de me desculpar. — James disse as palavras rapidamente como se dessa forma fosse menos doloroso de falar.

Snape levantou a sobrancelha. Porque diabos Potter estava fazendo isso agora? Lily não estava perto para presenciar seu "bom" comportamento.

— E eu posso saber por qual das muitas coisas que você já fez você está se desculpando? — zombou Severus.

— Eu não tenho certeza. — James levou a mão ao cabelo. O comportamento de Snape não estava ajudando. — Na verdade eu acho que você mereceu cada azaração por ser um idiota que idolatra as Artes das Trevas.

"Isso se parecia mais com Potter real". Pensou Severus. Mas ainda não explicava o que James queria conversar.

— Mas eu sinto que de alguma forma isso influencia a forma que você trata Harry, e meu filho não deveria ser culpado pelo que eu fiz, então o mínimo que eu posso fazer por ele é pedir desculpas.

— Você está me pedindo desculpas para ajudar no futuro de uma criança que talvez nem chegue a nascer. — perguntou Severus meio chocado com esse comportamento.

"Então Snape iria tentar convencer Lily disso." James pensou, mas bem ele já esperava por isso.

— Estou fazendo isso por todos os meus futuros filhos. — comentou o moreno, mas não conseguiu deixar de acreditar. — Embora o foco seja Harry, é claro. — disse como se tivesse certeza que Harry nasceria.

Snape perdeu a paciência.

— Lily foi morta por causa dessa criança!

— Lily foi morta defendendo as pessoas que ama. — contradisse James. — Você realmente acha que se Harry não existisse ela poderia virar as contas para a guerra? — James riu sem vontade — Você realmente pensa isso não é? Essa é a guerra dela. Uma guerra contra o mundo que ela nasceu e as pessoas que ela se importa. Não faz diferença que Harry tenha nascido ou que ela esteja comigo. Existem muitas outras pessoas com as quais ela se importa. A família dela, até mesmo a irmão, fora os amigos que ela deve ter. E todos os trouxas que sequer sabem sobre magia. Lily não viraria as costas o povo dela.

— Ela é uma bruxa. — gritou Severus.

— E justamente por isso ela vai se sentir na quase na obrigação de fazer alguma coisa, sabendo que é a única pessoa da família que tem meios para se defender.

James respirou fundo e se encostou na parede antes de continuar.

— Apenas por que Lily ficaria triste de perder sua amizade. — James deu ênfase na ultima palavra — Eu vou te dizer isso. Ela vai lutar e não há nada que você ou eu ou qualquer outra pessoa pode fazer para impedi-la. Eu vou fazer meu melhor para lutar ao lado dela porque eu me importo com ela. E vou protegê-la com a minha vida se for necessário. Mas se você continuar com essa ideia absurda de pedir para que ela abandone a todos e se esconda, ou pior se juntar aos Comensais da Morte — ele cuspiu a palavra — para ter poder tudo que conseguira é afastá-la.

Severus olhou para James com odeio, em parte porque ele sabia que Potter estava certo sobre Lily, em outra porque Potter falava assim como se tivesse certeza sobre o futuro da ruiva.

— E você não está preocupado com as consequências caso eu e Lily reatemos nossa amizade. — Severus imitou o tom de Potter.

James por um segundo quase caiu na armadilha, tinha sido um dos seus medos e um dos motivos pelo qual ele e Snape se odiavam. Mas ele não iria por esse caminho de novo.

— Lily e eu não somos amigos, eu nunca tive nada a perder arriscando. Mas você não vai arriscar porque você sabe a resposta e sabe que isso acabaria com a amizade de vocês. — James respondeu. Ele não estava complemente certo sobre isso, mas não fazia sentido em mostrar suas inseguranças para Snape.

Snape olhou com pura raiva para o rapaz na sua frente. Sabendo que ele tinha razão, nunca tivera coragem para confessar seus sentimentos por Lily antes e não faria agora que tinha a amizade dela de volta. — Eu não te desculpo. — Severus cuspiu voltando ao motivo original da conversa.

— Eu imaginei que você não fosse. — James deu os ombros.

— Então por que você me pediu? — Severus perguntou exasperado.

