Capítulo 1

ALEX NOX

Os Inomináveis de Orange County

Ela encarou a enorme mansão paradisíaca à sua frente e suspirou.

Isso não parece nem um pouco bom…

Ouviu seu marido gemer, e ao virar para trás para ver o que havia, notou-o levantando uma enorme caixa parda de mudança com certa dificuldade.

— Querido?

— Sim, querida?

— Por que está carregando essa tralha se pode usar um Feitiço Locomotor?

— Na verdade nós não podemos porque além de estarmos em cobertura secreta sabe-se-lá o quão mexeriqueiros são os vizinhos desse maldito lugar! Podem estar nos observando pela janela neste exato momento!

— "Maldito" por quê? Pensei que você gostasse de praias com areia, sol, palmeiras…

— Eu gosto disso em Maiorca! Eu O-DEI-O a Califórnia!

Enquanto isso, uma garota alta de pele clara, cabelos ondulados loiro-acizentados até os ombros, usando óculos escuros Armani e carregando uma Louis Vuitton pequena a tiracolo passou por eles indiferente e entrou na casa sem mais delongas. Lá vão eles brigar novamente…

— E nós não estamos brigando, mocinha, estamos discutindo! Há uma diferença crassa entre os dois.

Odeio quando ela usa Legilimência contra mim.

Os Inomináveis haviam chegado a Newport Beach, Orange County, Califórnia.


A apenas alguns metros de distância, as previsões do moreno de cabelos revoltos se confirmavam. Havia uma ruiva entre seus trinta e quarenta anos, franja curta jogada para o lado, lábios cheios com batom vermelho e olhos vivos puxando a cortina ligeiramente para observar furtivamente a instalação dos recém-chegados.

Melinda Huntington não gostava nenhum pouco dos novos vizinhos. Eles eram… estranhos. Não apenas tinham ares de pobretões e se vestiam muito mal com exceção da filha, mas… eram estranhos. Não havia palavra melhor nem mais vaga para definir o que de… estranheza que eles tinham.

Como se não pertencessem a esse mundo…

Ora essa, agora estava Melinda a acreditar em extraterrestres! Não seja tola, mulher!

— Rory! Venha cá imediatamente!

Uma bufante garota de cabelos cor-de-areia, enormes olhos azuis e nariz reto se aproximou e olhou pela janela como a mãe.

— Que é? — grunhiu a garota em latente descontentamento.

— O que você acha deles? — e Melinda apontou para os recém-chegados. A ruiva lá fora tentava tirar sozinha uma enorme mesa detrás de uma caminhonete. Tentava, porque no minuto seguinte o pé do dito móvel escorregou da borda do carro e caiu implacavelmente sobre o pé da mulher. Esta, obviamente, soltou um enorme berro.

— Que há com eles? — perguntou Rory impaciente.

— Ora essa, não está vendo? Como eles são… estranhos.

— Ligeiramente — retorquiu a loira displicente, para em seguida se afastar da janela e volta a seus afazeres anteriores, quaisquer que fossem.

Preciso descobrir mais sobre esses caras, pensou Melinda.


Serena atirou sua bolsa sobre a cama de casal recém-comprada e abriu as portas venezianas, saindo por elas. Ao menos tenho uma varanda privativa.

Dali podia observar, logo abaixo dela, Harry e Ginny Potter — ou Ginny Weasley-Potter, como preferia ser chamada — lutarem para mover todos os seus pertences para dentro da casa à maneira Muggle.

Bem feito.

Por que quiseram tirá-la de sua vida pacífica e confortável na Inglaterra? Estava muito feliz no quinto ano de Hogwarts, muito bem, obrigado! Agora tinha que se mudar para o outro lado do mundo (bom, quase) com um clima completamente diferente e AINDA ESTUDAR NUMA ESCOLA Muggle! E sua educação mágica, foi para Avalon? Pelo amor de Merlin!

E tudo isso porque… Por que, afinal? Não sabia. Negócios do Ministério, dissera sinistramente seu pai. E o que, afinal, poderia ser mais importante para um pai do que o bem-estar físico e especial de sua única filha?

Desde imediato tinha certeza de que não faria amigos…


Entretanto, Harry Weasley-Potter e sua esposa sabiam dessas razões e muito bem.

— Deixe os Potter entrar — disse Kingsley Shacklebolt apertando o botão da cigarra mágica, que se conectava à mesa de sua secretária. Em seguida, a cigarra tocou e uma luz vermelha se acendeu sobre a única porta de veludo vermelho do recinto, pela qual entraram Harry e Ginny Potter.

Kingsley — ou K, como havia sido carinhosamente apelidado desde que assumira a cadeira de aurores do Departamento de Mistérios — estendeu as mãos para frente indicando a seus visitantes para se sentarem, à guisa de cumprimento. O bruxo negro fumava um enorme e fumacento charuto, enquanto observava papéis com uma caligrafia imprecisa.

— Senhor — disse Harry.

— O que sabem sobre Newport Beach? — indagou K.

Ginny coçou a cabeça cor-de-gengibre. — Que é uma praia? — perguntou indecisa.

— É uma pequena cidade na costa de Orange County, na Califórnia — explicou o chefe de departamento. — O que sabem sobre Strangeways?

— O que é Strangeways? — retorquiu Harry.

— Não deveríamos saber nada mesmo, já que trabalhamos no Departamento de Mistérios? — afirmou, mais que perguntou, Ginny com um sorriso maroto.

— Exatamente! A Sra. Weasley ainda se recorda dos critérios fundamentais dos Inomináveis: não saber o nome e muito menos a missão em que está engajado o colega. A não ser vocês, que são parceiros.

Harry grunhiu, por não ter sido tão brilhante quanto a esposa — Então por que perguntou nesse caso?

— Por que agora é do seu interesse — respondeu K calmamente. — Strangeways estava infiltrado há três anos na sociedade de Newport, investigando um caso delicado.

Nesse momento, K inclinou-se para frente e sussurrou: — Há alguma coisa acontecendo em Orange County. Tenho a vergonha de dizer que não sabemos exatamente o que é. Apenas sabemos que muitas pessoas mudaram seu comportamento drasticamente após uma tempestade violenta há exatamente três anos, como se houvessem sido substituídas.

— Abduzidas, você quer dizer? — sugeriu Harry.

— Esta era exatamente a idéia de Strangeways. Ele estava lá para descobrir quem ou o que estava tomando o lugar dos habitantes de Orange County.

Deu uma pausa e depois continuou: — Até desaparecer no começo desse verão.

— O que quer dizer com "desapareceu"? — indagou Ginny — Aparatou?

— Pode ter sido, mas a expressão que mais define isso é "sumiu do mapa". Evaporou. Não sabemos se morreu, ou mesmo se foi abduzido.

— Alguém o viu pela última vez?

— É uma das razões pela qual vocês estarão se mudando para lá neste final de verão. Pagaremos escola, moradia, suprimentos, tudo — desde que mantenha contínuos relatórios por lareiras o quanto puder. Aliás, foi exatamente assim que descobrimos que Strangeways desapareceu. Ele não efetuou sua ligação-lareira diária.

Harry pigarreou. K sabia que sempre que o auror pigarreava, ele não gostaria do que seria dito a seguir.

— Você espera que nos mudemos calma e subitamente para um ambiente completamente novo, com bagagem e todo o resto, sendo que temos nossas vidas aqui e ainda uma filha adolescente?

