Disclaimer: Todos esses personagens pertencem à JK Rowling e a história pertence à Kurinoone. Nada é meu. Essa tradução não tem fins comerciais.
Título: Uma Parte de Mim
Resumo: Continuação de "The Darkness Within". Harry tenta se ajustar à sua vida nova sem Voldemort. Porém, às vezes, seu passado se recusa a ficar onde pertence. UA. H/G
Tradutoras: Fabrielle e Letícia
N/T da Fabrielle: A fanfiction original encontra-se no profile da autora, que pode ser achado nos meus favoritos.
Essa tradução está sendo feita por mim, Fabrielle, e pela Letícia, que ajudou na reta final de "The Darkness Within".
Divirtam-se!
xXx
Capítulo Um: Uma Vida Nova
Não importava para onde olhasse, ele só conseguia enxergar uma névoa pratada obscurecendo a visão dos lugares ao redor. Harry forçou seus olhos contra a bruma, tentando descobrir onde é que se encontrava. Tudo estava mortalmente quieto. O garoto não consiguia nem mesmo ouvir seus próprios passos se arrastando pelo chão.
"Pai! Você está aí?" Harry perguntou. "Damien! É melhor você não estar aprontando alguma!" Gritou. Era bem coisa do seu irmão mais novo pregar uma peça desse tipo.
Quando não houve resposta, Harry cegamente começou a caminhar, xingando baixo por entre sua respiração. Ele não conseguia se lembrar de como tinha acabado naquele lugar. Onde ele estava? Onde estava todo mundo?
Harry sentiu seus dedos roçarem em alguma coisa. Parecia ser algo frio com uma superficie macia. O garoto aproximou-se, tentando descobrir o que era isso.
Foi como se um interruptor tivesse sido ligado e a bruma densa dissipou-se de uma só vez. Harry suspirou aliviado. Pelo menos ele seria capaz de ver onde é que estava indo agora. O garoto olhou para trás para ver com o que tinha colidido no meio da escuridão.
O moreno sentiu seus cabelos ficarem de pé. Assustado, afastou sua mão do objeto que segurava pelo topo, recuando alguns passos.
Harry James Potter
As palavras prateadas estavam cravadas no mármore negro em meio a adornos de prata. Harry tentou fazer seus pés se movimentarem, mas um terror absoluto o acometeu. Era o túmulo negro que Voldemort construira para ele.
Harry sentiu seu coração disparar em seu peito. O moreno virou-se, tentando afastar-se do túmulo o maximo possível. Ele parou, enquanto aquela visão assustadora o saudava. Ficou em choque ao ver Voldemort parado na sua frente, os olhos vermelhos queimando ferozmente.
O homem não disse nada. Nem mesmo uma única palavra saiu de seus lábios. Ele permaneceu no mesmo lugar, apenas encarando Harry. Seus olhos vermelhos rubis, não abandonavam o rosto do garoto, nem mesmo quando as chamas começaram a queimar suas vestes. O moreno ficou aterrorizado com aquela visão. Ele tentou se afastar, mas era como se o olhar de Voldemort o estivesse segurando naquele lugar, recusando a deixá-lo partir. Harry assistia horrorizado enquanto as chamas engoliam o Lorde das Trevas.
Voldemort não deixava som nenhum escapar enquanto era queimado vivo. Ele continuava a olhar para o garoto. Até que as chamas chegaram em seu rosto e sua boca abriu-se deixando escapar uma única palavra.
"Harry"
O moreno deu um salto em sua cama. Sua respiração estava pesada e todo seu corpo estava encharcado de suor. Harry olhou ao seu redor e percebeu que estava dentro de seu quarto. A julgar pela escuridão ainda era madrugada.
Harry respirou profundamente para tentar se acalmar. Forçando-se a sentar na cama, percebeu que estava tremendo. Ele esfregou os olhos cansados e suspirou longamente. Por que não conseguia se livrar daquele pesadelo idiota? Todas as noites tinha que assistir à morte de Voldemort repetidamente.
O sonho sempre começava de modo diferente, mas sempre terminava com o Lorde das Trevas parado em sua frente antes que as chamas o engolissem. A maioria dos pesadelos terminavam com as chamas queimando o corpo imóvel de Voldemort, mas às vezes ele chamava por Harry.
Harry não conseguia evitar os arrepios que percorriam pelo seu corpo ao ouvir a voz de Voldemort ressoar em sua mente. Era sempre a mesma única palavra. Ele nunca dizia nada além disso. Era sempre apenas 'Harry'.
