Fandom: Merlin
Ship: Arthur/Merlin
Classificação: Livre
Gênero: Romance – Slash
Spoiler: 3x06 - The Changeling

Simples como deve ser
por Bruh M.

"As pessoas deveriam se casar por amor, não por comodidade."

Arthur nunca disse, não era como se fosse preciso dizer em voz alta. No relacionamento senhor/criado Arthur tinha sérias dúvidas ao melhor modo de agir com Merlin. O estranho rapaz era seu servo, salvara sua vida milhares de vezes sem conta – ele sabia mesmo que se recusasse a admitir – mas além de tudo isso Merlin era seu amigo.

Se fosse de outra forma Arthur nunca aceitaria tanto desaforo vindo de um simples empregado, de jeito nenhum.

Porém, dessa vez, a dúvida de Arthur era maior. Desde que Elena partiu ele evitou olhar diretamente para Merlin. Mesmo que fosse impossível tal feito dado à insistência do rapaz de tagarelar ao seu lado, falar besteiras e agir como o idiota usual Arthur percebia que seu quase casamento com Elena não afetou em nada as atitudes de Merlin perante ele.

Para Merlin tudo parecia continuar o mesmo. Ele quase se casara! Ele quase se casara contra sua vontade e para Merlin nada tinha mudado, exceto o fato dele ter lavado suas vestes cerimoniais em vão.

O que o deixava definitivamente confuso. O que o fazia se questionar qual a real importância dele, Arthur, na vida de Merlin. Seria ele o típico patrão que o fazia se meter em todo tipo de enrascada ou seria ele o amigo leal que não desistia dele e sempre acreditava em Merlin?

É claro que, de certo modo, na mesma medida que Arthur tinha consciência da importância da amizade de Merlin em sua vida, Arthur sabia que Merlin se sentia da mesma forma. Qual o significado disso tudo senão a frase que ele dissera instantes antes de tomar sua decisão acerca de seu casamento?

"As pessoas deveriam se casar por amor… não por comodidade."

Arthur não via ali, naquela frase, senão outra forma de pura amizade. Que Merlin se preocupava com ele.

Arthur gostaria de perguntar diretamente a Merlin. Faltava-lhe coragem, porém. Ele não era covarde, nunca fora. Mas em assuntos do coração ele deveria assumir que nunca foi um grande conhecedor. Era como muitas de suas aventuras mundo afora: o perigo de se machucar era grande. Era um mundo desconhecido que, de certa forma, assustava-o.

Se bem que… pensando no assunto com mais clareza: que tinha a ver o seu coração em relação em Merlin?

Pensar nisso o deixava irritado também. Gostava de Merlin, admitia. A sua simplicidade era atraente. Seu sorriso imprescindível em qualquer tempo. Não ter Merlin por perto com seu sorriso solto significava que alguma coisa estava errada. Arthur não gostava e fazia questão de reclamar quando o outro estava sério. O modo de enxergar a vida fazia dele a pessoa simples que sempre fora: nada de ruim neste mundo conseguia abalar a crença pura de acreditar nas pessoas. Esse era Merlin.

Merlin, seu criado particular. Merlin, seu amigo. Merlin, seu companheiro. E agora, Merlin, seu conselheiro.

Bom, ele teria que um dia ou outro fazer a pergunta que tanto o perturbava: o que aquele seu conselho significou afinal de contas?

E quando ele fizesse a tal pergunta Arthur não se abalaria tanto com a resposta porque, no fundo, ele sempre soube qual seria. Que este sentimento confuso que marcava seu peito também morava no peito de Merlin. Que era o mesmo tipo de confusão, mas que também era calmo e bom de sentir.

Que os dois sempre souberam a resposta antes mesmo de ser dita em voz alta.

Se o destino de Merlin era ficar ao lado do Príncipe Arthur, o destino de Arthur não seria diferente senão ao lado de Merlin. Ambos tinham feito suas escolhas. Era comodidade, mas era amor também. Principalmente amor.

23 de outubro de 2010.