- Katekyo Hitman Reborn® e seus personagens pertencem à Amano Akira;

- Essa é uma fanfic yaoi, ou seja, contém relacionamento homossexual entre os personagens. Se você não gosta ou sente-se ofendido com esse tipo de conteúdo sugiro que vá ser feliz lendo shoujo;

- A fanfic é paralela a "to listen to a hard hard heart";

- Agradeço imensamente a Dia pela ideia para essa fanfic. Essa história é dedicada a todos os fãs de D18, e principalmente à você :)


Capítulo 01

Our doubts are traitors,
(Nossas dúvidas nos traem,
And make us lose the good we oft might win
E fazem muitas vezes com que se perca o bem que poderia ser nosso
By fearing to attempt.
Por receio de arriscar.)

- William Shakespeare

- Não, não. Hm... Talvez, mas acredito que não seja possível. O prazo é muito limitado e ficaremos sem nenhuma certeza de que a outra parte manterá o acordo...

Dino apoiou o celular no espaço entre o ombro e o rosto. Suas mãos então tiveram a chance de descerem o zíper da calça jeans que vestia, tendo um pouco de dificuldade para tentar tirá-las de suas pernas. Equilibrar-se enquanto falava ao telefone parecia tarefa impossível para ele.

- Eu entrarei em contato mais tarde, Romário. Ciao ciao.

O telefone foi desligado e a calça finalmente saiu, mas com um pouco de dificuldade. O aparelho quase caiu da ponta da pia, fazendo com que o italiano tivesse de se equilibrar em uma perna só, vestindo apenas sua roupa de baixo negra.
Se Dino Cavallone não fosse tão charmoso, a cena teria parecido incrivelmente ridícula. Bem, pelo menos foi o que Hibari Kyouya pensou.

Sentado confortavelmente dentro da banheira cheia de espuma, o Guardião da Nuvem revirou levemente os olhos, sem entender como uma pessoa conseguia ser tão desastrada ao ponto de parecer idiota.
Foi somente quando o louro retirou a roupa de baixo e caminhou em sua direção que seus pensamentos foram bloqueados. Havia coisas muito mais interessantes para admirar e pensar do que quedas e acidentes.

- Você tem coragem, Cavallone. - O moreno tinha os braços apoiados na borda da banheira - Por me fazer esperar enquanto atendia ao telefone. Por sorte meus tonfas ficaram no quarto.

- Eu precisei atender, Kyouya, era importante. - Dino sentou-se na banheira. A água estava de morna para fria, ideal para o clima de verão - Mas por que você não vem aqui, estamos longe um do outro.

Hibari lançou um rápido olhar para o homem sentado a sua frente. A banheira não era larga, e parecia estranho ter dois homens daquele tamanho dividindo o espaço. A ideia para o banho partiu do próprio Guardião da Nuvem, mas ele gostaria de ter optado pelo chuveiro.

O moreno permaneceu na mesma posição por alguns segundos, até arrastar-se para o lado de Dino, sentando entre suas pernas. As mãos do italiano automaticamente o abraçaram, depositando um estalado beijo no pescoço molhado. Hibari deixou o corpo pender para trás, apoiando as costas sobre o peito do Chefe dos Cavallone. Ele podia sentir as mãos de Dino cruzadas sobre seu peito, e por longos minutos nenhum dos dois disse ou fez nada.
Há cerca de duas semanas eles mal se viam, e mesmo não assumindo, ambos sentiram falta daquele intimo e protetor silêncio.

O banho só começou algum tempo depois, e partiu do louro a ideia de esfregar as costas do Guardião da Nuvem. Quando os dois trocaram de posição, o moreno pôde tocar o quanto gostaria as tatuagens do italiano, admirando os desenhos que se tornavam mais vividos por causa da água. O assunto entre eles era a máfia, Famílias e os Vongola. Dino comentava seus planos futuros e suas reuniões. Hibari criticava Tsuna, os demais Guardiões e qualquer pessoa que ousasse atrapalhar seu sossego diário.

- Eu não gosto de visitas. E isso inclui você e qualquer pessoa que apareça no Templo.

O Chefe dos Cavallone resmungou por algum tempo, calando-se quando o moreno voltou a se sentar entre suas pernas. Aquela posição e a proximidade não o favoreciam muito, e não demorou a que Dino demonstrasse o quanto gostava de banheiras. Seus lábios beijaram um dos ombros de Hibari, enquanto uma de suas mãos descia até o baixo ventre do moreno.
O Guardião da Nuvem virou-se sério antes que o italiano tivesse chance de apalpar qualquer parte de seu corpo. O louro ergueu as mãos como se pedisse desculpas.

