Minha mãe me encarava de modo curioso e de alguma maneira, eu sabia que ela queria me perguntar alguma coisa e também me dizer que eu estava errada em trabalhar.

- O que foi mãe?

- Você. Está um trapo. – ri.

- Obrigada. – ela manteve o rosto sério.

- Estou falando sério, Isabella. Você vai começar a se complicar na faculdade, e você pode não ter mais 10 anos, mas saiba que vai levar uma surra se isso acontecer.

- Você nunca me bateu.

- Pois é, há sempre uma primeira vez.

Baixei o rosto para a bandeja no meu colo. Minha mãe ultimamente tirava só pra me criticar, e se eu falasse alguma coisa, sabia que me arrependeria depois, por isso, eu sempre optava pelo silêncio.

Mastiguei com calma o sanduíche, tomei mais alguns goles do suco e bocejei.

- Cansada? – ela perguntou.

- Um pouco, respondi apenas.

- Vou trazer um remédio, você descasará melhor com ele. – sorri em agradecimento.

Minha mãe correu até seu quarto, voltou logo com um copo de água e um comprimido para mim tomar.

Após isso, eu lembro apenas que fechei os olhos e dormi.

...

Eram quase oito horas da manhã. As crianças ainda estavam dormindo e por isso aproveitem para ajudar Rosa a preparar o café da manha deles.

- Vai fazer quatro dias que estou aqui e nunca nem passei pelo pai deles. – Rosa sorriu, encarando as xícaras que colocava na mesa.

- Nós quase nunca vemos o Senhor Cullen, ele está sempre muito ocupado com o hospital, e quando estou aqui em alguns finais de semana, ele sai com as crianças por algumas horas e volta para o plantão.

- Ele trabalha sempre?

- Sempre. E quando sai com as crianças, elas voltam frustradas porque ele sempre tem que sair as pressas por conta do hospital. – Rosa suspirou, e eu senti uma pontada de pena deles. Talvez aquilo explicasse a falta de bom humor em Emma.

Depois disso, ficamos sem assunto, e eu estava com preguiça demais para perguntar porque estávamos fazendo café da manha tão cedo para crianças que estavam em férias. Resolvi ficar quieta e continuar minhas coisas, não por muito tempo já que Nina acordou. Dando seus costumeiros gritos para que alguém lhe desse atenção. Quando cheguei no quarto, ela estava sentada no berço, os olhos estavam secos, mas ela forçava o choro. Dei uma olhada e Luce, que continuava a dormir, não dando importância aos gritos da irmão, assim que me viu, Nina calou a boca. Ergui seu pequeno corpo e a aconcheguei mais perto, colocando-a dentro de meu casacão já que estava frio, aproveitando-se, ela enroscou uma das pequenas mãozinhas em meu cabelo e descansou o rosto na curvatura de meu pescoço.

- Você é um monstrinho, sabia?

Obviamente, ela não disse nada, desci com ela até a sala, sempre fazendo um carinho em suas costas.

- Bom dia, bebê. – desejou Rosa, Nina nada fez em relação a ela, apenas ficou quieta no colo.

Sentei no sofá, mas logo decidi levantar, os outros quatro estariam de pé não muito tarde, se eu arrumasse Nina primeiro talvez...

Tarde demais.

Emily desceu as escadas feito um jatinho loiro. E se eu não estivesse apoiada no sofá, provavelmente teria caído um belo tombo.

- Calma ai, gatinha. – falei.

- Desculpa Bella, é que eu to feliz.

- Feliz, é? E eu posso saber porque?

- Porque hoje já é outro dia, e a gente já pode ir brincar de novo, você prometeu. – eu ri da carinha dela.

- Emily, eu disse outro dia mas ainda não sei quando é esse outro dia. Que tal a gente ficar por aqui mesmo, ta um frio danado. – ela franziu a testa, me encarou, encarou nina, fez uma outra pergunta.

- Porque Nina esta dentro do seu casaco? – eu ri.

- Porque ela acabou de acordar e está frio, vou arrumar ela e depois te vestir. Me espera aqui.

- Eu vou com você.

- Nada disso, gata. Fica aqui porque se não vamos fazer barulho e a Luce acorda.

- Ta bom. – cruzou os braços na altura do peito, emburrada.

Dei um beijo em sua testa e subi.

...

Como o esperado, Luce acordou enquanto eu vestia Nina. Mas nada que eu não pudesse controlar, já que estava terminando de vestir uma. Deixei Nina no berço, entretida com uma escova de cabelo, enquanto vestia Luce.

Nesses quatro dias na casa dos Cullen, eu não havia notado que Luce estava começando a balbuciar algumas palavras, mesmo tendo dois anos já, eu sentia que ela estava tendo um crescimento mais lento do que as outras crianças. Eu achava que aquilo era por conta de Nina, ela via a irmã mais nova apenas apontando para as coisas que queria, Luce era tratada da mesma forma, como se já não tivesse idade para aprender alguma coisa.