Kingsley pausou, como se considerando as palavras de Potter, e por fim disse calmamente: — Sim.

No mesmo momento, o chefe de departamento observou a famosa cicatriz do Menino-que-Sobreviveu latejar intensamente. Apesar da aparência calma, Shacklebolt sabia por apenas este detalhe que Harry estava puto da vida.

— Cobriremos uma escola Muggle para Serena — disse K. — Harbor High, uma das mais conceituadas dos EUA.

— Mas, deixe-me adivinhar: não se ensina bruxaria lá, certo? — indagou Harry sarcasticamente.

— Orange County possui uma comunidade essencialmente trouxa — admitiu K. — Mas ela poderá voltar a cursar Hogwarts quando tudo isso terminar.

Ginny suspirou — E quando isso terminaria?

— O mais rapidamente possível — foi a resposta de Shacklebolt.


— Nós não vamos! — berrou Harry Potter.

— É nosso trabalho! Nós vamos! — berrou Ginny Weasley de volta.

O cenário da briga era a cozinha às vésperas do jantar, o motivo três convites enviados aos Weasley-Potter convidando-os — ou talvez intimando-os seja um termo mais apropriado — ao Baile de Verão realizado pelo Country Club de Newport. Arranjados e enviados com lembranças especiais de K.

— Você quer saber porque diabos nós viemos para esse cudojudas afinal? — indagou Ginny.

— NÃO! Eu odeio Country Clubs, odeio ricos playboys fedidos, fingindo que são os Garotos de Ouro de OC! E ODEIO ESTE LUGAR!

— Mas quer você queira, quer não, teremos que morar aqui por tempo indeterminado!

No meio do fogo cruzado, Serena lia — ou ao menos tentava — um dos livros selecionados para seus testes SATs.

— Então por que DIABOS você decidiu ser auror?

— Porque foi meu sonho a vida inteira!

— Então você confirma que era seu sonho ir para lugares que você odeia e despreza a trabalho!

Ah, dá um tempo!, pensou Serena, fechando o livro, jogando-o impacientemente na mesa da cozinha e saindo para tomar um ar — ou algo mais.

OK, às vezes seus pais poderiam ser o Casal 20 quando quisessem. Mas na maior parte do tempo estavam num clima de eterna guerra — e entretanto sequer cogitavam a possibilidade de divórcio, porque um MORRERIA sem o outro. Tão dependentes quanto irmãos siameses. Mas às vezes ENCHIA O SACO.

A garota parou no portão da casa e encostou na entrada, olhando a rua e os poucos carros passarem. Silenciosamente, deslizou um isqueiro para fora da bolsa e puxou um Pall Mall de um maço. Se seus pais soubessem que fumava, ela estaria FODIDA. Mesmo assim, era um enorme relaxante para as brigas de seus pais.

Não sabendo exatamente por que, olhou para o portão da casa vizinha. Lá estava parado um garoto loiro, de cabelos lisos e franja, intensos olhos azuis e vestido a caráter. O jovem olhou para o toco aceso e se aproximou:

— Sabia que um terço dos jovens que começam a fumar morrerão de câncer de pulmão?

— Eu não me importo, porque ainda estou muito longe disso — respondeu a garota calmamente.

O loiro sorriu. — Na verdade, muito menos eu. Dá-me um?

Serena sorriu, e puxou outro cigarro. O garoto o pôs na boca e acendeu na ponta do cigarro dela.

— Ryan Huntington — disse o garoto após uma tragada, estendendo a mão. A garota apenas apertou-a, mas não respondeu.

— E quem é você? — insistiu Ryan.

— Quem quer que você queira que eu seja — respondeu Serena com um sorriso. — Embora, inegavelmente, neste momento eu seja sua nova vizinha.

— Nunca recebi uma resposta tão boa — afirmou Ryan.

E um silêncio se instaurou entre os dois. Um silêncio, todavia, agradável.

Ryan tragou, depois virou para o lado e soltou a fumaça lentamente pelo nariz. Serena observou-o atentamente. Tinha que reconhecer, por mais que fumo fosse prejudicial, a cena era sexy. Não o fato de fumar, mas especificamente Ryan fumando. Que garoto… pena que nunca dará atenção a alguém como eu. Observou-lhe o nariz pequeno e reto, os olhos azuis, a boca fina e delineada, o rosto também firme, os cabelos lisos e loiros puxados para trás, mas caindo graciosamente sobre a testa, as sob…

— Você ouviu o que eu disse?

O loiro sorria.

Serena abanou a cabeça de leve, e disse rapidamente — Desculpe, não, não estava prestando atenção…

— Você vai ao Baile de Verão?

— Talvez, quando meus pais pararem de brigar e voltarem aos beijos.

Ryan riu. — Sei como é. Só muda o endereço, não é?

Serena percebeu que estava um tanto perto demais dele, mas não se importou. Sentia o hálito dele jorrar diretamente para suas narinas, e aquilo era bom.

O loiro também percebeu a situação, mas não se incomodou. Por que o faria? Sentir os rostos assim tão próximos, quase se tocando, era tão bom…

Uma buzina. Biii Biii!

— Vamos, Ryan, ou iremos chegar atrasados!

Um Land Rover preto estava parado logo atrás deles, saindo da garagem, com uma bela loira ao volante, cabelos curtos e repicados, olhos azuis, maquiagem e um vestido branco de alças, de gala.

— Papai e mamãe não vão conosco? — perguntou Ryan, virando-se e encarando a loira.

— Eles vão mais tarde.

Ryan olhou Serena e sorriu,

— Esta é minha irmã-gêmea, Rory.

Rory abriu o maior sorriso. — Olá! E quem é você?

— Serena, sua nova vizinha.

As duas se cumprimentaram.

— Finalmente conhecemos o nome da beldade! — disse Ryan sorrindo.

Rory encarou os dois, sem entender, depois disse: — Estamos indo para o Baile de Verão no Country Club.

— Ela poderia ir conosco — cortou Ryan.

— Mas eu não sei…

— Então o que estão esperando? Entrem logo! — disse Rory.

— Mas meus pais…

— É só ligar para eles quando estiver lá! Não tem um celular?

Ryan deu a volta no carro e entrou no banco do passageiro.

— Erm… Não. — respondeu Serena embaraçada. Ela já havia ouvido falar, mas sequer sabia como funcionava um celular…

— Não tem problema, empresto o meu!

Vendo que não tinha outra escolha, Serena entrou no banco de trás, atrás da motorista. Rory acelerou o carro e tomou seu rumo.

— Ryan, isso é um cigarro na sua mão? — a loira estava exasperada.

Ryan deu um peteleco na ponta do filtro do cigarro, fazendo-o voar quase à velocidade da luz para fora da janela onde sua mão repousava, e perguntou displicente, olhando para fora:

— Que cigarro?

Rory bufou e meneou a cabeça. — Com todo o problema que tivemos com papai, você OUSA se meter nessa também?

— Eu perguntei que cigarro, MAMÃE. — retrucou Ryan, ligeiramente irritado.

Serena apressou-se em atirar seu toco aceso ainda pela janela.

— Então você está morando na casa dos Maholicks? — perguntou Rory, olhando pelo espelho retrovisor para falar com Serena.

— Não sei quem morava lá antes — respondeu Serena.

