N/A: Antes de começarmos o capítulo, apenas uma breve explicação. Para aqueles fanáticos como eu por InuYasha, deve parecer estranho que todas essas cenas se passem como "continuação" do anime. Na verdade, a história começa aos poucos a se misturar a do último episódio, e eu preferi escolher algumas cenas que eu acho que deveriam ser narradas, já que me decepcionei levemente ao ver imagens da Kagome e do InuYasha já tendo uma intimidade aparentemente de um casal, sem que soubéssemos exatamente o que tinha acontecido. Afinal, eles mal haviam se beijado! Então, estou "recheando" a história com as minhas idéias. Espero que gostem!

Capítulo 7- Lua nova

Ainda havia escuridão tomando o quarto, quando o hanyou abriu os olhos, sobressaltado. Antes que pudesse pensar em algo, estava sentado na cama, sua respiração saindo em arquejos, seu coração prontamente acelerado. Acabara de ter um pesadelo horrível, o suor desceu teimoso pelo seu rosto. Ele apoiou o queixo no joelho dobrado, tentando controlar a respiração.

Engoliu em seco e olhou para o lado. Não precisava mais ter medo de olhar para o lado- tinha certeza que ela estava ali. O cheiro dela era tão forte e estava tão marcado nele, que ele saberia dizer se ela mudasse de posição mesmo que um centímetro no futon.

"Kagome..."

Seu coração inflou ao observar a garota dormindo. Sua respiração aos poucos foi se acalmando- ela estava ali, ao lado dele.

Ele passou gentilmente a mão direita pela pele exposta do braço e antebraço da garota, deslizando gentilmente, não querendo acordá-la. Kagome, ainda dormindo, ronronou em resposta.

Ele sentiu um calor dentro do peito, seu coração acelerou novamente, e ele foi tomado pela certeza de que se morresse naquele momento, olhando para ela, morreria feliz.

Ele subiu a mão novamente, alcançando seu pescoço, afastando alguns fios de cabelo escuro que ali estavam. Da posição que estava, pôde visualizar apenas de relance a marca que deixara.

Sua marca.

Não saberia colocar em palavras o que sentia ao ver aquilo, após horas do ocorrido. No momento, ainda estivera contaminado pelo gosto e cheiro do sangue, pela euforia do momento, pelo desejo que havia queimado em suas veias ao ter Kagome implorando que ele a marcasse.

Ele saberia que a marcaria mais cedo ou mais tarde, mas talvez não imaginasse que seria tão perfeito chegar as vias de fato.

Suspirou pesadamente lembrando como fora tê-la em seus braços, e comparou com o pesadelo que o estava mantendo acordado naquele momento.

Quantas vezes havia tido aquele sonho horrível, anos antes, quando não tinha a menor pista de quando Kagome voltaria?

Era horrível- eles sempre estavam longe um do outro. Ele tentava correr para alcançá-la, tentava achar sua própria voz para gritar o nome da garota- mas no fim, ela sempre acabava envolta por uma escuridão sem fim, e ele ficava sozinho.

Era quase estúpido lembrar-se dos longos anos que passara sozinho naquela casa, achando que Kagome, talvez, seria apenas uma lembrança. Ele se culpava tanto, dia após dia, por não ter vivenciado verdadeiramente seus sentimentos com ela.

Quantas vezes a deixara sozinha...e até mesmo em perigo para procurar Kikyou? Ele sabia que o sentimento que tinha por Kikyou fora verdadeiro, mas em que parte de sua vida Kagome estava?

Ela estava ao seu lado, afinal de contas, durante todo aquele tempo, e agüentou as indas e vindas da sacerdotisa ressuscitada que requisitava o amor de InuYasha.

Kikyou fazia parte de seu passado. E Kagome, desde aquela época, fazia parte de seu presente e seu futuro. Ele apenas fora o bobo que não havia se dado conta de que a escolha deveria partir dele. E somente dele.

E lembrar-se daquele tempo, dos erros que cometera, da forma como fora injusto e insensível com Kagome, fazia com que ele sentisse seu coração mais e mais apertado no peito.

Ele não conseguia parar de olhá-la, enquanto ela dormia pacificamente. Ele sorriu internamente ao pensar com o que ela deveria estar sonhando. Kagome sempre dedicara seu amor inteiramente à InuYasha, sem nunca questionar...sem nunca julgar.

Ele queria poder corresponder inteiramente àquele sentimento.

E depois daquela noite, depois de marcá-la, ele sabia que Kagome finalmente entendera completamente o que ele sentia. Tinha medo de que ainda houvesse algum receio na garota, algum medo de rejeição...alguma mágoa.

Ele deslizou os olhos pelo corpo parcialmente coberto de Kagome, sentindo-se completo.

O que fizera para merecer uma pessoa tão maravilhosa ao seu lado?

Por que, de todas as situações possíveis de acontecerem, acontecera justamente o improvável, e aquela garota voltara no tempo e o libertara da árvore que estava selado?

E por que, ao mesmo tempo em que ela era tão fisicamente parecida com seu antigo amor, ele se pegara gastando toda sua sanidade mental para explicar para si mesmo como podia amá-las de maneira tão diferentes?

Com Kagome parecia tão real...tão possível. E Kikyou...apenas deixara aquela dor de um relacionamento que não dera certo devido as conseqüências do destino.

Mas o que importava era Kagome... a sua Kagome. Como conseguira ter medo de se entregar? Como conseguira ficar tanto tempo ao lado dela, e não tocá-la, não beijá-la?

Kagome revirou-se em seu sono, trocando de posição, e ele pôde visualizar a marca inteiramente. Sua boca salivou, seu coração reagiu à visão.

Ele lentamente curvou-se para o corpo da garota, suas narinas dilatando-se, deixando que aquele perfume maravilhoso da mulher que amava o tomasse. Ele sentiu sua respiração acelerar quando ele delicadamente posicionou os braços ao redor do corpo delicado de Kagome, com todo cuidado que pôde reunir para não sobressaltá-la, cuidando para que suas garras não atingissem a pele macia.

Ele a abraçou, moldando seu corpo contra o dela, as costas de Kagome encaixando-se perfeitamente em seu tronco e pernas, enquanto ele a puxava mais para perto.

- Hmm...- Kagome murmurou baixinho.

- Shhh...- ele sussurrou no ouvido dela, controlando-se enquanto fazia aquilo.- Ainda é de madrugada...volte a dormir...

- InuYasha...- a voz dela era enrolada, e ele precisou segurar uma risada.

Ele raspou o nariz gentilmente na bochecha dela, enquanto Kagome murmurava mais algumas palavras sem sentido.

Ele ergueu uma mão e com o maior cuidado que pôde reunir, começou a massagear a nuca da garota, imitando os movimentos que ela sempre fazia em seus ombros quando ele estava tenso.

- Hmmm...isso é bom...- ela murmurou, querendo acordar.

Ele parou o movimento, e beijou suavemente o pescoço dela, deitando a cabeça em seguida. Empurrou os cabelos de Kagome para cima, ouvindo resmungos de desaprovação por parte da garota. Ele queria observar a marca que deixara ali... não era tão assustadora agora que estava livre do sangue...

Ele achou que ficaria sangrando e teria uma cicatrização diferente devido ao fato de ser sido feita pelas suas presas, mas aparentemente estava bem. Ele gostou de olhar para aquela marca e pensar no que significava.

Ele sabia que era seu instinto de hanyou que falava. Sabia que se sentia completo naquele momento devido ao sangue youkai que corria em suas veias. Mas será que para Kagome era suficiente? Será que ela não pretendia algo diferente para sua vida...? Não idealizara algo diferente para oficializar uma união?

Surpreende-se ao ver a garota se mexendo novamente, tentando se virar em direção a ele. Eles ficaram de frente um para o outro, InuYasha afastou uma mecha de cabelo do rosto de Kagome. Ela lutou para abrir os olhos, sentindo-se muito sonolenta.

- Queria que você pudesse sentir o que estou sentindo...- Kagome parecia ter tomado várias doses de saquê, e InuYasha sentiu uma risada escapar.

- E eu queria que você estivesse sentindo o que eu estou sentindo...- ele sussurrou, encarando-a nos olhos.

- Egocêntrico- ela falou, sem pensar.

- O quê?- ele franziu o cenho para ela.

- Desculpe...- ela fechou os olhos, novamente.- Acho que ainda não expliquei o significado dessa para você...

Ele não se importou com a piada interna de Kagome, e continuou a observá-la.

Ela finalmente manteve os olhos abertos tempo suficiente para poder encarar InuYasha. Pareceu maravilhada com o que vira, e descansou uma de suas mãos no rosto do hanyou. Seus narizes se tocaram levemente, e eles ficaram parados, apenas sentindo suas respirações se perdendo em uma só.

- Ai- a voz de Kagome o pegou de surpresa. Uma das mãos da garota foi diretamente para a própria nuca, enquanto seu rosto contorcia-se levemente.

- O que foi?- InuYasha sentou-se no futon, seus instintos completamente ligados novamente.

Kagome abriu um dos olhos e o encarou, visivelmente envergonhada.

- Nada...estou bem...- mas a voz dela não o convenceu..

InuYasha moveu-se mais de encontro à ela, tentando alcançar a mão da garota que estava em sua nuca.

- E-está doendo, Kagome?- ele engoliu em seco, perguntando cautelosamente.

- Um pouco...- ela sorriu para ele.- Tenho um remédio para dor na minha mochila...não se preocupe...

Ele não soube explicar o que sentiu ao ver ela falando daquele jeito. Será que se arrependia? Será que estava doendo muito? Sentiu-se monstruoso pela primeira vez desde que acordara.

- K-Kagome...e-eu...

A garota já estava tentando se levantar, mas ele foi mais rápido.

Alcançou a calça do seu quimono do chão e a vestiu sem cerimônias.

Kagome analisou o movimento dele, parecendo assustada, e abraçou o próprio corpo, olhando a janela próxima, agora fechada.

InuYasha observou o comportamento da garota e antes de pensar duas vezes, alcançou a parte de cima do próprio quimono e enrolou a garota nele. Kagome sorriu sinceramente para ele, seu rosto curvando-se entre o inchaço do sono.

- Obrigada...- ela sussurrou.

Ele se virou, incapaz de encará-la.

"Kami-sama, o que fizera? O que realmente significava aquilo?"

Ele correu até a sala, procurando onde Kagome poderia ter deixado o tal remédio. Sentiu o vento gelado da madrugada encontrando a pele exposta de seu peito, e sentiu um medo irracional o tomar.

- InuYasha...?- ele ouviu os passos dela, indo de encontro a ele.

Ele olhou rapidamente na cozinha e voltou para a sala, andando a passos largos.

- Não consegui achar...mas eu posso fazer um chá de ervas se você quiser-

Ele finalmente a olhou. A garota se enrolara completamente na veste vermelha dele, da mesma forma que já fizera anteriormente. Ele não quis analisar aquela visão...não quis pensar em como ela ficava sensual daquele jeito...

Ela levantou a mão direita e mostrou para ele uma pequena cartela de algo que ele não conheceu.

- O remédio está aqui, InuYasha...- ela riu brevemente.

Ele sentiu o corpo relaxar.

- Ahn...certo...Vou pegar água para você...- ele se atrapalhou um pouco com os pés e foi até a cozinha.

Suas orelhas agitaram-se duas, três vezes quando viu que Kagome o seguia. Ele precisou conter um grito quando sentiu duas mãos ágeis o abraçando por trás, e rapidamente alcançando seu peito nu.

Ele segurou as mãos de Kagome, fechando os olhos para controlar a respiração. Era difícil alguém pegá-lo desprevenido.

- Pode deixar... tem uma garrafa aqui...daquelas que eu trouxe...- Kagome curvou-se levemente, pegou a garrafa plástica que InuYasha achava tão engraçada já que vinha da outra Era. Jogou o comprimido na boca e tomou um grande gole de água em cima.

- Como você consegue engolir isso?- ele a encarou, seriamente, sentindo seu medo se dissipar parcialmente.

Ela riu.

- Depois de um tempo, acostuma.

Kagome passeou as mãos pelo peito nu de InuYasha, colando mais o corpo ao dele. Ele não pôde mais encará-la, e precisou fechar os olhos para controlar a resposta de seu corpo.

- A sua dor...?

- Não é muito...não se preocupe...- ele sentiu a ponta do nariz de Kagome nas suas costas, e contraiu todo o seu corpo.- A sensação boa é quem está ganhando a briga...

- O..o quê?- InuYasha perguntou, incapaz de se conter.

Kagome o puxou lentamente para que se virasse para ele. Ele relutou no começo, mas logo a encarou.

Ela tinha o semblante diferente, havia um brilho em seus olhos incapaz de ser decifrado. Ele novamente foi tomado pela sensação boa do momento que acordara. Ela estava bem...não estava...?

Kagome respirou fundo e puxou o rosto de InuYasha ao encontro do seu. Ele fechou os olhos instintivamente, e aguardou o momento que seus lábios se encontrariam. Mas ao contrário do que ele pensou, Kagome descansou os lábios em seu pescoço.

Ela inspirou profundamente ali, uma das mãos pequenas da garota alcançando a nuca de InuYasha. Ele não pôde conter um pensamento idiota- como uma garota que vivia diversos anos após seu tempo, era capaz de causar nele aquelas sensações tão perfeitamente arquitetadas? Era quase como se ele tivesse sido desenhado para ela. Como se ela o decifrasse...

