2 AM

Não deveria ser surpreendente que aquilo acontecesse - Harry Potter e Ginny Weasley eram um casal predestinado.

Mas, céus, doia.

E Draco, as duas da manhã, só tinha uma pessoa a procurar.

Blaise tinha olhos de quem já sabia, e o vento frio da praia entrando na casa não ajudava seu humor.


Nunca teria imaginado, em sua vida, procurar Pansy Parkinson para resolver seus problemas.

No mais completo sigilo, a jovem aceitou encontrá-la, sobre as pedras próximas ao Chalé das Conchas.

"Por que você fez isso, Weasley?"

"Como eu poderia dizer não? E como... Explicar? Todo mundo viu e..."

O olhar da sonserina era duro, mas o mais difícil era assumir a verdade.

"Eu não o amo" respirou fundo, o ar gelado do inverno invadindo seus pulmões, e entrava como facas. "Há muito tempo que eu não o amo. Mas não se pode simplesmente chutar um cara assim, ele precisa de... Precisa de apoio."

"Você tem que ser honesta com ele Weasley. Com os dois."

"Não posso. Tem coisa demais envolvida."

Pansy balançou com a cabeça reprovadoramente antes de aparatar.

E Ginny só respirou fundo, cobrindo o rosto com as mãos.

Não tinha para onde ir.


Blaise e Pansy tentavam não ser amáveis demais, ou carinhosos na presença de Draco porque a dor dele era óbvia. Entre gin's tonicas e whiskey, vinho tinto e conhaque, ele estava afogado na própria dor como estava afogado em álcool.

Blaise sempre soube que o colega era fraco, mas nunca antes pudera ver tão claramente. Tinha pena, agora, pois mesmo que pouquíssimas pessoas soubessem porque, todos podiam perceber o quanto estava mal.

Ele quase não sorria, mas quando sorria, era um sorriso quebrado, dolorido, triste. E sem dúvidas, belo de uma forma absolutamente chocante. Até o abraçaria, mas não eram assim tão próximos, e provavelmente Draco odiaria perceber a compaixão.

Então só conversavam sobre isso, com sua namorada, sem saber o que fazer.


Claro que Harry achou muito esquisito entrar no apartamento beira-mar de Ginny e encontrar Pansy Parkinson e Blaise Zabini lá dentro. Sua noiva parecia aflita, e os olhares deles eram mortais.

"O que está acontecendo?"

"Só um minuto." pediu a ruiva, torcendo os dedos.

A porta se abriu novamente.

Draco Malfoy.


Ela não poderia mais voltar atrás. Aquilo era como um dominó. Não poderia mudar como se sentia. Não iria mudar como se sentia. Se imaginasse que iria chegar aquele ponto, voltaria atrás e nunca deixaria nada sequer começar.

Mas não havia como voltar.

Estava sentada, e enterrou a cabeça nas mãos, respirando fundo.

Só respirando fundo.

Era hora de ser honesta.


Pansy podia ser simplista, mas achava que tudo tinha solução. O problema era que as pessoas se desesperavam muito antes de pensar em como resolver as coisas. Não estava feliz com o convite de Weasley, mas tinha esperança. A esperança de que pararia de ver o garoto que sempre fora um irmão para ela sofrer e se destruir daquela forma.

E, se ela não dissesse a verdade, ela diria.

Não a deixaria continuar cometendo aquele erro que machucaria tanta gente.


As horas passavam, e eles continuavam ali. Ela não conseguia parar de falar, se explicar, justificar. Os olhos de Blaise a incentivavam a continuar, e ela não conseguia parar de forma alguma.

Nunca estivera tão exposta, e sempre detestara estar exposta, mas era inevitável.

Sabia, também, que cada um usaria aquilo em seu próprio favor, mas ser honesta era tudo que precisava fazer.

Tinha ficado calada por tempo demais.


Não havia muito como impedir que as coisas terminassem daquele jeito. Era um efeito dominó. E ela não podia mudar suas escolhas erradas.

Os olhos de Harry demonstravam a dor, e os de Pansy, alegria. Blaise parecia tranquilo, e Draco, irritado.

O homem que sobreviveu foi embora. E os quatro ficaram, juntos, porque entendiam bem demais tudo que acontecera.

O ar maritimo invadiu a sala, e as duas da manhã, eles desceram para a areia.

Para respirar. Juntos. Entendendo bem demais as dores e felicidades daquele tempo.

E, finalmente, Draco sorriu de verdade.

E Pansy abraçou Blaise, contente.

Só precisavam respirar a brisa do mar.