Nunca postei fics de HP aqui, então pra que eu não faça esforço inútil, só posto novo cap se tiver reviews, que é pra evitar a fadiga : )

Afinal, postar pra ninguém também não adianta xD

Cap 1 – O livro sem capa

O quão especial era o jovem Albus Severus Potter? A começar pelo nome. Três nomes. Três dos mais importantes nomes de bruxos em suas épocas de ouro. Os que mais fizeram diferença na grande guerra. Mas é claro que, com onze anos, o jovem jamais poderia imaginar o quão importante eram aqueles que lhe emprestaram seus nomes. Podia a penas ouvir as histórias incríveis que seus pais constavam, e ansiar por tanto tempo em ir para Hogwarts e viver suas próprias aventuras.

Porém Albus não era como Harry.

Não estava sozinho em seu primeiro ano em Hogwarts. Começa, nesse ponto, a grande diferença entre ele e seu pai. Também não crescera sem contatos com o mundo bruxo. Estava completamente acostumado a ver a mãe enfeitiçar a louça para que se lavasse sozinha. Jamais se espantaria com uma casa bruxa como Harry fez ao visitar A Toca pela primeira vez, vinte e cinco anos antes. E sabia realizar pequenos feitiços antes de ir pra escola. Não acidentalmente ou por raiva, como seu pai.

E que grande ironia, pensava Harry e Ginny, ter Albus Severus crescido com os olhos que Harry herdara de sua mãe. Que grande ironia que os olhos amendoados e verdes de Lily Evans Potter estavam agora unidos ao nome "Severus".

Albus era uma criança curiosa e tímida. Tinha talento para feitiços, dizia Hermione ao visita-los. E não seria encrenqueiro como o irmão, dizia Harry.

"Ele é tão parecido com o pai."

E não havia mais ninguém pra dizer que seus olhos eram como os da mãe, porque os olhos agora eram de Harry. Então Albus, na aparência, era tal qual o pai.

E, pode-se dizer, era também o mais interessado nos três dos quais herdou o nome. Como histórias de dormir, não ouvia as então transformadas trouxas dos Irmãos Grinn (conhecidamente bruxos). Ouvia, repetidas vezes, como Dumbledore lutou bravamente contra Voldemort dentro do Ministério, como ele mesmo, Harry, derrotou duas vezes, o maior bruxo das trevas que este planeta já vira. E, com especial atenção, ouvia sobre a lealdade incontestável de Severus Snape. Este último, por acaso, lhe trazia maior encanto, já que era alguém cheio de mistérios. Harry preferiu omitir o sentimento do professor quanto à sua mãe, deixando vários pedaços da história sem ser ditos. E muitas outras coisas sobre Snape, Harry simplesmente não sabia. E certamente não contaria sobre o bullying que seu pai cometia contra o mestre.

Albus Severus então, cresceu bastante interessado na vida de Snape.

Sua admiração e atração por alguém que havia se redimido e dado a vida por uma causa era tamanha que fez o jovem se tornar extremamente curioso quanto a aquilo que Snape dominava tão bem: Defesa contra as artes das trevas e Poções.

E Albus simplesmente não via problemas em ler os livros mais complicados, ou tentar, secretamente, realizar alguns feitiços. Certa vez, James, seu irmão, o vira praticando algum feitiço do qual sequer se lembrava mais aos onze anos. Estava num livro antiquíssimo, que pegara numa livraria no Beco Diagonal, no primeiro ano de James na escola. O livro não tinha título ou capa alguma, e datava da Idade Média. Desde então, James dizia que o irmão tinha "vocação pras coisas ruins", o que não era verdade.

E Albus surpreenderia até os pais ao retrucar que não havia magia ruim. Os bruxos é que fazem mau uso dela.

Mas Albus não acreditou nisso por muito tempo, uma vez que o irmão foi capaz de zombar dele o suficiente pra que sentisse vergonha dessas práticas, e elas foram abolidas de sua mente.

E elas eram, naquele dia, o motivo de sua tão grande preocupação em ir pra Sonserina. Também não ajudava o fato de seu irmão tê-lo incomodado sobre o assunto em todo o caminho até ali.

O pai fora da Grifinória. O irmão. Todos os primos e parentes com quem convivia tanto. Os avós. Provavelmente os pais dos avós, e os pais desses, e muito mais. E se fosse pra Sonserina por um livro sem capa?

"...então, a Sonserina ganharia um excelente aluno, não? Não importa para nós, Al. Mas se importa para você, será capaz de escolher entre Grifinória ou Sonserina. O Chapéu Seletor considerará sua escolha."

