Capítulo 1 – Sequestros
Era noite de Halloween, mas nem todos estavam festejando o Dia das Bruxas. Ironicamente os bruxos viviam uma guerra e não tinham motivos para festa. Ainda mais uma família que se viu obrigada a se esconder para proteger o filho.
Tiago Potter estava sentado no chão da sala brincando com Harry. Quem conhecia o moreno sabia que ele não estava relaxado e estava fazendo aquilo pelo menino, para que ele não precisasse sofrer como ele.
- Mamã. – disse o menino se levantando e tentando correr para a ruiva que acabara de parar a porta vindo da cozinha.
- Vem cá, pequenino. – disse ela pegando o menino no colo.
- Ele sempre me larga para ir pra você. – reclamou Tiago.
- Fico feliz com isso, isso demonstra que ele não é narcisista que gosta de ficar se olhando no espelho. – disse a ruiva sentando no sofá. – ele pode ter sua aparência, mas tem meu bom senso.
- Reclama não, que você gosta de mim assim mesmo.
- Touchét. – disse a ruiva. – Você devia se alegrar que ele tem seu bom gosto então. Ele sempre corre atrás de mulheres bonitas.
Eles riram, mas logo Lilian fica com a cara preocupada.
- Não fique assim, Foguinho. – disse ele. – Dumbledore garantiu que o ritual que você fez vai proteger o Harry. Voldemort não vai conseguir encostar um dedo nele. Ainda mais que estamos protegidos pelo Fidelius.
- Isso não é muita garantia. – disse ela. – Esse feitiço tem brechas muito grandes, mesmo se fosse executado pelo Dumbledore.
- Sabia que devia ter escondidos os seus livros. – disse ele. – Pelo menos os de magia. Você só fica mais preocupada depois de lê-los.
- É o nosso Harry que ele quer. – disse ela chorosa.
- Sim, é o nosso Harry. – disse Tiago a consolando. – Ele é tão teimoso quanto você, e não vai ser um mísero cara de cobra que vai conseguir fazer com que ele fique longe de você.
Ela sentiu uma mão limpando as suas lágrimas e se assustou ao ver que era Harry.
- Dodói? – ele perguntou para a mãe com a mesma cara preocupada do pai.
- Não, meu anjo. Mamãe não está dodói. – disse ela fingindo um sorriso para tranquilizar o menino. – Ela só não sabe como vai criar crianças no meio disso tudo.
- Crianças? – perguntou Tiago aborrecido. – Agora eu sou criança.
- Você não. – disse ela com um sorriso verdadeiro desta vez. – Pelo menos não na maior parte do tempo. Estou falando da menina que estou esperando.
Tiago arregalou os olhos. Desde que souberam que Voldemort estava atrás deles, Lilian se recusava a ter outros filhos. Mas aparentemente seus cuidados foram burlados. Ele sempre achou que seria melhor ter uma família grande, já que foi filho único, mas a ruiva queria poucos filhos.
- Eu não deixarei nada acontecer com a minha princesinha. – disse ele para a barriga dela.
Harry não entendia nada.
- Você vai ter uma irmãzinha. – disse a ruiva para ele. – Uma menininha pra brincar com você.
A menção da palavra "brincar", fez com que ele ficasse feliz, mesmo sem entender o resto.
O clima se aliviou até que escutaram alguém bater com pressa na porta.
Lilian se posicionou nas escadas para subir caso fosse necessário, enquanto Tiago fazia um feitiço para revelar quem batia.
Era Rabicho.
Preocupado, Tiago abriu a porta olhando em volta antes de olhar para o amigo.
O Maroto estava ferido, suas roupas em farrapos e ele mal conseguia ficar em pé. O pior era um corte em seu rosto que quase o deixara cego, obra de um feitiço das trevas.
- Me...me desculpe, Pontas. – gaguejou Pedro. – Eu nã...não consegui resistir.
Ele desmaiou em seguida.
Antes que Tiago pudesse entender um feitiço foi lançado contra ele. Mas seus reflexos estão bons e ele conseguiu puxar o amigo e sair da direção da luz, que explodiu a porta lançando pedaços de madeira para todo o lado.
Um destes pedaços atingiu a parte posterior da coxa de Tiago. Mesmo assim estava pronto para lutar. Mas esse incidente permitiu que os comensais entrassem na casa.