— Pobres coitados… — murmurou Ryan.

— Por quê?

— Eram um pai e dois filhos. Os dois desapareceram misteriosamente. O pai gastou toda a fortuna dele tentando descobrir o que aconteceu com eles.

— E enlouqueceu — completou Rory — Quando foi achado tentando morder o rabo do cachorro, foi movido imediatamente para um sanatório.

Serena gemeu. — E nunca descobriram o que aconteceu com os filhos dele?

Rory e Ryan menearam a cabeça.

— De qualquer modo, vamos falar de assuntos mais alegres — disse Ryan — Será que essa merda vai ser a chatice de sempre?

— Ora, vamos, é sempre legal — disse Rory num muxoxo.

— O que se faz lá, afinal? — perguntou Serena.

— Basicamente? Senta-se numa mesa e finge prestar atenção na tediosa conversa de meia-idade enquanto uma banda da terceira-idade toca algo que lhe lembra levemente a Marcha Fúnebre. — disse Ryan torcendo o nariz.

— Você é tão infantil… — Rory girou os olhos.

— E você nem parece que tem minha idade — respondeu Ryan divertido.

— Mas se é tão divertido assim, o que vamos fazer lá? — perguntou Serena.

Ryan virou para trás e encarou Serena com um sorriso maroto.

— O que interessa não é a festa em si, mas o que vem depois.

— Que geralmente seria um luau no condomínio beira-mar da Tracy — Rory torceu o nariz. — Não sei como você consegue ser amigo daquela vagabunda…

— Talvez exatamente pelo fato de ela ser — replicou o loiro sorrindo.

Serena sorriu. Parece que a vida ali não seria tão má assim, afinal. Especialmente com Ryan como seu vizinho.


— Estou pronta.

Ginny Weasley-Potter surgiu à porta da sala, num vestido trouxa azul, tomara-que-caia, os cabelos ruivos presos num coque-princesa, sapatos de salto-agulha, uma enorme gargantilha de pérolas no pescoço (fazendo-a parecer uma girafa), tamborilando os dedos impaciente no batente.

Quando Harry, sentado ao sofá com o controle da Sony Widescreen ligada no colo virou-se e encarou a esposa, subitamente lembrou-se porque havia pedido-a em casamento. Ficou parado um momento, boquiaberto e mesmerizado.

— Sabe, você deveria estar pronto, ou ao menos dizer alguma coisa — disse Ginny irritada, revirando os olhos.

Harry abanou a cabeça, desvencilhando-se da visão inebriante que estava perante seus olhos e lembrou-se que estava no meio de uma briga com a esposa: — Eu já disse que não vou.

— E nós já tivemos essa discussão, Harry — suspirou Ginny.

— Não vou numa festa estúpida só porque Skinny Shacklebolt quer — grunhiu Harry, mudando do noticiário para um canal de filmes.

Kingsley Shacklebolt, e você se esquece que K é nosso chefe — berrou Ginny com as mãos na cintura e se aproximando malevolamente do sofá. — Agora, você virá comigo, Harry James Potter, quer queira quer não.

Harry engoliu em seco, e teve a nítida visão de que era a Molly Weasley, e não Ginevra Molly Weasley a falar com ele naquele momento. Não que a sogra houvesse alguma vez falado com ele daquela forma, todavia ele era uma exceção.

— Então? — a ruiva levantou uma sobrancelha, num tom baixo e ameaçador.

À guisa de resposta, o telefone tocou. Ginny agarrou o fone sem fio na mesinha ao lado do sofá e jogou-o no colo de Harry. — Atenda.

O moreno obedeceu sem discutir. — Olá?

Ao ouvir a voz do outro lado da linha, a feição de Harry mudou para preocupada e desconfiada. O auror inclinou-se para frente, apoiando o cotovelo na perna, fone na orelha.

— Espere um pouco, onde você está?

— Eu disse que já estou no Country Club, papai. — respondeu Serena do outro lado, calmamente.

— E como pixies você foi parar aí? — indagou o pai irritado.

— Ora, vim no carro de uns amigos!

QUE AMIGOS? Serena, nós acabamos de nos mudar para cá!

— É Serena? — perguntou Ginny, subitamente preocupada e sentando-se ao lado do marido. — Que há com ela?

— Vim com os filhos dos Huntington, nossos vizinhos.

— E quantas vezes eu já falei para não sair com estranhos, ainda mais entrar no carro de um estranho!

— De qualquer modo, já estou aqui e estou esperando vocês. Tchau.

Harry ouviu o clique, indicando que a filha havia desligado. O auror quedou-se a olhar o telefone, abobado.

— O telefone não vai falar mais, Harry — disse Ginny fazendo uma careta.

Harry encarou a esposa. — Ela disse que já está lá!

— Lá onde?

— No maldito Country Club, ora essa!

Ginny se levantou, satisfeita.

— Isso mostra que ela tem mais cérebro que você. Provavelmente puxou a mim…

O marido olhou para a esposa, chocado.

— Ela acabou de desobedecer a ordens expressas não só nossas, mas como medidas de segurança do Ministério da Magia, e você ainda dá razão a ela?

— Ela OBEDECEU ordens do Ministério, porque já está lá! — disse Ginny, virando-se, bolsa a tiracolo, para a porta. — Deveria estar cansada da sua teimosia…

— Está bem, estou indo — bufou Harry, levantando-se.


— Eu NÃO ACREDITO que você não sabe usar um celular! — disse Rory exasperada — Não ter um ainda vá lá, embora você precise comprar um urgentemente… Mas usar…?

— Nunca precisei usar — respondeu Serena, dando de ombros.

Rory estava boquiaberta. — Você NUNCA PRECISOU usar um celular? Você morava onde, num vilarejo da Idade Média?

Quase… Isso porque você não sabe da verdade, que eu NÃO PRECISO de um celular para me comunicar…

— Rory, dá um tempo para ela, vai? — respondeu Ryan — Ela não precisa das suas afetações de patricinha agora…

A discussão acima ocorria exatamente na porta do Salão de Baile do Country Club, pela qual passavam um monte de pessoas. O hall no qual eles estavam era amplo e tinha pé direito alto, decorado em ouro e mármore; logo em frente à entrada havia uma escada de mármore para os andares superiores. A porta do Salão de Baile estava à direita de quem entrava pela entrada principal.

— Venha, vamos entrar — disse Ryan, puxando Serena em direção à entrada, onde estava o maître recepcionando os recém-chegados, checando-lhes os convites e dirigindo-os às mesas reservadas.

— Espere! — disse Rory — Temos que esperar papai e mamãe!

— Pelamordedeus, não! — gemeu Ryan, e prosseguiu seu caminho com Serena ao braço.

A loira bufou, enquanto o loiro e seu par entravam no Salão.

Havia momentos nos quais Ryan odiava estar certo, e este era um deles. E, na verdade, Serena também. A descrição do garoto não podia estar mais correta. O Salão era oval, com várias mesas espalhadas ao redor e um espaço no meio à guisa de pista de dança, no qual o Clube da Terceira Idade dançava, ou ao menos pensava que o fazia, a uma banda entediante tocando uma música do Don McLean.

— Às vezes odeio estar certo — murmurou Ryan.

— Às vezes odeio quando você está certo — completou Serena.

— Onde esteve até agora?