Despedidas suficientes depois, os irmãos entraram no Expresso Hogwarts ao lado dos primos. James, como esperado, não sentou-se junto de Al. Tinha seus próprios amigos e não seria envergonhado pela presença do irmão que ainda nem sabia se ia mesmo pra Grifinória. Teddy estava com ele e sua namorada, ainda um pouco bravos por terem sido interrompidos no beijo.

Então, sentados no vagão estavam Rose e Albus somente.

Um pouco depois, porém, um garoto louro, de queixo pontudo e expressão de nojo parou em frente a porta do vagão. Pediu para entrar.

É importante ressaltar que dentre todos os nomes que Albus ouvira seu pai mencionar, dentre todos os heróis, nenhum nome era "Malfoy". E, especialmente, Scorpio não ouviu uma única palavra de seu pai do herói Harry Potter. Tudo que sabia sobre a guerra vinha de conhecimentos gerais, coisas que todos mencionavam. Já tinha relacionado a idade do pai aos tempos de guerra, e até sabia que o tal "Eleito" tinha estudado em Hogwarts no mesmo período que Draco, mas nunca perguntou nada. E os amigos que devia ter, não existiam, porque todos os sonserinos amigos de Draco daquela época, que podiam ter tido filhos que conheceriam o dele, estavam ou mortos, ou presos em Azkaban. Simples assim.

- Você é Scorpio Malfoy. – disse Rose Weasley. – Meu pai falou de você.

Ainda sem a resposta sobre poder entrar ou não, o garoto ficou aturdido na entrada, sem entender como podia o pai da garota ruiva conhece-lo.

- Então eu posso entrar?

- Ele me disse pra bater em você.

Tanto Albus quando Scorpio assustaram-se, tendo o garoto loiro expressado uma leve sensação de medo, cujos traços Harry reconheceria como o de Draco quando Hermione lhe deu um soco no nariz.

- Apenas pensei que estando só dois aqui eu poderia me juntar.

- Você pode. – disse Albus, ignorando o olhar acusatório de Rose. – Sem problemas.

O garoto loiro sentou-se ao lado de Albus, tentando não provocar Rose. A menina lhe dava calafrios, percebeu. Cabelos vermelhos, sabia, era característica dos Weasley. Seu pai havia comentado sobre eles uma vez ou duas. Mas não tinha opinião formada sobre o assunto.

- Então… qual o nome de vocês?

- Rose. – respondeu a menina. – Rose Weasley.

- Albus Severus. – disse o garoto, apertando a mão de Scorpio. – Potter. – completou.

- Potter? Então você é o filho dele?

O menino se remexeu na poltrona e pensou em todas as histórias fantásticas que ouvira do pai. Sabia que seria famoso, afinal era isso que mais inflava o ego de seu irmão. "Trás sorte com as garotas" ele dizia. Mas Al sempre teve receio gigantesco de ser chamado de "o filho do eleito" ou qualquer outro nome que lhe tirasse completamente a personalidade.

- Sou filho de Harry Potter e Ginny Weasley, sim. – respondeu.

- Não ouvi muito de você de meu pai. – admitiu o menino – Mas claro que conheço Harry Potter.

- Que bom. – disse Albus, amargamente.

- E quanto aos outros nomes também. Eles também estão na história. Severus Snape e Albus Dumbledore, estou errado?

Al fez que sim, timidamente.

Ele era só uma criança e tinha nos ombros o nome de gigantes.

- Snape é meu ídolo. – Scorpio encheu a boca pra falar. – Seria uma honra ter o nome dele.

- É uma honra. – admitiu Albus. – Ele mais que os demais, acho.

- Mais que Dumbledore? – espantou-se Rose – Al, você nunca disse uma coisa dessas!

O garoto a encarou, com medo. Era a primeira vez que anunciava admirar o sonserino que inspirou seu nome, e sob sua cabeça recaiu o medo de ir parar na Sonserina.

"Sonserina não, Sonserina não!"

- E por que não? Dizem que ele foi o único capaz de enganar Voldemort. – disse Scorpio, empolgado.

As crianças jamais poderiam imaginar o medo que dizer aquele nome causava há vinte anos. Hoje, todos o diziam sem receio, de boca cheia, proclamando sua morte.

- Ele foi um comensal da morte uma vez. – retrucou Rose, irritada. – Além do quê, você só gosta dele por saber que foi Sonserino, e que este é seu destino afinal.

