CAPÍTULO X

— Que bela coisa foi nos arrumar, não é? — Sango acusava em tom de brincadeira. Sentados na cama, um de cada lado, Sango e Miroku fitavam Kagome com carinho. Dentro dela, a alegria começava a voltar.

— ê maravilhoso vê-los aqui! Que surpresa!

— Surpresos ficamos nós ao abrir os jornais esta manhã! Liguei para o hospital imediatamente. Deram meu recado?

— Não, não deram. Acho que não sou a paciente favorita aqui! Este é um hospital particular, Myuga está pagando para que tomem conta de mim. As enfermeiras acham que sou uma garota fútil, acostu mada a ter o mundo a meus pés. . . pensam que tenho a ver com o conteúdo exagerado das notícias dos jornais!

— Ora, que bobagem! —Miroku falou. — Suponho que já lhe disseram que não ficará marca alguma?

— Sim, o dr. Simms já me tranquilizou.

— Agora nós é que tomaremos conta de você. —Miroku apontava o dedo acusativo para Kagome. — Não se esqueça que é a minha melhor modelo!

— Hospitais. . . — Sango olhava em volta, com desaprovação. — Todos têm sempre o mesmo cheiro! Quanto tempo ainda tem de ficar aqui?

— Já posso ir embora, se quiser. Acho até que gostariam de me ver pelas costas! — Kagome hesitava. — Será que posso voltar para Londres com vocês?

— Claro que sim! — Miroku e Sango disseram ao mesmo tempo. Sango continuou: — É exatamente o que íamos sugerir. Voltamos juntos e você fica lá em casa até estar completamente boa! — Sua voz era decidida e ela não permitiu que Kagome completasse o protesto que esboçou. —isso mesmo, querida. Dinah ainda está viajando e não permitiremos de maneira nenhuma que fique sozinha naquele aparta mento enquanto não estiver firme como antes!

— Está bem. — Kagome sabia que era impossível fazer qualquer outra coisa. — Vou conversar com o dr. Simms.

— Amanhã, bem cedinho, estaremos aqui para partir! — Sango sorria afetuosamente. — imagine se voltássemos para Londres sem tia Kagome! Joseph ficaria louco de raiva!

E onde está ele? — Kagome, perguntou, lembrando com saudade do garotinho de dois anos, filho de Miroku e Sango.

— Ficou com a avó. Como estava meio resfriado, achamos melhor não trazè-lo.

Kagome sentiu-se muito melhor depois da visita de Miroku e Sango. Levan tou-se e foi até a janela. Sentia as pernas fracas, devido ao fato de ter ficado tantos dias deitada. Pouco depois chegou uma enfermeira e Kagome pediu que lhe preparasse um banho, pois estaria partindo na manhã seguinte.

A enfermeira ainda disse algo a respeito de que era necessário falar com o dr. Simms, mas Kagome reiterou sua decisão, firme.

— Está bem, então, Mas a senhorita ainda está muito pálida. Quer que a ajude no banho?

— Não, não é necessário. Obrigada.

O banho a reanimou e Kagome sentia-se feliz em vestir as próprias roupas novamente, em vez da camisola do hospital. A enfermeira tinha razão, ela ainda estava bastante pálida. Não havia vestígio do lindo bronzeado que adquirira no sol do Caribe.

Pareço um gato faminto que foi deixado para fora de casa, pensou enquanto fitava o rosto abatido no espelho do banheiro. E era justa mente o que tinha se tornado, o que poderia matar sua fome agora estava definitivamente longe dela. Para sempre.

Quando voltava do banheiro, peto corredor, passou em frente ao quarto de Kikyo. "Srta. Riderwood", dizia o cartão afixado na porta. Kagome passou direto.

— Adeus, Kikyo. Seja feliz, querida, seja feliz — disse suavemente e continuou caminhando a seu quarto.

Depois de uma semana no apartamento de Miroku e Sango, ela já se sentia muito melhor. Sango era uma grande cozinheira, e não deixava que nada faltasse a Kagome. Dentro de pouco tempo achava que poderia recomeçar a fotografar, e quando falou disso a Miroku ele disse que ainda era muito cedo.

Sua aparência estava ótima, a pequena marca da cabeça podia ser escondida pelo cabelo até que sumisse completamente. Miroku nada lhe disse, mas Kagome sabia que havia algo em seu olhar, uma ausência, uma tristeza, que um artista como ele podia perceber. Se a fotografasse agora, não seria a mesma Garota Âmbar.