Hibari ficou de pé, pegando uma das toalhas brancas que estava próxima, amarrando-a em sua cintura. Dino estava de pé no instante seguinte, mas ao contrário de seu amante, o Chefe dos Cavallone nem se deu ao trabalho de pegar toalha alguma.
O moreno virou quando seu braço foi puxado, sentindo os lábios do italiano juntos aos seus em um úmido beijo.

- Então vamos para o quarto... – O louro murmurou baixo e com a voz levemente rouca.

O beijo que se iniciou no banheiro só encontrou uma pausa quando Hibari sentiu a beirada da cama em suas pernas. Durante o caminho Dino só parou para pegar um dos tubos de lubrificantes de uma das gavetas do banheiro, e foi fácil de entender toda aquela pressa. A toalha do Guardião a Nuvem estava no chão antes que ele se sentasse na cama, e nem é preciso dizer o estado em que o louro estava já que havia abdicado da toalha.

- Você parece um adolescente, Cavallone. - O moreno ajeitou-se melhor no meio da cama, observando Dino aproximar-se sobre ele - Ninguém diria que você já tem trinta e cinco anos...

- Trinta. Trinta anos, Kyouya - O Chefe dos Cavallone riu, fisgando novamente os lábios de Hibari. – Eu tenho trinta anos.

O segundo beijo foi mais profundo, e deu inicio ao contato físico que o italiano tanto ansiava. Desde o começo daquele dia ele vinha tentando encontrar um momento para ficar a sós com o Guardião da Nuvem, mas tudo parecia estar no caminho. Reuniões, almoços e negócios. Quando Dino finalmente encontrou tempo para ir ao Templo, Hibari estava ocupado com algum assunto importante e o louro decidiu não atrapalhá-lo. A decisão foi sábia, já que o moreno veio visitá-lo no final da tarde, e o resultado estava prestes a acontecer na cama de hotel.

Os beijos tornaram-se mais necessitados conforme os corpos de ambos começavam a querer mais do que simples toques. O Chefe dos Cavallone masturbava ambas as ereções enquanto descia os lábios pelo pescoço do Guardião da Nuvem, sentindo a pele molhada e o cheiro de morango. Hibari auxiliava com uma de suas mãos, parando apenas quando seu corpo começava a avisar que se aquele contato continuasse, ele chegaria ao orgasmo em pouco tempo.
O louro entendeu o sinal, fazendo uso do tubo de lubrificante que trouxera do banheiro. O liquido deslizou por uma de suas mãos, e enquanto seus lábios desciam para um dos mamilos do moreno, um de seus dedos preparava a entrada de Hibari.

Era incrível como apesar dos anos, Dino sempre se surpreendia com as reações de seu amante. O corpo do Guardião da Nuvem constantemente estranhava a invasão. Seus dedos procuravam os cabelos do italiano, apertando-os, mas sem os puxar. O corpo do morno arqueava-se levemente, em um jogo paradoxal de dor e prazer que apenas um segundo dedo do Chefe dos Cavallone, e um pouco mais de empenho ou estimulo o fariam lembrar que não havia nada além da mais pura satisfação física.

Naquela noite o estimulo veio na forma de uma leve mordiscada que Dino deu em um dos mamilos de Hibari, e que foi suficiente para permitir que um segundo dedo o penetrasse, começando a movimentar-se devagar. O italiano sabia que era uma questão de tempo até encontrar o ponto especial de seu amante, mas antes de encontrá-lo o louro retirou os dedos e ajoelhou-se entre as pernas do moreno.
O Guardião da Nuvem abriu os olhos, sentindo a respiração alta. Suas costas ergueram-se do cobertor, e por mais embaraçoso que fosse ver suas pernas serem levemente afastadas, a visão de Dino segurando o próprio membro e penetrando-o era extremamente excitante.

A dor acompanhou a penetração e o fez morder os lábios. A voz do italiano chegou aos seus ouvidos, baixa e rouca, pedindo para que ele respirasse. Era preciso alguns segundos até que seu corpo se acostumasse com aquilo, e como sempre acontecia, o Chefe dos Cavallone aguardou, retirando-se quase por completo e penetrando-o novamente com a mesma gentileza. A dor ainda estava ali, mas dessa vez não tão forte e bem mais quente.
A terceira estocada atingiu o ponto certo de Hibari e então seus lábios gemeram. E gemeram. E gemeram...

A cada penetrada o corpo do Guardião da Nuvem arqueava-se um pouco na cama. Suas mãos apertavam com força o cobertor, e mesmo que tentasse calar sua voz, ele sabia que seria impossível. O louro mudou um pouco de posição, inclinando-se sobre o moreno, apoiando as mãos ao lado de seu corpo. A força das estocadas tornou-se constante, fazendo com que Hibari leva-se uma das mãos automaticamente ao próprio membro, começando a masturbar-se no mesmo ritmo.