- Ta "fio". – disse ela enquanto eu lhe colocava uma meia calça grossa.

- Pois é, bebê. Está muito frio.

- Bebê ta com fome. – eu ri. Era estranho falar assim. Eu que sempre fui uma espoleta, falando de maneira lenta com uma criança era quase como se não fosse eu mesma.

Sorri, beijando sua pequena testa.

- Vamos descer e tomar um grande café. – Luce torceu o nariz.

- Papinha vede nãao.

Ri, descendo com as duas no colo.

...

- Hey, hey. Ordem nessa bagunça. – gritei, batendo o talher na mesa, fazendo os cinco me encararem. – Emma, solta o pescoço do seu irmão. – ela ia falar alguma coisa, mas mandei-a ficar quieta. – E Thomas, nunca mais xingue sua irmã sem saber o que significa esse xingamento. – sim, Thomas estava xingando Emma e eu podia aposta que ele não sabia o que significa a palavra. – Emily, você não precisa gritar para contar alguma coisa, ninguém é surdo aqui. – a pequena baixou os olhos, encarei as menores. – Vocês são pequenas mas tem um belo pulmão, hein. – obvio que elas não me entendiam, mas riram.

- Vocês querem o que? Me matar ou se matarem primeiro? – eu estava séria, mas ouvi uns risinhos. – Emma, acabe seu café e suba com Nina, vou arrumar essa mesa e depois a gente pode sair e pegar um filme, que tal? – os gritos de euforia vieram de todos os lados.

- Mas, Bella, eu subo com a Luce. – a olhei de forma repreensiva.

- Sobe com a Nina, Emma. – ela bufou, foi até a cadeira da irmã menor – que se assustou da forma brusca com que foi arrancada dali – e subiu, batendo o pé.

- Tome cuidado. – gritei.

Emily e Thomas também subiram para seus quartos para colocar um casaco grosso e escovarem os dentes, ficamos apenas eu e Luce, enquanto eu lavava nossas xícaras, ouvi um grito de Emma e o choro de Nina, Luce também se assuntou e gritou, eu derrubei uma das xícaras dentro da pia e ela acabou quebrando, uma coisinha vermelha sai da ponta do meu dedo, o sangue brilhou lá.

- Droga. – xinguei, sequei a mão num guardanapo – branco –, peguei Luce no colo e sai correndo escada acima, porém, antes de eu conseguir chegar, bati em alguém, eu até pensaria que era alguma das crianças, mas era alto demais.

- AAAAAAAAAAAI. – berrei quando bati o pé da ponta da escada por conta do baque, Luce, a pequena traidora, riu de mim. Olhei para frente, e vi que havia batido no pai das crianças. Droga, porque eu fui fazer um escândalo justo com o patrão?

- Quem é você? – perguntou confuso, tirando Luce de mim, a garota reclamou e se jogou pra frente, agarrando minha blusa.

- Ué, sou a babá. – respondi.

- Mas que babá? Não me lembro de ter contratado ninguém.

- Sr. Cullen, quer ver o meu contrato com a sua assinatura? – ele pensou, pensou e pensou.

- Não, estará contrata de volta assim que fizer a Nina parar de chorar.

- Ela não esta mais chorando.

- Hum... verdade. – balancei a cabeça, subi e vi que Emma lutava para deixar a irmã mais nova com o casaco grosso.

- O que esta acontecendo aqui?

- Esse bebê, não deixa eu vestir o casaco nela. – largou o casaco na cama e saiu gritando por Emily.

Vesti Nina, depois eu vesti Luce, ajudei Emily com a roupa grossa, penteei o cabelo de Thomas, e só não ajudei a M&M porque ela era uma chata.

Ainda eram 10 da manha, seria bom sair agora.

Desci com todos eles para a sala, os fiz sentar um ao lado do outro e me pus de pé em frente a eles.

- Ok, se alguém quer fazer algo antes de sairmos, a hora é agora. – eles se encaram, mas negaram. – Se nós andarmos por cinco minutos e alguém disser que está com sede ou vontade de fazer xixi, eu nunca mais sai com vocês. – foi instantâneo, os três mais velhos se levantaram correndo e foram direto para o banheiro de seus quatros. Luce, que tinha Nina no colo, encarou a irmã mais novas e as duas riram, realmente, fora engraçado.

- Você é boa. – ouvi uma voz atrás de mim. Me virei e dei de cara com o patrão Cullen.

- Hum... obrigada. – murmurei.

Ele continuou me encarando, e não tinha notado antes como os olhos dele eram parecidos com os das crianças, de um verde bastante intenso, bonito.

- Vocês vão sair? – me perguntou.

- É, Emily esta me pedindo a alguns dias para eu os levar para sair.

- Mas não acha que está frio demais para sair com os meus filhos, senhorita? – sério? Aquilo era um tipo de teste? Ele estava me cercando para saber se eu sabia ou não cuidar dos filhos dele? AHA. Até parece que eu era a maluca que não sabia nem quem era a babá dos meus filhos. O encarei, estreitando os olhos.

