Epílogo
Da janela da casa dos pais, Kagome observava o jardim, admirando o colorido das flores. Graças ao sol e à chuva na medida certa, os canteiros estavam viçosos e deslumbrantes, numa combinação perfeita de cores e fragrâncias.
Era o dia do seu casamento, e os criados preparavam o café-da-manhã que seria servido aos convidados no jardim.
— Você está maravilhosa! — exclamou a mãe de Kagome ao entrar no quarto. — Está nervosa?
Kagome sorriu.
— Bem, mamães, considerando-se que é meu terceiro casamento, crêem não fazer sentido eu estar nervosa.
— Oh, minha filha, é verdade. — A Sra. Higurashi alisou a cauda do vestido verde-água.
Felizmente, seus pais tinham recebido a notícia do falso casamento, e depois do verdadeiro, com bom humor. Apesar da insegurança de Kagome, a explicação fora mais fácil do que imaginara.
Sesshomaru, com Kagome a seu lado, pacientemente contara toda a verdade aos sogros, começando pela irresponsabilidade de Inuyasha e terminando com a promessa de amar, proteger e respeitar a filha deles. Os Higurashi se sentiram cativados pela sinceridade e pela simpatia de lorde Taisho.
Por fim, de comum acordo, decidiram que os detalhes daqueles estranhos acontecimentos seriam mantidos em segredo. Nem mesmo as irmãs de Kagome tomariam conhecimento da verdade. Obviamente, foi revelado que lorde Taisho tinha um irmão gêmeo, mas ninguém da família, com exceção dos pais de Kagome, nem da cidade suspeitava que o noivo era Inuyasha, e não Sesshomaru, na ocasião da primeira cerimônia de casamento, no início daquele ano.
No primeiro momento, os Higurashi ficaram desgostosos ao saber que tinham assistido ao falso casamento da filha mais velha. Imediatamente, Sesshomaru sugeriu repetirem a cerimônia. Para evitar perguntas embaraçosas, ficou combinado que a família de Sesshomaru iria para Wiltshire para assistir ao casamento do filho, uma vez que nenhum dos Barrington tivera oportunidade de comparecer à cerimônia realizada no inverno.
Para manter a harmonia na família, decidiu-se convidar tia Kaede. Como de costume, a velha senhora fazia sempre um comentário, crítica ou sugestão, para cada hora e evento do dia, incluindo um protesto em voz alta sobre o café-da-manhã ao ar livre. Suas opiniões eram refutadas polidamente pelos pais de Kagome.
Uma movimentação na porta do quarto, ocasionada pela entrada de um homem elegantemente vestido, interrompeu os preparativos da noiva.
— Oh, minha querida, não é bom o noivo ver a noiva antes do casamento. — A mãe de Kagome postou-se diante da filha, tentando impedir que o rapaz a visse. — Se bem que eu não tenho certeza se a superstição se aplica a você, por já ser casada. O que você acha Kagome?
— Acho que não é necessário se preocupar, mamãe. Quem está aqui é Inuyasha, e não o noivo.
A Sra. Higurashi fez uma expressão de espanto.
— E mesmo? Desculpe, mas ainda não consigo distinguir entre esses dois cavalheiros tão encantadores.
Kagome abraçou o cunhado e beijou-o no rosto.
— Que surpresa agradável!
— Você está linda, Kagome. Muito mais bonita do que no dia do nosso casamento.
— Um casamento no inverno, um na primavera, e agora um no verão. Será que isso vai se tornar modismo em Londres?
— Dificilmente. Aquelas criaturas tremem só de pensar em casamento.
Kagome encolheu os ombros.
— Eu sempre as considerei umas tolas. Ambos riram.
— Estou aqui para lhe entregar um presente do noivo. — Inuyasha fez uma mesura e, com gestos teatrais, exibiu um buquê de pequeninas rosas brancas amarradas com uma fita verde, no mesmo tom de verde do debrum do vestido de Kagome.
— Os detalhes do meu vestido deveriam ser segredos de Estado — comentou ela, desconfiada.
— E eram. Acontece que Sesshomaru queria que o buquê combinasse com o vestido. Então, ele convenceu lady Renude a revelar o segredo. Você sabe que ninguém nega nada ao meu irmão.
— Essa é uma das qualidades que mais aprecio nele. — Kagome corou e aspirou o perfume das flores.
Seguiu-se um breve silêncio. Inuyasha abriu a boca duas vezes, mas não disse nada. Percebendo o desconforto dele, Kagome sorriu para a mãe.
— Mamãe, por favor, veja se a carruagem está em ordem. Não quero chegar atrasada na igreja.
Assim que a Sra. Higurashi saiu, Inuyasha começou:
— Pretendo ir embora logo depois da festa e imagino que esta seja a única oportunidade de conversarmos a sós. — Ele ergueu levemente as sobrancelhas. — Preciso saber se você me perdoou. Por tudo.
— Caro Inuyasha, confesso que ao aceitar sua proposta de casamento, nunca imaginei a reviravolta que haveria na minha vida. Nunca acreditei muito em destino, mas agora sei que meu destino era ficar com Sesshomaru. Isso jamais teria acontecido sem a sua intervenção. — Sorrindo, Kagome afagou o rosto dele. — Não há o que perdoar, mas se você faz questão, saiba que não tenho mágoas e que estou muito orgulhosa de ser sua cunhada.