Não existia mais orgulho ou bom senso. Dignidade ou amor próprio. Quando Dino o envolvia em seus braços e o corpo de ambos se tornava um, o Guardião da Nuvem transformava-se em outro. Entretanto, durante aqueles sete anos, a ideia de ter outra pessoa envolvendo-o nunca lhe passou pela cabeça. O italiano seria o primeiro e único ser humano que o veria naquele estado tão indefeso e deplorável. Os beijos, os toques, as caricias, o suor... Hibari não acreditava em destino ou qualquer coisa do tipo, mas se toda essa bobagem fosse verdadeira, então Deus, Buddha ou qualquer entidade superior havia feito Dino sobre medida para ele.
Porque não existia no mundo ninguém que o fizesse sentir tão completo como o idiota o fazia sentir. Não existia ninguém que o amasse e o respeitasse como o Chefe dos Cavallone.

Quando o clímax do moreno chegou, forte e pintando boa parte de seu peito e abdômen, o Guardião da Nuvem não tinha ideia de que se lembraria daquele fim de tarde com todo o carinho que seu coração pudesse transmitir. A maneira como o louro se movia dentro dele, os lábios rosados e entreabertos, os olhos fechados, a pele avermelhada, os cabelos dourados... Ter alguém como o italiano tão próximo logo se tornaria uma luxuria que talvez alguém como ele não merecesse.

Dino chegou ao orgasmo minutos depois, segurando firme uma das mãos do moreno que estava sobre a cama.
Os dois se olharam. Respirações altas, rostos suados, lábios semi cerrados.
E como em uma perfeita sincronia, o beijo que se seguiu foi inevitavelmente quente e afoito. Os braços de Hibari entrelaçaram o pescoço de seu amante, sem se importar com a bagunça em que ambos estavam.
Um segundo banho seria necessário, mas nenhum dos dois parecia ansioso para retornar a banheira. Por hora a cama era bem mais confortável para o que eles pretendiam continuar fazendo.

x

- Mais alguma coisa?

- Não. Só não se esqueça da sopa miso. Não vou perdoá-lo se meu jantar for incompleto, Cavallone.

O italiano garantiu várias vezes que não esqueceria a preciosa sopa de Hibari, fechando a porta do banheiro e suspirando. Por diversas vezes Dino pediu para fazer companhia no segundo banho do Guardião da Nuvem, mas por diversas vezes seu pedido foi negado.
Rendendo-se ao fato de que era a única pessoa de banho tomado e teoricamente pronta para pedir o jantar, o Chefe dos Cavallone cruzou o quarto, coçando os cabelos levemente molhados. Ao atravessar a suíte e chegar à parte que servia como escritório, à atenção do louro foi para o sofá. O banheiro era isolado, então o chuveiro não fazia barulho, mas algo ali parecia tocar, ou melhor, vibrar.
Checando o próprio celular em cima da mesa, o italiano aproximou-se do sofá, levando a mão até um dos bolsos do terno que o moreno vestia ao chegar. Antes mesmo de tocar o próprio aparelho Dino pôde senti-lo vibrar em sua mão.

Era estranho. Hibari nunca colocava o telefone no silencioso, fazendo questão que todos ouvissem o hino do Colégio Namimori, que mesmo anos depois da formatura ainda era usado como seu toque favorito. Quando estavam a sós, o moreno nem ao menos carregava o telefone consigo.

O Chefe dos Cavallone segurou o aparelho e por um breve momento suas sobrancelhas se juntaram. O telefone vibrou mais algumas vezes em sua mão até que a outra pessoa pareceu desistir. O louro encarou o visor antes de voltar a guardá-lo, deixando o terno exatamente do mesmo jeito.
Aquele nome era o mesmo da semana passada.
Não era a primeira vez, mas Dino acreditou – ou queria acreditar - que todas as ligações anteriores referiam-se a trabalho. Porém, ele pensava ser um pouco tarde para tratar desses assuntos naquele momento.
Quantas pessoas se preocupavam com isso às dez da noite em pleno sábado?

Caminhando até sua mesa, o Chefe dos Cavallone sentou-se na cadeira com barulho e pegou o telefone, ligando direto para o restaurante do Hotel em que estava hospedado. Os pedidos foram feitos e Hibari deixou o banheiro minutos depois. Entretanto, o italiano permaneceu onde estava. Sua cadeira havia girado na direção da larga janela de vidro em suas costas, e se o moreno não tivesse colocado a mão em seu ombro, o louro teria passado um tempo ilimitado com o olhar longe.

- Não se preocupe, eu pedi sua sopa.