- É assim...- ela sussurrou, colando mais o corpo ao dele.-...que é sentir o cheiro de alguém?

Ele lembrou da conversa da noite anterior, quando ela falara que sentira de relance o cheiro dele. Lembrou de como aquilo havia o alterado, o excitado.

- Assim...- ele engoliu em seco.-...como?

Como ele, um hanyou de mais de 50 anos, podia se sentir tão vulnerável nas mãos daquela garota? Como ela era capaz de fazer aquilo com ele?

- Estou sentindo esse cheiro maravilhoso...desde que acordei...- ela raspou o nariz repetidas vezes no pescoço dele, alcançando seu queixo e depositando ali um breve beijo.- Será que vai ser assim agora? Vou conseguir farejar você onde quer que eu vá?

- O cheiro acaba se tornando menos...tentador com o tempo...- ele não conseguiu pensar em algo inteligente para falar.

- O meu cheiro é tentador para você?- ela questionou, em resposta.

Ele precisou controlar os tremores que tomaram seu corpo ao lembrar do que ele sentia quando era tomado pelo perfume dela.

- Sempre foi...- ele sentiu a voz sair com dificuldade, lembrando das vezes em que mentira para ela, quando mal se conheciam, de que ela tinha um cheiro ruim.

- Tenho um novo respeito pelo seu controle...- Kagome o abraçou delicadamente.- Eu simplesmente não consigo ignorar o seu cheiro...

Ele queria responder que também não conseguia ignorar o dela, mas Kagome parecia ter outros planos em mente. Ela prontamente puxou seu rosto e colou seus lábios.

InuYasha segurou a respiração, manteve os olhos abertos, em choque. Kagome estava tão diferente...tão segura.

Ela já agia um pouco daquele jeito quando estavam a sós, mas após a noite passada, havia algo muito diferente na personalidade dela.

Dessa vez ela o empurrou contra a primeira parede que suas costas encontraram. Ele gemeu em resposta quando a língua dela pediu passagem pelos seus lábios, as pequenas, porém ágeis mãos da garota perdendo-se em suas costas.

Ele se deixou ser beijado, tentando pensar no que tudo aquilo significava. Já sentia seu corpo reagindo, implorando para que ele cedesse às tentativas da garota.

Ela se afastou bruscamente, satisfeita com o resultado. InuYasha a encarou- adorava a maneira com que ela cabia perfeitamente naquela sua veste.

Kagome agarrou o cabelo na altura da nuca dele, ele fechou os olhos e rosnou em resposta. Ela conseguia o provocar de uma maneira incrível, de um modo que ele jamais imaginou que alguém poderia.

Ele sentiu algo deslizar de sua coxa até seu quadril, enquanto Kagome aproximava novamente seus rostos. Ele prontamente usou uma mão para alcançar o que ele descobriu ser a coxa de Kagome, que já estava ali, prendendo-o contra a parede.

Ele arranhou gentilmente a pele exposta, enquanto a língua de Kagome brincava em seus lábios. Ele tentou beijá-la, mas ela foi mais rápida.
Ele sentiu a própria cabeça bater contra a parede. Não houve dor, porém a surpresa foi tamanha que ele ficou paralisado durante breves milésimos, enquanto a perna de Kagome sinalizava que o queria mais e mais perto, e a garota colava o seu corpo o máximo que pôde ao dele. Ela o beijou de maneira entregue, sua língua buscando a de InuYasha incansavelmente.

Ela pedindo daquela maneira...praticamente implorando...fazia com que ele jogasse todo o cansaço da noite para o alto. Uma de suas mãos enlaçou as costas de Kagome e a outra puxou a garota pelas nádegas, erguendo-a do chão.

Seus corpos se chocaram, e novamente aquelas ondas de calor o tomaram. Não conseguiria sair jamais daquela casa, se Kagome continuasse sendo aquela tentação toda. Ele já sentia o cheiro dela mudar, e seu corpo pulsou em resposta.

Kagome parou de beijá-lo apenas para encará-lo um instante. Ela tinha um sorriso maroto nos lábios. Ele quase se esquecera de que ela também podia sentir seu cheiro agora. Seu cheiro. Ele sabia que também estava diferente naquele momento.

A garota pareceu se dar por vencida e praticamente pulou em cima dele quando seus lábios se buscaram novamente, suas mãos já se perdendo- as poucas roupas já sendo jogadas ao chão.

Ele sabia que estava brincando com o fogo, tentando acordá-la daquele jeito. Mas a luz do sol já estava atingindo o quarto, e ele sabia que Kagome sentiria raiva de si mesma se perdesse um dia de treinamento. Mesmo após todos os acontecimentos.

Ele descansou o peso do próprio corpo sobre o corpo de Kagome, deitada de bruços. Ela riu, ao acordar lentamente e se dar conta da situação em que estava.

Ele beijou seu pescoço e apoiou o peso nos braços, permitindo que ela se virasse. A mão de Kagome alcançou seu rosto.

- Eu preciso dormir...

Ele não podia questionar isso. Havia se enganado achando que haviam se descontrolado na primeira noite que haviam passado juntos. Após a noite anterior, ele jamais tentaria estabelecer um padrão de controle.

- Você fala isso como se fosse culpa minha...

- E de certa forma é...- ela riu.

Ele aproximou seus rostos e lhe tocou os lábios brevemente.

- Você nunca foi tão preguiçosa...- ele falou aquilo, usando um tom engraçado.

- Nunca havia ficado tão exausta antes...- ela riu.

Ele se afastou dela, procurando sua roupa. Sabia que ela falava aquilo puramente para implicar com ele, já que era óbvio que por mais cansaço que tivessem, não pensariam duas vezes para voltar ao que haviam feito a noite toda.

- Vamos...vista seu kimono... comece seu dia de treinamento..ou você irá estragar a surpresa que eu estou preparando...- ele falou, de costas para ela.

Ele ouviu o ruído das cobertas sendo afastadas rapidamente, enquanto o perfume de Kagome lançou-se para frente antes dela mesma. InuYasha sentiu suas narinas reagirem, enquanto um sorriso delineava-se em seus lábios.

- Surpresa?- Kagome já abraçara suas costas.

InuYasha se virou e agarrou as duas mãos dela, colocando-as entre as dele.

- Vamos...eu levo você até a aldeia.

- Mas InuYasha...- ela tentou fazer um semblante igual a de um cachorro pidão, mas ele não cairia mais naquele truque.

- Keh, Kagome- já com a calça de kimono vestido, ele saiu do quarto em busca da parte de cima, que havia se perdido em alguma parte da casa, no meio da euforia da madrugada.- Vamos...

Ele saiu do quarto, precisando conter um sorriso.

Estava planejando algo... precisaria da ajuda de algumas pessoas... mas sabia que era o mínimo que Kagome merecia.

Ela ainda reclamou um pouco, e ele sabia que aquilo era novo na personalidade dela. Kagome geralmente era uma pessoa decidida, mas ali enquanto estavam sozinhos naquela casa, ela mais parecia uma criança birrenta implorando por proteção.

Ele não pôde esconder um sorriso sincero enquanto corria com ela em suas costas. Kagome o abraçou ternamente, as duas mãos cruzando-se em frente ao peito de InuYasha, o rosto descansando próximo ao seu pescoço. Era a primeira vez que corriam daquele jeito. Ela sempre mantinha uma distância entre eles, mesmo que já soubessem o que sentiam um pelo outro.

Ele achou maravilhoso percorrer o caminho até a vila com ela nas suas costas daquele jeito. Mesmo um ato tão corriqueiro como aquele, tornava-se mais perfeito agora que...

Ele precisou se concentrar novamente no que estava fazendo. Não faria bem para sua concentração relembrar os momentos da noite passada. Poderia acabar caindo, juntamente com Kagome.

- Estarei na casa de Jinenji no final da tarde...- o sorriso dela finalmente parecia impresso em seu rosto.

InuYasha a largou gentilmente no chão, já sentindo que deveria tomar distância da garota. Pelo lado positivo, ele não estava com aquelas marcas de youkai no rosto e podia andar livremente sem medo de que alguém descobrisse o que andava fazendo...pelo lado negativo, uma parte no seu ser, mesmo que pequena, sentia-se culpado.

Ele queria afastar aquele pensamento...mas como? Kagome estava morando na sua casa...compartilhando momentos maravilhosos... mas ele sentia que ainda devia...e muito à garota.

Lembrou da cerimônia de união entre Sango e Miroku. Fora muito simples, com a presença apenas das pessoas mais próximas, no templo próximo à vila.

Por que ele não se encaixava naquela imagem?

- Eu busco você lá...- ele sentiu o impulso de cobrir os lábios dela com os seus, mas sabia que não era capaz. Havia uma parede intransponível ali- jamais poderia demonstrar tudo aquilo em público, ou poderia...?

Kagome, sentindo o constrangimento do hanyou, apertou levemente sua mão e fez um breve aceno com a cabeça.

- Até mais, então...- ela permaneceu olhando para ele, quando se afastou. Apenas virou o rosto para frente quando estava se aproximando da casa de Kaede. Ele observou, com uma contração involuntária no estômago, ela passar as mãos repetidas vezes em seus longos cabelos escuros, querendo que eles se ajeitassem no lugar.

Ele engoliu em seco. Era melhor mesmo que ela não prendesse o cabelo.

Novamente aquela culpa. Aquele receio de estar fazendo algo errado.

Ele correu em direção à casa de Miroku, tentando afastar aqueles pensamentos. Mas como poderia? Ele não se arrependia de nada... sabia quais eram os seus sentimentos e os de Kagome. Como poderiam ficar no mesmo aposento sem estarem juntos?

Ele fechou os olhos, sabendo que era culpa dele. Ela não era obrigada a ficar na sua casa. Ele se oferecera. Ele abrira a porta de sua vida inteiramente para ela, permitindo que ela conhecesse espaços de sua alma que humano nenhum jamais conhecera.

Mas continuava não sendo certo... não podia simplesmente deitar com ela, dia após dia, ter aquela vida de casal, permitir que todos na Vila soubessem que estavam morando juntos... principalmente após marcá-la. Ambos sabiam onde aquilo podia chegar. Sabiam as conseqüências de suas decisões.

E novamente, aquele infeliz coincidência acontecia...e a única pessoa que ele sabia que poderia lhe ajudar era Miroku. Odiou-se mentalmente ao se dar conta de como confiava naquele maldito monge.


- Tome essas aqui também...- Miroku estendeu a mão para InuYasha.

O hanyou agarrou as pequenas pedras e as juntou com todo o restante do material que haviam passado o dia procurando.

- Quantos exorcismos havíamos combinado mesmo?- Miroku endireitou as costas, tentando espreguiçar-se.- Como pagamento...?

- Três devem bastar, Miroku...- InuYasha virou de costas para ele, indignado.- Keh, não acredito que concordei com isso...

- Acho que podemos acabar formando uma ótima dupla, InuYasha. O que você acha de me acompanhar em todos os exorcismos daqui por diante...?

Ele olhou para o monge, atônito.

- O-o quê?- InuYasha pareceu achar sua voz.

- Ora, com mais um filho as coisas tem ficado realmente difíceis lá em casa... as despesas aumentaram muito...e provavelmente Sango não vai querer parar no terceiro...

- Sango...?- InuYasha olhou com descrença para o amigo.

- Sim...se você soubesse como ela..- o monge já curvava o rosto em um daqueles sorrisos marotos.

- Sei, sei...Miroku...- InuYasha juntou todo o material com as duas mãos.- Mas não entendo realmente no que eu posso lhe ajudar nesses exorcismos...

O monge parou de caminhar, abruptamente.

- Não entende...?

- Keh... eles são falsos mesmos! Pelo menos a maioria deles...

Ele achou que o monge iria retrucar, e dizer que os exorcismos eram coisa séria. Mas InuYasha sabia que apenas um, dentre os últimos dez, havia resultado em uma batalha de verdade contra um youkai. O restante servira apenas para engordar a dispensa da casa de Sango.

- Mas o fato de ter um hanyou como aliado...- ele olhou para InuYasha, como se desse a discussão por terminada.-... faz com que sejam mais reais. Você lembra do último que você me ajudou?

- Keh.- InuYasha lembrava-se perfeitamente bem. O único exorcismo que resultara em uma batalha, por assim dizer. Considerando que o youkai fora exterminado com apenas um golpe da tessaiga.

Miroku parou ao lado de InuYasha, enquanto o hanyou verificava novamente os materiais que haviam conseguido.

- Você combinou com Sango...?- InuYasha olhou sugestivamente para o amigo.

- Ah, sim...não se preocupe...ela já deve estar rondando Kaede-sama e Kagome-sama nesse instante...combinamos de que quando aparecermos, ela deve afastar Kagome-sama...

- Certo...- InuYasha engoliu em seco. Sabia que era preciso falar com Kaede sobre aquilo.- Você acha...que eu devo...fazer isso...hoje?- InuYasha

- Sendo um monge...minha resposta pode ter duas visões...- ele ergueu um dedo para o alto, como se buscasse concentração.- Por mais que eu ache que vocês dois devem acabar com o pecado que ronda aquela casa que vocês-

- Miroku- Inuyasha olhou ameaçadoramente para ele.

