Disclaimer: Naruto e os seus personagens não me pertencem!
Mudanças
Quando o meu pai me falou que íamos nos mudar para o casarão que ele havia herdado recentemente da sua falecida tia-avó (uma solteirona sem nenhum outro parente vivo), eu confesso que cheguei a pensar que a experiência poderia ser legal. Sabe como é, ter uma chance de poder começar tudo de novo e tal.
Onde é que eu estava com a cabeça quando pensei nisso?
Tudo bem que a vida na minha antiga cidade não estava indo às mil maravilhas – o meu melhor amigo havia brigado comigo e as minhas notas no colégio estavam para lá de baixas por conta disso, bem como a minha mesada - mas mudar para Salem não parecia ser a melhor solução para eu esquecer os meus problemas.
Com pouco mais de 40.400 habitantes, a pequena Salem atraí toda a sorte de turistas malucos de todo o mundo, interessados nas histórias de bruxas que o povo tem para contar. Apesar das minhas notas baixas, acreditem: eu sei sim usar a internet.
- Nós temos mesmo que nos mudar para o fim do mundo? Sei lá, vocês não poderiam vender o casarão ou colocá-lo para alugar? – perguntei aos meus pais, do banco de trás do carro onde eu estava fazia horas, como uma última tentativa de fazer com que eles caíssem na real e mudassem de idéia.
- Nós já falamos sobre isso, Sakura. Vender ou alugar o casarão não ia ser tão lucrativo quanto você imagina. Vamos nos mudar porque assim nós não teremos que pagar aluguel, o principal destino do meu salário e o da sua mãe na antiga casa – disse o meu pai.
- Além disso, eu já encontrei um lugar onde eu poderei dar as minhas aulas de piano e o seu pai já conseguiu um emprego em um dos museus no centro da cidade – argumentou a minha mãe.
- Sem contar que o lugar é lindo! – completou animado o meu pai.
Bufei derrotada.
O negócio é que os meus pais são bem normais e até legais, apesar de toda essa história de mudança. Meu ex-melhor amigo Naruto os adorava. Meu pai tem cabelos castanhos, olhos verdes e vive com uma barba por fazer. Já a minha mãe tem cabelos ruivos, olhos azuis e os dedos mais compridos que eu já vi. Apesar de todas essas diferenças, o Sr. e a Sra. Haruno, mais conhecidos como "meus pais", sempre tiveram algo em comum: eles eram dois teimosos que não mudavam as suas decisões.
Chegamos ao casarão bem a tempo de eu usar o banheiro. Nunca fui muito boa em segurar a minha bexiga, mas quando vi o lugar a minha vontade até passou. A casa tinha dois andares e era feita toda de pedra. Vista à noite, do lado de fora, parecia o lugar ideal para ser a morada do Drácula. Mas com uma pinturinha aqui e ali e com o serviço de um bom jardineiro para dar um jeito na selva que era o jardim, até que o casarão poderia ficar jeitoso. Bem, pelo menos, eu acho.
A decoração clássica até que combinava com o estilo do casarão, e o cheiro de gente velha e mofo também.
- Ela é linda! – exclamou a minha mãe maravilhada, indo em direção ao que parecia ser a sala. Juro que eu até vi uma lágrima escorrendo de um de seus olhos! Mães. Vai entender.
- Minha tia sempre teve bom gosto. – acho que a definição de "bom gosto" do meu pai não combinava muito com a minha.
- Quanto tempo será que vamos ter que deixar as janelas abertas para que esse cheiro saia daqui? – meu nariz já estava começando a ficar irritado.
- Sakura, não seja assim! Dê uma chance ao lugar! Olhe: algumas coisas daqui são relíquias preciosas mais velhas que você! – disse a minha mãe, verificando uma toalha toda bordada que parecia poder rasgar a qualquer instante.
- Deu para perceber. – eu resmunguei, enquanto tocava numa jarra de porcelana que mais tarde eu descobri ser uma escarradeira. Na boa, por que alguém inventaria uma coisa horrorosa dessas?
- Sak, porque você não vai lá para cima e escolhe o seu quarto? – acho que isso queria dizer que o meu pai já estava cansado de ouvir os meus resmungos.
- Tudo bem, – disse, já subindo a grande escadaria que ficava a um canto da sala – mas depois que eu escolher, vocês não vão poder trocar ou reclamar!
O segundo andar era mal iluminado e as tábuas do chão rangiam à medida que eu andava. Se não fossem os barulhos que os meus pais faziam lá embaixo, desempacotando algumas coisas que já haviam chegado com o caminhão de mudanças pela manhã, eu ficaria com um pouco de medo. Fui abrindo as portas de todos os quartos e me decidi pelo quarto com a sacada. Eu sempre quis um quarto com uma sacada. O lugar era ocupado por uma cama, armário e penteadeira, todos feitos de madeira escura decorada com relevos florais. Ao me olhar no espelho da penteadeira, levei um susto. Meus cabelos rosados estavam desarrumados e minha pele, mais pálida que o habitual, ressaltava os riscos negros e profundos em baixo dos meus olhos verdes. Eu até parecia uma menina morta de 16 anos. Por falar nisso, será que era neste quarto que a falecida dormia? Bom, eu espero que não. A idéia de dormir na cama de uma mulher morta não me agradava muito. Era melhor confirmar.
- Mãe, pai, vocês sabem onde a falec... Digo, a tal da tia-avó dormia? – gritei do alto da escada.
- Na última porta à esquerda! – gritou o meu pai. Graças aos céus, aquele não era o meu quarto. Nota mental: evitar a última porta à esquerda.
- Eu vou ficar com o quarto com a sacada! – gritei.
- Boa escolha! – meus pais responderam.
- E eu vou descansar um pouco também! – gritei de novo, enquanto já me deitava na cama. Agora que eu sabia que não ia violar a cama de nenhum falecido se eu me deitasse, era o que eu ia fazer.
- Nada disso! – berrou minha mãe – Venha já aqui e leve pelo menos as suas coisas para o seu quarto.
Cara, eu amo essa mulher, mas às vezes ela me tira do sério.
Pois é, ainda não dá para saber muito da história só com este primeiro capítulo, mas eu espero que vocês estejam gostando!
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