Lilian, ao ver o feitiço acertar a porta, tentou subir as escadas, mas um novo feitiço destruiu os degraus acima dela, a impedindo de seguir o caminho. Então ela tenta chegar até a cozinha, de onde poderia sair e aparatar.
Ela estava de frente para os comensais, e com a varinha em riste pronta para atacar.
Viu Tiago acertar um deles, mas eram muitos e o máximo que ele ia poder fazer era atrasar um pouco eles.
Ela mesma acabou de estuporar um comensal, e já estava quase na porta da cozinha quando sentiu uma varinha ser encostada em sua nuca e ela ser petrificada.
- LILIAN. – gritou Tiago. - Seus desgraçados. SECTUSEMPRA.
Mais dois comensais foram atingidos por esse feitiço, e nunca mais se levantariam.
Harry saiu do abraço petrificado da mãe e se levantou ficando de frente para os comensais que entravam pela porta principal.
- Mamã não. – disse o menino.
Três comensais apontaram a varinha para o menino. Mas não tiveram tempo para nada e saíram voando pela sala.
O comensal que havia atacado a ruiva pelas costas, fez o mesmo movimento de antes e estuporou o menino, que não prestava atenção nele.
- Idiotas, derrotados por um bebê. – disse e Lilian reconheceu aquela voz. – O lorde das Trevas os quer vivos para aprenderem a desafiá-lo.
O Comensal pegou o menino desacordado e ativou uma chave de portal em direção ao covil de Voldemort.
Foi o único. Os outros que ainda estavam de pé receberam a ira do moreno. Aparentemente somente o que Lilian acertou e os que foram arremessados por Harry sobreviveram.
- Snape. – disse Voldemort com sua voz sibilante. – Vejo que conseguiu sair de lá sem problemas.
- Eles são previsíveis. – disse o comensal, colocando o menino sobre uma mesa e retirando o feitiço. – Mas se fossem mais espertos, seriam uma boa aquisição ao seu exército, milorde.
- Eu mesmo tive dificuldades em enfrentar os dois, por três vezes. E esse menino deve ter herdado os poderes dos dois. Fiz a escolha certa. – Voldemort comentou analisando o menino que o encarava.
- E os outros? – perguntou Lucio Malfoy.
- O Lorde escolheu a dedo os dispensáveis. – disse Bellatrix. – Era um ataque suicida, o que me surpreende foi você ter voltado sem um arranhão.
Bellatrix e Lucio eram os únicos comensais que veriam o desfecho da profecia.
- Seus serviços foram primorosos, Snape. – disse Voldemort dispensando o comensal. – Você será recompensado.
- Te servir é minha recompensa. – disse ele se retirando, mas vendo a cara de desagrado do outros dois.
Voldemort se posicionou em frente a Harry. O menino ficou em pé e continuava a encará-lo, sem se importar com a presença dos comensais.
- Um legítimo Grifinório. – Zombou Tom. – Nem mesmo perto da morte mostra medo, quer me enfrentar de frente.
- Cara de Cobra. – disse o menino, fazendo Bellatrix quase pular sobre ele.
- Bella, não. – Voldemort a impediu. – Snape está certo, alguns deles no meu exército e não teríamos mais problemas. Uma pena que justamente esse tem que morrer.
Ele lentamente sacou a varinha e apontou para o coração do menino.
- AVADA KEVADA. – uma luz verde se expandiu pelo recinto, cegando a todos.
Alguns anos depois...
A guerra continuava, mas ela não se tornou um evento intenso, a maior parte da população bruxa pouco sofria com ela. Para Dumbledore, o inimigo estava esperando que eles fraquejassem, mas sem se indispor com o mundo bruxo, seja na Inglaterra, seja no resto do mundo.
Aconteceram batalhas neste período, sem que as coisas saíssem do controle de ambos os lados.
Baixas tiveram para os dois lados, e a mais sentida não foi de um combatente, mas de um inocente. Tiago e Lilian Potter ainda sentiam a perda de Harry, mesmo com o nascimento de Samanta.
A menina era uma cópia da mãe, tanto fisicamente, quanto na personalidade. Sirius dizia que era a punição de Tiago, ter que atuar duas ruivas no seu pé. A única coisa que diferenciava as duas eram os olhos, que a menina tinha puxado do pai, castanhos esverdeados.