— Por que eu devia a Harry a tentativa, e era a coisa certa a fazer. James se encaminhou para o sofá.

Severus deu meia volta xingando até o ultimo foi de cabelo de Potter. Maldito arrogante que o acordara para nada. Por um momento antes de cruzar a porta Snape se sentiu tentado a perguntar se ele falaria algo dessa conversa para Lily, principalmente a parte sobre seus sentimentos. Mas com um ultimo olhar para Potter ele soube que o garoto não correria o risco. E o odiando ainda mais por ter razão voltou para a cama.

James se deitou no sofá de três lugares tirando a capa de invisibilidade do bolso. O que ele realmente gostaria era voar para refrescar seus pensamentos, mas estava limitado a essa sala aos próximos dias. Seus pensamentos foram para Harry. Imaginou tudo que ele e seu filho poderiam fazer juntos depois que esse futuro fosse mudado. Ele poderia ensinar seu filho a montar numa vassoura. Poderia leva-lo aos jogos profissionais. Ele até poderia imaginar Lily brigando com ele porque vassouras eram muito perigosas para crianças pequenas.

James não soube dizer em que momento seus pensamentos se transformaram em sonhos, mas soube que acabara de acordar ao ouvir passos na sala.

— Eu não estou conseguindo dormir. — disse Lily se desculpando. Ela havia acordado de um de seus inúmeros sonhos e percebera que o rapaz não estava sem sua cama. Então pensou que talvez eles pudessem conversar.

— Eu fico pensando em tudo que poderíamos ter feito com Harry. — admitiu James se sentando no sofá para que a ruiva pudesse se sentar ao seu lado se quisesse. E lutou contra um enorme sorriso quando ela fez exatamente isso.

— Eu tive esse sonho estranho no qual eu gritava com você por deixar Harry montar numa vassoura antes de aprender a andar. — Ela comentou e James falou miseravelmente em esconder um sorriso. Ele pensara algo bem parecido. — Então eu acordei e percebi que você não estava na cama, então em dei conta que eu poderia falar sobre isso com você e seria a única pessoa que me entenderia. — Lily reparou no objeto que James segurava. — Essa é a capa de Harry? — o moreno assentiu passando a capa para a ruiva inspecionar.

Lily segurou o objeto, admirada, a capa era linda por falta de uma palavra melhor. E seria tão importante na vida de seu filho. E não pode deixar de pensar em qual estranho era estar aqui tarde da noite pensando no filho que teria com James, e ainda mais estranho era que se sentia melhor aqui falando com o moreno que antes com seus pensamentos a deriva quando estava sozinha.

— É estranho sabe? — Lily mordeu os lábios sem saber como explicar que eles dois com esse nível de intimidade era estranho. Ela não queria estragar tudo, mas queria falar sobre isso.

James a viu morder os lábios, preocupada e não pode reprimir o carinho que sentia por ela. Ele sabia que a ruiva iria querer conversar sobre isso, as mulheres no geral adoravam dissecar cada sentimento. Mas a aparente vergonha dela era comovente. Então ele tentou ajudar:

— Que tipo de estranho, um estranho ruim?

Lily entendeu que ele sabia ao que ela estava se referindo. E isso tinha sido comum durante a leitura dos livros, mas ainda era difícil associar esse rapaz ao que ela conhecera durante esses seis anos.

— Um tipo bom de estranho. — ela admitiu e James sorriu. — Eu só não entendo como tudo mudou tanto nesses últimos dias.

James entendeu que tudo se referia a ele.

— Depois que você gritou comigo. — Lily entendeu que se referia ao incidente do quinto ano — Eu percebi que poderia estar fazendo as coisas da forma errada, eu tive me esforçado para melhorar depois disso mas essa é a primeira vez que eu tenho a oportunidade de te mostrar.

Lily assentiu. Ela sabia que algo tinha mudado no menino, afinal ele não virara Monitor-Chefe à toa. Mesmo que Dumbledore fosse louco McGonagall não permitiria se não achasse que ele estava a altura do cargo. Deixando esse ponto passar ela falou a próxima coisa que a estava incomodando.

