Disclaimer: Trata-se de uma estória cujo único propósito é entreter sem a intenção de infringir os direitos autorais das obras nas quais foram inspiradas ou auferir qualquer lucro.

Prólogo

Vestido numa capa negra que se movia freneticamente ao vento, ele contemplava do parapeito do edifício da Luthorcorp o imenso tapete de luzes que se formava sob o céu estrelado da Cidade do Amanhã.

Seus pensamentos eram turbulentos, tanto quanto os ruídos que se intensificavam naquela noite de sexta-feira nas ruas de Metropolis. Lembrou-se, então, como apreciava isolar um a um daqueles sons distantes e ouvi-los perfeitamente como se estivesse no exato lugar no qual eram emanados. Era aquele um de seus passatempos preferidos: ouvir os acontecimentos mundanos e assim conhecer melhor aquela civilização que por tanto tempo julgou inferior, de acordo com os ensinamentos que havia recebido.

Mas aqueles dias haviam se passado. Naquela noite, como várias anteriores, ele deixara de apreciar aquele hábito. Algo estava mudando. E ele sabia que estava perdendo o controle sobre si mesmo, ou teria ele finalmente o encontrado? O fato, é que uma força maior que todas as suas capacidades o estava tornando... humano.

Por vários anos, ele acreditou que estava destinado a seguir um caminho outrora escrito por seus próprios antepassados: o de Conquistador da Humanidade. Naqueles últimos meses, no entando, começava a oscilar entre o certo e o errado, bem como a considerar a hipótese de que a interpretação dada àquela assertiva por seu pai adotativo estivesse equivocada.

Embora vivesse momentos confusos, batalhava internamente com tudo aquilo que lhe fora apregoado por décadas. Seu coração, outrora frio como pedra, aquiescia a novas possibilidades. Algo totalmente novo para ele, que havia sido educado para conquistar e dominar, sobrepor a razão sobre a emoção e, acima de tudo, não ser compassivo, seja levando em conta sua linhagem ou formação.

Porém, quando anos antes olhava com desdém a cidade onde cresceu, o mundo que o acolheu, a despeito de todas as grandes habilidades que possuía e dos feitos que poderia concretizar, Kal-El passava agora a sentir-se insignificante mesmo olhando a humanidade do topo do mundo, e isso o estava consumindo.

O jovem Luthor olhou para a rua abaixo de seus pés do terraço do edifício. O movimento era intenso. Olhou então para o horizonte, e deixou seu corpo pender ereto para a frente, despencando da altura dos mais de 50 andares de um dos maiores edifícios de Metropolis, para somente a poucos metros do chão, lançar um voo rasante rumo à atmosfera terrestre, onde, como de costume, poderia olhar a Terra em seus bilhões de pontos de luz, e silenciar sua mente atormentada.