- Acho que você deve pedir essa opinião para Kaede-sama...- Miroku deu de ombros.

InuYasha abaixou o rosto pensativo. Era a hora. Precisaria dividir aquilo com a velha sacerdotisa.


Não imaginou que ficaria tão sem graça na presença de Kaede, ainda mais depois de todo aquele tempo. Ela mesma havia comentado com ele, tempos antes, que achava que ele se transformara em uma pessoa mais sensível. Porém, não pôde impedir seu rosto de corar quando assistiu Kaede lentamente analisar o material que ele e Miroku haviam procurado.

- Ainda bem que você tinha o monge para lhe ajudar...- o rosto enrugado da velha mirou InuYasha com surpresa.- Eu não imagino você fazendo isso sozinho, InuYasha.

- Keh- ele manteve os dois braços cruzados defensivamente, enquanto olhava rapidamente para o lado para ter certeza de que Kagome não estava próxima.- A idéia foi minha...Miroku apenas me ajudou...

- Claro- Kaede mexeu em uma caixa que trazia em mãos.- Mas você ainda vai precisar disso.

Ela estendeu algo para InuYasha, algo que ele não saberia explicar o que era. Pareciam muitíssimo com as pedras que haviam em seu colar.

- Você sabe o que deve fazer...- ela abaixou o rosto para ele, como se esperasse que ele tirasse qualquer dúvida que ainda tivesse.

- S-Sim- ele olhou para o material recém adquirido.

Kaede o observou durante longos minutos. InuYasha sentiu o rosto tremer, enquanto tentava se concentrar. Era isso então. Parecia tão simples...

Ele precisava se concentrar em todos os sentimentos que queria colocar naquele colar. Ele sabia que tinha concentração suficiente para aquilo. Só não sabia se estava preparado para entregá-lo à Kagome.

- InuYasha- a voz de Kaede o sobressaltou.- Aproveite a lua nova para entregar isso à ela.

InuYasha precisou de dois segundos para entender o que a velha estava sugerindo.

- Mas a lua nova...? Justamente quando eu...

- Exatamente...- Kaede fechou os olhos. Pareceu estar se concentrando imensamente.- Você já sabe como fazer o colar...e já sabe que quer realmente entregar para ela...e eu fico realmente feliz de ouvir isso, InuYasha...

O hanyou sentiu as bochechas corando novamente.

- Eu sugiro que você entregue à Kagome na lua nova por alguns motivos...os quais você não precisa concordar...mas para mim, fazem sentido vendo tudo que vocês viveram até então.

"Eu conheci você em duas épocas diferentes, InuYasha... eu vi o amadurecimento pelo qual você passou. Eu vi claramente a diferença que Kagome fez em sua vida... algo que nem Kikyou-one-sama havia conseguido... Eu vi você fazer amigos...e se importar realmente com eles...eu vi você criar sentimentos por essa garota que viajou no tempo apenas para te encontrar. Eu vi vocês brigarem por motivos estúpidos. E eu realmente me sinto lisonjeada de estar sendo a pessoa escolhida por você para lhe explicar como fazer esse colar, InuYasha..."

As bochechas dele queimaram, e era uma vergonha tão diferente de qualquer coisa que ele já havia sentido. Ele sentia uma proximidade estranha com aquela velha diante de si. Jamais achou que poderia realmente se instalar em uma aldeia cheia de humanos. Jamais pensou que seria um livro aberto para alguém.

"Esse colar significará para você e ela mais do que qualquer benção de um sacerdote. Exatamente por isso lhe sugiro que você entregue a ela, na sua forma humana. Na noite de lua nova. Kagome saber dessa sua noite de fraqueza é um sinal da confiança que você tem nela... é um sinal daquilo que vocês construíram durante todos esses anos. E você permanecer ao lado de pessoas que sabem desse seu segredo, significa o quanto você foi capaz de criar vínculos com o passar do tempo..."

InuYasha precisou olhar para baixo, sentindo-se nostálgico com tudo aquilo.

"Você muda na noite de lua nova...você vira humano...mas seus sentimentos permanecem os mesmos... nós nunca saberemos que parte sua, a humana ou a youkai, resolveu criar esse sentimento tão forte com Kagome...talvez, as duas igualmente..."

InuYasha pensou em tudo que ela falava. Sentiu-se terrivelmente exposto ao escutar tudo aquilo que ele tinha certeza. Sentiu-se também, mais completo do que nunca ao ver que aquelas coisas que ele sentia por Kagome, eram vistas por outras pessoas.

- Eu tenho certeza de que você a fará muito feliz, InuYasha...

Ele ergueu o rosto para a senhora sentada diante de si, sem se importar com a vergonha que o tomava.

- O-obrigado...- a palavra arranhou sua garganta. Ele viu o sorriso de Kaede contrair todo o seu rosto.

Ele não precisava falar mais nada. Aquele discurso por parte de Kaede tirara qualquer receio dele. Qualquer medo. Ele estava preparado para aquilo. Estava preparado para aquilo há muito tempo, apenas não se dera conta. Sua vida ao lado de Kagome não começara efetivamente no dia que a Shikon-no-tama desaparecera. Começara no dia que ela tirara aquela flecha de seu peito, e ele a xingara exaustivamente, a chamando de Kikyou.

- Boa sorte, InuYasha...


"A noite de lua nova... é amanhã..."

Ele sentiu uma contração gostosa na boca do estômago ao pensar naquilo. Parecia que algo estava acontecendo com o dia...o tempo parecia estar passando tão lentamente.

Ele tentou se distanciar de Kaede e Rin, quando as duas passaram por ele. Kaede pareceu lhe lançar um olhar curioso, mas ele manteve-se olhando para frente, apenas escutando, fingindo que não estava nervoso.

Elas se afastaram, e InuYasha manteve os dois braços cruzados sobre o peito. Seu irmão youkai estava na vila, atrás daquela menina. Era irônico como as coisas eram, não? Ele pensava naquilo ao mesmo tempo que lembrava do pacote que Sesshoumaru trouxera. Já estava se tornando rotina o youkai retornar à vila com presentes para a menina.

Ele caminhou para frente, sua visão sendo ofuscada por uma garota vestida em um kimono branco, a parte de baixo vermelha. Ela estava com a testa enrugada, e escutava atentamente o que Jinenji falava.

Ele não soube dizer quanto tempo ficou ali parado, apenas a olhando. Quando sentiu as pernas começarem a dar sinal de fraqueza, escutou a voz de Kaede.

- Vamos, Rin... Sesshoumaru está esperando...- a voz de Kaede foi se distanciando.

-S-sim...- a menina respondeu.

O hanyou observou com o canto do olho o sorriso sincero que se formou no rosto de Rin.

Ele sabia que Kagome logo perceberia sua presença. Ele caminhou para perto dela, tentando agir como se fizesse apenas alguns segundos que haviam se distanciado.

- Essa também é uma erva terapêutica...?- ele ouviu a voz de Kagome, dirigindo-se à Jinenji, que prontamente respondeu.

- Você está muito concentrada- InuYasha controlou a voz, para não parecer forçado.

Kagome o olhou, sorrindo levemente. Ela parecia saber que ele estivera ali, observando. Provavelmente achara seu comentário irônico.

- Sim, eu preciso me acostumar com esse mundo...

Parecia realmente que ela queria que ele tivesse certeza que ela se esforçaria o máximo para se tornar uma ótima sacerdotisa.

- C-claro...- ele desviou o olhar, discretamente.- E está fazendo um ótimo trabalho pelo jeito.

Ela sorriu e se levantou. Jinenji prontamente a ajudou com a cesta.

- Bom trabalho por hoje, Kagome-sama...- ele falou lentamente.

Kagome riu e curvou-se para ele.

- Obrigada por tudo, Jinenji-san...

Quando eles se afastaram caminhando por entre a horta, InuYasha não pôde conter a pergunta.

- Você voltará aqui amanhã?

- Não- Kagome negou com a cabeça.- Kaede veio buscar Rin e me transmitiu o recado de que eu deveria tirar o dia de folga amanhã...ela insistiu...mesmo eu achando muito cedo...eu mal comecei a estudar...

InuYasha controlou o arrepio que sentiu, ao se dar conta da idéia de Kaede sendo concretizada.

- B-bom...se ela acha melhor...- foi apenas o que ele decidiu responder.

- Eu pensei em visitar minha família...eles precisam saber que está tudo bem...

InuYasha se lembrou de Miroku falando que Kagome explicara a Sango, no dia de sua volta, que seus sentimentos provavelmente haviam lacrado e depois deslacrado o poço, então teoricamente ele deveria funcionar como antigamente.

- Hum... se você não se importa, sua surpresa ficará para amanhã também...- ele não sabia mais se devia mencionar a surpresa, achou que seria melhor que ela realmente não desconfiasse de nada. Kagome meramente abaixou a cabeça ao ouvir aquilo, e seu semblante ficou confuso, como se ela não esperasse realmente que InuYasha cumprisse sua promessa.

Após um longo minuto, a voz de Kagome surgiu, tímida.

- Sango me contou, enquanto vínhamos para a casa de Jinenji hoje, que Sesshoumaru tem visitado Rin com freqüência...na verdade...já tínhamos conversado...bem...sobre isso...

InuYasha observou a cesta que Kagome carregava, demorando seus olhos ali.

- Não se preocupe...ele parece diferente...- InuYasha murmurou.

-Eu esperava que Sesshoumaru a levasse com ele...

- Kaede disse que ele precisa praticar a convivência com os humanos. Então ela poderá escolher... quando a hora chegar...

Ele achou que Kagome iria responder algo, mas a visão deles foi ofuscada pela sombra do youkai sobrevoando o céu.

Kagome pareceu se divertir ao ver Sesshoumaru, e prontamente ergueu um braço. InuYasha sentiu o corpo congelar...ela não iria cumprimentá-lo...iria?

- Oni-san!- a voz da garota cortou o vento.

InuYasha não pôde olhar o rosto do meio-irmão. Ficou paralisado, querendo entender o porquê de tamanha naturalidade por parte de Kagome.

- Ora, ele pareceu muito irritado.- a voz de inocência de Kagome não o convenceu. Ela o olhou.- Espera, você também?

- Isso soou realmente estranho.- InuYasha tentou sorrir para ela, mas não conseguiu.

Felizmente, Sesshoumaru pareceu não se irritar com aquilo, e seguiu viagem. Ele, por outro lado, ficou perturbado ao perceber como Kagome estava realmente levando toda aquela história a sério. Ela parecia disposta a gastar cada segundo de sua vida ali...estudando para se tornar uma ótima sacerdotisa... vivendo o dia após dia com InuYasha...parecia realmente feliz em estar estabelecendo uma rotina.

- Preciso largar essas ervas na casa de Kaede...depois podemos ir para casa- ele novamente sentiu um gelo se instalar no estômago ao ver ela falar da casa deles. Ele não queria se sentir nervoso daquele jeito.

- C-claro...

Ele evitou o olhar de todos na vila. Queria que Kagome largasse o que quer que tivesse que largar na casa de Kaede e eles pudessem ir embora.

- Kagome!- a voz de Shippou o pegou desprevenido.

- Shippou-chan!- Kagome estendeu os braços à frente para que o pequeno youkai pudesse pular em seu colo.- Você estava ajudando Kaede?

- Sim... consegui um intervalo no meu penoso treinamento...

InuYasha soltou uma risada indignada.

- Penoso...?

- Kagome- Shippou já tinha lágrimas nos olhos.

- InuYasha...- a garota o olhou, com censura.- Shippou tem trabalhado muito duro...você sabe disso...

- Sei...

Shippou se lançou para o chão ao ver Kohaku passar, indo em direção ao outro lado da vila.

- Até mais, Kagome...- ele seguiu o garoto.

Kagome observou os dois se distanciarem, um sorriso nos lábios. InuYasha sentiu o coração doer ao pensar em como a garota deveria sofrer por estar vendo menos o pequeno youkai.

Quando ela se virou para InuYasha, estava séria.

- Por que você continua implicando com ele...?

- Keh...não estava implicando...- InuYasha virou-se de costas para ela.- Vamos?

Kagome pareceu achar aquele comportamento estranho, mas mesmo assim não o repreendeu. InuYasha precisou mandar todos aqueles pensamentos anteriores para longe.

- Vamos...

Eles correram novamente. Mas InuYasha não parou na pequena casa, pelo contrário- fez o caminho até aquele penhasco em que ele e Kagome haviam ficado longos minutos conversando aquele dia. O penhasco que presenciara o beijo de reencontro dos dois. O beijo da certeza de que tudo ficaria certo...

Ele foi até a ponta daquela vez...a largou ali, mas não saiu de seu lado. Tampouco segurou sua mão. Deixou que seus braços ficassem se tocando levemente, enquanto olhavam as cores que o sol do final de tarde fazia no céu. Ele tinha um sorriso sincero no rosto, e pôde observar pelo canto do olho que ela também tinha.

- Kagome...- ele observou o vento balançar os cabelos dela, de uma forma que a deixou mais encantadora do que de costume.- Posso ir com você amanhã?

A garota o olhou, parecendo surpresa.

- Claro que sim.- ela ficou olhando seu rosto durante alguns segundos.- Será que...

Ele se virou inteiramente para ela.