O garoto tentou dormir novamente, mas meia hora depois desistiu e admitiu derrota. Três semanas passaram-se desde a morte de Voldemort. Harry estava lidando com isso da única maneira que sabia, ignorando o que tinha feito. Recusava-se a conversar sobre isso com alguém, o que não era algo difícil, já que seus pais não demostravam desejo nenhum em discutir Voldemort. Damien era grato por esquecer o que tinha acontecido também. Sendo assim, o moreno achou muito fácil desviar seus pensamentos de Voldemort e se manter ocupado com seu novo estilo de vida, seus pais e irmão.
Sua mãe havia tentado uma vez dizer que ele não devia se sentir culpado por matar o Lorde das Trevas. Harry apenas balançara a cabeça e recusara-se a falar sobre o assunto. Ninguém podia entender o quão culpado ele era. Havia matado o homem que lhe criara.
Harry desceu da cama e silenciosamente andou em direção ao guarda-roupa no outro lado de seu quarto. Ele colocou as roupas que usava quando treinava o mais rapido que podia, deixando a casa em direção ao seu galpão construido no jardim.
Isso era o que Harry fazia quando não conseguia desviar sua mente dos problemas. Ele vinha usando seu local de treinamento cada vez mais, visto que os pesadelos ficavam cada vez piores. Fazia dias que Harry não tinha uma noite decente do sono.
Ele treinou vigorosamente, sem permitir que sua mente se desviasse para qualquer outra coisa. Treinou por horas a fio e só parou quando viu o céu ficar rosa e o sol começar a nascer. Harry então voltava para casa antes que sua família acordasse. Não tinha a mínima vontade de contar sobre sua rotina noturna. O garoto voltou para o seu quarto e tomou um banho relaxante para tirar todas as dores que o treinamento rígido deixara em seu corpo.
Quando Harry desceu as escadas e entrou na cozinha, viu o resto da sua família já acordada. Sua mãe preparava o café da manhã como de costume. Ela se virou para observar o filho mais velho entrando e sua face alegrou-se ao vê-lo.
"Bom dia!" Disse alegremente.
Harry sorriu e respondeu com 'dia'.
Ele se juntou ao seu pai e irmão na mesa. Dava para ver que Damien ainda estava sonolento, mas pela primeira vez, James parecia completamente acordado. Lily sentou com a sua família na mesa e cada um, já com seu café da manhã, começaram a conversar sobre o que iriam fazer durante o dia. Damien decidira que ele e Harry iriam praticar suas técnicas de quadribol, enquanto Lily iria terminar um dos seus projetos no jardim. James disse alguma coisa sobre Sirius aparecer mais tarde para que trabalhassem em 'coisas de Auror'.
Harry e Damien tinham acabado de ir em direção ao campo de quadribol privativo quando a chama da lareira tornou-se esverdeada e Sirius aterrissou ao lado do tapete. Ele varreu os resquícios de carvão de suas vestes e deu a Lily um largo sorriso.
"Bom dia! Estou atrasado para o café da manhã? Sinto cheiro de lingüiças. Você deve ter guardado algumas para mim. Sabe que elas são as minhas favoritas." Ele disse ao beijar a mulher na bochecha, enquanto ela lhe lançava um olhar repreensivo.
"Eu já te disse antes, se quiser café da manhã venha na hora certa." Ela repreendeu, mas acabou colocando um grande prato na mesa para ele.
James cumprimentou seu amigo também e estendeu as mãos para receber alguma coisa. Sirius suspirou e deixou um jornal cair sobre elas.
"Se você vai ler de qualquer jeito, então pra que cancelar a sua assinatura?" Perguntou enquanto entregava a James uma cópia do Profeta Diário.
"Você sabe o porquê." O homem respondeu ao folhear o jornal e começar a lê-lo.
James sabia que não devia se incomodar em ler o jornal, visto que estava repleto de bobagens sobre o acontecido em Hogsmeade. Porém, mesmo assim, ele não conseguia evitar de lê-lo, pois era um hábito de muitos anos.
James lia o jornal e então o destruía para que Harry não o lesse e ficasse chateado. O mundo mágico havia mudado o discurso em relação ao garoto.
Inicialmente, após o julgamento, muitas pessoas ainda o temiam. Elas não confiavam nele e, para a maioria, Harry era tão cruel quanto Voldemort. Agora, entretanto, ele era um herói. Era o salvador. O escolhido que os havia livrado do terrível Lorde das Trevas. Aquilo era algo além do limite na opinião de James e ele não queria que o filho lesse algumas das coisas que estavam sendo escritas. Sabia como Harry reagiria. A hipocrisia dessas pessoas era inacreditável. O homem preferia manter o garoto longe dessas coisas o máximo que podia.