- Quando ouvi falar de Snape nem sabia sobre as casas de Hogwarts, ok? – rebateu Scorpio. – Eu apenas admiro um homem que foi capaz de fazer tudo que Snape fez. Foi amigo do meu pai, sabiam? Minha avó diz que o sAlbusu da morte algumas vezes.

Narcisa Malfoy havia enchido os ouvidos de Scorpio a respeito de Severus Snape, uma vez que este fora responsável por salvar Draco repetidas vezes.

- Dumbledore foi um homem muito melhor que Snape. – disse Rose – Se não fosse por ele…

- Por ele? – interrompeu Scorpio, e Albus começou a sentir que aquilo ia virar briga – Dumbledore usou Snape o tempo todo!

Essa última frase causou certo impacto em Al, mas o garoto achou melhor não interferir e piorar a situação.

- Usou? Então ele usou Sirius Black, Remus Lupin, Ninfadora Tonks, meus pais, meus tios e toda a minha família, já que Snape, tal como eles, simplesmente lutaram e confiaram em Dumbledore.

Era uma família de heróis, inegavelmente. E isso esmagava Al.

- Nenhum deles foi um agente duplo, nenhum deles se arriscou como Snape!

- Sua família tentou matar meu pai e meu tio Harry incontáveis vezes! – acusou Rose – Uma família que apenas se orgulha de seu sangue puro nojento!

- Parem! – gritou Albus, e sua voz chegou até três vagões a frente – Calem a boca vocês! Estão brigando pelos credos de nossos pais. Estão discutindo heróis que já morreram. Nós não somos a geração dO Eleito. Nós não somos eles. O que eles viveram foi ótimo, salvaram todo o mundo bruxo, Snape foi um grande homem, Dumbledore também, mas nem eu nem vocês os conheceram, e não é por heróis mortos que vamos brigar!

Os dois se calaram. Afundaram a cabeça no banco, cruzando os braços e desviando o olhar, aparentemente envergonhados.

- Não somos nossos pais. – disse Al. – E se vocês estão felizes em viver na sombra deles, eu não estou.

Após alguns minutos de silencio, Scorpio se remexeu, e deu a entender que queria dizer algo, torcendo a boca, sem coragem. Só depois fechar os punhos algumas vezes é que confessou:

- Não quero viver na sombra do meu pai. E… - ele olhou para Rose – não vejo problema em não ter sangue puro.

- Sério? – espantou-se Rose – Seu pai não te fez lavagem cerebral?

- Rose! – brigou Albus – Hey, não vamos nos basear em nossos pais, ok? Por que não simplesmente nos conhecemos direito, para sermos nós mesmos e não a imagem de heróis antigos?

- Ele é sonserino, Al! – protestou Rose – Não é se basear no pai!

- É o primeiro ano dele tal qual o nosso, Ro. Não sabemos se ele é sonserino. Nem sabemos se somos da Grifinória.

- Pessoalmente, - disse Scorpio – gostaria muito de ir pra Sonserina.

- Viu? – apontou Rose – Ele quer.

- E qual o problema em ser sonserino? – Al estava impressionado consigo mesmo a essa altura. – Snape era sonserino. E ele era o homem mais corajoso que meu pai já conheceu.

Rose cruzou os braços.

- Quer ser sonserino?

- Não! – bradou o menino.

- Hey. – Scorpio tocou-o no braço. – Você é meio confuso, cara.

- Não há problema em ser sonserino, mas eu não quero ser.

- Por que?

- Porque… Todo bruxo ruim veio da Sonserina.

- Agora está falando sério. – alegrou-se Rose.

- Snape? – lembrou Scorpio.

- Ele já foi um comensal da morte. – disse Rose.

Albus estava se sentindo completamente tonto com tanta coisa. Quis saber como era ter certeza de suas opiniões, mas não tinha. Tinha medo, e apenas medo. De qualquer coisa. Nem sabia do quê. E sentia que a discussão ia recomeçar a qualquer momento. E dessa vez, ele estava no meio dela.

- Quero ser da Grifinória porque acho que combina mais comigo. – ele disse. – E porque toda minha família foi de lá, então é meio que tradição, assim como é tradição pros Malfoy ser Sonserino. Não há problema algum. – e se lembrou das palavras do pai – Realmente, não importa.

- Acredito que todos os bruxos maus que foram da Sonserina já eram maus antes de irem pra lá. – disse Scorpio – A casa pra onde é selecionado não te torna mau.

- Você seria um ótimo Grifinório, Scorpio. – disse Albus.