- Nós vamos dar uma volta de carro, Senhor Cullen. – ele não devia estar trabalhando? Porque ele não ia cuidar dos pacientes dele e me deixava fazer o meu trabalho? Ah... eu mereço.

- Ah... sendo assim, vou com vocês. – e quem foi que te convidou? Me deu vontade de perguntar.

- Por quê? – indaguei.

- Porque eu quero ficar um pouco com os meus filhos. Se quiser ir pra casa, está dispensada pelo resto do dia.

- O QUÊ? NÃO, A BELLA FICA. – Emily e Thomas gritaram.

- Eu disse que se ela quisesse ela podia ir, não que eu a estava correndo. – ele falou aos filhos, não sei o que, mas a maneira como ele falava com as crianças era como se ele os tratasse de igual para igual. E um ponto para Edward Cullen, pensei.

...

Acabou que as crianças fizeram tanto escândalo que eu fiquei. Agora estávamos todos dentro do carro, a mine van que ele me dera para usar com as crianças, era o único carro que cabia todo mundo.

As crianças foram atrás, eu e Emma brigamos para ver quem ia na frente, eu venci, é claro. Fui e o doutor bonitão na frente.

- Então, Isabella. O que está achando dos meus filhos?

- Eles sabem se comportar quando querem. – respondi. Ele riu.

- Onde querem ir? – perguntou. Emily disse que queria o parque, Thomas a pracinha, Emma o shopping.

- Que mane esses lugares nada. Vamos para uma locadora. – falei. Ao invés dos suspiros que eu pensei que ouviria, eles ficaram feliz, estavam decidindo qual filme iriam pegar quando eu falei.

- Os Smurfs é um bom filme.

- Aristogatas também, Bella. – Emma falou.

- Aristogatas é um filme meio velho. – murmurei.

- Continua sendo bom, e os meninos nunca viram.

- É, que tal esses dois? – perguntei.

- Não sei vocês, mas eu quero filme pó... – coloquei a mão em sua boca antes de sussurrar.

- Não diga filme "pornô" na frente dos seus filhos. – ele puxou minha mão, me encarando.

- Você é doida? Eu ia dizer Por um Triz, é um ótimo filme. – eu só fui capaz de rir, um tanto vermelha.

- Não se preocupe, gostei de ver que se importa com o que eu digo na frente dos meus filhos.

...

Já estávamos na locadora, as pessoas ficaram olhando quando entramos com aquele monte de crianças no lugar. Edward, como ele pedira que eu o chamasse, estava com Luce no colo, e eu com Nina, os outros estava um em cada lado nosso.

Era uma loucura ter de olhar para todos os lados, cuidando para eles não se machucarem ou se não estavam importunando alguém, Emily era a pior, pois encontrou uma menina da idade dela e as duas não paravam de encher a avó da menina com perguntas.

- Emi, vem, para de atrapalhar a senhora. – falei, segurando sua mão.

- Não se preocupe, minha querida. – começou a senhora. – Sua filha não esta me atrapalhando, é uma graça de menina. – eu abri a boca para falar, mas não era mais tempo.

- Não liga não, moça. A mamãe sempre acha que eu vou atrapalhar alguém, ela é assim mesmo, né mãe? – ainda aturdida por aquilo, apenas confirmei.

- É... é, i-isso mesmo. – gaguejei.

Puxei Emily para um canto, me abaixei, ficando da sua altura.

- Porque disse aquilo? – ela sorriu.

- Porque você cuida de mim, me da banho, brinca comigo, me da abraços. Não é isso que as mães fazem? – não fui capaz de dizer nada, apenas a puxei para um grande abraço.

- É isso mesmo, minha menina.

...

Estávamos de volta no carro, todos comentando sobre qual filme assistiriam primeiro, quando meu celular tocou.

- Oi mãe. – atendi quando vi no visor o numero dela.

- Bella, querida, preciso que venha pra casa.

- O que aconteceu?

- Cai da escada, mas não se preocupe. Não aconteceu nada, mas eu torci o pé.

- Ai mãe, você ainda me mata de susto. – senti o peso dos olhares dos seis em cima de mim. – Vou dar um jeito aqui, me espere. – desliguei o celular, um pouco tremula por saber o que havia acontecido.

- O que foi? – Edward perguntou.

- Minha mãe caiu da escada, esta bem, mas eu preciso ir pra casa. – os três atrás do banco choramingaram.

- Desculpa gente, mas é minha mãe, eu preciso ir ver ela. – falei.

Mas logo depois disso, Edward murmurou.

- Ué, vamos todos para a sua casa então.

N/A

OMG. Mil perdoes pela demora, aconteceu taaaanta coisa que vocês nem imaginam. Meu pc estragou, eu tive que formatar as pressas, perdi tuuuudo o que eu tinha, e ta demorando pra mim conseguir me organizar com tudo, ainda mais que es provas na escola estão a todo o vapor.

Mas espero que aproveitem o capitulo.

Beijos e até.