Disclaimer: Harry Potter © J.K.

nota¹: Projeto Baby!Harry ( 6vparavoce . com . br / forum / ? f=40&t=3774)

Baby Harry

Ali estava ele. Sem chorar, sem gritar, sem fazer manhã como o filho fazia. Calado, curioso – com seus grandes olhos verdes perscrutando todas as direções.

Era estranho vê-lo deitado naquele berço improvisado e se lembrar que uma vez olhos como aquele já haviam chamado a sua atenção.

Petunia era tão pequena e mesmo assim nunca se esqueceu do momento em que Lily foi colocada no berço e sua mãe a segurou nos braços para que ela visse a irmãzinha que acabara de chegar.

E agora isso.

Passou a mão sobre os cabelos negros como piche do bebê e ele lhe sorriu. Era uma criança dócil, facilmente amável... Mas que lhe trazia toda a amargura que guardava no coração.

Vê-lo ali era lembrar que Lily estava morta, dessa vez de verdade. Esquecida para sempre. Queria odiar o bebê, queria amaldiçoá-lo e desejar que ele morresse – porque ela já tinha um bebê para si.

Mas não conseguia. Ele não chorava. Ela o alimentava com mais espaços de tempo do que alimentava o filho, o vestia com roupas mais finas... Tomava menos cuidado com ele.

E mesmo assim, ele não chorava.

No máximo arregalava seus brilhantes olhos e a fitava como estivesse a culpando silenciosamente. Mas era só ela se culpando.

Pela irmã talvez. Pelo filho da irmã que agora ela teria que criar.

Vernon só fazia reclamar. Dizia que não tinha dinheiro para criar duas crianças pequenas, que aquele bebê só havia chegado a eles porque ninguém mais iria querer uma aberração da natureza como ele.

Petunia concordava. Enquanto o filho recebia o leite materno, a Harry era servido aquele leito insosso das caixas, as vezes mais gelado do que seria bom servir a um bebê.

Mas ele não chorava.

"Há algo de errado com essa criança" Vernon continuava a dizer. E quando Harry ficava sozinho no berço, abandonado a própria sorte, ela se viu algumas vezes perguntando-se se deveria se sentir culpada por desejar que ele não estivesse mais ali.

E de repente sentia o coração ser apertado por pensar em coisas horríveis como aquela e chorava durante horas.

Lily nunca desejaria que o filho da irmã morresse, mesmo por tudo o que Petunia havia feito durante toda a vida para ela.

E ali estava aquela criatura desalmada, desejando que o bebê tivesse morrido junto com os pais.

Seria mais fácil, menos doloroso do que encarar aqueles olhos acusadores.

E Harry continuava a não chorar. Já havia duas semanas que estavam com ele e o extraordinário acontecia, porque Dudley chorava a cada momento, sempre exigindo mais atenção do que já lhe era dada.

E então, uma noite Harry finalmente chorou... Baixinho. E quando ela acendeu a luz do quarto e ele não reconheceu os cabelos vermelhos da mãe, o choro se tornou mais forte e doloroso.

Petunia nunca seria Lily. Nunca seria a mãe de que ele precisaria.

Fechou a porta saindo do quarto, enquanto ele chorava. O menino tinha que aprender que suas lágrimas não o levariam a lugar nenhum, tinha que aprender que a vida não seria boa com ele.

E foi nesse momento em que ela começou a ensiná-lo.