Nota da autora: Capítulo final! Obrigada pelos comentários, pelas críticas e elogios! Boas férias e um bom ano para todos!
Dois Meses
- Você tem certeza de que ele vai ficar bem? – Hugo perguntou, ajudando a mãe a subir mais um degrau até a área VIP do estádio. A torcida começava a se agitar e Hermione olhava em volta, prestando pouca atenção. – Já que hoje fecha dois meses...
- Hugo, trato é trato! – ela respondeu, menos ríspida do que já tinha sido, mas bem segura. – Fico até a meia-noite sem ler e ele fica sem jogo, oras.
Hugo deu de ombros, satisfeito. A mãe sem os livros, o pai sem o jogo e ele largaria o quadribol no próximo ano, assim como as matérias que não gostava. Era um alívio, depois de todo o tempo que ficou sobre pressão, conseguir agora se soltar com sua família.
Rose e Anastacia, sob seu olhar de vigia, trocavam seus chapéus esperando a partida começar. Sua mãe já parecia ansiosa, apontando a todo o tempo o binóculo para a cabine de onde sairiam os jogadores. E seu pai...
Ron estava exatamente na mesma posição desde que sua família saiu de casa: de bruços no sofá, o livro apoiado em uma almofada e uma xícara de café esfriando no chão. A luz do sol iluminava a sala e dava o conforto que ele precisava para continuar ali, ainda que fosse a manhã toda. Parte dele ainda pensava no jogo – um pouco, às vezes. Mas Elizabeth ainda não tinha a aprovação da família de Darcy e ele sentia vontade de roer todas as suas unhas pensando sobre como seria o final daqueles dois.
O tempo passou rápido para os dois – tanto os dois meses de aposta quanto as horas em que Hermione ficou no jogo, com o pretexto de cuidar das crianças, e Ron ficou em casa, fingindo estar realmente muito decepcionado por não ver seu time jogar, o corpo mergulhado no sofá e a cabeça submersa em Jane Austen. O fim da tarde chegou junto com o resto da família, todos de chapéus, bonés e cornetas das cores do Cannons, festejando.
- Ganhamos! – Hermione gritou, se atirando no pescoço do marido. Ron retribuiu o abraço mas demorou algum tempo para assimilar o que aquilo queria dizer. – Nós ganhamos! Você tinha que ver como foi incrível...
Hugo e Rose começaram a contar com detalhes cada lance da partida sob o olhar brilhante da mãe, orgulhosa do time, orgulhosa do jogo e dos filhos. Era difícil para Ron entender como aquilo tinha acontecido – como os Cannons tinham ganhado, como Hermione insistira para ir ao jogo e como ele se importava tão pouco com o resultado, apesar de estar feliz. Mas Ron gostava das coisas daquele jeito.
- Ron, estava pensando... – Hermione comentou enquanto deitava na cama. – O que eu faço agora que a temporada acabou?
O marido parou no meio do processo de tirar a camisa para olhá-la, confuso. Tinha um milhão de coisas para se fazer quando não tinha jogos, e Hermione sempre havia feito várias delas. Como ela podia ser tão viciada?
- Você pode ler uns livros. – respondeu, como se fosse óbvio. – Tem essa autora ótima, a Jane Austen. Devia ler um pouco do que ela escreveu, agora que você pode de novo... – completou, deitando-se ao lado da esposa.
- Já li algumas coisas dela... – Hermione disse, dando de ombros. – Não gosto muito. Mas posso sempre procurar outros autores... – disse, beijando-o e sorrindo.
Minutos depois os dois fingiam dormir abraçados.
Ele pensava que, já que Hermione não gostava, teria que ir sozinho a uma livraria trouxa buscar por mais Austen. E ela pensava que Ron só podia estar brincando – independente de quantos livros fossem, ela contaria os dias para que visse os Cannons em jogo novamente.
FIM