Serena se virou e viu uma garota morena e de cabelos encaracolados, nariz pequeno e arrebitado, lábios estreitos mas cheios e uma pinta logo abaixo da boca abraçar Ryan pelo lado e tacar-lhe um beijo na bochecha.

— Tive alguns atrasos, Tracy — respondeu Ryan, olhando para Serena.

— E quem é a oxigenada de Chanel?

— Minha nova vizinha — respondeu o loiro, sorrindo.

— Serena Weasley-Potter — apresentou-se a garota.

— Tracy Caldwell — as duas beijaram, ou se queixaram, tanto faz.

— E quando sairemos dessa Tortura Chinesa? — perguntou Ryan.

— Acho que após a coroação de Rei e Rainha do Baile — respondeu Tracy displicente.

— Gostei do seu vestido — disse Serena simpática.

— Obrigada — sorriu Tracy, vaidosa — É um Prada. — E olhou Serena de cima a baixo. — Gostei do seu… dos seus olhos. Adoro olhos claros.

Dito isso, Tracy deu outro beijo em Ryan e saiu flutuando pelo salão.

— Ela consegue ser mais fútil que sua irmã — disse Serena.

— Todos nós temos nossos defeitos — disse Ryan sorrindo — E Rory não é fútil, apenas chata e mimada.

Serena riu.

— Ao menos meus pais me deram um nome decente, olhe o nome dela: RORY. Enrolo a língua só para falar…

— Ao menos ela não foi batizada de Ginevra — disse Serena sorrindo,

Ryan fez uma careta. — Ugh! E quem seria a azarada?

— Minha mãe. — o sorriso dela se alargou. Ryan ficou sem graça.

— Erm, desculpe, eu não tinha intenção de ofender sua…

— Não há problema — disse a garota sorrindo. — A família da minha mãe tem uma queda por nomes esquisitos. Tenho um tio chamado Percy, e outro coitado que chamaram de Billius, nome do meu tio.

— E eu reclamo de minha família… — comentou Ryan — Entretanto, como você conseguiu se livrar de ter um nome horrendo?

— Acho que minha mãe ficou tão traumatizada com "Ginevra" que decidiu dar-me um nome bonito…

— Realmente, Serena é um nome lindo… — Os olhos de Ryan brilharam, afundando na piscina dos olhos da outra. Serena, por sua vez, imergiu o olhar nos olhos do garoto.

Um pigarro quebrou o momento.

— Chega e nem vem me cumprimentar?

Os dois olharam para o lado e viram uma garota de cabelos obscuramente pretos e lisos até a cintura, repicados e com uma franja um tanto emo na altura dos olhos. Também usava uma bata tomara-que-caia preta, que dava a ligeira impressão de que a garota estava grávida.

— Eu estava…

— Não importa — disse a garota, que agarrou Ryan e beijou-o calorosamente. Serena ficou um tanto sem graça com a cena.

Em dado momento, o loiro rompeu o beijo e virou para Serena:

— Querida, esta é Serena Weasley-Potter, minha nova vizinha. Serena, esta é Kaitlin Marjorino…

— Sua namorada — disse Serena, um tanto enfadada, um tanto incrédula.

Kaitlin agiu como se Serena fosse uma barata extremamente pequena e suja, e puxou o rosto de Ryan para outro beijo. Serena suspirou e afastou-se.

E ela que tinha pensado que havia encontrado alguém especial… Parece que aquele lugar seria o tédio que havia imaginado…

Foi quando estacou, estando bem à sua frente um ruivo sardento extremamente conhecido, de fraque e gravata borboleta, copo de iwhisky/i com gelo na mão, cabelos em comprimento médio, atrás alcançando os ombros e franja jogada para trás, na altura dos olhos.

— Tio Ron?


Aquele estava sendo um dia ruim para Kenneth Marjorino. O homem de fraque, feições aquilinas e cabelo crespo cortado rente encheu mais uma dose de vodka. Sabia que estava prestes a ficar bêbado, mas não se importava. Talvez fosse até melhor, com a mulher pé-no-saco, Kirsten, e as duas filhas irritantes, Kaitlin e Kayleigh.

Pegou um pedaço do sanduíche-de-metro e caminhou até a varanda, sanduíche numa mão e copo na outra. Sentiu a brisa noturna atingir-lhe o rosto e refresca-lo. Então se inclinou na beirada e admirou a praia e o Oceano Pacífico ao fundo, com o luar brilhando nas dobras das ondas.

Ele tinha que fazer algo, ou iria pagar caro. Muito caro. E não podia deixar que seus "negócios escusos" afetassem Kirsten, Kaitlin e Kayleigh, por mais horríveis que fossem como esposa e filhas. Era sua família, afinal.

Kenneth ouviu passos e percebeu que havia alguém ao lado dele. Um homem baixinho, um tanto acima do peso, cabelos já grisalhos e quase inexistentes já no topo. Vestia um terno comum, risca-de-giz, com uma gravata vermelha. Era Deacon Brody, suposto benfeitor da Caldwell & Powell, mas na verdade líder do submundo criminoso de Newport Beach. Tinha olhos pequenos e apertados, quase duas fendas azuis, e uma boca fina, no momento contorcida numa expressão cruel.

— Ouvi dizer que o Barão Samedi está na cidade… — murmurou Kenneth cautelosamente.

Brody sorriu.

— Você está se metendo em coisas que não entende, Kenny — respondeu calmamente. — Seria melhor para você e sua família ficarem fora ao menos dessa.

— Mas eu não tenho outra opção, Deacon! — protestou o outro. Já estava ficando desesperado.

— Então veremos — respondeu Brody — Você sabe que ninguém o procura, ele o acha.

Dito isso, Brody entrou novamente no salão, copo na mão.

No momento seguinte, uma gargalhada gutural, ao mesmo tempo ardida e divertida, ecoou nos ouvidos de Kenneth. Ele virou de um lado para o outro, e por um momento, talvez um milésimo de segundo, pensou que havia visto alguma coisa do outro lado da varanda, imersa na escuridão. Alguma coisa mesmo, aparentemente uma cartola branca, flutuante, com um paletó branco, calça e sapatos da mesma cor, flutuando na escuridão, ou talvez o usuário destes estivesse tão imerso na escuridão que apenas suas roupas fossem visíveis.

Kenneth voltou o olhar para o salão, apavorado. Ninguém se comportava anormalmente. Aparentemente, apenas ele ouvira a gargalhada.


— Muita gentileza sua esperar-nos na porta, docinho — disse Melinda, entrando no salão. Estava com um vestido de chiffon cinza escuro, quase preto, decotado, sapatos Prada e os cabelos ruivos alisados com chapinha, franja cortada à altura das têmporas e puxada um pouco para a direita, mas ainda ocultando parte da testa. Ao seu lado estava Desmond Huntington, o marido, e a filha Rory — Não como o seu irmão mal-agradecido, que acabou de nos ignorar.

— Você sabe como ele é, querida — respondeu Desmond calmamente.

— Nossa mesa é a 20 — disse Rory — Vão se sentando que vou ver onde está Ryan.

— Deve estar se esfregando pelos cantos com Kaitlin — afirmou Desmond, com um sorriso.

Rory vislumbrou o salão e identificou Ryan na pista de dança. Seu pai estava certo; o loiro dançava com Kaitlin. A garota se aproximou calmamente dos dois e cutucou o irmão.

— Sr. Cara Legal, general-megera chamando — disse Rory.