Passava o tempo ajudando Sango nos afazeres da casa, brincando com Joseph. À tarde eram visitadas pelas amigas de Sango, para o chá, e de noite sempre vinha gente para jantar ou para um drinque. Para Kagome era como pertencer a uma família novamente, mas sem as tensões e as tristezas de Stoniscliffe.

Claro que sempre pensava em Sesshomaru, era impossível tirá-lo da cabeça. Não podia esquecer aquela cena, ela passando as mãos nos cabelos de Naraku, e Sesshomaru, com o olhar cheio de ódio, partindo e batendo a porta atrás de si.

Que tola tinha sido em imaginar que as coisas poderiam ser dife rentes entre eles. Pensava na reaçâo de Sesshomaru quando lhe contaram que ela havia partido para Londres com um homem casado. Miroku tinha ido sozinho buscá-la no hospital, pegaram Sango mais tarde no hotel e, certamente, muitos comentários foram feitos quando a viram ir embora com ele do hospital.

Estava sentada na grande cozinha, , enquanto Sango começava a preparar o jantar e Joseph brincava no chão.

— Kouga virá jantar conosco esta noite. Espero que não se incomode. Tem feito o impossível para ser convidado desde que soube que você estava aqui conosco.

— Claro que não me importo! — Sem dúvida, Kouga era o menor de seus problemas.

— Foi o que pensei. Pobre Kouga. . . Ou será que deveria dizer pobre Kagome?

— Estúpida Kagome, talvez. Sei que sou tola por deixar Kouga escapar entre meus dedos. Ser modelo é uma coisa para jovens, os atrativos físicos não duram para sempre.

— Ora, que se dane Kouga! — Sango parou de mexer com os temperos e fitou Kagome. — É esse outro homem que me interessa, esse homem que você não consegue tirar da cabeça e que a faz ter UMA expressão tão triste quando pensa que ninguém está olhando!

— Sim, Sango, sei que percebe tudo isso, só que prefiro não falar a respeito. Talvez um dia possa contar-lhe tudo. mas por enquanto é dolorido demais.

— Claro, querida, não se preocupe. — Sango sorriu afetuosamente.

Além de Kouga, um outro casal viria para o jantar, mas telefonaram no fim da tarde dizendo que um compromisso de última hora os impediria de comparecer. Kouga chegou sorrindo, com uma garrafa de vinho sob o braço. Mas, atrás do sorriso, no fundo dos olhos, havia algo sombrio.

— Olá, adorável desaparecida! — disse, antes de beijar Kagome suavemente na face.

— Olá. Kouga! — Kagome respondeu.

A comida estava deliciosa, mas não se podia dizer que tivesse sido um jantar muito animado. Pouco depois de terminarem, Miroku e Sango pediram desculpas e foram para o andar de cima, sob o pretexto de colocar Joseph para dormir. Kagome e Kouga ficaram sozinhos na sala de estar.

— Como é, está gostando da temporada aqui?

— Sim, Sango e Miroku são adoráveis.

— Eles foram ao hospital para traze-la de volta. . . — Ele bebeu um gole de vinho. — Acho que nem lhe passou pela cabeça me pedir para fazer isso.

— Para ser franca, não.

— Não — ele repetiu. Passaram-se semanas, Kagome, e nem uma palavra, nem sinal de você. Acho que isso demonstra a importância que tenho na sua vida!

— Não sabia que você tinha essas expectativas. — Isso não era verdade, mas pelo menos lhe daria uma chance de escapar de tudo aquilo com dignidade.

— Oh, Deus! — ele explodiu. — Kagome, você sabe como é importante para mim! Mesmo que aquelas notícias horríveis nos jornais fossem verdadeiras, eu ainda teria vindo do fim do mundo para buscá-la e trazê-la de volta para Londres!

Kagome sabia que ele era sincero e isso só tornava as coisas mais difíceis. Não tinha outra opção, porém, a não ser continuar mentindo.

— Eu... eu não sabia, pensei que fôssemos somente amigos. Será que não dá para continuar assim?

— Eu quero mais de você. Kagome. muito mais — enquanto falava, Kouga se levantou e inadvertidamente derrubou um pouco de vinho sobre o sofá.

