N/A: Fic escrita para o projeto "Álbum do bebê" na sessão Sidekick do fórum 6v, cuja proposta era escrever a partir das imagens indicadas pelos participantes.
Agradeço a Pam que revisou essa drabble.
A imagem que inspirou a fic está no profile. ;D
Coringa
por Doom
29 de Agosto, casa dos avós Weasley
Minha irmã me olhou de forma estranha, mas eu já estava acostumado com aquela expressão ao jogarmos damas. Ela coçou a cabeça e observou mamãe pelo canto do olho, mas esta não retribuiu o olhar, pois estava muito concentrada lendo um grosso livro de capa azul. Como papai estava dormindo, ela não tinha mais ninguém a quem recorrer, então rolou os olhos quando eu a encarei sorrindo.
- Não tem mais jeito, desista. – alfinetei, observando-a bufar de raiva.
- Claro que tem! Eu só preciso descobrir como escapar.
- Não dá, vai por mim.
Ela continuou olhando o tabuleiro, intrigada. Por fim, deixou os ombros caírem e me fitou um momento antes de perguntar:
- Se eu admitir derrota, você promete que não vai caçoar de mim a semana inteira?
- Tudo bem, mas vou dar a minha gargalhada fatal para compensar...
- Como é que é?
- O hino da vitória sabe? Como o papai falou que vai cantar quando os Chudley Cannons ganharem o campeonato de quadribol...
- Ah, é... Mas aquilo é um hino e não uma risada.
- Eu sei, mas como eu não sei compor música, essa foi a minha brilhante idéia de substituição.
Pisquei para ela, que deu de ombros e varreu sua última peça para fora do tabuleiro antes de falar.
- Ok, você venceu.
Foi quando eu comecei a gargalhar, usando um tom debochado enquanto apontava para o rosto sardento da garota a minha frente, que parecia querer explodir em risadas. De repente, notei que meu riso da vitória estava causando aquela reação, então parei e perguntei:
- O que foi?
Ela desatou a rir e apontou o dedo para mim também, enquanto uma das mãos segurava o estômago.
- Sua gargalhada fatal parece mais aquelas risadas falsas das bruxas malvadas em contos de fadas trouxas... Quando acabam de fazer uma maldade. – conseguiu dizer, entre risos.
- Não pareço bruxa nenhuma...
- Rá, parece sim!
- Para mim, está mais para uma risada do Coringa. – disse mamãe, interrompendo nossa pequena discussão. Rose e eu a encaramos com a mesma expressão confusa.
- Coringa? – indagamos ao mesmo tempo.
- É... O vilão do Batman. – continuamos quietos e mamãe fechou o livro sobre as coxas - É um homem branco como giz, de cabelo verde e terno roxo... Lembram aquele desenho que vocês assistiram na casa do vovô?
- Aaaaaaah... Não.
Ela fungou entre risos e bocejou, espreguiçando-se na poltrona marrom do vovô Arthur.
- Qualquer hora a gente aluga o filme para ver ele de novo... Agora vamos para cama que já está tarde.
- Mais cinco minutos?
- Não e não. Vocês já deviam estar dormindo, mas seu pai resolveu tirar esse jogo do armário e isso que deu. – ela se levantou e foi seguindo em direção às escadas conforme falava. – Vão escovar os dentes que eu vou arrumando as camas para vocês.
E antes que pudéssemos protestar, mamãe apontou o indicador para nós e em seguida para o andar de cima, com aquele olhar de quem finalizou o assunto. Rose juntou as peças rapidamente e empurrou o tabuleiro para debaixo do sofá.
- Amanhã quero a revanche. – disse, antes de se levantar também.
- E você será derrotada novamente... Hahahá!
Eu a encarei, fazenda a pior das minhas caretas para intimidá-la. Rose apenas ergueu a sobrancelha e quando eu comecei a rir - tentando reproduzir a risada daquele tal "Coringa" - ela me acertou com um travesseiro, protestando num misto de riso e apreensão.
- Pára com isso... Está me assustando.
E caminhou até as escadas enquanto eu pensava que esse tal de vilão do Batman seria uma ótima fantasia para a próxima festa de Halloween.