Kaitlin imediatamente se afastou do namorado, deu-lhe um selinho nos lábios e disse: — Vou ver como Kayleigh está.


— Você não deveria ter saído de casa sem nossa ordem! — bufou Harry.

— Por quê? — perguntou Serena desafiadora, num tom baixo, desafiadora.

Harry bufou ainda mais — Eu acho que você tem bosta de dragão no lugar de cérebro… Você não entende e sequer pode entender que isso é para sua segurança!

— Bem, se eu fosse você enfiaria minha segurança onde não bate sol! — disse Serena, levantando-se e indo em direção à pista de dança.

— Espere um pouco, mocinha…! — disse Harry exasperado, levantando-se. Ia atrás da filha, mas Ginny pegou-o pelo braço; calma, mas firmemente.

— Ela não deixa de estar certa — suspirou a ruiva — Ela tem todo o direito de saber porque somos tão exigentes com ela.

— Mas não podemos — completou Harry — Por causa de nossos empregos…

— Eu sugeriria que vocês se sentassem e esperassem a situação acalmar — disse o ruivo sentado à mesa, manifestando-se pela primeira vez, enquanto apagava um cigarro no cinzeiro.

— Não sei por que você começou a fumar, Ron — disse Ginny torcendo o nariz.

— Todos onde trabalho fumam — respondeu o ruivo, incisivo.

— De qualquer modo, creio que não ouço notícias suas há… — começou Harry.

— Precisamente quinze anos — cortou Ron, acendendo outro cigarro.

— Por que o silêncio? — perguntou Ginny — Todos nós sentimos sua falta… Você tem uma sobrinha e afilhada a qual nunca viu até esta noite, uma irmã e um cunhado e melhor amigo que sentiu sua falta durante todos esses anos… mas acima de tudo, Hermione.

Ron fungou. Harry teve a nítida impressão de que seus olhos estavam molhados, mas podia estar enganado.

— Como está ela? — murmurou, quase num gemido.

— Como já disse, sentindo sua falta — disse Ginny.

— Nomeada chefe da Seção Q da Seção de Aurores. E há boatos de que voltou a sair com Viktor Krum, mas tenho certeza de que são falsos — acrescentou Harry.

— Por que você foi embora? — perguntou Ginny — Nem Mamãe sabe mais onde você está!

— Vocês estão num trabalho onde sigilo é tudo; também estou eu. Naturalizei-me americano, e agora trabalho na Seção Mágica da NSA. Vocês estão aqui por causa de Strangeways, não é?

Ginny e Harry trocaram olhares. — Como é que é?

— Isso é negócio dos americanos, não sei porque vocês precisam se meter aqui — disse Ron um tanto taciturno — Sou, ou ao menos era, o auxiliar de Strangeways aqui.

Harry e Ginny escancararam as bocas. A coincidência era muita.

— Ou melhor, era para ser, até chegar aqui e não descobrir sequer um sapato dele.

— O que você quer dizer? — perguntou Harry, desconfiado.

— A casa dele está lá, nas ruas numeradas — explicou Ron — E apenas. Não há móveis, roupas, comida, malas, objetos pessoais, NADA. A casa foi limpa. Ele poderia ter se mudado sem informar a central…

— Não poderia — cortou Ginny — Ou então seria readaptado e perderia a patente de Inominável. Nossas liberdades têm certos limites, sabe…

— Ou pode ter desertado.

— Por quê? — indagou Harry — Algum rabo-de-saia?

— Meus chefes acreditam nisso. Eu não. — Ron tragou e soltou a fumaça pela boca, em direção à janela. — Eu acho que ele foi uma isca do departamento, conscientemente ou não. O negócio da casa, quase que uma abdução… FIZERAM isso com ele. Não pode ter sido ele por si só. Nenhum vizinho viu nem ouviu carro de mudança, nem mesmo durante a noite. Tenho a impressão que ele sabia demais, e quem não gostou disso o pôs para dormir.

— Mas afinal, o que ele veio investigar aqui? — perguntou Ginny curiosa.

— Desaparecimentos — assim como o dele — abduções, como estamos chamando-os. E mudanças de comportamento súbitas e repentinas. Um pai de família completamente são em um dia, subindo no telhado dizendo que vacas estão voando no seguinte. Uma grávida que fura o próprio ventre com um espeto de churrasco, intencionalmente querendo matar o bebê que outrora tanto almejara. Algumas dessas mudanças de comportamento geralmente ocorriam com pessoas próximas a alguém abduzido recentemente, ou mesmo indivíduos que foram abduzidos por algum tempo e voltaram logo depois, com a sanidade descarga abaixo.

— Não podem ser dementadores? — perguntou Harry, coçando a sobrancelha.

— Não é dementadores. — disse Ron. O ruivo percebeu que o cigarro havia chegado ao filtro, e apagou-o no cinzeiro. — É algo pior. Muito pior.


— Ainda bem que a achei — disse Serena, ao encontrar Rory no meio do salão — Eu não conheço mais ninguém aqui, e definitivamente não vou voltar à mesa com meus pais.

— Bem, era exatamente para onde estávamos indo — disse Ryan, apontando para trás da vizinha.

Serena olhou para trás, e verificou que na mesma mesa na qual seus pais e seu tio estavam sentados, sentavam uma ruiva com um vestido preto e alguém que parecia seu marido, um homem de seus quarenta anos, magro, olhos azuis e cabelos loiros cortados bem rente, já se tornando grisalhos.

— São seus pais? — perguntou Serena. Rory confirmou com a cabeça.

— Bem, Ryan pode ir para a mesa e eu fico aqui para acompanhar Serena — disse Rory, empurrando o irmão em direção à mesa.

— Na verdade, porque você não vai lá com eles, já que é tão puxa-saco deles, enquanto eu fico e dou atenção à nossa vizinha? — disse Ryan pegando a irmã pela nuca, que respondeu com um grunhido "Tanto faz!" e foi se encontrar com os pais.

— Está tentando criar uma situação mais constrangedora do que já é? — perguntou Serena secamente, após Rory se afastar.

— O que você quer dizer? — Ryan levantou uma sobrancelha.

— Você já tem uma namorada, e ainda fica dando em cima de mim? — perguntou Serena.

— Eu não… o que você… que diabos…? — Ryan sequer soube o que dizer.

— Não venha me dizer que eu entendi tudo errado — disse Serena encarando-o fixamente — É mais do que óbvio que há um clima entre nós; entretanto, não farei nada enquanto você já tiver alguém, tampouco deixarei que você o faça.

E encaminhou-se para a varanda, até Ryan superar seu estupor e pega-la pela braço.

— Você é inglesa?

Completamente desprevenida pela pergunta, Serena se virou e encarou os olhos azuis. — O quê?

— Eu perguntei se você é inglesa. O sotaque definitivamente não é de nenhuma região dos Estados Unidos.

— Galesa, na verdade. Meus pais, após se casarem, se mudaram para Glasgow.

— Sabe que o seu sotaque é o que há de mais charmoso em você, além dos olhos, é claro.

Serena encarou o outro fixamente. Ryan parecia não ter ouvido palavra, mesmo após o discurso que ela havia feito. Entretanto, mulher que era, não poderia e sequer conseguiria passar indiferente a elogios tão latentes.

— Bem, obrigado — respondeu Serena, sem graça, pondo uma mecha dos cabelos atrás da orelha.