- Será que teremos algum problema...para atravessar o poço?

InuYasha franziu a sobrancelha para ela.

- Não sei...

Ele pareceu suspirar. Kagome acompanhou a paisagem com os olhos, querendo entender porque InuYasha ficara tão distante de repente.

O dia dela havia sido realmente cansativo, não que ela pudesse reclamar. Havia estudado o máximo que pudera, e agora ali, sentindo o final do dia pesar em suas costas, ela se dava conta de que talvez realmente precisasse do dia de folga que Kaede lhe dera. Olhou para InuYasha, aproximando a mão da dele com cautela.

- Está tudo bem com você...?- ela tentou suavizar a voz.

- Só estou...- ele pensou no que falar. Mas não podia mentir para ela, podia? Decidiu agir da maneira mais natural possível.-...me sentindo estranho com a proximidade do início do mês.

- Ah- Kagome deixou seu semblante relaxar, enquanto parecia finalmente entender o que estava acontecendo.- Faz tanto tempo que não vejo você em sua forma humana...

Ele olhou para ela, e sorriu. Aquilo seria um comentário triste se parassem para pensar que significava que haviam ficado anos separados, mas felizmente nenhum dos dois abandonou o bom humor.

InuYasha abraçou o corpo da garota gentilmente contra o seu, respirando pesadamente. Kagome aninhou-se em seus braços, parecendo disposta a ficar para sempre ali.


InuYasha não agüentava mais ficar naquela posição. Tamborilava os dedos nervosamente no chão da cabana de Kaede, enquanto observava Kagome conversar com Sango. Ambas riam, enquanto Sango embalava seu bebê recém nascido.

- Kagome- a voz dele parecia ansiosa.- Você não disse que iria visitar seus pais hoje...?

- Sim..apenas não especifiquei o horário.- a garota o mirou.

O hanyou bufou impacientemente. A noite anterior ele fora proibido por Kagome de atrapalhar seus estudos, e ambos haviam apenas ficado juntos quando ela terminara de olhar e re-olhar todas as ervas que queria, e após ler alguns mantras de exorcismo que Kaede lhe ensinara. Havia sido perfeito estar com ela, como de todas as outras vezes, mas InuYasha sentiu-se distante até o ponto de Kagome sentir que havia algo errado, virar-se para o lado e dormir.

O hanyou culpou-se mentalmente por aquilo. Ela parecia querer castigá-lo agora. Como se sentisse ofendida por ele estar menos romântico na noite anterior.

Na verdade, ele estaria muito mais disposto a estar com ela...mas apenas após lhe entregar o colar. Estava ansioso, receoso. Queria que o momento chegasse logo. Kaede havia lhe dito que esperasse estar em sua forma humana, mas ele já cogitava puxá-la para fora da casa da velha e lhe dar logo aquele colar.

Mas não. Ele não havia feito o colar com tanto cuidado para simplesmente lhe entregar. Kagome merecia mais que isso. Merecia saber o que realmente significava.

Kagome espiou InuYasha pelo canto do olho. Será que todo aquele mau humor passaria quando a lua nova fosse embora? Naquela noite ele estaria mudado, e ao mesmo tempo que sentia uma ansiedade boba se formar, ao pensar que o veria daquele jeito novamente, ela sentia-se idiota. Ele estava a tratando diferente. Estava distante, ansioso.

Ela pretendia esperar o máximo que pudesse para levar InuYasha para o outro lado do poço. Se suas desconfianças estavam certas, eles atravessariam sem problemas. Sua família veria a face de InuYasha humano, e ela poderia passear pela cidade com ele tranquilamente. Ela suspirou ao pensar que anteriormente, as horas da noite em que InuYasha estava em sua forma humana pareciam se arrastar, e perante a vontade de ter uma vida normal ao lado dele, pareciam muito curtas. Suas amigas do colégio, que conheciam Kagome desde a infância, jamais puderem conhecer verdadeiramente InuYasha. Era estranho pensar que ao mesmo tempo que estava tão perto de ir para casa, seus mundos parecessem tão distantes.

Mas ela afastou aquele pensamento enquanto falava com Sango. Ela decidira morar ali com InuYasha. Ela decidira se tornar uma miko e passar todos os dias ao seu lado. Não tinha o direito de reclamar.

Espiou o hanyou novamente com o canto do olho. Sentiu seu coração derreter ao observar ele jogado daquele jeito, seu rosto contorcendo-se de impaciência. Sabia que alguma coisa devia estar se passando na cabeça dele, só não sabia o que.

Na noite anterior, sentiu que ele estava mudado, mas preferiu não pensar que tinha algo relacionado com ela. Sango pareceu entender algo na expressão de Kagome, e sussurrou para a amiga.

- Kagome-chan...- elas trocaram um olhar de mútua compreensão.

Kagome teve certeza que InuYasha escutara Sango. Ou talvez não...ele parecia meio alheio a elas duas agora, suas orelhas quietas. Será que ele já estava perdendo seus poderes?

- Vamos... InuYasha?- ela falou baixinho, enquanto Sango levantava-se com o filho no colo.

- Keh.- InuYasha levantou-se prontamente.- Finalmente...

- Você...não precisa ir...se não quiser...

InuYasha observou Kagome por um momento, tentando suavizar a expressão.

- Vamos...- ele falou baixinho. Kagome caminhou até o encontro dele, e juntos saíram porta afora.

Apenas quando estavam parados diante do poço foi que Kagome considerou realmente a possibilidade deles não conseguirem ir. Talvez ela conseguisse, mas InuYasha?

Sentiu um calor repentino lhe tocar a mão, e subir por todo o seu braço. InuYasha entrelaçou seus dedos

- Desculpe- ele falou, de um modo enrolado.- Não queria ficar tão ansioso...

- Tudo bem- Kagome apertou sua mão.- Não se preocupe...você estará seguro lá em casa... mesmo sem seus poderes...

InuYasha engoliu em seco, pensando em quanto tempo Kagome planejara ficar lá.

Ele a seguiu quando ela passou a primeira perna por cima do poço. Ele teve dúvidas que conseguiriam ir, mas apertou fortemente a mão de Kagome assim que pularam.

Ele manteve os olhos fechados alguns instantes após atingir o chão. Kagome abraçou-se a ele, e soltou uma exclamação de surpresa.

- InuYasha...olhe!- ele obedeceu.

Estava enxergando a face do poço que dava para a casa de Kagome, e não para a floresta que acabavam de abandonar.

- Deu certo...- ele tentou disfarçar a voz de surpresa.

Kagome o puxou pela mão e subiram correndo as pequenas escadas assim que as alcançaram. InuYasha tentou se desvencilhar, não pretendia aparecer simplesmente de mãos dadas com Kagome diante de toda sua família.

- O que foi?- Kagome se virou para ele, quando arrastou a porta para a rua.

- Você...não acha desrespeitoso chegarmos...assim?- ele questionou, a voz baixa.

- Assim como?

Ela tentou entender o argumento dele, mas nada que ela visse ali poderia constranger sua família. Porém ela ficou parada, escutando. InuYasha era de um tempo diferente...possuía crenças e cultura diferentes. Ela deveria respeitar.

InuYasha mostrou suas mãos entrelaçadas e as soltou.

- Ahn...certo...- Kagome abaixou a cabeça.- Não acho que seja desrespeitoso...mas...

- E-eu só...não quero causar problemas...- ele tentou argumentar.

Kagome afirmou com a cabeça que entendia e começou a caminhar em direção à sua casa. Ela analisou as janelas, abertas recebendo a luz do sol. Não imaginou que voltaria tão rápido, ainda mais com o hanyou ao seu lado.

- Kagome- a voz de InuYasha era cautelosa.- a sua família...

- O que tem eles?- ela apenas o olhou de relance, quase alcançavam a porta.

- Eles sabem que você e eu-

- Ne-chan!- uma voz muito alta rompeu porta afora antes que InuYasha pudesse colocar em palavras o que ele estivera planejando. Souta abraçou a irmã prontamente, deixando-a sem ar. Kagome sorriu, e virou-se levemente para InuYasha.

A sua resposta para a pergunta dele que não fora terminada era sim. Sua família certamente saberia àquela altura que eles estavam juntos. Sabiam desde antes daquilo acontecer, que Kagome nutria um sentimento especial pelo hanyou.

- Bem-vinda!- Souta gritou, ainda abraçado à irmã.- Você foi sem se despedir e-

- Souta- Kagome falou, calmamente.- Você viu quem veio comigo?

Souta soltou-se do abraço de Kagome e mirou o recém-chegado. O sorriso que se seguiu foi tão espontâneo quando o primeiro.

- Inu-no-ni-chan!- ele gritou. Kagome riu. Quando ele agia daquele jeito, parecia realmente que voltara a ter a idade de quando conhecera InuYasha.

- Oi- InuYasha falou, sem graça.- Como tem passado, moleque?

Souta dirigiu-se prontamente a ele, realizando uma reverência estranha. Kagome não pôde evitar uma risada ao ver a expressão de surpresa de InuYasha.

- Seja bem-vindo... como estão as coisas lá?- Souta perguntou prontamente.

- Estão-

- Kagome!- a voz da mãe de Kagome alcançou seus ouvidos. InuYasha sentiu algo arder em sua pele, sem saber explicar porquê.

A mulher abraçou a filha fortemente, ambas com lágrimas nos olhos.

- Bem-vinda de volta...- a Sra. Hugarashi afastou-se alguns centímetros da filha.- Não esperávamos que voltasse tão cedo...

- Tive um intervalo em meus estudos...então InuYasha e eu decidimos...

- InuYasha?- a voz da mãe de Kagome o pegou de surpresa.

InuYasha já estava ficando tonto com toda aquela bagunça. Eram muitas vozes, muitos abraços, muitas perguntas. A cena se completou quando o avô de Kagome chegou. Todos rodearam Kagome querendo que ela contasse como havia sido sua volta, o que estava estudando e como estavam todos.

Quando reparou, InuYasha estava dentro da casa da garota. Fazia muito tempo que não visitava aquela casa, e não pôde conter um sorriso. Tinha boas lembranças daquele lugar...

Lembrou-se da vez que observara Kagome dormindo...sussurrando seu nome...até o despertador dela tocar e ele precisar fugir correndo dali, quebrando o objeto. Lembrava-se de vir buscá-la após alguma briga idiota, ou após alguma crise de ciúmes- com razão- da garota. Lembrou-se do momento em que viera atrapalhar seus estudos, enquanto simplesmente não conseguia parar de pensar nela. Lembrou-se da coragem que encheu seu peito naquele dia, da distância absurda entre eles que ele fez questão de desfazer... do momento em que ele tentara beijá-la...sendo arruinado por Souta chegando em casa.

Ele relembrou tudo aquilo enquanto a mãe de Kagome servia chá e perguntava tudo o que podia sobre os últimos dias de Kagome. A garota pareceu meio envergonhada, mas respondia quando perguntada.

Ele se encolheu no sofá, ao lado de Buyo. Brincou com suas patinhas, tentando disfarçar o medo que tinha da mãe de Kagome perguntar onde Kagome estava morando. Ela poderia mentir se questionada...não poderia?

Ele pensou no colar que fizera para a garota, corretamente escondido em seu kimono naquele momento. Será que em alguma hora do dia ele teria tempo para entregar para ela? Será que seu plano daria certo?

- Eu pensei que você convidaria todos para o casamento, ne-chan!- a voz de Souta fez InuYasha virar o pescoço tão rápido em direção a onde eles estavam que sentiu algo estralar.

- C-casamento?- Kagome pareceu sinceramente surpresa.

- Sim! Com o Inu-

- Ora, ora Souta!- a mãe de Kagome cobriu a boca de Souta com a mão, abanando a outra livre para Kagome, como que sinalizando para que ela ignorasse o irmão.- Por que você não vai até a cozinha e pega aqueles biscoitos que compramos ontem?

- Tá- ele franziu a sobrancelha e saiu correndo.

InuYasha viu a mãe de Kagome corar, e registrou mentalmente que aquela era a provável primeira vez que via aquilo acontecendo.

- Mamãe...do que o Souta está falando?- Kagome cruzou os braços, defensivamente.

- Me desculpe querida...precisávamos dizer alguma coisa! Ele não entendia o porquê de toda a pressa para você voltar para lá...ele...ele disse que tinha certeza de que InuYasha estaria lhe esperando...mas...

- Mas...?- ela questionou, ficando vermelha.

- Seu avô...- a mulher olhou para o velho senhor, recostado na cadeira.

- A idéia foi minha, Kagome- o avó levantou o indicador.- Foi a melhor maneira de explicar sua ausência para todas as pessoas, inclusive suas colegas...

- M-mas...C-casamento?- Kagome sentiu um arrepio na espinha.

- Explicamos para Souta que era por isso que talvez você demorasse a voltar...

- Ele já é um mocinho- Kagome levou as duas mãos para as laterais de seu rosto, sentindo-se corar.- Ele entenderia...

- Mas e os outros? Bom...seu avô já havia gastado toda a sua cota de idéias de doenças...para explicar seu sumiço...- a mãe de Kagome sorriu para ela.

- Vovô...- Kagome fez sinal negativo com a cabeça.

