Concern

There's a fire starting in my heart, reaching a fever pitch and it's bringing me out the dark

(Rolling in the Deep, Adele)

'Então… Soube que você quebrou o braço.'

A pequena ruiva adentrou a ala hospitalar sem dizer nada, mas reprimiu uma risada quando viu Draco Malfoy sentado em uma das macas, com o braço todo enfaixado e uma expressão forçada de dor no rosto. Ele a viu, mas desviou o olhar, enraivecido. Talvez fosse verdade o que Ron dissera, então, sobre o loiro ter tomado um golpe de hipogrifo na frente de toda a turma.

Draco olhou para ela por um breve instante e então grunhiu alguma coisa sem sentido. 'Acertou, Weasley. Como pode ver, tenho uma tala no braço.'

'Também ouvi que a causa disso foi você sendo um retardado na aula de Trato das Criaturas Mágicas—'

'A culpa foi toda daquele monstrinho sem cérebro e do idiota do Hagrid!'

'—e eu não me espantaria, porque você é um retardado normalmente', ela continuou, como se não o tivesse ouvido.

'Ah, cala a boca.' Ele ajeitou-se na maca com dificuldade, de modo a não apoiar o braço machucado na mesma, e encarou Ginny. 'Por que está aqui, afinal de contas? Se veio tripudiar ou algo do tipo, Weasley, eu diria que está um pouco mal sucedida.'

'Só vim ver se você estava vivo', ela disse, um sorriso brincando no canto de seus lábios finos. 'Quero dizer, não sei se você sobreviveria a um braço quebrado... mas posso ver que te subestimei um pouquinho.'

'Não me lembro de ter pedido pela sua preocupação.'

Ela deu de ombros. 'Sinceramente, não ligo.'

Os dois ficaram em silêncio por alguns longos instantes, encarando pontos aleatórios da arquitetura antiga da enfermaria. Não era um silêncio confortável, mas também não era tenso, muito menos hostil. Era apenas... vazio. E então Draco falou, mais para si mesmo, em uma voz baixa e ressentida. 'Essa galinha gigante e maldita terá o troco, e aquele guarda-caça anormal também.'

Ginny que, naturalmente, ouvira suas palavras, ergueu uma sobrancelha. 'O que você vai fazer? Contar para o seu papai?'

Ele estreitou os olhos.

'Pode soar idiota, mas é eficiente', ele disse.

'Não soa idiota. É idiota.'

'Okay, por mim isso já deu. Hora dos pirralhos do segundo ano irem para suas salas comunais', disse asperamente. E suspirou. 'Francamente, Weasley... você é estranha.'

Novamente ela deu de ombros; um suave sorriso estampava seu rosto. 'Não mais do que você.'

Ele se sentiu obrigado a rir. 'Há, há. Tá bom.'

Os dois não puderam evitar uma mais uma risada – conjunta, sem sarcasmo ou raiva; uma risada sem motivo aparente. E então Madame Pomfrey apareceu pela porta de entrada em passos apressados e apontou para Draco. 'Você está dispensado, sr. Malfoy. Volte aqui amanhã à tarde para tomar um tônico caso a dor esteja muito forte...' Notou, então, Ginny. "Precisa de alguma coisa, Srta. Weasley?'

'Nah, só estava de passagem. Obrigada, Madame Pomfrey.'

Ela mesmo pareceu estranhar Ginny e Draco conversando amigavelmente sem nenhuma tentativa de homicídio – afinal, ouvia coisas que os alunos diziam. Weasleys e Malfoys tinham um relacionamento instável há muitas gerações, e aquilo estava parecendo alcançar o seu auge quando os ruivos tornaram-se amigos de Harry Potter.

(Mas parecia um bom começo, ela pensou com um pequeno sorriso, ao ver a pequena Ginny deixar a ala hospitalar ao lado de Draco.)