Após ler as últimas bobagens, sobre um bruxo dizendo que Harry deveria ganhar uma Ordem de Merlim Primeira Classe por matar Voldemort, James enrolou o jornal e usou sua varinha para queimá-lo. Sirius estava na metade do seu café da manhã e parou para observar o amigo. Ele vinha trazendo o jornal todas as manhãs e olhava James lê-lo e ficar irritado com o que estava escrito, logo depois observava o jornal ser queimado.
Ele sabia que o amigo estava apenas tentando proteger seu filho. James não queria que Harry visse todas as bobagens que estavam sendo escritas, como sobre o garoto ser o salvador e herói do mundo mágico. Essas notícias fariam com que o moreno ficasse com raiva e, talvez, sentindo-se ainda mais culpado pela morte de Voldemort.
Sirius não entendia muito bem o porquê de Harry estar sentindo-se culpado. Voldemort o havia torturado e então tentado matá-lo. E teria conseguido se o garoto não tivesse feito o que fez. Damien estaria morto se não fosse pela Layhoo Jisteen. Na visão de Sirius, Harry não deveria se culpar por nada daquilo.
"Então, devo entender que vocês ainda não conversaram com ele?" Sirius perguntou, enquanto o amigo terminava de beber seu café. James o encarou nos olhos e balançou a cabeça.
Quando Harry havia ficado no hospital, o curandeiro em comando recomendara que o garoto conversasse sobre o que havia acontecido com um medibruxo especializado em disturbios mentais. Era claro, ao vê-lo, que Harry encontrava-se em estado de choque e negação sobre a morte de Voldemort. James havia rejeitado isso, dizendo que ele mesmo iria conversar com seu filho e ajudá-lo a enfrentar a situação.
Contudo, três semanas se passaram e James ainda não havia conversado nada com o filho. Não por falta de tentativas, mas toda vez que mencionava o assunto com o garoto alguma coisa acontecia. Fosse o trabalho de auror, assuntos da ordem, ou mesmo o fato de Harry estar preocupado com outras coisas, James estava convencido de que o filho não estava mais triste.
Harry estava realmente começando a voltar ao normal e, desse modo, ele sentia que não era necessário trazer a tona esse assunto. Tudo o que não queria era que o filho lesse alguma dessas matérias que poderiam trazer as memórias do ocorrido de volta a sua mente.
"Ele está bem agora, Sirius. Acho que nós todos devemos esquecer o que aconteceu." James disse ao levantar da mesa.
"James, você não pode protegê-lo disso pra sempre. Cedo ou tarde ele vai ter que lidar com o que fez. Você pode mantê-lo longe dos jornais e das notícias, mas e quando ele voltar pro mundo mágico? Harry é uma celebridade agora. Se ele não estiver pronto para aceitar o que aconteceu, como é que será capaz de lidar com a histeria lá fora?" Sirius perguntou.
"Ele está pronto. Ele está bem. Harry está lidando com isso do jeito dele. Confie em mim Sirius, Harry vai ficar bem." James disse.
Lily não falou nada. Ela já dissera o que pensava sobre o assunto. A mulher queria que James conversasse com Harry, mas o homem continuava insistindo que o filho estava bem. Ela já havia tentado conversar com o garoto sozinha, mas viu que ele rapidamente se esquivava, dizendo que tudo estava bem e que não precisava conversar sobre nada. Quando Lily conseguia fazer Harry sentar para conversar, ele apenas concordava com tudo o que ela falava. Era inútil esperá-lo se abrir.
Sirius encerrou a conversa. Ele podia ver que o amigo não ia conversar com Harry sobre Voldemort. Era algo doloroso demais para ambos. Sendo assim, James adiaria a situação por mais tempo possível. Ignorando tudo e esperando que o problema se resolvesse sozinho.
Sirius esperava que tudo desse certo. Ele conhecia seu afilhado o suficiente para saber que o garoto não era alguém fácil de se conversar. Se Harry estava guardando seus sentimentos para si, então não havia nada que alguém pudesse fazer a respeito. Sirius levantou-se e seguiu James até o escritório no andar de cima. Eles tinham bastante serviço para fazer.
O auror avistou Harry e Damien lá fora. Sirius parou por um momento, assistindo aos dois afilhados voando e se divertindo. Harry parecia estar realmente aproveitando. Pelo o que podia perceber, o garoto parecia feliz e saudável. Sirius suspirou profundamente e desejou que James estivesse certo. Ele esperava que Harry estivesse bem e que estivesse pronto para lidar com o mundo mágico e com a fama que esperava por ele.