Todos riram. InuYasha tentou se desvencilhar da conversa. Mas seu nome sendo pronunciado pela mãe de Kagome e a palavra casamento flutuaram para ele incontáveis vezes, sendo absorvidas pela sua mente sempre alerta.

Ele engoliu em seco. O que Kagome pensava de tudo aquilo?

As horas voaram, e ele se viu novamente naquele templo...perto daquela mesma árvore...ajudando o avô de Kagome com as tarefas.

- Você não precisa fazer isso, InuYasha...pode ir para dentro...- o senhor recolheu as últimas folhas, e endireitou a coluna.- Eu mesmo já estou parando por hoje...

InuYasha observou a claridade estranha que tomava conta do lugar. O sol se pondo...

Droga, como gastara um dia inteiro naquele lugar?

Kagome parecia muito alegre ajudando sua mãe na casa, ouvindo Souta narrar todas as novas matérias que aprendera na escola e organizando algumas outras coisas que gostaria de levar para o outro lado do poço. Ele apenas não pensara que aquele momento nostálgico da garota durasse um dia inteiro.

Ah, não...

Ele sentiu...estava mudando...afastou-se do avô de Kagome o mais rápido que pôde, entrando na casa. Encontrou Souta com Buyo, o garoto o olhou com o olhar inquisitivo.

- Tudo bem, Inu-no-ni-chan?

O garoto pareceu se preocupar ao ver a expressão no rosto de InuYasha. O hanyou não conseguiu responder. Curvou-se lentamente para frente, escondendo o rosto. Seus olhos já deveriam estar mudando naquele momento...

- Onde está sua irmã...?- ele tentou questionar rapidamente, antes que tudo acontecesse.

- Deve estar lá em cima...

Ele não esperou que Souta falasse mais alguma coisa. Felizmente, conhecia muito bem o caminho daquela casa, e prontamente chegou ao segundo andar. Sentiu suas pernas cansarem de um jeito estranho e repentinamente, não conseguiu mais seguir o cheiro de Kagome. Agarrou o próprio cabelo, tentando manter-se calmo com tudo aquilo. Estaria tudo bem para a família de Kagome vê-lo mudando daquele jeito? Ele certamente era menos assustador em sua forma humana... porém, não tinha certeza se todos conseguiriam assimilar a mudança.

- Kagome?- ele tentou chamar por ela.

- Aqui!- a voz da garota foi abafada, mas ele a seguiu prontamente. Pelo menos isso conseguia fazer.

Tentou se esconder até alcançar a porta do quarto dela. Abriu-a prontamente, encontrando Kagome de costas para ele, debruçada sobre uma caixa cheia de coisas que ele não conseguiu identificar.

- Desculpe, InuYasha...não queria chatear você com toda essa arrumação...já estou terminado...- ela levantou-se e alongou as costas por um breve momento.

Quando se virou para ele, não conteve uma exclamação de surpresa.

Eles ficaram longos segundos se encarando, InuYasha com a cara amarrada. Kagome sorriu, incerta.

- Pelo jeito você ainda odeia estar na sua forma humana...não é?

- Keh- ele cruzou os braços e fechou a porta atrás de si, procurando algum espaço no chão do quarto de Kagome para sentar.

- Eu nem percebi que já anoiteceu...- ela olhou pela janela.- Desculpe mesmo, InuYasha... não achei que perderíamos o dia inteiro...

- Tudo bem...- ele manteve os olhos fechados. Cruzou suas pernas em frente ao seu corpo e manteve-se sentado ali, recostando brevemente as costas na cama da garota.

Antes de vê-lo daquela forma, Kagome sentira-se realmente desanimada. Parecia que as faíscas que haviam se formado entre eles em todas as noites que haviam estado juntos estavam aos poucos se apagando, ou pelo menos era a impressão que InuYasha queria deixar. Ele parecia tão distante...e tão desinteressado em todos os assuntos de sua família ao longo do dia.

Se estivessem dois dias atrás no tempo, ela já estaria formando uma curiosidade dentro de si que a corroeria- como seria beijar...ficar com InuYasha enquanto na sua forma humana?

Ela corou ao pensar aquilo e se sentou lentamente ao lado dele. Aquele não era um tipo de pensamento correto. Ela não era daquele jeito.

Porém, nos últimos dias, ela realmente se sentira disposta a ficar trancada na casa de InuYasha com ele, sem sair para pegar nem um fio de ar.

Ela o encarou demoradamente. Demorou seus olhos nos cabelos escuros dele, nas sobrancelhas bem delineadas... perdeu-se dentro de seus olhos, tão diferentes do dourado habitual...

Continuou sua observação, checando a ponta de seus dedos, agora sem garras. Lembrou-se da maneira como a personalidade de InuYasha podia mudar quando ele estava daquele jeito.

O hanyou pareceu perceber que estava sendo observado. Abriu um de seus olhos e mirou Kagome, curioso.

- Desculpe- ela abaixou os olhos. Estava se desculpando demais naquele dia.

Ela recostou o corpo contra o dele, sentindo ele contrair a musculatura ao fazer aquilo. Ela lembrou de outros momentos que haviam compartilhado, naquele mesmo quarto, quando ainda não tinha certeza do que InuYasha sentia por ela.

- Eu é que lhe devo desculpas...- InuYasha falou baixinho.- A insegurança que me domina nas noites de lua nova...não deve ser descontada em você...Kagome...

Ela riu, e encostou-se mais perto dele. InuYasha suspirou e com um movimento delicado demais para alguém como ele, alcançou a mão da garota.

- Fazia tanto tempo que eu não via você assim...- ela sussurrou. Deliciou-se com a visão do rosto do hanyou corando.- Sabe... a primeira vez que eu vi você assim... aquela noite...fugindo do youkai aranha...

InuYasha ficou anormalmente parado, tentando evitar os olhos dela.

Ela parou de falar abruptamente, parecendo incrivelmente sem graça.

- Ahn... bom...não era nada de mais mesmo...- ela corou e olhou para baixo.

- O quê?- InuYasha finalmente sustentou o olhar dela.- O que você ia dizer...?

Kagome ficou muito corada, e descansou a cabeça no ombro dele, para não precisar olhá-lo.

- Eu logo tentei afastar aquele pensamento...por que descobri que você odiava sua forma humana...mas a única coisa que eu conseguia pensar era...

InuYasha sentiu seu coração martelando fortemente contra seu peito. Sentiu que respirava rapidamente. Era sempre delicioso escutar as revelações de Kagome sobre momentos em que ele ainda não conseguia desvendá-la muito bem...

- Era que...você conseguia ser mais encantador ainda...quando estava desse jeito.

Ele sentiu seu coração dar um solavanco, sua boca ficou seca instantaneamente e ele sentiu um calor estranho subir pelo seu corpo.

- Você sempre mexeu comigo...- era estranho ver Kagome falar daquele jeito, revelando coisas que ela pensava desde sempre.- E ver você como humano...apenas me deu a certeza do quanto você me encantava...

Ele tentou controlar a respiração, relembrando das palavras de Kaede sobre dar o colar a Kagome naquela noite.

-...e ainda me encanta...e eu não falo isso do modo...apenas...físico...você sabe disso- ela arriscou olhar para ele.

Ela ficava mais linda ainda quando estava corada, parecia que seus olhos ficam mais úmidos e seus lábios mais convidativos.

- Kagome...- ele tentou achar sua voz.

-Eu sei que para você é apenas uma noite de fraqueza, mas...

Ele não precisou segurar o rosto dela, nem puxá-la para perto. Estavam tão próximos que bastou ele mover-se apenas alguns milímetros e seus lábios já estavam colados. Era a primeira vez que ele permitia que aquela sua forma humana sentisse tudo aquilo que ele sentia na sua forma verdadeira.

Kagome ficou parada, surpresa. Fechou seus olhos e posicionou uma mão no rosto de InuYasha. Ele não arriscou aprofundar aquele beijo- haviam chegado em um grau de confiança e intimidade que não era preciso pressa.

Ele tentou aprender como era fazer aquilo na sua forma humana. Sem faro, sem audição privilegiada... nunca havia dado o devido valor, por exemplo, como podia ouvir a aceleração do coração de Kagome quando seus lábios se encontravam. Naquele momento, ele não podia escutar, mas tinha certeza de que estava batendo forte.

A garota se distanciou dele, encarando-o nos olhos. Ela estava falando a verdade? Ele era...atraente para ela...na sua forma humana?

Ele não teve dúvida quando viu a expressão no rosto de Kagome. Uma luz se formou dentro dele e uma onda de compreensão o tomou. Aquela face de InuYasha era algo que pertencia somente à ela. Ele prometera virar humano para ficar ao lado de Kikyou, mas nada acontecera. E Kagome fora a primeira pessoa a estar tanto tempo ao seu lado conhecendo seu segredo, suas fraquezas.

Kagome aproximou seus rostos novamente, e ele se permitiu ser beijado. A língua da garota pediu passagem, ansiosamente como ela sempre fazia. Ele gostava quando ela ficava alterada daquele jeito, fazia sua imaginação voar imaginando quantas vezes Kagome o desejara em silêncio.

Ele permitiu que ela o beijasse, segurando sua nuca delicadamente. Não esperava grande coisa daquele beijo... não estava com seus poderes...não podia ouvir seu coração acelerado... não sentia seu cheiro mudando... o que poderia haver de bom em ser humano?

Quando Kagome alcançou sua língua e começou a realizar aqueles movimentos que sempre o tiravam do sério, ele sentiu sua cabeça girar. O que era aquilo? O que estava acontecendo? Perdendo o seu faro, ele conseqüentemente não deveria perder grande parte de seu paladar?

Mas o gosto dela estava ali, tão marcante como sempre fora. E havia as texturas para serem observadas naquele momento... estavam realçadas de alguma maneira, ou apenas ele que não percebera anteriormente.

Ele não tinha seu olfato para ajudar naquele momento, mas percebeu como o beijo de Kagome estava mudando.

Ela afastou seus lábios brevemente buscando ar. O hálito dela bateu em seu rosto, e sua mente girou novamente. Todos aqueles estímulos eram tão diferentes...e fortes demais para um humano. Mas o mesmo tempo, ele sabia que não tinham nada a ver com o fato de ter marcado ela. Sabia que estava acontecendo, pois ele perdera alguns de seus sentidos, e precisava amplificar os outros.

Ele prestou atenção dobrada quando Kagome aproximou seus rostos novamente. A maciez dos lábios dela nos seus provocou sua sanidade, ela brincou com a língua ali, mais violentamente do que jamais fizera, talvez dessa vez não se preocupando com suas presas que haviam sumido. Ele abriu a boca, obedientemente. Kagome novamente o beijou daquele jeito. Ele tentou registrar mentalmente a umidade do beijo dela... o modo como pareciam se perder um no outro apenas com aquele toque de boca e línguas.

Ele ouviu um gemido baixinho dela quando ele arriscou apertá-la mais contra si. Era tudo tão sutil, que ele precisava gastar cada gota de concentração para reparar em tudo. E ao mesmo tempo havia tanta coisa nova.

Kagome se afastou, segurando o rosto de InuYasha. Ela demorou ali, apenas o encarando. Inuyasha respirava pesadamente, tentando entender como era para um humano ser beijado.

Ou será que ele estava imaginando coisas?

- K-Kagome- ele tentou conquistar a atenção dela.

A garota parecia estar pensando algo parecido. Olhou para os lábios do hanyou durante longos segundos, e finalmente sua voz saiu em um sussurro.

- Sabe...você estando nessa forma...dificilmente me machucará acidentalmente...- ele odiou a reviravolta em seu estômago quando ela dissera aquilo.

Era verdade. Pela primeira vez ele não precisaria se preocupar com suas garras, ou presas. Ele tinha certeza de que Kagome não sofrera nenhum dano grave em suas mãos, talvez apenas com a exceção da marca em sua nuca.

Mas...como seria se ele...?

Ele aproximou seus rostos tão rapidamente, que Kagome precisou reprimir um grito de surpresa. Era quase como se ambos quisessem comprovar uma teoria...

A garota abraçou o pescoço de InuYasha, tentando não exercer muita força para não machucá-lo. Ele já estava com seus dedos perdidos nos cabelos de Kagome. Ele apertou a nuca dela e massageou o couro cabeludo repetidas vezes, ouvindo murmúrios de aprovação por parte de Kagome.

Ele descolou suas testas apenas para unir seus lábios, em um beijo interminável. Kagome pareceu sair de si ao perceber o que ele estava planejando e ajoelhou-se prontamente, puxando o corpo do hanyou para si.

InuYasha imitou o gesto dela, enquanto explorava cada canto da boca dela, sentindo cada gosto. Seus lábios pareciam um só, não havia barreira nenhuma que os impedisse.

Eles não permaneceram muito tempo ajoelhados, Inuyasha já empurrara o corpo dela levemente para trás, uma de suas mãos funcionando como apoio. Kagome moveu o quadril de encontro ao dele, enquanto puxava os cabelos, agora escuros do hanyou.

Ele se assustou com o gemido que saiu de sua própria boca. Sentira dor...porém, era uma dor...ele não saberia como classificá-la corretamente... mas ele achava que a palavra que se encaixava perfeitamente era: provocante.

Kagome pareceu gostar do resultado, e entrelaçou mais ainda os dedos nos cabelos dele. Sem medo de que suas garras pudessem machucá-la, InuYasha apalpou as laterais de seu corpo, ouvindo gemidos em resposta.