— Estou aqui para fazer-lhe companhia, e apenas isso — disse Ryan suavemente — Posso pegar-lhe um drinque?

— Claro.

— Então, você vai mesmo à casa da Tracy após o baile? — perguntou Ryan ao chegarem ao bar.

— Para superar essa festa cafona e tediosa? — perguntou a garota, após pedir um Sex on the Beach. — Deixe-me pensar? Óbvio que sim.

Ryan riu.

Foi quando alguém puxou o loiro pelo braço.

— Ouviu falar meu nome? — perguntou Tracy, sorrindo.

— Estava perguntando a Serena se ela irá à sua festa depois — esclareceu Ryan.

— Bem, é para isso mesmo que estou aqui! Meus pais subirão ao palco em minutos, pois são candidatos a Rei e Rainha do baile. Alguém mais quer ir ao camarim? — aqui ela sorriu marota — Alguém conseguiu afanar uma garrafa de Absolut…

— Meu nome é Srta. Vodka, querida — respondeu Serena, sorrindo — Estamos lá!

— Aliás, você já conhece Kayleigh? — perguntou Tracy, dando passagem a uma cópia cuspida e escarrada de Kaitlin, exceto que mais baixa e mais nova. — É a irmã mais nova de Kaitlin.

— Poderia passar muito bem sem a lembrança de que tenho aquela vagabunda como irmã, muito obrigada — disse a garota desgostosa — Kayleigh Marjorino.

— Serena Weasley-Potter — as duas se beijaram.

— Peitos legais — comentou a irmã de Kaitlin.

— Eu tenho a ligeira impressão que essa garota ainda se descobrirá lésbica, mas não se importe — disse Tracy com um sorriso, ao que se seguiu um forte soco no braço dela pela mencionada.

— Não sou alguém para se brincar — disse Kayleigh séria. — Afinal, vamos ou não? Meus pais também são candidatos.


Enquanto isso, Deacon Brody se esgueirava pelos corredores escuros dos fundos do Country Club. O patrono chegou a uma porta iluminada, em cujo batente estava encostado um jovem de terno grafite, gravata preta e chapéu de feltro branco, com uma faixa preta. Este lixava as unhas, distraído.

— O que é? Irei apresentar a Cerimônia de Coroação daqui a cinco minutos.

— Ele está descontrolado novamente. Não estamos conseguindo conte-lo mais.

— Estupefaça-o. E tire essa porra de chapéu, pelo amor de Deus, estamos em pleno verão!

— Sim, senhor — o jovem obedeceu, revelando cabelos pretos em corte militar. — Nem feitiços estupefacientes estão resolvendo.

— Deixe-me ver — Brody empurrou-o e entrou no recinto iluminado. A primeira coisa que viu foi Kenneth Marjorino entre os homens que estavam ao redor do que quer que estivesse ao centro da sala.

— Kenneth, já disse para não se meter no que é negócio seu! — afirmou Brody irritado — Saia já daqui!

— Não posso — respondeu Kenneth simplesmente. A luz era alta no recinto, ofuscando a visão do que quer que estivesse no centro do quarto.

— Caia fora daqui enquanto não pode sair queimado — disse Brody, e encarou o que estava no centro da roda de homens. — Jesus Cristo! — Ele tirou um charuto do bolso e o acendeu — Tentaram a Poção do Morto-Vivo? E a Para Conjurar a Vida?

— Nenhuma das duas funcionou — respondeu o jovem que estivera na porta, agora ao lado dele — E não temos alguém que faça a… qual o nome mesmo?

— Mata-Cão — resmungou Brody — Precisaremos fazer algo urgente, ou perderemos este também.

Então a roda se rompeu bruscamente. A lâmpada do quarto oscilou, e o que quer que estivesse no meio começou a girar loucamente, soltando baba para todo lado, e parecia agachado amarrado a uma cadeira. As cordas se romperam e pedaços da cadeira voaram, pregando um deles à parede, que berrou de dor, e outro cujo ventre foi perfurado pelo pé da cadeira.

— Puta que pariu! — berrou Brody, puxando uma varinha do bolso interno do paletó. — Crucio! Crucio! Crucio!

Logo berros lancinantes escapavam do quarto, quase inumanos.

Crucio! Crucio! — continuava a berrar Brody, em parte satisfeito com a violência, em parte desesperado pela situação.

A lâmpada oscilava loucamente, ora iluminando as enormes poças de sangue que só faziam aumentar no chão, ora o enorme volume de baba que era lançado para todo lado do quarto, com os berros da Maldição Cruciatus e os gritos lancinantes como pano de fundo.


— Sabe é muita coincidência sermos vizinhos e acabarmos na mesma mesa? — disse Melinda Huntington, bebericando do copo de champanhe.

E eu aposto minha vassoura que isso não é coincidência porra nenhuma!, pensou Ron, divertido.

— Ao menos tivemos a chance de conhecer nossos novos vizinhos — disse Desmond Huntington, sorrindo.

— Não que faltassem ocasiões, não é mesmo? — disse Harry.

— Vocês são ingleses, não é? — perguntou Rory. Ginny assentiu. — Imaginei, pelo sotaque de Serena.

— Serena na verdade é galesa — disse Harry — Morávamos lá antes de virmos para cá.

— Então suponho que você seja a adorável companhia que deu carona à minha filha? — disse Ginny.

Rory sorriu. — Obrigado pelo elogio.

— De qualquer modo, o que os fizeram mudar para cá? — perguntou Desmond.

— Éramos amigos de Strangeways.

Melinda e Desmond trocaram olhares. O da ruiva dizia nitidamente Eu DISSE que eles eram estranhos!

— Então, não acontece de vocês saberem o que aconteceu com ele, ou nem imaginam? — perguntou Ron. — Qualquer pista ajudaria.

Rory semicerrou os olhos. — Vocês são tiras?

— Na verdade — Ron coçou a cabeça, hesitante — Ele era… é meu ex-parceiro.

Ginny e Harry se entreolharam. OK, esperavam por tudo, exceto isso. E ainda era genial, pois o ruivo dissera a verdade, uma dentre as mil interpretações que a frase oferecia. Só não acreditavam que o agente da NSA chegaria a sofrer tal má impressão apenas para proteger o sigilo de seu emprego.

Melinda pigarreou, e o clima na mesa subitamente ficou tenso.

— De qualquer modo, não sabemos de nada — disse Rory — Sumiu no meio da noite. Na verdade, houve algo parecido com os Maholicks, a família que morava na casa onde vocês estão agora.

— O que aconteceu com eles? — perguntou Harry.

— Bem, eram dois…

— Alguém quer mais champanhe? — perguntou Melinda bruscamente, puxando a garrafa do balde.

Rory encarou a mãe, estreitando os olhos.

— Mãe, há alguma coisa errada?

— Claro que não, querida! — respondeu a ruiva, com o sorriso mais falso que conseguiu.

— Nesse caso, pedirei um vinho — disse Desmond, estendendo o braço para chamar a atenção do garçom.

— De qualquer modo, os Maholicks eram dois irmãos…

— Docinho, eu não acho que nossos novos vizinhos estão interessados nisso — disse Melinda sorrindo.

— Não seria de bom tom mencioná-lo, já que eles estão morando lá — disse Desmond sério — Vão se sentir mal na própria casa, no mínimo.