— Oh. é melhor eu pegar um pano. — Kagome se levantou também. A sala de estar não mais parecia acolhedora como antes. Ela desejava imensamente que Miroku e Sango voltassem.

— Ora, deixe isso pra lá. Kagome, não tente mudar de assunto! Enquanto falava, Kouga se aproximou dela. Kagome deu um passo atrás, mas ele a alcançou e apertou-a num abraço. Kagome podia sentir a respiração quente em sua face.

— Não me trate como um estranho. Tenho tentado me controlar até agora, pois achava que você estava receosa. Mas não podemos continuar assim. Você é tão linda, eu a desejo e tenho de tê-la!

Ele a beijou selvagemente, sem que Kagome pudesse opor resistência àqueles braços fortes.

— Kouga. pelo amor de Deus — ela disse, quando afinal se viu livre.

Nesse momento, alguém bateu à porta e Kagome sentiu-se aliviada, nunca pensou que tivesse que lutar contra Kouga, mas ele estava completa mente descontrolado, dominado pelo desejo e pelas fantasias. Bateram novamente,

— Já vou indo! — Sango disse, descendo a escada.

Quando a porta se abriu, Kagome fitou o visitante, incrédula.

— Com os diabos, quem é você — Kouga perguntou, ainda descon trolado.

— Meu nome e Riderwood — Sesshomaru disse, suave. — Percebo que interrompi algo e peço desculpas. Adeus!

— Não! — Kagome gritou. — Não vá embora, por favor.

Ela podia imaginar sua aparência. A roupa amarrotada, alguns botões da blusa abertos, o coque que tinha feito no alto da cabeça havia caído e ela estava toda despenteada. Agora podia compreender as crises de histeria de Kikyo. Como teria sido mais fácil cair no chão e começar a se debater e berrar como louca!

— Mas o que está acontecendo? — Kouga estava furioso. — Riderwood? é o nome das pessoas com quem Kagome estava em Stoniscliffe. Você é um deles?

— Sim. — Sesshomaru já havia entrado na sala e fitava Kouga.

— Oh, agora compreendo — Kouga continuou. — Agora tudo faz sentido! Nenhum telefonema, nenhum sinal de vida. — Deu uma gargalhada selvagem. — Mas que estúpido eu sou! Bem, aqui está ela, meu amigo, toda sua! A linda Kagome Grayson! Só espero que tenha mais sorte que eu e consiga arrancar um pouco mais de calor e emoção dessa. . . dessa vagabundazinba frígida!

Sesshomaru acertou-o com um soco pesado e Kouga caiu no chão, completamente aturdido, sem nem saber o que havia acontecido.

— Não esteja aqui quando voltarmos! — Sesshomaru disse bruscamente, tomando Kagome pelo braço e puxando-a para fora da sala. —- Onde podemos conversar a sós?

Kagome estava perplexa, incapaz de articular uma palavra.

Vendo que não poderia obter nada dela, Sesshomaru abriu a porta mais próxima e empurrou-a para dentro. Era o banheiro de hóspedes, cheio de plantas. Sesshomaru puxou uma cadeira de palha para Kagome sentar.

— Presumo que aquele homem era Kouga? Ela concordou com a cabeça,

— Quando cheguei, você estava tentando afastá-lo, suponho? — Ela balançou a cabeça — E, pelo que ele falou, acredito que não estão morando juntos?

— E isso importa alguma coisa? — Ela começava a recuperar o poder de falar.

— Sim, importa muito. Olhe para mim, Kagome. O tempo todo ela estava fitando as próprias mãos. Levantou a cabeça e encarou Sesshomaru.

— Como descobriu onde eu estava? — perguntou, devagar.

— No hospital me disseram que você tinha partido com Miroku, insi nuando coisas. Quando fui até o seu apartamento e não a encontrei, decidi vir até aqui. — Kagome estava amedrontada e se encolhia, invo luntariamente. — Kagome, será que eu lhe meto tanto medo assim? Vim aqui para tentar fazer as pazes com você, se ainda for possível. . . Tenho de admitir que saber que Miroku era casado foi uma grande surpresa para mim!

— Como eu disse antes, isso importa alguma coisa? Você sempre pensou o pior de mim, Sesshomaru. Pode acreditar no que quiser a respeito de mim e Miroku.