Kagome já achara um jeito de enlaçar uma perna ao redor dele, forçando o corpo cada vez mais de encontro ao de InuYasha. Ele se surpreendia ao ouvir sua voz, se perdendo em gemidos, dentro da boca de Kagome.

Ele sentiu aquela excitação incontrolável o tomar... já estava a sentindo desde o começo...mas estava começando a ficar dolorosa. Kagome parecia achar aquilo maravilhoso, e quanto mais o sentia, comprimindo sua coxa, mais tentava forçar o atrito entre os dois corpos.

O que ele estava fazendo? Todos aqueles estímulos novos eram diferentes...mas eles estavam no quarto dela! E apenas um andar abaixo, estava toda a família dela!

Porém, naquele instante, Kagome separara seus lábios, puxando os cabelos dele para trás. Ele novamente sentiu aquela pontada gostosa de dor, e não conteve vários gemidos.

Kagome sorriu, sentindo-se completamente diferente enquanto via aquele InuYasha entregue... vulnerável. Ela não pensou que teria aquela reação toda por parte do corpo dela. Mas não podia negar que era maravilhoso.

Ela alcançou o pescoço do hanyou, mantendo os longos cabelos dele seguros em suas mãos.

-K-Kagome- a voz em forma de sussurro de InuYasha não a forçou a parar.

Ele sempre ficava alterado quando ela fazia aquilo, e ela precisava saber o que aconteceria enquanto ele estava naquela forma.

Ela beijou demoradamente o pescoço dele, observando, extasiada, toda a pele dele se arrepiar. Arranhou levemente com os dentes a pele exposta, e ouviu mais gemidos contidos escaparem da boca de InuYasha.

- Kagome- ele segurou seu punho, mas já era tarde demais. Kagome mordeu forte e chupou sua pele em seguida, praticamente montando em cima do hanyou, forçando todo o seu corpo para cima dele.

O baque foi surdo quando o corpo de InuYasha caiu para trás. Ela sabia que ele teria gritado mais alto se pudesse, mas ele tentou disfarçar, contendo sua voz. Ela voltou aos seus lábios e os beijou, mais delicadamente dessa vez.

InuYasha respirava pesadamente, e ela sentiu surpresa uma das mãos do hanyou alcançarem suas nádegas, puxando-a para baixo.

Ela desceu o quadril em resposta, encontrando a excitação de InuYasha. Ele gemeu juntamente com ela. As partes que se tocavam pareciam queimar e implorar para que aquelas roupas fossem tiradas do caminho.

InuYasha empurrou o corpo com a maior força que pôde, já abraçando as costas de Kagome. Seus lábios já estavam novamente deslizando naquela dança sem fim.

Ele sentiu-se tão perfeito naquele momento. Seu pescoço ainda ardia onde Kagome havia mordido. Sentira algo tão perfeito no momento em que os dentes dela haviam tentado perfurar sua pele. Era uma dor boa...um calor irresistível...

Kagome deslizou a mão pelo corpo de InuYasha, parecendo achar o kimono dele um incômodo. Ela finalmente alcançou a parte de InuYasha que implorava ser tocada. Ele achou que seu coração poderia parar- ele batia tão forte. Ela teve tempo de apenas ensaiar o movimento que pretendia quando uma voz muito alta fez com que ela tirasse a mão rapidamente, como se tivesse levado um choque.

- Kagome!

A voz era da mãe dela. InuYasha pulou, assustado. Kagome já estava posicionando-se em pé, uma das mãos no coração, a outra ajeitando a roupa, depois os cabelos.

- S-Sim, mamãe!- ela gritou em resposta.

- O jantar está na mesa!

- Já vou!- ela respondeu, automaticamente.

Ela olhou Inuyasha, antes que qualquer coisa mudasse. O hanyou estava respirando em arquejos, praticamente esparramado no chão do seu quarto. O kimono incrivelmente bagunçado, combinando com os cabelos. Ele a olhou de uma maneira estranha, suas pupilas incrivelmente dilatas.

Kagome sentiu uma contração gostosa no pé da barriga ao ver o olhar de desejo do hanyou, subindo pelas suas coxas, demorando-se nos seus seios.

- E-eu simplesmente esqueci onde estávamos- ela sussurrou, aproximando-se dele.

- Eu também- mentiu. Ele estava incrivelmente sem fôlego.

Ela queria poder explicar para ele o quanto aquilo o tornava mais sensual.

- Inu...Yasha...- Kagome pousou as mãos no rosto dele, sentindo um pânico estranho.

Ali, perto dos lábios haviam várias marcas vermelhas, provavelmente feitas pelos seus lábios sem controle.

- O..o que foi?- ele pareceu dissolver aquele olhar do momento anterior.

Ele nunca ficava marcado, nem se machucava. Kagome sentiu-se imensamente envergonhada ao observar aquilo. Quando InuYasha fez menção de se levantar, e seus cabelos escuros balançaram gentilmente, ela precisou reprimir um grito.

- S-seu pescoço...

Ali, exatamente onde ela o mordera, ficara uma marca horrenda, que aos poucos tomava uma coloração roxa. Kagome levou as mãos à boca, levantando-se juntamente com InuYasha.

Guiou ele até o espelho mais próximo, e o hanyou pareceu tão surpreso quanto ela.

- E-eu estou...todo...

- Desculpe- ela falou assustada.

InuYasha tocou levemente a marca roxa que Kagome deixara, um de seus olhos fechando-se com a dor.

- Ai!

Kagome aproximou-se dele, cautelosa. Estava dividida entre o pânico da situação e a vontade de rir.

- Bom...isso irá sumir...quando o sol nascer...- Kagome engoliu em seco.- Não é?

InuYasha mirou a porta do quarto de Kagome, curioso. Uma de suas sobrancelhas levantou-se tanto ao ponto de ser perder em seus cabelos. Kagome quase não foi capaz de conter um suspiro, ao observar com calma aquele rosto que a fazia querer abandonar de vez o seu mundo.

- Ainda faltam muitas horas para o sol nascer- a voz dele foi baixa e retumbou no peito dela. Ela sentiu um tremor involuntário lhe sacudir dos pés a cabeça.- E eu não pretendo gastá-las jantando com a sua família...

Ela ia abrir a boca para repreendê-lo, achando que ele estava querendo voltar à sua personalidade grosseira. Porém, no instante seguinte ela se sentira sendo puxada para perto do hanyou, uma das mãos de InuYasha em seu punho, forçando-o levemente para o alto para que ela não o impedisse. Ele empurrou o corpo da garota contra a escrivaninha- Kagome sentiu quando alguns dos objetos que estavam ali caíram no chão. Mas ela obedeceu, e ficou muito quieta enquanto sentia a pressão do corpo de InuYasha contra o seu.

O nariz do hanyou alcançou seu pescoço, e ali ele depositou vários beijos molhados. Kagome sentiu aquela costumeira contração gostosa em sua barriga, que lhe dava certeza de que não resistira a mais nada. Ela sentiu os dentes de InuYasha ali, mordicando de leve a sua pele. Ela não saberia dizer se preferia suas presas ou seus dentes na forma humana- ambos haviam conseguido a alterar de um jeito maravilhoso.

- Inu...Yasha...- ela conseguiu sussurrar, levando uma mão à nuca dele.

Em resposta, ele gemeu próximo ao ouvido dela, enquanto empurrava sua excitação contra ela. Kagome sentiu suas pernas fraquejarem e as abriu sem pensar duas vezes, empurrando seu próprio corpo para trás. O peso do corpo de InuYasha fez com que ela subisse na escrivaninha, e conseqüentemente derrubasse os poucos materiais escolares que ali estavam.

- Se sua família não estivesse lá embaixo...- ele falava, enquanto sua mão, anormalmente delicada, brincava na coxa da garota. Ela sentiu ele tremer, enquanto arriscou um movimento em direção ao meio das pernas de Kagome.- Você não escaparia tão facilmente desse quarto...

Ela jogou a cabeça para trás, enquanto a boca de InuYasha obedecia prontamente ao sinal dela, e já voltava ao seu pescoço.

- O-o que você está fazendo, InuYasha?- ela tentou segurar o antebraço do hanyou, que já tentava buscar seus lábios.

- O que eu estou fazendo?- ele debochou, e mordeu o lábio inferior dela, parecendo adorar fazer aquilo.- Gastando algum tempo para não aparecer na frente de toda a sua família assim...

Kagome sorriu e afastou o rosto dele alguns centímetros.

- Isso não está ajudando...- ela sussurrou.

InuYasha tentou controlar sua respiração e suas atitudes, mas era impossível. Ele apalpou com força a coxa de Kagome, sorrindo ao ouvir um gemido contido da garota.

- Sabe...- ele sussurrou muito próximo ao ouvido dela, mordendo levemente o lóbulo. Kagome não controlou um tremor, a voz dele mexia muito com ela, tanto quanto suas atitudes.- Eu não me importo de ficar com o corpo inteiro marcado... na verdade, achei a experiência...muito boa...

Kagome fechou os olhos, e não soube explicar como apenas ouvir ele dizer aquilo, provocou uma reação exacerbada por parte de seu corpo- sua excitação cresceu rapidamente, ao ponto de ela sentir um descontrole tomar conta. Sem pensar, ela forçou ambas as pernas contra o corpo do hanyou, apertando-o contra si. A mente da garota formou diversas imagens do que gostaria de fazer naquele momento com ele, apenas impedidas pelo fato de estar na sua casa. Com a porta destrancada. E com sua família chamando-os para o jantar.

- E-eu vou inventar uma desculpa qualquer...dizer que não ficaremos para jantar...

- E eu vou arriscar descer pela sua janela mesmo com esse corpo inútil...- ele riu quando Kagome franziu o cenho para ele.

Kagome ajeitou os cabelos, preparando-se para despedir-se de sua família novamente, voltando aquela rotina maravilhosa. Não seria daquela vez que todos veriam a forma humana de InuYasha. Naquela noite, apenas ela teria o privilégio.


Kagome sentiu-se como qualquer mulher se sentiria ao andar de mãos dadas com o homem que amava. Um sorriso permanente tocava seu rosto, e ela apenas seguia os passos de InuYasha. A caminhada através do poço e agora na floresta escura, acalmara um pouco a euforia que ela sentira tomar conta de seu corpo enquanto haviam estado em seu quarto. Ela ainda não acreditava que conseguira despistar sua família, e ainda fingir para todos que InuYasha, entediado, havia saído mais cedo pela janela.

Seus pés estavam começando a cansar, e ela dividia-se em dois pensamentos. O primeiro era a sensação perfeita de lembrar do fogo que reacendia entre os dois toda vez que ficavam sozinhos. E o segundo, era a vontade que chegassem logo em casa...sentiu-se ansiosa novamente.

- InuYasha...- ela falou baixinho, quanto o hanyou diminuiu o passo. Sabia que ele não a carregaria nas costas naquela forma, ele poderia, mas ela não queria cansá-lo.- Desse jeito nunca vamos chegar em casa...

Ela viu o canto dos lábios dele se curvarem em um sorriso travesso.

- Está com pressa?- ele se virou para olhá-la.

O rosto dela corou violentamente, e ela precisou evitar seu olhar.

- B-bom...eu só...- ela olhou para o alto, querendo disfarçar seu desconforto. Foi apenas nesse momento que ela se dera conta de onde estavam.- Ah! Goshinboku!

Ela não pôde evitar um sorriso ao se ver parada debaixo daquela árvore que lhe trazia tantas lembranças. Observou a marca do lugar em que InuYasha ficara selado, e instantaneamente foi tomada por imagens de quando haviam se conhecido. Do momento que ela tirara a flecha.

Sentiu os braços de InuYasha ao redor de sua cintura, envolvendo-a.

- Esse lugar traria apenas lembranças ruins para mim...- ele sussurrou no ouvido dela.- Mas agora, a única coisa que eu consigo lembrar... é do primeiro dia que eu vi você, Kagome...

Ela sentiu-se tímida de repente, adorando ouvir aquilo da boca do hanyou que tanto amava.

- Eu não sei porque eu neguei por tanto tempo o que eu sentia por você...- ele afastou o rosto alguns milímetros. Observou Kagome ficar quieta, apenas ouvindo.- Quando outras pessoas como Miroku, Shippou ou Sango falavam... eu ficava nervoso... parecia tão mais fácil fingir que eu jamais amaria alguém novamente...

Ele resolveu olhar para o rosto dela. Ele não queria esconder nada dela, e sabia que ela preferia que ele falasse tudo...não gostava que ele fingisse que Kikyou não existira. Ela fora sempre sincera com ele... e ele seria sincero com ela.

- Essa árvore presenciou o momento em que eu fui selado...o momento que minha história e de Kikyou terminou...- ele sabia que ela certamente o corrigiria naquele momento.- Sim... você pode dizer que eu fui atrás dela diversas vezes...e eu sei o quanto eu magoei você, Kagome... eu sei o quanto eu fui idiota de não perceber que...

Kagome parecia muito surpresa de estar escutando ele falar daquilo com tamanha naturalidade. De certa forma, ela não esperava que ele fosse sincero e falasse do amor pela outra daquela maneira. Não esperava que ele fosse reviver aquilo, explicando-lhe o dilema pelo qual passara.

