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CHAPTER III – O VISITANTE II
Afastou-se na direção da porta; ambas as mãos passaram sobre os cabelos rebeldes. Raivosos, os olhos negros pousaram sobre mim; os lábios crispados. Já disse que odeio quando você me olha assim, Uchiha Sasuke? Tenho a impressão de que ele se sentiu ameaçado. Ou sua reação foi apenas à altura da minha provocação? Não, não foi à altura; está exagerando como sempre faz – para me empurrar o papel de vilã da história.
Tô sentindo que ele quer meu corpo nu, crucificado de cabeça para baixo.
— Agindo dessa forma, como uma adolescente mimada, você só será digna de pena como sempre foi. Você não me irrita agindo assim: só permanece no ridículo e isso me envergonha. – apontou o dedo em minha direção, falando baixo, quase sussurrando.
Apontando o dedo pra mim? Eu, digna de pena?
Respirei fundo e ignorei o baque daquelas palavras. Eu lamentaria e arquitetaria um plano maléfico depois, quando o honorável Dr. Ferradura se retirasse do quarto.
— Você não me intimida apontando esse dedinho. O que você pensa, diz e faz, é indiferente pra mim há muito tempo. Eu não me importo mais. Na verdade, acho que nunca me importei. – sorri, irônica.
Sua expressão tornou-se ainda mais pesada – num misto de sentimentos, sensações que não consegui identificar.
Ele saiu do quarto muito puto, como alguém que desliga a televisão, revoltado com o final de Sexta Feira 13. Fechei a porta sem fazer o menor ruído. Acho que não teria problema se eu arrebentasse a porta, ao fechá-la. Itachi já deve ter ciência do nosso desentendimento e do quão louca, psicótica, maníaca, psicopata e desmiolada eu sou. Não duvido que Sasuke tenha usado estas mesmas palavras – e ainda nesta sequência – para me descrever e acrescentar que eu comecei o samba em virtude de todas essas minhas qualidades.
Deitada, abracei o travesseiro e como não sou de ferro, desabei – embora não entendesse exatamente o motivo do choro: as palavras dele, o clima dos últimos dias que me desgastava cada dia mais, ou a falta de esperança que as coisas se acertem. Contudo, no fundo eu sabia que era uma mistura louca de tudo – mas o que predominava, era o peso das últimas palavras que ele disse; só não seria agradável admitir. Fazendo-o, estaria aceitando um fracasso. E eu estaria derrotada por alguém que deveria me segurar, me apoiar nos momentos em que a fraqueza se apoderasse de mim – exatamente como naquela ocasião.
Frustrada, não consigo pensar em nada. Sequer numa forma de deixa-lo mais humilhado ainda. Talvez eu deva espalhar pela cidade que ele tem o pinto pequeno, herpes genital e ejaculação precoce.
Os primeiros sinais de claridade penetravam o quarto. Entreabri os olhos; respirei fundo e me espreguicei. Senti a cama estreita. Eu não deveria estar no canto, e sim no meio da cama. Um cheiro familiar. Os lençois me aqueciam mais do que o normal; talvez fosse febre... Ou ainda, um futuro ex-marido fingindo para o irmãozinho que está tudo bem. Ainda estava com sono, mas só se estivesse sedada continuaria ali, deitada...
Levantei-me.
Era uma múmia; não emitia nenhum som, nem esboçava qualquer tipo de movimento.
Querido, você é um péssimo ator. Você ronca, meu bem; nem no mais absoluto cansaço você dorme em silêncio.
Fui em direção ao banheiro, cuidar da higiene – talvez o Itachi não aguente meu bafo de onça caso eu o encontre acordado pela casa. Saí do quarto, dessa vez, devidamente vestida.
Silêncio.
Ele não ronca.
Por que o irmão mais novo é sempre mais problemático? Ronca, tem rinite, não sabe segurar um pum, é irritante, estúpido, mimado.
Colchão e travesseiros no lugar. Itachi e o edredom não estavam onde deveriam. Não fora sequestrado; a casa está em ordem. Olhei pela janela; não estava fumando na calçada. Que seja. O carro ainda está na garagem; tudo nos conformes. Na cozinha, tudo em ordem...
— Bom dia! – Fui surpreendida por um bofe despenteado, enrolado em um edredom. – Fiz café.