— Pensar o pior de você foi como um hábito a que me acostumei! Era um jovem arrogante, ressentido por quererem pegar o lugar da minha mãe! Mas Kaira era uma pessoa linda, e descobri que era um privilégio tê-la junto a meu pai. Com você era diferente, porque também se ressentia comigo e, de certa forma, era como se lutássemos um contra o outro. E então, um dia voltei para casa e descobri que você não era mais uma criança. Era quase uma mulher, e seria uma mulher linda. Estava no despertar da beleza e foi por isso que lhe dei aquele disco em seu aniversário. Estava feliz e dizia que tinha sorte por ter a meu lado duas lindas irmãs. Com o passar do tempo, porém, não pude escapar à verdade de que você não era minha irmã e nem eu desejaria que fosse!

— Sim, e então você me desejou e, sem levar em conta qualquer outra coisa, me teve, ainda que à força.

Dessa vez foi ele quem se encolheu como um animal assustado, para espanto de Kagome.

— Sim, eu sei, e que Deus me perdoe, pois não tenho esperanças de que você venha a fazê-lo! Mas saiba que desde então o remorso não saiu da minha cabeça, ainda que nunca pudesse admiti-lo. Eu não era capaz de enfrentar o outro lado da moeda, de acreditar na sua inocência, na sua virgindade, e saber que eu tinha arruinado tudo! Agora, é necessário ter certeza e encarar de frente, ainda que eu me culpe pelo resto da vida. Fui realmente o primeiro com você, Kagome?

— Sim —ela respondeu, os olhos fechados para conter as lágrimas.

— Oh, Deus! — Ele murmurou, tapando o rosto com as mãos. Fez-se um longo silêncio antes que continuasse: — Eu devia ter imaginado, mas estava completamente cego. Tudo que sabia era que a desejava e teria que tê-la. Foi somente alguns dias depois, quando você já havia partido, que disse para mim mesmo que só uma pessoa virgem poderia ter ficado tão amedrontada e entregue à paixão, mesmo aquela paixão brutal e violenta. Tencionava falar com você, ver se era possível remediar as coisas, mas você tinha desaparecido.

— E, naturalmente, você não poderia ter me procurado!

— Sim, eu poderia, mas precisei fazer aquela viagem à Europa, por causa da empresa. E sempre tive como regra que nunca deixaria minha vida pessoal interferir no trabalho. Não foi uma época fácil para a empresa e Myuga estava trabalhando como um louco nos Estados Unidos. Então prometi a mim mesmo que, quando voltasse da viagem, eu a descobriria.

— Mas não o fez.

— Quando voltei você já tinha se tornado a Garota Âmbar. Aquelas fotografias estavam em todos os lugares. Toda vez que abria o jornal, sempre havia uma fofoca nas colunas sociais, sugerindo algo entre você e algum outro homem qualquer. Finalmente terminei rendendo-me à ideia de que tinha me enganado a seu respeito. E decidi que seria a última vez. Senti raiva de você por ter partido, magoando Myuga e Kikyo. Achei que os tinha traído; Myuga sempre a tratou como filha, e Kikyo dependia de você em tantos sentidos. Mesmo assim você partiu.

— Eu não podia ficar — ela murmurou.

— Por que eu a forçava a isso? — Sesshomaru suspirou. — Eu estava quase chegando em Leeds quando subitamente me ocorreu que você poderia fugir de novo. Não havia nenhuma lógica nisso, mas de repente achei que podia acontecer, e eu nunca poderia permitir que acontecesse de novo. Voltei, e lá estava você, no carro de Kikyo. Era como um pesadelo se repetindo e quando o carro rolou sobre o buraco quase fiquei louco. — Ele balançava a cabeça, rememorando. — Eu a tirei de lá e havia sangue em seu rosto. Só quando a ambulância chegou é que percebi que Kikyo estava em estado mais grave. Mais tarde, fiquei enfurecido novamente quando pensei que a tinha obrigado a correr o risco de acelerar a velocidade para escapar de mim.

Para Kagome era como se vivesse um sonho. Era tudo tão irreal. O que estava fazendo dentro daquele banheiro, as plantas na prateleira de ferro, o papel de parede desenhado com exóticas selvas e pássaros. . . Como era possível que estivesse ali com Sesshomaru, que ele falasse de ódios, sem estar odiando? Era ridículo, absurdo!

— Você bateu no meu rosto uma vez.

— E agora vou beijá-la. — Sua mão tomou o queixo de Kagome e ele fitou a boca rosada como se fosse uma delicada flor.