- Não perceber que...a partir do momento que você tirou aquela flecha...- ele moveu a própria mão para o peito, segurando a de Kagome contra a sua. Ele posicionou a mão da garota ali, e ali a deixou.- a nossa história começava. E os erros que houveram depois desse dia...foram meus...você provavelmente já sabe disso Kagome mas...

Ela sentiu o coração disparado, a boca seca. Qualquer outra pessoa diria que não gostaria de ouvir aquelas coisas...mas ela queria. Ela precisava.

- Eu amei você...muito antes de ter coragem de lhe dizer isso...- ele fechou os olhos.- E eu sei...e talvez na época eu já soubesse...que mentir e negar o que eu estava sentindo apenas machucava você mais...

Ela sentiu algo quente descer pelo próprio rosto ao lembrar dos momentos que vira Kikyou ao lado de InuYasha. Quando vira os dois se beijando...quando presenciara a tristeza de InuYasha pela morte dela... Estava chorando... estava chorando da mesma forma que chorara por ele anos antes.

- Eu nem mesmo sei porque eu preferia fugir...preferia me prender a um passado...- ele olhou para ela, sobressaltado.- Hoje eu vejo...que era como...como se eu tivesse medo de entregar meu coração a você...como se eu temesse que fazendo isso, eu só viveria sofrimento e perda...

Kagome continuava com a mão no coração de InuYasha, sentindo a vibração aumentar mais e mais conforme seus batimentos cardíacos aumentavam. Ele posicionou uma mão no rosto dela, secando a lágrima com a ponta do dedo.

- E você está aqui...aqui...depois de todo esse tempo...você ficou do meu lado, Kagome... você nunca me abandonou...- ele sentiu-se exposto daquela forma, falando tudo aquilo e ainda estando naquele corpo humano, frágil.- Você conhece todos os meus lados...o bom...o ruim...você agüentou minhas manias...perdoou meus erros...

Kagome tentou entender o motivo daquela declaração. Um pânico estranho tomou conta dela, e ela precisava saber...

- InuYasha...- ela controlou as lágrimas.- Você não precisa falar desse jeito...como se...sentisse culpa ou algo assim...

Ela começou a acreditar que ele falava aquilo porque estava naquela forma diferente, porque estava se sentindo estranho.

- Não...- ele negou com a cabeça.- Eu preciso falar essa coisas... você já sabe como eu me sinto... e você sabe de tudo isso que eu estou falando...

Ela afirmou com a cabeça, uma lágrima silenciosa teimou em cair.

- Mas você saber disso não basta...- ele falou bruscamente. Ela sentiu o corpo gelar.- Kagome...

- Pare- ela falou bruscamente, tirando a mão do peito dele. O olhar de InuYasha pareceu chocado, quando ele tentou segurar sua mão.- Você está falando todas essas coisas de um jeito...de um jeito...

Ele tentou falar, mas as palavras não vieram. Repentinamente, ela não quis mais ouvir. Teve medo do que viria a seguir, e algo nos seus instintos gritava claramente que algo estava acontecendo.

- InuYasha...eu já sei de tudo isso... nós já superamos!

- Kagome- ele segurou o rosto dela, bruscamente.

A garota ficou parada, contendo as lágrimas. Ele suavizou a expressão, e quanto ele falou, a impressão que ela teve fora que as palavras haviam flutuado em sua direção.

- Apenas feche os olhos...

Ela não quis fechar. Tinha medo de que ele sumisse, ou algo assim. Ela não estava entendo aquelas mudanças de humor por parte do hanyou, mas do que estava conseguindo ver, ele parecia muito fragilizado por estarem na lua nova.

Porém, seus olhos agiram sem comando e quando ela percebeu, estavam fechados.

InuYasha sentiu as mãos tremerem ao buscar o tal colar que havia feito cuidadosamente para Kagome. Apertou-o fortemente por debaixo de seu quimono, e lentamente o puxou para fora. Com muito cuidado para não sobressaltá-la, ele passou ao redor de seu pescoço, soltando-o levemente para que ela não percebesse.

- Kagome...- ele falou baixinho.

Ele deliciou-se com a lembrança da vez que ela pedira para que ele fechasse os olhos, e colocara um colar nele. Gentilmente, ele colocou uma de suas mãos, naquele momento tão humanas, no rosto de Kagome. Ele viu a pele dela se arrepiar com o toque.

Uma das mãos da garota voou para a mão de InuYasha. Ele percebeu o esforço dela para manter os olhos fechados, o corpo tremendo quase violentamente.

- Eu quero- ele sussurrou, e adorou observar as reações do corpo dela.- que você se lembre dessa noite...como a noite da nossa união...

Ele observou ela franzir o cenho, e continuou rapidamente, antes que ela abrisse os olhos.

- Não estou falando de marcas nem nada...eu não me arrependo da maneira com que tudo aconteceu... eu simplesmente não conseguia mais ficar longe de você...- ele suspirou, fechando os próprios olhos.-e nesse tempo todo...não houve um dia sequer que eu não tenha pensando em você, Kagome...

Ele viu a boca dela se curvar de uma maneira estranha, e continuou antes que o momento perfeito fosse quebrado.

- InuYasha...- ela estava com medo. Não sabia porque ele estava daquele jeito. Seu corpo não tinha controle, e os tremores estavam começando a incomodar.

- Você merece o meu amor por inteiro...- ele aproximou os rostos, para que ela sentisse sua respiração.- E quero que você saiba...que eu já sou seu...e eu quero você...para sempre ao meu lado...

Kagome foi ficando mais confusa com o passar do tempo. Depois de todos aqueles dia, um ao lado do outro, onde entrava todo aquele romantismo de InuYasha? Ela lembrou com carinho, do primeiro contato maior que haviam tido. E fora na fase humana de InuYasha. Ele ferido, com dor, delirando provavelmente por causa do veneno que o atingira. Falando que achava o cheiro dela bom... deitado no seu colo. Fazendo seu coração disparar violentamente.

Talvez estar naquela forma realmente mexesse com seu pensamento.

- Kagome- ela sabia que dessa vez, ela poderia abrir os olhos.

Ela encontrou as escleras escuras do InuYasha humano. Pensou ter visto algum brilho diferente ali, mas se vira, fora completamente ofuscado pela beleza que ela enxergara nele. Ela o amava o suficiente para encher todo o seu ser.

Ela não sabia por que ele estava falando tudo aquilo, mas ficaria feliz se pudesse passar o restante dos seus dias apenas admirando aquele rosto.

- Kagome- ele repetiu o nome dela, talvez querendo obter sua atenção completa. Ela viu ele respirar fundo, ainda envolta pelo seu olhar, incapaz de olhar para o lado. Ele não pareceu nervoso naquele momento, mas ela sabia que algo estava por vir.- Você quer ser minha esposa?

Ela piscou uma, duas vezes. O semblante dele era sério...então porque o momento parecia preceder uma piada?

Ele ficou a olhando, insistentemente. Ela sentiu-se paralisada, e apenas o que pôde responder fora questionando-o, como se duvidasse do que escutava.

- E-esposa?

A palavra saindo de sua boca pareceu mais absurda ainda do que quando escutara dos lábios do hanyou. Ele pareceu levemente desapontado, e seus olhos já estavam perdendo-se quando Kagome sentiu algo quente dentro do próprio peito.

- Desculpe, InuYasha...eu não...não quero que você pense que eu...- ela segurou o rosto dele com ambas as mãos, adorando o contraste de sua pele no escuro do cabelo dele.- Ora, eu achei que já havia ficado claro que eu aceitava ficar com você para sempre!

Ele pareceu se animar levemente, porém ainda tinha o rosto preocupado.

- Olhe para o seu pescoço- a voz dele parecia ofendida.

Ela prontamente olhou, e achou um colar ali. Muito parecido com o que InuYasha tinha no próprio pescoço.

- Depois de tudo que passamos, o mínimo que você merece é que eu prove a você todos os dias o que eu sinto.- ele falou aquilo muito rápido.- Quando eu fiz esse colar, eu visualizei nós dois juntos... vivendo uma vida longa e feliz... um ao lado do outro...

- C-como... como você aprendeu a fazer isso?- ela segurou o colar, olhando-o admirada.- É um feitiço não é?

- Sim- ele afirmou com a cabeça.- Use-o por debaixo do kimono para dar sorte e proteger você...isso...se você quiser...- ele falava com aquela voz magoada, e Kagome sentiu uma euforia maravilhosa a tomar.- Kaede e Miroku me ajudaram...e me ensinaram a fazer...mas se você não quiser...

Ele sentiu os dois braços de Kagome puxando seu pescoço para perto do rosto dela.

- Eu aceito, InuYasha...

InuYasha lentamente deslizou a mão pelo rosto de Kagome, olhando fundo nos seus olhos, sentindo a respiração dela ali, próxima da sua. Ele queria falar algo, continuar trilhando aquele caminho onde não havia receio de falar sobre sentimentos, mas naquele instante ele teve certeza de que nada deveria ser pronunciado em voz alta.

Mais lentamente do que nunca fizera, ele posicionou seus lábios sobre os de Kagome. A garota ficou quieta, dessa vez respirando mais calmamente.

Ele gostou de pensar que não havia tanta surpresa no pedido que fizera, apenas porque a garota já tinha certeza do que queria. Ele não soube dizer quando tempo permaneceu colado a ela, nem em que momento ambos haviam decidido que iriam para casa. Para ele, bastaria ficar parado debaixo daquela mesma árvore ao lado de Kagome. Ele teve certeza de que viveria tudo novamente, apenas para poder se enxergar nos olhos dela, como naquela noite.


Kagome achou que ao chegar em casa tudo voltaria ao normal. Ela e InuYasha voltariam à rotina que já estava sendo estabelecida, e tudo não passaria de uma lembrança. Porém, foi surpreendida pela maneira com que InuYasha lidou com tudo.

Ele segurou suas mãos delicadamente e a guiou para dentro da casa. Ele caminhava mantendo o corpo virado para ela, um sorriso grudado em seus lábios. Ele levou as mãos dela até próximo ao seu rosto, e as beijou delicadamente.

Kagome sorriu em resposta.

Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, InuYasha já envolvera seu corpo completamente em um abraço. Apertou-a fortemente contra si, enquanto inspirava e expirava próximo a sua nuca. Kagome o abraçou de volta, sentindo todo o ar escapar de seus pulmões.

Kagome separou-se brevemente dele para olhá-lo nos olhos.

- Você fica muito carinhoso quando está assim...- ela falou, sem cerimônias.

- Assim...?- ele ergueu uma sobrancelha para ela.

- Sem suas orelhas habituais...

InuYasha fingiu-se de ofendido. Kagome prontamente alcançou o topo da cabeça dele e trilhou um caminho de massagem no couro cabeludo até sua nuca.

Ele sorriu, mantendo os olhos fechados. Alcançou a mão da garota e a retirou dali, segurando-a na altura de seu peito. Beijou seus lábios, daquela maneira delicadamente novamente, enquanto Kagome suspirou de ansiedade.

Ele não fizera toda aquela cena maravilhosa, de levá-la até a goshinboku, ser sincero e revelar tudo que sentira, para continuar com aquele cavalheirismo todo. Ela achou que aquele período já havia passado.

Ela forçou o corpo contra o de InuYasha, sua língua raspando suavemente nos lábios do hanyou. Ele sorriu sob os lábios de Kagome e segurou a nuca da garota. Sentiu ela estremecer levemente e quebrou o beijo.

Kagome o mirou com os olhos assustados.

InuYasha abaixou a cabeça em direção à Kagome, movendo seu corpo para que ele pudesse alcançar a nuca dela. Ela tremeu involuntariamente, levando ambas as mãos ao próprio coração. Ela fechou os olhos, sem saber o que esperar.

InuYasha olhou aquela marca, novamente. Estava começando a se acostumar àquele desenho de suas presas marcadas ali. Sorriu, enquanto movia seus lábios em direção à pele sensível da garota. Ele inspirou profundamente ali, e imprimiu um delicado beijo.

Sentiu uma das mãos de Kagome alcançar seus cabelos e os segurar. Quando a olhou, ela mantinha os olhos fechados e a boca entreaberta. Uma das mãos dela, migrou para o peito do hanyou, enquanto a outra puxava o cabelo dele delicadamente para que ele acabasse com a distância horrível que ainda havia.

Seus lábios se encontraram, mas dessa vez nenhum deles se importou em manter a postura. InuYasha buscou a língua da garota, sabendo que receberia uma resposta apropriada em resposta.

Kagome prontamente agarrou-se ao seu pescoço e correspondeu ao beijo. Ele gostou de vê-la daquele jeito, sem inibições.

Uma de suas mãos passeou pelo corpo dela, sem pressa, enquanto sentia que aquilo apenas a tornava mais ansiosa.

Trilhar o caminho até o quarto fora fácil, o difícil fora resistir aos encantos de Kagome. Ele pressionou o corpo contra o dela, tornando a beijá-la de maneira delicada. Kagome pareceu nervosa, parecia decidida a comprar uma briga para ele.

E ele aprendera há bastante tampo a perceber os sinais de agressividade da garota.

Kagome agarrou as costas de InuYasha, usando as unhas na tentativa de provocar dor. Ele afastou seus lábios por alguns instantes, pensando que ela realmente conseguiria o machucar se ele estivessem sem roupa. E esse parecia ser exatamente o plano da garota.