Segurando a mão do Guardião da Nuvem que estivera em seu ombro, o Chefe dos Cavallone a levou até os lábios, beijando-a de leve. Seus olhos cor de mel se ergueram, encarando dois grandes e brilhantes olhos negros. Os dois se encararam por alguns segundos, mas o italiano voltou a observar o céu escuro através da janela.
A noite de repente tornou-se um pouco menos graciosa.

x

Dino esforçou-se o máximo possível para tirar sua mente de certas dúvidas e desconfianças. Não era de seu feitio nutrir aqueles sentimentos, ainda mais quando a pessoa envolvida era um anti-social enclausurado Guardião da Nuvem. E por este mesmo motivo o louro se odiava todas as vezes que tais pensamentos brotavam em sua mente, e sem nenhuma razão aparente o faziam não aproveitar o tempo que passava ao lado de seu amante.

Quando os dois se encontravam, os olhos do Chefe dos Cavallone encaravam automaticamente os bolsos do terno de Hibari, e por diversas vezes ele sentiu-se tentado a fazer a simples pergunta que solucionaria todos os problemas, e consequentemente o faria parar de pensar em possibilidades remotas.
Porém, conhecendo o Guardião da Nuvem, Dino também sabia que aquilo seria recebido como uma ofensa, o que acarretaria justamente na briga que ele tentava a todo custo evitar. Discutir com o moreno era geralmente doloroso e vinha sempre acompanhado por tonfas e ameaças de morte.

Havia se passado uma semana desde a noite no Hotel. O retorno de Tsuna ao Japão aconteceria no dia seguinte, e mesmo sabendo que praticamente nada mudaria, o italiano sentiu-se obrigado a fazer uma rápida visita ao Templo Namimori. Hibari provavelmente ficaria um pouco mais ocupado com os novos afazeres, então o Chefe dos Cavallone gostaria de passar o máximo de tempo possível ao lado de seu eterno pupilo.
A maneira nem um pouco polida ou reconfortante com que foi recebido não o surpreendeu. O que chamou sua atenção foram duas simples frases ditas de maneira casual no meio da conversa:

- Você não pode ficar. Eu tenho visita.

O efeito foi devastador.
Se aquelas palavras tivessem sido ditas semanas atrás, Dino teria reagido como sempre: um ou dois comentários mimados, um ou dois ensaios para persuadir o moreno ou uma ou duas tentativas furtivas de lhe roubar um beijo de despedida.

Entretanto dessa vez não houve nada. O louro que estava sentado em frente ao Guardião da Nuvem na pequena mesinha de centro pousou delicadamente a xícara de chá, agradecendo a bebida e levantando-se devagar. O terno que estivera em seu colo o tempo todo foi recolocado, e desejando um baixo "Tenha um bom dia", o Chefe dos Cavallone deixou a sala de visitas do Templo Namimori sem olhar para trás.
Hibari deu o último gole na xícara de chá, encarando o espaço vazio a sua frente, entendendo aquele gesto como mais uma das atitudes mimadas e egoístas por parte do italiano. Porém, por alguns segundos, o moreno juntou as sobrancelhas e encarou a xícara vazia.
Algo estava acontecendo.

O que o Guardião da Nuvem não sabia era que aquela não foi somente uma atitude mimada e egoísta por parte do louro. Dino deixou o Templo com passos largos e um gosto amargo em sua boca, repetindo mentalmente as palavras que ecoavam em sua mente há dias.
Ao chegar à grande escadaria que levava à rua, o italiano abaixou os olhos e apenas meneou a cabeça quando alguém passou ao seu lado. Seus passos diminuíram a velocidade, e mesmo sabendo que possuía dezenas de degraus para descer, naquele momento permanecer no Templo era doloroso demais.
Eu não gosto de visitas. E isso inclui você e qualquer pessoa que apareça no Templo.
Eu não gosto de visitas. E isso inclui você e qualquer pessoa que apareça no Templo.
Eu não...(...)

Dino parou no meio da escadaria, virando o rosto na direção do Templo. Seu corpo fez um rápido movimento, como se quisesse retornar, mas ele se manteve firme no mesmo lugar.
Passando as mãos nos cabelos louros, o Chefe dos Cavallone fechou os olhos com força, tentando esquecer o que acontecera segundos atrás. Pois mesmo já estando afastado, era impossível ignorar o perfume da jovem mulher que passou ao seu lado seguindo em direção ao Templo.

A visita de Hibari Kyouya era a mesma que havia ligado na semana anterior quando os dois estavam no quarto de Hotel. A mesma pessoa que o visitava com frequência enquanto Dino estava em outro continente. A única pessoa além dele que já vira o moreno esboçar um sorriso que não fosse irônico ou desdenhoso.
Ninguém menos que Chrome Dokuro, a Guardião da Névoa dos Vongola.

Continua...