Os cabelos ligeiramente bagunçados, os olhos inchados e o rosto amassado. Seu sorriso simpático compensou toda aquela feiura matinal. Até me arrependo das vezes em que fui mal educada... E me arrependo, especialmente, da piriguetagem que fiz ontem. Com certeza o demônio me possuiu e foi embora enquanto eu dormia. Senhor, não permita que isso aconteça outra vez. Do contrário, serei mais um caso de suicídio em julgamento no seu tribunal. Isso é uma ameaça, que fique claro.
Sorri.
Certo, Sakura. É a hora em que você se esforça pra aparentar bom humor antes do meio-dia.
— Obrigada, mas deixo o café pra mais tarde. – mais simpatia, por favor.– Acordei sem fome.
Quem consegue fazer a simpática no meu estado mental?
— Eu insisto. – voltou-se para o armário e retirou mais uma xícara. – Fiz torradas, também. Geleia?
O que pude esboçar, apenas, foi um sorriso amarelo.
Casei com o bofe errado?
— Aceito. – fiz menção de levantar.
Ele balançou a cabeça, num gesto negativo.
Finja que nada aconteceu, cale-se e faça o que ele quiser.
— Eu pego. – sorriu.
Itachi, pare com isso. Sou fiel, você não tem chance. Pelo menos, não com o seu irmão dentro de casa.
Depositou sobre a mesa, as torradas, a geleia. Em seguida, a caneca fumegante ao alcance das minhas mãos. Sentou-se, também. A última coisa que eu queria: companhia no café da manhã. Não tenho assunto; o que resta em minha cabeça é um ou outro flash ceninha da noite passada: a ceninha, a discussão no quarto, a crise de choro.
— Obrigada. – essas tentativas de parecer simpática estão cada vez mais longe de serem bem sucedidas.
É desagradável quando uma pessoa te olha enquanto você come. Especialmente se ela te observa sem dar um piu.
Itachi, meu filho, converse comigo. Foco na conversa e você esquece que eu mastigo com a boca aberta. Apoiei o cotovelo sobre a mesa, o queixo sobre a mão. O indicador da outra mão circundava a borda da xícara. As pernas sob a mesa chacoalhavam levemente. Meus olhos, tão inquietos que, por um instante, pensei que ficaria tonta.
Ele, tranquilo, apenas me olhava.
— Não esperava você acordado a essa hora...
— Já passa das nove, dormi até demais!
— Ninguém acorda cedo em pleno sábado.
Riu-se.
Com certeza, debochando da minha contradição.
— Mas o meu caso é diferente. — tentei remendar.
Ele – ainda rindo – assentiu.
Meus pensamentos acabaram por silenciar-se, tamanha era a confusão entre eles. Desisti de coloca-los em ordem. Pelo menos, naquele momento.
Dane-se.
Não preciso me esforçar para trata-lo bem; sequer, para camuflar o que com certeza ele já sabe: meu casamento vai de mal a pior. Espero que saiba, também, que odeio conversar durante o café da manhã. E mais: saiba, também, que caso resolva interceder pelo irmãozinho, ambos correm risco de vida.
— Se vocês quiserem sair, eu faço o almoço.
Vocês.
Tá de sacanagem.
— Eu não usaria o plural.
Ele me olhou incrédulo – ainda que um ar de riso insistisse em aparecer.
— Não sei o que está acontecendo, mas...
— Você sabe. – cortei. – Ele te contou tudo.
Ele suspirou. Por breves instantes, os olhos se mantiveram baixos. Levantou-os com seriedade.
— Vocês não são mais crianças, não são animais selvagens. Façam o favor de se resolverem de forma racional e civilizada, ou se separem de uma vez.
Devo deixar claro o quanto isso me irritou?
Que vontade de jogar aquele café quente dentro da cueca dele! Mordi a língua; remexi-me na cadeira. Precisei respirar fundo e lembrar que ele podia me processar se eu desse um banho de café na genitália dele. Cerrei o punho direito – que foi de encontro com a madeira da mesa, estremecendo-a. Claro, que a minha vontade era de esmurrar a cara dele.
Engoli – pela enésima vez – todos os xingamentos, palavrões e maldições.
— Não se mete.
Levantei apressada.
Peguei as chaves do carro e fui em direção à porta. Itachi também se levantou e foi em minha direção. Ele me olhava ligeiramente irritado.