Ela já tinha a mão em seu kimono, puxando-o para que InuYasha o tirasse. Ele obedeceu, e finalizou jogando a peça no chão. Kagome forçou o corpo contra trás, vencendo o peso de InuYasha.

Sem pensar duas vezes, as duas mãos do hanyou alcançaram as coxas de Kagome, e trilharam um caminho ali, subindo e descendo. Kagome moveu o corpo mais em direção à ele, e surpreendendo-o novamente, migrou os dois joelhos para as laterais de seu corpo. InuYasha caiu sentado no futon, lutando para ajeitar suas pernas, tentando voltar a dominá-la. Porém, Kagome previu seu movimento, e usando mais força do que ele pensou que ela teria, segurou seus dois pulsos, mantendo-os em contato com suas coxas, enquanto ele forçava o próprio corpo contra ele.

Ele sorriu internamente ao ver que o simples fato de ter calma naquela hora, fazia a garota sair de si.

- Você está com pressa?- ele sussurrou, cedendo à tentativa da garota e permanecendo completamente parado.

Kagome o olhou, o rosto sério. Ele observou suas bochechas coradas, suas pupilas dilatadas. Ela respirava tão rápido, que mesmo em seu corpo humano ele conseguia prever seus batimentos cardíacos. Um sorriso irônico se formou nos cantos dos lábios de Kagome.

Ele sentiu um medo estranho, excitante, brincando em todo o seu corpo. Sentiu todo seu corpo pulsar, quando a garota buscou seus lábios novamente.

Ela repetiu o gesto que fizera em seu quarto naquele dia, mas usou mais força do que o necessário, empurrando-o para trás. InuYasha assistiu, surpreso e paralisado em choque, enquanto Kagome livrava-se de toda a roupa que possuía, ficando apenas com as últimas peças, que naquele momento, ele gostou de admirar. Nunca parara para olhar com calma aquele tipo de roupa que ela usava por baixo, típicas de sua Era. Ele achava que só estavam ali para enfeite, já que em nada impediam que ele visse o que estava por baixo.

Kagome lançou os próprios cabelos para trás, respirando mais rápido, enquanto suas mãos procuravam tirar a roupa do hanyou. InuYasha ficou paralisado, assistindo aquele momento de descontrole dela.

"Ela está nervosa...? O que ela está pensando?"

Kagome não conseguia tirar de sua mente o dia que ele a marcara. Lembrava com clareza de cada detalhe, e apenas pensar naquilo fazia seu corpo queimar. Ela terminou de tirar o kimono de InuYasha, e deliciou-se com a sensação de estar o dominando por completo, pela primeira vez. Ele olhou curioso, durante longos segundos, o peito de Kagome subir e descer com a sua respiração.

A garota, sem pensar duas vezes, já migrara para seu pescoço, depositando vários beijos ali. Ficou surpresa ao ver InuYasha se encolher, quando ela beijara a parte que estava dolorida e marcada das horas atrás.

Ela sentiu as duas mãos dele alcançando sua cintura, apertando-a mais levemente do que nos outros dias. Ele aparentemente não estava conseguindo descobrir o que fazer com aquele corpo diferente.

InuYasha puxou a nuca de Kagome e a beijou, e pela primeira vez desde que haviam postos os pés em casa, ela sentiu uma pontada de ansiedade nele. Ela beijou-o de volta, e desceu as mãos pela sua barriga.

InuYasha sentiu seu corpo pulsar ao ouvir o gemido de Kagome perder-se dentro de sua boca. Ela sempre demorava-se apalpando cada músculo de sua barriga e braços, mas aquela noite ela estava diferente. Seu toque era menos sutil e mais firme, e ela desceu a mão sem aviso prévio, alcançando aquela parte tão sensível que já estava completamente alterada.

InuYasha sentiu aquele beijo mais úmido, enquanto Kagome o tocava. A garota gemia sem vergonha alguma, enquanto subia e descia sua mão. Ele não conseguiu resistir, e separou seus lábios, precisando conter a respiração para não perder o controle que tivera até então.

Kagome parecia disposta a tirá-lo do sério. No momento que vira que ele estava ficando ansioso, parara com os movimentos e migrara a mão novamente para o corpo de InuYasha.

Ele resolveu mudar o rumo que aquilo estava tomando, porém quando tentou mover seu corpo para cima, Kagome usou uma das mãos sobre seu peito para impedi-lo. Ela não colocou uma real força naquele movimento, mas o olhar dela fez ele ter certeza que queria saber onde aquilo iria acabar.

Ela beijou o peito dele lentamente. InuYasha tentou alcançar seu rosto, voltar a beijá-la, mas ela estava decidida.

Ele abriu os olhos assustado quando sentiu beijos molhados e leves mordidas em sua barriga. Novamente tentou se mover, mas Kagome segurou-o, dessa vez usando toda a força que pôde.

- K-Kagome!- sua voz saiu mais como um aviso, mas ela não pareceu se importar.

Ela mordeu mais forte, próximo ao seu umbigo. InuYasha gritou. Aquela não era uma sensação que ele já tivera antes. Estava tudo diferente. Ele já havia se acostumado ao longo do dia, a não sentir o cheiro dela, ou ouvir tudo com mais detalhes. Mas por outro lado, havia algo muito diferente que estava o deixando muito curioso.

Kagome subiu os beijos novamente, voltando ao seu pescoço. Ele viu seu rosto incrivelmente corado, e se questionou se ela estava se sentindo à vontade dominando a situação.

Ele tentou mover as pernas, e com um movimento muito rápido, Kagome posicionou-se em cima delas, impedindo com o próprio peso do corpo que ele se movesse.

Ele queria ver até onde ela iria. Seu coração dava pulos, parecia prestes a parar. Sentia-se completamente dominado, envolvido naquele jogo que Kagome estava criando.

As unhas dela desceram pelo peito do hanyou, deixando marcas em sua barriga. Ela deslizou a palma da mão do joelho até o quadril dele, fazendo com que ele arqueasse o corpo em resposta.

Ele queria abrir os olhos e encará-la, mas tinha quase certeza de que ela estava sorrindo, satisfeita com o resultado que obtivera.

Ela não sabia de onde viera a idéia, só tinha a certeza que faria ele sentir tudo que ela, como humana, já sentira em seus braços.

Kagome o tocou novamente daquela maneira, no mínimo perturbadora, e no momento que ele erguera a cabeça e tentara olhá-la, teve tempo apenas de ver o rosto da garota muito corado, seus lábios entreabertos, os olhos ainda incertos, quase como se ela não acreditasse no que iria fazer.

Ele achou que conseguiria gritar um "não" ou segurá-la, impedi-la de continuar com aqueles beijos provocantes. Porém, ela segurou seus dois punhos no momento que percebeu que ele tentaria impedi-la. A única coisa que escapou de seus lábios foi uma espécie de grito, seguido de gemidos tímidos.

- K-Kagome...- ele mal conseguira pronunciar o nome dela. Ele observou, aturdido, enquanto a garota o beijava delicadamente, onde apenas carinhos tímidos haviam ocorrido.

No instante seguinte, ele sentiu a boca quente de Kagome envolvendo-o completamente. Ficou sem ação, observando a garota ser tomada pelo instinto, movimentando-se sem intervalo, a língua parecendo mais ágil ali do que jamais fora dentro de sua boca.

InuYasha não se importou em gemer alto, permanecendo algum tempo sem ação. Seus dois braços, esquecidos por Kagome, mantiveram-se parados no alto, em uma posição estranha, como se quisesse impedir a garota de fazer o que estava fazendo.

Era diferente quando ele fazia aquilo nela. Ele gostava de vê-la mudar, gostava de sentir o gosto dela na sua boca... nunca imaginara que ela teria coragem de fazer aquilo. Mas naquele momento, ela parecia disposta a não parar.

Kagome aumentou a velocidade, e usou uma das mãos como auxílio. Aquilo era demais para ele, ele sentia todo o corpo pulsar, implorar por ela. Ele não agüentava mais ter aquela cena diante de si, Kagome já movia o corpo inteiro em sincronia, acompanhando.

Achando forças para se mover, posicionou uma mão nos cabelos de Kagome, segurando-os mais violentamente do que planejara, tentando pará-la. Porém, a sensação de tê-la naquela situação, fazendo de tudo para lhe proporcionar aquela momento maravilhoso, fez com que sua mão apenas permanece ali. Sem que ele notasse, em poucos instantes sua mão já empurrava a nuca de Kagome, gentilmente no começo, incitando ela nos movimentos.

A garota gemeu ao perceber aquilo e puxou InuYasha, forçando-o a se ajoelhar.

Ele estava pronto para se jogar sobre o corpo dela, acabar com aquela agonia. Porém, a garota não parou o que estava fazendo, e parecia ficar mais segura conforme o tempo passava. Ela agarrou ambas as nádegas do hanyou, puxando-o contra si. InuYasha achou que não teria mais forças, seu gemidos já eram tão constantes ao ponto de ele achar que não agüentaria, e que acabaria ali, naquele momento.

Kagome continuou o puxando, suas mãos viajavam das coxas de InuYasha e voltavam para suas nádegas no momento seguinte. O hanyou não resistiu à linguagem corporal dela, e obedeceu ao que ela silenciosamente pedia. Moveu seu quadril lentamente em direção à boca de Kagome. A garota gemeu alto, e puxou mais ainda o corpo de InuYasha.

- Ahn- ele sentiu que não agüentaria, e mais gemidos arranharam sua garganta quando Kagome o puxou novamente, até que ele estabelecesse movimentos ritmados.

Ele não conseguia mais...era demais para ele...

Ele tentou usar as unhas, muito fracas comparadas as suas garras, para arranhar o corpo de Kagome e fazê-la voltar a si.

Ele finalmente sentiu a boca de Kagome afastando-se, porém ele sentiu que pulsava mais e mais, como se ela tivesse o provocado até a loucura.

Ele forçou o corpo dela contra o futon, mas novamente ela posicionou-se sobre ele. Não foi preciso segurar seus pulsos, ele obedeceu prontamente, gostando das surpresas que estavam surgindo.

Kagome posicionou ambas as pernas ao redor de seu quadril e quando ele menos percebeu, ela movia-se para cima e para baixo, parecendo ainda meio incerta do que fazer. Ele não agüentou um minuto naquela posição, segurou a cintura de Kagome e a forçou para cima e para baixo, diversas vezes, movendo o quadril contra o dela violentamente, até que ela gemesse alto e ele sentisse aquela contração de prazer que lhe dizia que ela chegara ao seu ápice.

Percebendo o quanto ela já estava alterada, ele jogou-se contra ela, sua respiração saindo em arquejos. Kagome não ofereceu nenhuma resistência naquele momento, enquanto InuYasha a colocava na frente dele, alcançando seus seios.

Ele não resistiu ao vê-la naquela posição: sobre os joelhos, as mãos espalmadas sobre o futon. Passeou as mãos pelas costas dela, enquanto o rosto de Kagome parecia implorar para que ele continuasse de onde tinha terminado.

Ele gentilmente abraçou-se à barriga dela, puxando-a mais para si, alcançando sua nuca. Seus movimentos foram rápidos e profundos, e em alguns segundos, Kagome já jogara o próprio corpo de volta para o futon, permitindo que InuYasha a dominasse completamente.

Ele nunca achara utilidade nenhuma para aquele corpo humano, mas naquele momento, em que eles eram um só e não havia medo de machucá-la, ele teve certeza de que sentira-se completo, mesmo sem sua aparência habitual.


Deitado de costas, ele pôde observar a garota lentamente recuperar sua respiração. Ele pôde então entender como funcionava para um corpo humano momentos como aqueles.

Kagome não conseguia parar de sorrir, a impressão que tinha era de que conforme o tempo passava, maior era a intimidade que tinham, mais se conheciam, e ela sentia-se mais completa.

- Já está amanhecendo...- ela sussurrou.

InuYasha a olhou.

- Você vai estudar com Kaede hoje...?- ele virou o rosto para ela.

Ela demorou-se absorvendo cada detalhe daquele rosto humano, que ela apenas veria novamente após 1 mês.

Ela sobressaltou-se quando viu os cabelos escuros de InuYasha rapidamente tingirem-se de prateado, seus olhos mudando bruscamente também, e os de Kagome buscaram o restante dos detalhes que ela sabia que encontraria.

Ela adorou cada detalhe daquela transformação, cada pedacinho de garra que voltou a aparecer, cada fio prateado que tomava a cabeça do hanyou.

Ele sorriu para ela, suas presas aparecendo.

Um frio na barriga gostoso surgiu, e ela aninhou-se nos braços de InuYasha, deitando a cabeça em seu peito.

- Então...como foi essa lua nova?- ela sussurrou, enquanto ouvia o coração dele batendo rápido, contra o peito.

Ele alcançou seus cabelos, e acariciou gentilmente e a nuca de Kagome.

- Bom...você estava lá...- ele suspirou, abraçando-a mais forte.- Isso basta.

Kagome sorriu, sentindo o sono a tomar.

Ela não sabia se conseguiria acordar na hora para seguir seu treinamento, mas era maravilhoso ter a certeza de que estaria nos braços do seu hanyou, quando abrisse os olhos.

Continua...