Parte 1 - Como criar ódio por alguém em três dias
Dia 2 - Lidando errado com a ansiedade de três maneiras
Maneira 1 - A negação

Em meio ao silêncio abençoado da manhã, um som se inicia.
Um som amaldiçoado, vindo das profundezas de um engenhoso dispositivo de tortura de humanos.
- Maldição, quem é que tá me ligando? – Kagome urrou de ódio contra o travesseiro.

Seus olhos embaçados só conseguiam ver o nome graças ao contraste das letras pretas com o fundo branco. E o formato inconfundível daquele nome que sempre aparecia na tela do seu celular nas manhãs mais indesejadas.

- Fala, Fábio – Kagome fez questão de carregar a voz, para dar ao amigo a impressão de que havia feito um mal tremendo a ela (e a ele próprio, na próxima vez que eles se encontrassem).

- E aí, não vai mesmo pro Butantan? É daqui a pouco.

Que horas eram?

- Vou nada, já falei – reclamou – até porque eu já devo ter ido lá umas vinte vezes.

- Tá bom, então. Que horas você aparece lá na feira?

- Não sei, não sei – respondeu, impaciente. – Pode deixar que eu apareço lá.

- Tá bom então. Tchau.

Kagome verificou as horas mais uma vez, e se amaldiçoou por várias gerações por não ter colocado o celular no silencioso.

Talvez, agora, ela demorasse voltar a dormir, e a dor de cabeça surgisse. Junto com algumas lembranças de com seria o dia de apresentações. E de quem poderia aparecer por lá.

Kagome se revirava na cama em pensamentos. O tempo passava, e sua preocupação ao apresentar o trabalho para Sesshoumaru aumentava. Era mais que uma questão de honra fazer uma exposição perfeita para devolver todo o acúmulo de energia pela petulância do dia anterior. Ela, definitivamente, não havia engolido a falta de educação do homem que ela julgava ser o mestre da elegância. Tudo bem que sua visão dele havia mudado um pouco após o show um tanto vergonhoso do dia anterior, mas nada que...

"Espera" – pensou – "Ele nem chegou a olhar pra mim no estande. Ele realmente não me conhecia. E ele não falou comigo porque estava bêbado, a gente não pode exigir essas coisas de um bêbado. Embora eu ache que ele fosse alguém que nunca ficasse bêbado..."

Kagome parou ao perceber que estava...

Tentando defendê-lo para ela mesma?

Ela se sentou na cama rapidamente, resoluta a levantar-se apesar da hora. Já que não iria conseguir dormir mesmo... E, se ficasse ali, iria continuar pensando... Nele.

Ela iria ensaiar, ensaiar e ensaiar, até que sua oratória estivesse perfeita e todas as informações do trabalho na ponta da língua.

Preguiça repentina.

Maldita preguiça repentina que se apossa dos corpos.

Kagome se jogou para trás, deitando-se novamente. A jovem guerreira decidiu render-se antes de sucumbir na batalha – no caso, dormir no chão ou dentro da banheira -, e puxou o lençol de volta para cima do corpo.

- Não preciso ensaiar, vai ser fácil – disse, segura.

Mentira. Ela estava era com sono mesmo.

X_X_X_X

Ca-ham, então...

De vez em quando, por força de vários motivos, alguns capítulos poderão ser minúsculos, lidem com isso. :D uehuehuheuheuh é porque faz parte da narrativa que eu pretendo fazer: se não tiver o que falar, não vou inventar. Como é dividido por itens, fica mais fácil organizar assim, eu acho. Pode dar sua sugestão, crítica, tapa na cara e doação em dinheiro sempre que quiser!