Harry Potter (C) J.K. Rowling

Nota¹: Não é uma continuação da anterior

Nota²: Projeto Mural de Fotos - Item 3


Tudo está bem

Você poderia me perguntar o porque de estar vestido como um pingüim. E eu simplesmente responderia 'Porque a Lily pediu' então você se revoltaria com a minha submissão para com a minha adorável senhora, começaria uma revolução e nós sairíamos por aí queimando cuecas em praça pública.

Você chegou tarde demais, eu recusei a idéia de queimar cuecas a dois anos, quando Sirius sugeriu isso pela primeira vez.

E agora estamos todos aqui reunidos... Nesses tempos incertos e nessa época complicada, para bebermos em nome de nada, cantarmos pelo que já se foram e tentar guardar lembranças melhores daqueles que ainda estão conosco.

Mas voltando ao assunto principal: Eu. Bem, eu e a minha roupa de pingüim. Eu até mesmo gosto dela, ela é confortável e quentinha e Lily diz que eu fico bem usando.

Sirius disse que a minha bunda parece maior. Remus disse que ele é um idiota. Particularmente, eu sempre concordo com Remus e ele está absolutamente correto.

Já se passaram mais cinco minutos. Aquele relógio maldito está disparado! Eu mal cheguei e ele fica vomitando os minutos, tentando acabar com toda a esperança que me resta. Sirius deve ter enfeitiçado o relógio assim como ele fez com os meus sapatos no sexto ano.

Devo dizer que foi deveras criativo enfeitiçar meus sapatos para morderem meus dedos, mas não foi nada confortável.

Meus cabelos deveriam estar bons, deveriam, uma vez que depois de deixá-los no lugar Remus disse que arrancaria as minhas mãos e penduraria na sala de estar, sobre a lareira se eu desfizesse todo o trabalho dele e por isso eu nem toquei neles. E Remus nem tinha uma lareira, talvez ele estivesse falando do apartamento do Sirius, muito provavelmente ele estava.

Eles me intrigam. Sirius e Remus.

Quero dizer, eu consigo ver porque alguém ficaria com o Remus. Ele é honesto, gentil, calmo e atencioso e – segundo a Lily – as garotas o acham muito atraente. Mas... Sirius? Depois de tudo que nós já vimos que ele pode fazer?

Depois de ter mandado Snape para a morte certa, humilhado o irmão publicamente, ido parar em toda e cada cama disponível em Hogwarts acompanhado ou não em suas peripécias sexuais... Eu simplesmente não entendo como os dois podem dar certo. Mas se a lógica influenciasse em qualquer instancia um relacionamento, eu não estaria aqui hoje.

Vestido de pingüim.

Esperando Sirius e Remus desocuparem aquela cabine que eles tomaram a uma meia hora. Eles provavelmente vão para o inferno na religião da mãe da Lily.

— Prongs? — Ai está meu suposto padrinho e melhor amigo, que ficou tão animado com a perspectiva de dar uma em uma igreja que esqueceu que a pilha de nervos (ou seja eu) precisava de algum apoio moral hoje.

Ele entendeu meu grunhido como uma resposta positiva. Filho da mãe.

Remus e Peter seguiram Sirius para dentro da sacristia. Era incrível que cada um dos momentos significativos da minha vida eles haviam estado comigo

Meu primeiro beijo (obrigado Sirius por empurrar ela nos meus braços), meu primeiro jogo de quadribol, meu primeiro porre, minha primeira vez... Eu não sabia que eles estavam ali escondidos no armário! Os idiotas podiam ter saído, mas Merlin sabe porque eles ficaram. Quando Lily aceitou sair comigo, quando meus pais morreram.

E agora. Nós nunca fomos perfeitos, mas sempre fomos um. E era a calma de Remus, o sorriso de Peter e a idiotice de Sirius que me faziam me sentir seguro ali.

— Já está na hora Prongs. — Peter me abraçou depois de checar o relógio. Aquela máquina maldita não estava enfeitiçada.

— Em uma hora, você será um homem morto.

— Você não consegue ver um bom momento de calar a boca, não é mesmo Sirius? — Eu disse que quase sempre concordava com Remus. No momento ele ainda é genial.

E agora você poderia me perguntar se eu concordo com Sirius e é por isso que estou escondendo meus olhos marejados. E eu responderia que você é louco, porque eu nunca tive tanta certeza do que estou fazendo. Porque de pingüim, com o uniforme de quadribol ou Auror eu sei que é ela a coisa certa a se fazer. E com o apoio capenga dos meus amigos – que também se vestiram de pingüins porque ela pediu – eu finalmente saí da sacristia. Sabendo que tudo estava bem.