Ela ergueu a cabeça e Inuyasha beijou-a na testa.
— Meu irmão é um homem de sorte.
— Espero sinceramente que, um dia, você também encontre seu grande amor. Você merece ser feliz, Inuyasha.
Uma sombra anuviou o semblante de Inuyasha, mas ele logo se recompôs.
— A carruagem já está esperando. — A Sra. Higurashi entrou novamente no quarto. — Seu pai disse que está na hora de irmos. Vamos, filhinha, não queremos nos atrasar.
Minutos depois, Kagome estava sentada na carruagem aberta, acompanhada pelos pais. Mantendo a tradição, Sesshomaru providenciara uma parelha de cavalos cinzentos para puxar o veículo. As mantas brilhavam ao sol, e fitas e guirlandas de flores enfeitavam alegremente os arreios e as rédeas.
Kagome respirou fundo. A temperatura estava amena, o céu azul e sem nuvens, e uma brisa suave soprava no ar. O dia perfeito para um casamento e, apesar de ser a terceira vez que Kagome passava por aquele ritual, aquela era a primeira vez que ela se sentia realmente como uma noiva.
Havia uma pequena multidão na porta da igreja. Apesar de compreenderem que se tratava de uma cerimônia íntima, todos queriam cumprimentar os noivos e conhecer os aristocráticos parentes de Kagome.
Houve gritos de vivas quando a noiva desceu da carruagem. Assim que Kagome entrou na igreja, os primeiros acordes do órgão foram ouvidos. Sua mãe apressou-se em ajeitar o véu e a cauda do vestido, e depois de lançar um último olhar emocionado à filha, correu para seu lugar no altar.
Kagome apertou o delicado buquê de rosas. Por alguns segundos, acariciou o ventre. Não era a primeira noiva a entrar na igreja carregando uma criança dentro de si, mas acreditava ser a mais feliz. Não era fácil guardar segredo, mas decidira revelar a novidade a Sesshomaru naquele dia, mais tarde, na privacidade do quarto deles.
Os acordes do órgão se elevaram no ar, e Kagome pegou no braço do pai. Devagar, começaram a caminhar pela nave central da igreja. Ao ver Sesshomaru, tão bonito e elegante em seu traje azul-marinho e camisa branca, seu coração bateu mais forte. Os olhos dele brilhavam de felicidade quando se aproximou para recebê-la e conduzi-la à frente do altar.
Ao final da cerimônia, os convidados olhavam emocionados, a saída do casal ao longo da nave. Do lado de fora da igreja, Kagome e Sesshomaru se beijaram sob uma chuva de pétalas de flores.
O café-da-manhã foi uma festa alegre e barulhenta, com muitos brindes, risos, brincadeiras, e com as filhas de Sango correndo pelo jardim. Kagome sentou-se em seu lugar de honra, assistindo a tudo maravilhada e perguntando-se como era possível tanta felicidade. Sesshomaru sentou-se a seu lado e pegou-lhe a mão.
— Está feliz?
— Muito — ela murmurou, sorrindo com os lábios e com os olhos.
— Acabei de me despedir do meu irmão e ele deixou um abraço para você. Ele gostaria de ficar mais, porém, preferiu partir à luz do dia.
— Ele voltou para Londres?
— Não. Vai para York resolver um problema numa de minhas propriedades.
— Seu administrador não conseguiu resolver?
Sesshomaru serviu-se de um copo de vinho e sorveu um longo gole.
— Há algumas complicações que requerem autoridade que não deleguei aos empregados. E como não me agrada a idéia de deixar minha noiva sozinha, mandei meu irmão em meu lugar.
— Agrada-me saber que você confia inteiramente nele. Sesshomaru sorriu e Kagome reconheceu um traço do velho cinismo.
— A situação está crítica. Duvido que Inuyasha consiga deixá-la pior.
— Bem, de qualquer forma, penso que foi gentileza dele concordar em ajudá-lo.
— Ele me deve isso.
— Ele deve? — Kagome pegou o copo de Sesshomaru e bebeu um gole de vinho. — Acredito que somos nós que devemos a Inuyasha. Afinal, se não fosse por ele, você e eu não estaríamos casados. Pela terceira vez.
— Legalmente, este é o nosso segundo casamento, mas sou a favor de qualquer coisa que garanta você comigo para sempre.
— De verdade?
— Oh, sim. Sou impulsivamente romântico — ele declarou um tanto surpreso com as próprias palavras.
Kagome riu.
— Não, acho que não é bem assim, mas não me importo, porque amo você assim mesmo.
— Eu também amo você, Kagome. Muito mais do que você imagina.
E então, Sesshomaru Taisho, um homem conhecido por sua arrogância e rígidos padrões de moral e bons costumes, levantou sua esposa da cadeira, sentou-a em seus joelhos, envolveu-a nos braços e deu-lhe um beijo apaixonado, faminto, voraz.
Todos os presentes que testemunharam à cena concordaram que lorde Taisho estava ultrapassando os limites do decoro. Mas todos aplaudiram entusiasticamente!
FIM
Acabou eu gostaria de agradecer a kagomeinug no sesshy que me acompanhou nessa adaptaçao.
Espero que tenham gostado beijos.