- E você daria um ótimo Sonserino.

A frase fez sua espinha gelar com a possibilidade. Mas soube esconder.

Após algum tempo, o trem parou em Hogwarts, e os estudantes esvaziaram os vagões. Estava escuro, e o guarda-caça Hagrid apareceu chamando os primeiranistas. James, a propósito, passou batendo o ombro em Al, dizendo que o pai não ficaria feliz se soubesse da amizade com Scorpio. Riu e terminou por provocar mais. "Está destinado a Sonserina mesmo! A ovelha negra!".

Albus sinceramente lamentou que o próprio irmão não tivesse ido pra Sonserina.

Correram para alcançar o resto do grupo e embarcar no barco que os levaria até o castelo.

E nem em seus mais incríveis sonhos, Albus podia imaginar um castelo mais atordoantemente enorme.

E o interior não deixou por menos. Acompanhado de Scorpio e Rose, o garoto caminhou pelos corredores no meio do enorme grupo, seguindo um homem de meia idade. Em determinado momento, ele os parou antes uma grande porta. Então fez alguns esclarecimentos sobre a seleção para as casas e abriu a porta. O queixo de Albus caiu. Sentiu sua alma amornar. Aquilo era incrível. O grande salão se estendia gigantesco, com quatro enormes mesas a percorrer a maior parte de sua extensão. Velas estavam suspensas sobre suas cabeças, executando um lento e brando bailar. As luzes das velas e das chamas davam ao lugar uma cor dourada, e ressaltava o ouro dos castiçais. Tudo muito mais bonito do que imaginava.

- Não é real, o teto. – disse Rose, apontando o céu estrelado e escuro, como se estivessem a céu aberto – É enfeitiçado pra parecer com o exterior. Minha mãe me disse.

Harry riria se estivesse ali.

- Fiquem por aqui. – ordenou o homem que os guiou. – Quando eu chamar seus nomes, venham e sentem-se para que o Chapéu Seletor indique suas casas. – ele abriu um papel – Luke Gildmore.

Um garoto de cabelos muito pretos se aproximou com cautela e sentou-se no banquinho. Respirou fundo e fechou os olhos quando o professor Felix lhe colocou o chapéu velho na cabeça.

- Corvinal! - bradou o chapéu de forma que o salão todo ecoou e foi respondido com uma salva de palmas da mesa da respectiva casa.

- William Murray. – chamou o professor.

William era alto demais para a idade, e claramente chamou atenção das garotas. Deu um sorriso amistoso para a mesa da Lufa-lufa quando esta casa foi anunciada pelo chapéu.

- Scorpio Hyperion Malfoy.

Albus sorriu quando o amigo avançou até o banco e sentou-se. Felix colocou o chapéu em sua cabeça e o cabelo despenteou levemente.

- Hmm... – murmurou o chapéu. – Um Malfoy sempre foi fácil de selecionar. – da última vez não foi preciso sequer tocar a cabeça de Draco pra indica-lo à Sonserina – Mas este parece difícil.

Se Albus conhecesse Minerva MacGonagall, teria olhado para ela e a visto franzir o cenho com aquela afirmação. A professora era agora diretora.

- Sonserina! – disse o chapéu, por fim.

Albus se perguntou se o chapéu tinha, na verdade, levado em consideração o desejo de Scorpio, tal qual seu pai disse.

- Rose Weasley! – chamou Felix.

Minerva se inquietou. Deu uma longa olhada na garota de cabelos ruivos, que tanto parecia com a mãe. Sorriu, alegremente.

- Grifinória! – chapéu não pensou duas vezes, aparentemente.

A menina sorriu e recebeu os aplausos. Então foi se sentar perto de seus primos James e Teddy.

Após outros cinco, Albus sentiu sua espinha congelar.

- Albus Severus Potter. – disse Felix.

Minerva quase se levantou. Neville certamente o fez.

Albus se sentou na cadeira e recebeu o chapéu. Tremeu.

"Sonserina não, Sonserina não…" repetiu mentalmente.

- Um Potter! Mas vejam só! Sonserina não, heim? Mas isso é muito peculiar, garoto. Você certamente se daria bem.

"Sonserina não!" pensava.

- Seu pai repetiu essas mesmas palavras, garoto, e eu o indiquei à Grifinória. Mas você não é seu pai e os tempos são outros. Honre seu nome e vá à Sonserina! – o chapéu gritou o nome da casa.

O salão não aplaudiu. Todos estavam, assim como Albus, aturdidos, imóveis e chocados.