— Eu não quero me sentir pressionada, quero dizer nós estamos lendo um livro sobre o nosso futuro, mas eu não quero que isso influencie. — Lily procurou as palavras certas — Eu quero fazer as coisas porque tenho vontade não porque sabemos que aconteceria se não tivéssemos lido o livro.

— Não estou pressionado você. — James respondeu tranquilo.

— Justamente por isso, Eu imagino que você tenha um plano. E toda essa... — Lily abaixou o tom de voz. — proximidade, eu não sei. Não quero apressar as coisas.

— Eu esperei uma chance por anos, posso esperar um pouco mais. — James fez bico e Lily teve que sorri, ele parecia tão adorável nessa pose — E quanto ao resto, se te incomoda eu posso parar. —James ficaria muito triste, mas se controlaria melhor.

Lily mordeu os lábios, na verdade não a incomodava. O que a incomodava eram as consequências que isso poderia ter.

— Não me incomoda. Eu só não quero...

— Que isso me de ideias erradas e eu decida apressar as coisas, eu entendi da primeira vez. Sei que parece incrível mas eu sou inteligente. — James fingiu estar indignado e Lily sorriu.

Já que estava tudo esclarecido Lily se permitiu fazer algo que ela teve vontade desde que vira James no sofá. Sentando-se na posição que já parecia familiar ela encostou a cabeça no ombro do moreno.

— Tivemos um filho maravilhoso, né.

James sorriu. Lily não facilitava as coisas para ele, sentada desse jeito, conversando sobre o filho deles. Claro que ele não iria reclamar. Movendo a mão para brincar com as pontas do cabelo que caiam pelas costas da ruiva ele respondeu.

— Harry é realmente incrível.

E discutiram as qualidades de Harry por muito tempo, como apenas dois pais corujas poderiam fazer. Até que após um silencio confortável James percebeu que a ruiva caria no sono.

Se mexendo o mínimo possível ele conjurou um travesseiro e pôs em seu colo e com muito cuidado mudou Lily de posição para que ela pudesse descansar melhor. James sabia que teria que ficar sentado na mesma posição durante muito tempo mas o esforço valeria completamente a pena.

Muitas horas depois, que James não tinha certeza se dormira ou não enquanto olhava para o rosto da ruiva memorizando cada pedacinho de pele. Ele pensou que seria melhor acorda-la antes que os outros acordassem. Sirius provavelmente teria altas piadas ruins para fazer se os visse sozinhos na sala.

Lily acordou com uma mão passando pelo seu cabelo, e não pode deixar de pensar que era um modo maravilhoso de começar o dia. Se movendo ela percebeu onde dormira e quem a acordara. "Isso porque estamos indo devagar." A ruiva pensou, mas não pode deixar de sorrir. Apenas caminhou para o quarto para se preparar para o novo dia.

James esperou a ruiva sair da sala para estalar todos os ossos do corpo, certamente não fora confortável, mas ele faria de novo a qualquer momento. E ela tinha sorrido sem fazer nenhum comentário quando percebeu onde estava. "As coisas estavam realmente indo bem" ele pensou sorrindo enquanto ia para o quarto.

Logo após isso todos começaram a levantar sem imaginar que os dois grifinórios não haviam dormido em suas camas. Animados com a perspectiva de saber mais sobre a vida de Harry todos se preparam rapidamente e tomaram café conversando entusiasticamente. Apenas Severus se mantinha a parte como era habitual.

Ele tinha estado preocupado com a conversa com Potter, mas um olhar para o rapaz e soube que nada tinha mudado. Poderia apenas fingir que tinha sido um pesadelo horrível.

Sirius tentou demorar mais a mesa do café, mas Lily estava impaciente para ler mais sobre seu filho. Embrulhando algumas torradas caso resolvessem fazer leitura prolongada novamente ele foi o ultimo a se sentar no sofá.

No momento que Sirius se sentou em seu local de costume, o livro brilhou com uma luz azulada e as letras pareceram se embaralhar rapidamente. Quando a luz finalmente sumiu o título do próximo livro era claramente visível para que todos lessem: Harry Potter e a Câmara Secreta.