— Na verdade, não — replicou Ginny — Estamos extremamente interessados.

— E não são os únicos — completou Ron vivamente.

— Então — continuou Rory — Na casa em que vocês moravam, antes estavam um pai com dois filhos…

A loira foi interrompida pela própria mãe, que acidentalmente derrubou o copo de Don Perignon 52 no colo da filha.

— Oh, desculpe, docinho, vamos ao banheiro que eu vou limpar isso! — imediatamente Melinda levantou-se e puxou a filha pelo braço, em direção ao toalete.

Rory, ao mesmo tempo que Harry, Ginny e Ron, se perguntaram ao mesmo tempo o que o casal Huntington tinha tanto a esconder.


Kayleigh suspirou e se atirou no sofá de couro. Kaitlin estava sentada ao lado da irmã; Tracy sentada num braço da cadeira e Ryan no outro, abraçado a Kaitlin. Serena sentou-se numa poltrona a um canto, ao lado de um garoto moreno com roupas apertadas, cabelo alisado e com uma franja ligeiramente emo.

— Você faz mechas? — perguntou o moreno à guisa de apresentação.

Serena olhou para ele (ou ela) e respondeu — Não, são naturais.

— É porque estou realmente pensando em pintar meu cabelo de roxo; o que você acha? — perguntou o garoto, juntando as mãos um tanto aviadadamente.

Serena deu de ombros — Talvez ficasse legal. Nunca vi alguém de cabelo roxo. Mas já vi rosa. — E se lembrou de Tia Tonks.

O moreno escancarou a bocarra, deixando entrever dentes brancos e perfeitos. — Você viu alguém de cabelo ROSA? AR-RA-SOU!

Serena revirou os olhos e se virou para Kaitlin, que abria a garrafa de Absolut.

— Não ligue — disse Tracy — Adam só é bicha o suficiente para posar de emo.

— Eu já fiquei com uma garota, certo? — respondeu Adam, amplamente ofendido.

— Não me lembre, pelamordedeus — pediu Kayleigh, revirando os olhos.

Serena, por sua vez, arregalou os seus.

— Você… e… ele…?

— Eu estava bêbada, ouviu, querida? — disse Kayleigh também revoltada. — Do-pa-da.

— Aliás, Adam Caulfield, querida — disse o moreno, abraçando-a a e beijando-a, tanto após ele se afastar ela ainda se perguntava se um dragão ou um troll se sentara em cima dela.

Kaitlin serviu a vodka em copos de plástico, pura, e distribuiu para todos.

Serena pegou seu copo e encarou-o, abismada. A morena percebeu a reação da loira e perguntou:

— Vai beber ou mergulhar no copo?

— É suposto que eu devo beber tudo isso? — perguntou Serena.

— É suposto que você deve tomar banho com isso — e à guisa de resposta Kaitlin virou seu copo num gole só, para depois limpar a boca com as costas da mão e olhar a rival desafiadoramente.

Serena suspirou fundo, e encostou o copo na boca. Sentiu o líquido amargo e quase queimando descer por sua garganta, e teve ânsia de parar imediatamente. Mas algo — provavelmente algum gene em seu sangue Weasley — lhe inspirou a não deixar a provocação passar, e enquanto o álcool queimava-lhe a garganta ela sentiu seus olhos lacrimejarem. OK, peppervodka era AINDA MAIS FORTE, todavia nunca bebera sequer a famosa bebida bruxa num copo de plástico de refrigerante, de um gole só.

Ao sentir o gosto da última gota do líquido amargo descer por sua garganta, também sentiu o gosto da vitória. E o gosto da tontura. Seu esôfago queimava como se houvessem lançado um Incendium com a varinha enfiada em sua boca, e ao seu lado havia pelo menos dois Adams, se não mais. E cinco Ryans? OK, talvez estivesse exagerando…

Levantou-se, e no segundo seguinte seu nariz estava a centímetros da mesa de vidro, no centro da sala.

— Oooops — disse Ryan, levantando-se de um jato e amparando a amiga.

— Não se preocupe, ela se acostuma — disse Tracy. — Apenas sente-a de volta na cadeira. Kaitlin fungou, incomodada.

Adam também se levantou e ajudou Serena a sentar na poltrona.

— Você está bem? — perguntou ele.

— Agora estou melhor… Foi só coisa de momento — disse Serena, acariciando as têmporas.

No momento seguinte Kaitlin escorregou pelo sofá e caiu no chão, desmaiada. Kayleigh e Ryan correram até a garota, Ryan pondo a cabeça da namorada no colo e estapeando-lhe o rosto de leve. Adam revirou os olhos e encarou a parede, seu sexto sentido afeminado lhe dizendo que aquilo era apenas mais blefe.

— Acho que a bebida não fez bem a ela também… — disse Tracy.

— Acho que Serena não fez bem a ela… — disse Adam com a voz esganiçada.

— Ah, cale a boca, seu viado! — disse Kayleigh, exasperada.

— O mesmo viado com o qual você ficou… — disse Adam, virando-se para ela e mostrando a língua.

Kayleigh revirou os olhos e bufou. Kaitlin sorriu disfarçadamente no colo de Ryan.


Um pigarro ecoou eletronicamente pelo salão.

— Com licença. Tenho o prazer de anunciar que agora ocorrerá a Coroação de Rei e Rainha do Baile de Verão. Gostaria que vocês se aproximassem do palco, por favor.

Todos os rostos se voltaram para Deacon Brody, com o microfone em frente à boca no palco. O patrono sorriu. Apenas o sangue-frio que tinha lhe permitia fazer isso após a cena nos fundos do clube.

Serena aproximou-se de Ryan e pegou a mão dele nas suas. — Como está Kaitlin?

— Já acordou. Vai ficar bem. Diz que foi só por causa da birita.

— Espero — disse Serena, suspirando. A bem da verdade, Kaitlin podia morrer que a garota não daria a mínima.

— Todos podem ouvir-me? Muito bem. — Deacon Brody retirou um pequeno envelope do bolso e abriu-o. Em seguida, o que abriu foi seu sorriso. — Tenho o prazer de anunciar que a Rainha do Baile foi eleita a Sra. Kirsten Marjorino.

A mãe de Kaitlin e Kayleigh deu um passo à frente e fez uma mesura, durante os aplausos. Tinha o mesmo cabelo liso das filhas, com exceção de que era loiro; provavelmente o descoloria. Também tinha olhos azul-turquesa ("Suspeito que ela use lentes de contato", sussurrou Melinda ao ouvido de Ginny).

Deacon Brody relanceou o papel novamente, para depois dizer: — Também tenho o orgulho de informar que o Rei eleito do Baile é o marido da mesma, Sr. Kenneth Marjorino.

Uma nova onda de aplausos varou o salão, mas Kirsten olhou para os lados, o sorriso se apagando de seu rosto. Onde estava seu marido?

Brody também percebeu que Kenneth não se encontrava no palco, e tampouco havia atendido ao chamado. Sorrindo, disse: — Vamos esperar que nosso querido Ken não esteja afogando o ganso com a vizinha, não é mesmo?

Todos no salão riram. Até mesmo Kirsten — um sorriso amarelo. E seus olhos também estavam sérios.

— Bem, neste momento procederemos com a coroação… — Deacon Brody ergueu a coroa de plástico de Rainha e pôs-la no alto da cabeça de Kirsten. Esta, contudo, permaneceu séria. Alguma coisa estava errada. Terrivelmente errada.