— Continue assim e você nunca mais trepa. – sorriu sarcástico.
Senti meu sangue ferver. Mantive a calma e rapidamente encontrei uma resposta. Esdrúxula, mas, uma resposta.
— Ótimo, só tendo algo em comum com a sua mãe, pra ela me aceitar mesmo.
Ainda com sarcasmo, balançou negativamente a cabeça. Esperei por uma resposta. Ele se absteve.
Ele já estava na sala, à minha espera.
Recebeu-me com um sorriso satisfeito.
Antes que indagasse o que havia de errado comigo, perguntei-lhe como estava. Inclusive, perguntei a respeito da eleição que teríamos de então a alguns dias – e descobri um velhote esquerdista. Contudo, não me deixou prolongar o assunto. Disse-me que política era prosa pra outro dia.
Eu sei que não surpreende, mas... Contei tudo. E claro, enfatizando a discussão amistosa de horas antes.
— Mas por que tratar o rapaz desse jeito? – disse, com certa piedade na voz.
— Ele não pode se intrometer no meu relacionamento assim... E eu nem pedi a opinião dele. Com certeza isso é coisa do Sasuke. Não quer falar comigo e manda o irmãozinho dele fazer o serviço.
Ele achou graça.
Vô, você merece uns tapas por isso, sabia?
Seu semblante se fazia calmo, me olhava como se soubesse o motivo pelo qual tudo aquilo estava acontecendo. E mais; como se tivesse a solução.
— Você é uma bomba-relógio... – fez uma pausa. – Já afastou seu esposo, não afaste um possível aliado, também...
Fiquei em dúvida.
Ele deve ter razão; é sempre assim. Pessoas mais velhas conseguem prever coisas...
12 - 11 - 2O12
N/A¹: Sou mesmo uma filha da puta, tô sabendo. Mais de um ano desde o último post. Peço 9827439823749283749287429384 26582362 desculpas e aceito todos os xingamentos que vocês quiserem me dar. Muito obrigada a quem continuar lendo essa fic. :D
N/A²: Acho que vocês também notaram que houve uma mudança de padrão na minha escrita (não foi proposital). Desde o último post aqui, eu não escrevi uma linha sequer; acabei perdendo o jeito. Então é provável que depois eu revise todo esse capítulo e faça alguns ajustes. E os poucos que ainda me leem, sintam-se à vontade para fazer sugestões - tanto a respeito do meu português (que por sinal anda mal das pernas), quanto ao enredo.
Respondendo às reviews;
Nath, que bom que você gostou, espero que você não me abandone. Vou te cobrar no facebook hiuahaiuhaiuha
Kynn-chan, não vou desaparecer. Tudo bem que eu tô postando aqui uma vez no ano, praticamente. Vou me esforçar pra aparecer mais vezes. E obrigada pela sua review :D
StrawK, obrigada! Tomara que não tenha desistido depois de tanto tempo de espera! rs Caso leia, espero que goste.
sesshujeniffer, se ele sentiu ciúmes? hmmm acho que essa nem eu sei hiauhaiuhaiuha (A)
Gabi, obrigada e vou te cobrar no facebook também iuhaiuhaiuah :)
Final Fairy, Obrigada e espero que não tenha desistido D:
Amanur, não sou casada mas namoro há 4 anos. Serve? huahuiahiuahiuah Eu já presenciei algumas crises conjugais, acho que consegui observar algumas coisas. Não vou desistir, é questão de honra terminar essa fanfic. Honra e respeito com quem lê, né :D
Back Side, obrigada pela sua review! Espero que goste deste capítulo.
Uiu, o caos reina na cabeça dessa criatura. Se ele reinar absoluto, cabeças rolarão. iauhiauhaiuha
Rainha B, espero que goste da continuação :D
Dany Gameover, desmaiando? Fiz coisa errada? D:
Pricililica, fique sossegada. Posso demorar (juro que nunca mais deixo passar um ano pra postar outra vez) mas não vou desistir dessa fic hiauhaiuhaiuhaiuha. O Itachi é um cara legal, ele não faria isso com o próprio irmão. A Sakura que é realmente louca iuahiuahiuahiuaha
ÚLTIMA NOTA: Vocês podem me cobrar se eu demorar demais. Quem quiser entrar em contato, meu twitter: bingladen, ou me adicionem no facebook - que tá linkado na descrição do meu perfil.