E também tinha o fato de que a menina jogava quadribol. Lilian não jogava por não concordar com a violência do jogo, apesar de acompanhar a família para os jogos. A menina tinha se tornado artilheira do time no começo do ano, e tinha feito uma amizade com Gina Weasley, a apanhadora do time, que era um ano mais velha.
Ela também era ruiva, e tinha os olhos avelã. E apesar de jogar capturando o pomo, preferia ser artilheira, mas ninguém bom o suficiente apareceu para essa posição.
As duas estavam passeando por Hogsmeade, aproveitando a oportunidade para descansar. Gina estava em ano de NOMs, o que significava que ela estudava direto. Mas conseguiu um tempinho para acompanhar a menina para comprar um presente de aniversario para ela, apesar da data ter sido no meio da semana.
- Tem horas que eu gostaria de matar meus irmãos. – disse Gina bufando. – Acredita que eles me mandaram uma carta me proibindo de sair com alguém.
Claro que ela não estava sozinha por causa disso, ela chegou a namorar Miguel Corner e Dino Thomas, mas sempre terminava quando suspeitava que os meninos estavam começando a se envolver de mais.
- Bem que eu queria que meu irmão pudesse fazer isso. – disse Samanta de forma triste.
- Desculpa, Sam. Não pensei antes de falar. – disse Gina aborrecida pelo seu vacilo.
- Sem problema. – disse a outra. – Não tem porque eu ficar assim, nem o conheci. E que...
- Pode me contar. – disse Gina a abraçando.
- Eu tenho sonhos com o Harry. – disse ela olhando para ver se mais alguém a ouvia. – Não o bebê, mas como se ele crescesse comigo.
- Desde quando?
- Não me lembro. Sempre? – disse Sam dando de ombros. – O estranho que ele me ajuda com a minha magia. Me ensina truques e outras coisas. Esse é o truque preferido dele, sempre faz quando estou triste.
Ela estalou os dedos e surgiu uma flor na mão dela.
- O mais engraçado é que sempre a flor aparece na cabeceira da minha cama quando acordo.
- Por que os meus irmãos não podem ser assim? – perguntou ela aliviando um pouco a tristeza da amiga. – Mais alguém sabe?
- Não. – disse ela. – Mamãe sempre fica triste quando alguém menciona o Harry e não queria que alguém achasse que eu era louca. Quando pequena achei que era somente um sonho, depois que vi uma foto do papai pequeno foi que fiz a ligação.
- Eu não conheço o seu pai. – disse Gina. – Conheço a sua mãe, mas o seu pai eu nunca vi.
- Ele trabalha demais, e normalmente está a serviço quando a gente se encontra. – disse ela. – Mas sempre que preciso dele, ele está do meu lado. Eu não posso reclamar que ele é um pai ausente. Ele é melhor que muitos por ai, que estão sempre em casa.
Elas entraram em uma loja de roupas, Samanta era aficionada por cachecóis, e esse seria seu presente. Normalmente ela ganhava livros, doces, ou alguma travessura da Zonko's dada pelo Sirius. Apesar dele não ser o padrinho dela, honra dada a Remo, ele a tratava como se fosse.
Na saída, que era por um beco, Gina reparou em algo estranho, uma figura alada sobre o telhado de uma das casas.
- Sam, o que é aquilo? – ela perguntou para a amiga, mas não foi ela quem respondeu.
- Aquele é o Anjo do Caos. – disse uma voz masculina atrás delas.
Elas se viraram e se depararam com dois homens mascarados. Comensais.
Samanta reagiu mais rápido que Gina e no mesmo movimento que sacou a varinha derrubou os dois.
Gina ficou espantada com a amiga.
- Eu disse que o Harry me ajuda. – disse ela. – Vamos temos que sair daqui e avisar aos outros e aos professores
Assim que saíram do beco perceberam feitiços voando para todos os lados, gritos, janelas se quebrando, um verdadeiro Caos. E com a multidão correndo desesperada, formada principalmente pelos alunos, elas foram separadas.
- Gina, cuide-se. – Samanta berrou antes de correr para a estrada que levava ao castelo.
Gina estava sendo empurrada para o Três Vassouras.
- Hoje não é um bom dia para uma cerveja amanteigada. – disse um comensal.
Gina lançou o seu feitiço para rebater bicho papão, mas foi a única pessoa a enfrentar os comensais, o restante deu meia volta e correu.