Harry, Ginny e Ron também sentiram na platéia, seu sexto sentido tanto bruxo quanto profissional lhes causando um desconforto latente. As orelhas dos dois Weasleys ficaram vermelhas, enquanto Harry começou a brincar com o chaveiro do carro freneticamente.

— E agora acho que só nos resta esperar o marido fujão! — completou Brody, jovial.

As correntes que prendiam o lustre ao teto rangeram e se moveram, mas ninguém percebeu graças ao barulho excessivo do recinto. Em seguida, a corrente cedeu ao peso do candelabro, abrindo uma enorme fenda no teto. Era só o que bastava para o candelabro entrar em queda livre, e todos observaram boquiabertos o candelabro descer rapidamente até se chocar com a borda do palco. Kirsten desequilibrou-se, todavia Brody agarrou-a antes que caísse ao chão. Houve uma enorme explosão quando as lâmpadas do lustre se romperam, emergindo o salão numa penumbra apenas sustentada pelas lâmpadas laterais.

— Putaquepario — murmurou Ron, encarando os destroços do candelabro sobre o palco.

Foi quando Kirsten soltou um berro e abraçou Brody fortemente, enfiando o rosto no ombro do patrono. Este próprio encarou a cena mesmerizado, mal acreditando no que via. E eu avisei… e eu avisei… Você está lidando com coisas que não entende, meu caro.

Realmente, amarrado ao topo do candelabro, o rosto contorcido num último espasmo de terror, estava Kenneth Marjorino, a cabeça tombada para o lado e a coroa de Rei do Baile escorregando-lhe do topo da cabeça, numa piada diabólica.

Num átimo, Kaitlin agarrou o braço de Ryan e berrou: — Vamos sair daqui! Estou apavorada!

As lágrimas escorriam em cântaros, borrando-lhe a maquiagem.

Ryan mal teve tempo de dizer qualquer coisa a Serena, desaparecendo na multidão puxado por Kaitlin. A filha dos Potter, por sua vez, estava tão impressionada ela própria e tão chocada pela súbita saída do vizinho amado que sua primeira reação foi raiva, e saiu pisando do salão.


O vulto de Kaitlin puxando Ryan passou por Rory, e esta agarrou o braço do irmão: — Aonde pensa que vai?

— O pai de minha namorada acabou de ser morto, onde mais acha que estou indo? — gritou Ryan exasperado, e logo desapareceu na multidão também.

Rory suspirou e coçou a cabeça. Alguma coisa estava errada. Terrivelmente errada. Não era apenas, óbvio, o achado do corpo de Kenneth Marjorino como possível homicídio, mas Ryan e Serena, a súbita reação de Kaitlin. Não era UMA coisa, era o conjunto formado por TUDO.

O desaparecimento de Kayleigh! Ora essa, mas onde estava ela?


Serena descia rápida e nervosamente a escadaria do Country Club, mas ao chegar ao penúltimo degrau alguém agarrou seu braço.

— Onde pensa que vai, mocinha? — Apesar do tom furioso do pai, Serena viu outra coisa nos olhos dele. Seria preocupação? Talvez até mesmo medo?

— Não tenho que dar-lhe explicações! — berrou Serena exasperada, agarrando a saia do vestido e correndo em direção ao carro.

— Serena, espere! — Harry tentou correr atrás dela. Atrás dele, atravessando a correr a porta do Country Club, vinha Ginny seguida de Ron.

Harry correu mais um pouco, mas em segundos a filha havia alcançado o carro, dado ignição e agora saía do Country Club, cantando pneu.

Harry parou e observou o carro alcançar a estrada e desaparecer.

— Merda. — murmurou ele. — Puta merda.

— E ela sequer sabe o risco que está correndo — gemeu Ginny, alcançando o marido e parando ao lado dele.

— A questão é, nem nós sabemos — respondeu Ron, passando o braço pelo ombro da irmã, que deitou a cabeça no ombro do ruivo.

Foi quando ouviram passos, e logo atrás deles chegavam Tracy e Adam. A primeira gemeu, passou a mão na testa para afastar uma mecha que havia grudado devido ao suor, enquanto o segundo abraçou-a por trás e beijou-lhe face.

— Ela não conhece esta cidade, acabou de chegar aqui, para onde estará indo, meu Merlin? — gemeu Harry.

Tracy gemeu e deixou-se relaxar nos braços de Adam. — É tudo culpa minha.

— O que ela disse? — perguntou Ginny intrigada.

— Não ouçam o que ela diz, está delirando. Creio que é por causa do choque — disse Adam afetadamente. O garoto emo decidiu ignorar a estranha colocação do homem ao seu lado e afirmou:

— Mas eu sei para onde ela está indo.

— Onde? — uníssono dos Potter-Weasleys.

— Ou ao menos penso que sei.


N/A: Então, o que acharam? Para aqueles que ainda não têm conhecimento, este projeto é uma fic rotativa, escrita por vários autores e baseada em várias séries da Warner, embora tudo o que é necessário para continuá-la esteja aqui neste capítulo, e, lógico, a imaginação do autor. Cada autor escreve um capítulo por vez, ou menos, podendo passar-me um capítulo incompleto para que eu dê a outro para que o termine, termine eu mesmo ou o próprio pode passar para outro que deseje terminar. Este projeto é totalmente livre, tanto na criação quanto na participação; o autor pode entrar e sair à hora que quiser, e ninguém pode mudar sua história a não ser o próprio, por mais que entre em conflito com a idéia que outro autor tinha para desenvolver a história. A redação deve ser feita desta forma mesmo: ler os capítulos anteriores (portanto é extremamente necessário manter-se atualizado na história) e escrever o próximo com base apenas no que leu, sem troca de idéias ou quaisquer outras informações entre os autores, para permitir a mais ampla liberdade de autoria possível. Planejo que a fic dure mais ou menos um ano, com atualizações sempre que possível. Concordo que me excedi muito neste capítulo, mas preferia que o tamanho padrão de capítulos fosse mais ou menos de 10 a 15, e máximo 25 páginas, para manter um certo padrão, como se realmente fosse uma série de TV. Para dar ainda mais essa impressão, está a seguir um icast/i que eu fiz, como se realmente atores houvessem atuado. Em outro caso, eu próprio escolherei a celebridade que me parecer mais adequada diante da descrição do personagem.

Quaisquer escritores que desejem colaborar, mesmo que com parte de um capítulo, favor contatar-me por email, coruja ou mesmo MSN.

— THE CAST —

Harry Potter — Daniel Ratcliffe

Ginny Weasley-Potter — Bonnie Wright

Serena Weasley-Potter — Mischa Barton

Ryan Huntington — Ben McKenzie

Rory Huntington — Samaire Armstrong

Ronald Weasley — Rupert Grint

Melinda Huntington — Melinda Clarke

Desmond Huntington — Alan Dale

Tracy Caldwell — Rachel Bilson

Kaitlin Marjorino — Willa Holland

Kayleigh Marjorino — Selma Blair

Kirsten Marjorino — Kelly Rowan

Deacon Brody — Gene Hackman

Adam Caulfield — Ryan Donowho

— featuring —

Samuel L. Jackson

as Kingsley Shacklebolt (K)

Tate Donovan

as Kenneth Marjorino