THESTRALS

Para a Diana.


Você apareceu quando eu só queria ficar sozinho, imerso nos meus problemas. Os meus problemas eram grandes, grandes demais, e às vezes eu precisava de alguém como você, que me mostrasse como havia coisas maiores. Você se sentou na areia da praia gelada, e talvez essa imagem — que ficou gravada em tudo o que eu tinha, tudo o que eu era — tenha me tocado, porque quando percebi já lhe contava tudo. Não falei a você sobre os segredos que envolviam minha viagem, sobre o desespero que fazia parte de tudo; falei sobre as coisas que eu não arriscava admitir, como o medo de não saber mais viver em nosso mundo quando tudo aquilo acabasse, como ver a pintura no seu quarto me fez sentir coisas demais. Não pude ver sua expressão quando me disse que os seus amigos eram como thestrals, que você teve de passar por algumas dificuldades para vê-los e então amá-los. Gosto de pensar que você estava sorrindo. Nunca senti tanta vontade de chorar, pequena. As minhas razões de mais nada serviam, de repente eu carregava apenas as suas palavras para deixar o mundo visível; e eu quis, mais do que tudo, deixar tudo visível para você.