— Como. . . como está Kikyo! Ela ainda está no hospital?

— Não. Acho que aprendeu bem as lições que você lhe ensinou e resolveu assumir a própria vida. Ela e NarakuDalton alugaram um pequeno apartamento em Leeds e se mudaram para lá.

— E você não se importa? — ela perguntou, espantada.

— Claro que me importo! Kikyo é minha irmã. Eu nunca a tinha imaginado como uma destruidora de lares, ainda que Naraku e Kagura não tivessem exatamente um lar para ser destruído. De qualquer maneira, os dois parecem tão apaixonados quanto Romeu e Julieta, dispostos a enfrentar o mundo inteiro se for necessário. — Sesshomaru suspirou com resignação. — Parece que pretendem viver na África, foi o que me disseram.

— E Myuga, como recebeu as notícias?

— Melhor do que esperávamos! Foi muito compreensivo e forte. E precisava ser, pois Kikyo nos contou tudo.

— Tudo?

— Sim. A maneira como a ajudava na escola, o envolvimento que teve com os Hammond e como tentou disfarçar seu namoro com Naraku, atirando as suspeitas sobre você. Contou cada detalhe, até mesmo de como você lhe implorou que diminuísse a velocidade antes do acidente. Não foi fácil ouvir tudo aquilo, especialmente para meu pai. Mas nem ele nem Kikyo sabiam qual era o verdadeiro mal, onde estava o grande engano, que era o nosso desencontro!

Fez-se um silêncio. Kagome fitava Sesshomaru nos olhos.

— Bem, agora você já sabe. É para me dizer essas coisas que veio até aqui?

— Não, não somente por isso. Eu vim para perguntar por que você assumiu a culpa da estupidez de Kikyo. Por que não me contou a verdade desde a primeira vez em que a acusei?

— E será que teria acreditado em mim?

— Talvez não acreditasse no começo, mas certamente iria averiguar por conta própria, e saber se estava dizendo a verdade. Kikyo precisava ter sido barrada quando era mais jovem. Nós sempre a deixamos fazer tudo o que quisesse, em nome de seu sistema nervoso. Não estou querendo desculpá-la das coisas que fez, mas tenho certeza de que, se tivéssemos todos nos reunido, alguns anos atrás, e colocado as cartas na mesa então pelo menos teríamos nos poupado de ver esse plano sujo de Kikyo de querer casar com Tony Brainbridge.

— E como é que eu poderia ter dito alguma coisa? — Kagome suspirou. — Myuga sempre me tratou como filha, mas para você sempre fui a intrusa, a invasora. Você Myuga e Kikyo eram um círculo fechado e definitivo no qual eu não podia entrar. E eu não seria capaz de fazer nada que destruísse esta união, pagar toda a bondade de Myuga comigo destruindo a confiança que ele depositava em Kikyo.

— E então preferiu que perdêssemos a confiança em você, não foi Kagome? Oh. Deus, que tamanha tolice! — Ele hesitou. — Eu tenho outra razão para estar aqui. Quero lhe pedir que me perdoe por todo o mal que lhe fiz, por todas as opiniões injustificadas que tive a seu respeito. Estou preparado para suplicar, se é o que deseja. E quero lhe pedir também que volte para Stoniscfiffe. Myuga precisa de você.

— Eu não posso voltar, Sesshomaru.

Ele silenciou por um momento, esperando sua resposta. Afastou-se dela e caminhou para perto da janela adornada com plantas.

— Então você não vai me perdoar.. .— disse, suave. — Será que voltaria se lhe dissesse que estou disposto a ir embora de casa para não incomodá-la?

Kagome sentiu de novo aquela dor terrível, uma angústia sem limites que parecia ser capaz de destruí-la. Abaixou a cabeça, os longos cabelos agora soltos encobriam seu rosto.

— Isso. . . isso não faria diferença.

Sesshomaru suspirou novamente, resignado.

— Eu compreendo, Kagome. Sei que a machuquei muito. Tudo o que posso dizer é que estou arrependido e, se pudesse, voltaria atrás para reparar todos os erros, Adeus, Kagome.

Ele vai embora e eu nunca mais o verei, ela pensou, o coração sangrando de tristeza.

— Você disse que ia me beijar. — Kagome não podia reconhecer a própria voz dizendo isso.