- A gatinha tem unhas afiadas. – disse um comensal grandalhão.
- Bem mais do que você pensa. – disse ela lançando um feitiço para imobilizar o comensal, mas ele apenas jogou um companheiro na frente do feitiço.
No choque do ato covarde, Gina não conseguiu impedir que o comensal a agarrasse.
- Eu fico com isso. – disse ele pegando e guardando a varinha dela.
- Ele mandou que saíssemos, a missão está cumprida. – disse um comensal chegando perto do grupo, olhando para o telhado onde estava o anjo.
- Vou levar essa menina para me divertir. Isso não deu nem para o começo. – disse ele com um sorriso malicioso, o que enojou a menina.
Em instantes não havia mais nenhum comensal em Hogsmeade, com exceção dos dois derrubados por Sam.
Gina percebeu que eles apareceram no que parecia ser o porão de alguma mansão. Também viu que havia mais comensais ali que o grupo que a havia cercado, e agora todos olhavam para ela, e não gostava nem um pouco dos olhares que ela podia ver por trás das máscaras.
- Agora vamos ter a diversão que queríamos. – disse o grandalhão, soltando a ruiva no chão. – Esse negócio de gerar confusão apenas não ta com nada. Onde já se viu não poder atacar as pessoas, só porque são filhos de alguém importante.
- É por isso que você é um dispensável. – disse alguém por trás dele, fazendo com que todos dessem um passo para trás. – Você não precisa saber dos desejos do Mestre. Ele quer caos, ele tem caos.
Gina viu que era o tal do Anjo do Caos que falava, quando o grandão se virou para encará-lo. Ele realmente parecia um anjo, se não fosse pelos compridos cabelos e asas negros. E no seu rosto havia uma máscara sem nenhuma abertura, nem para os olhos, nem para a boca. Ela era dourada, a única coisa com cor nele.
- Eu segui as suas ordens. – disse o comensal. – Agora tem direita a minha recompensa.
- Sua recompensa é continuar vivo e servindo ao Lorde. – disse o Anjo de forma fria. – Suas ordens eram para não tocar nos alunos. Qualquer um com uniforme deixava de ser alvo. Se Malfoy descobrir que foi você que esmurrou o filho dele, você terá sorte se ele te matar rapidamente.
- Aquele idiota me devia. – disse o comensal pelos dentes. – Fiz o que qualquer um aqui queria fazer. Só por ser filho de um dos Circulo Interno acha que é melhor que todos. Agora, não podemos mais devolver essa gracinha.
- Sim, por isso mesmo eu ficarei com ela. – disse o menino, que Gina percebeu não devia ser mais velho que Rony.
- Acha mesmo que eu vou deixar o meu premio ir para mão de um pirralho que nem saiu das fraldas. – disse o grandão de forma arrogante.
- O que vai fazer? Me atacar? – perguntou o moreno. – Você nem ao menos consegue se mexer.
Todos perceberam que o desafiante só mexia os olhos.
- É por isso que eu sou seu comandante e você um comensal ordinário. - disse ele se aproximando do comensal. – Nem viu o feitiço te acertando e ainda fica cantando de galo. Isso não te pertence.
Ele pega a varinha de Gina e depois vai em direção a menina.
Gina pensa que um devia ser bem melhor que trinta, então ela não reage quando ele a pega no colo. O que a intriga foi que ele fez de uma forma cautelosa e até carinhosa.
- Quem tiver algum problema com esse idiota é a hora de resolver, ele não vai se mexer por duas horas. – disse o Anjo, antes de sair.
Gina pode ouvir risos satisfeitos, aquele não devia ser um dos favoritos de muitos.
Mas ela se assustou verdadeiramente quando antes do fim do corredor, o menino abre suas asas e alça voo. Passando pela porta e voando pelo vão das escadas se dirigindo para o quarto e último andar da mansão.
Eles pousaram no meio do corredor. Inicialmente não havia nada ali, então uma porta surge. Diferente do habitual, a porta não era toda de madeira, somente os painéis. Seu contorno era de um metal brilhante, que a ruiva não identificou, mas ela identificou algumas runas que estavam escritas em ouro.
- Bem vinda ao seu cárcere, Ruiva. – disse ele abrindo a porta.
Ela não esperava por aquilo.