Sesshomaru já estava na porta, com a mão na maçaneta, pronto para partir. Ao ouvir isso virou-se de imediato, surpreso. Fitou Kagome por um instante, em seguida se aproximou e, com mãos suaves, a fez levantar-se da cadeira.

Beijou-a com sofreguidão, um beijo profundo e cheio de paixão. Kagome deixou-se ficar nos braços de Sesshomaru, envolvida naquele abraço apertado. As lágrimas que havia retido todo o tempo agora rolavam copiosamente por sua face.

Quando seus lábios finalmente se separaram, ele segurou o rosto dela com as duas mãos. olhando diretamente em seus olhos.

— Não me importa quantos homens já existiram em sua vida, Kagome. Tudo o que sei é que fui o primeiro e que serei o último. Você me pertence e eu nunca a deixarei partir novamente. Voltaremos para Stonisdíffe amanhã.

— Por que Myuga precisa de mim? — perguntou com um sorriso.

— Porque eu preciso de você. Kagome. Porque vamos casar e dar

mais assunto para as fofocas locais, já perdemos dois anos de nossas vidas e posso garantir que não perderemos nem mais um dia!

— Mas o que é que Myuga vai dizer? — Ela sorriu. — E Tina?

— Tina não é importante para mim. Sempre foi uma diversão, alguém que poderia me fazer esquecer você. Mas ela não conseguiu isso. Ninguém foi capaz de me fazer esquecê-la, Kagome. Quanto a Myuga, posso garantir que até já colocou o champanhe no gelo para come morar! Ele me pediu que não voltasse para casa sem você!

— Oh... Então você tinha tanta certeza assim de que eu o perdoaria?

— Eu não tinha certeza de nada. Kagome — ele falou com uma certa franqueza e vulnerabilidade nos olhos que não passou despercebida a Kagome. — Não sabia nem mesmo se você concordaria em me ouvir ou se entenderia que estava aqui para lhe pedir muito mais do que perdão. E todo o tempo ficou sentada nessa cadeira, quase sem dizer nada.

— Estava esperando por uma palavra sua, somente uma palavra que me fizesse ter certezade que gostava de mim. Sei que sempre me desejou, mas isso não era o quis que me amasse, mesmo quando era ainda adolescente e pensava que o odiava. Uma palavra carinhosa sua tinha sempre o poder de apagar todas as tristezas da minha alma. E por isso que disse que não poderia voltar para Stoniscliffe. Porque não conseguiria viver perto de você se não me amasse.

— Sei que demorei muito para falar isso. Kagome, mas eu a amo! É comum a gente dizer que sempre machucamos aqueles que amamos. Mas, pelo menos no nosso caso, é verdade. E agora quero fazê-la feliz, quero tê-la a meu lado e deixar meu amor contagiá-la.

— Acho que vou gostar disso! — disse sorrindo, cruzando os braços atrás do pescoço de Sesshomaru, feliz por descobrir que também tinha poder sobre ele. — Essa e a primeira vez que me propõe essas coisas dentro de um banheiro!

— E onde estavam quando Kouga lhe fez proposta parecida? — ele ainda falava baixinho.

— Ele nunca me propôs algo parecido. Nunca permití que nossas relações chegassem a esse ponto. Não parecia justo. — Ela hesitou. — Você ouviu o que ele disse, que eu era frígida. De certa maneira, isto é verdade. Nunca deixei que ninguém me tocasse, depois de você. Eu o culpava por isso, por tudo o que aconteceu entre nós e que me fazia sentir sem coragem e ânimo para me envolver com qualquer outro homem. Dizia a mim mesma que você tinha me impedido de me realizar como mulher para o resto da vida. Portanto, nunca houve outra pessoa. Você queria ser o primeiro, o último e o único homem da minha vida!

Ele olhou-a por um longo momento e finalmente disse:

— Não mereço isso, Kagome.

Sesshomaru a beijou novamente, com todo o carinho e suavidade que ela sempre havia desejado.

Sim, tinha havido muita tristeza e dor em sua vida, mas logo seriam esquecidas. Um novo dia raiava para Kagome. e as manhãs de verão nunca mais pareceriam escuras como aquela de dois anos atrás.


Bom gente, mas uma adaptação que se acaba... A escritora desta história fabulosa é Sara Craven, logo recomendo os livros dela...como dito esta história foi uma adaptação do original da escritora, sem fins lucrativos...

Bjos para vcs e agradeço a todas as reviews!