Lutar Até ao Fim

Capítulo Primeiro – Aquele olhar

Tudo estava bem. A guerra tinha acabado. Voldemort fora, finalmente, derrotado.

E desde o final da guerra que destruiu Hogwarts e, principalmente, desde aquele beijo profundo, apaixonado e fugaz, que Hermione e Ron faziam de tudo para não estarem sozinhos no mesmo lugar, pois não sabiam o que dizer um ao outro depois daquele impulso tão maravilhoso.

Maravilhoso, sim… Ela é maravilhosa! Mas como lhe hei-de eu dizer isto? – pensava Ron, certo dia, ao pequeno-almoço, pela milésima vez desde o que acontecera.

Na mesma mesa estavam Harry, Giny, Hermione e George. Ron fazia um esforço enorme para não olhar para Hermione. Na verdade, ela fazia exactamente o mesmo.

- Tens de falar com ela, mano. Ela adora-te! Está na cara!

Ron saltou da cadeira, sobressaltado e assustado com a voz do irmão mais velho, ainda carregada com uma tristeza imensa por ter perdido o seu melhor amigo e irmão gémeo. Tristeza essa, que, Ron tinha a certeza, nunca ia ser totalmente superada.

- O… O quê? – sussurrou Ron, em resposta.

- Diz à Hermione o que sentes. Não te faças de parvo, outra vez, – sussurrou George ao ver a cara que Ron fazia de eu não sei do que estás a falar – eu sei muito bem que gostas dela. E que ela também gosta de ti!

- Achas mesmo? – Ron olhou para Hermione e ficou encantado com o sorriso que ela dava a Ginny – Ela é linda… Como vai olhar para mim?

- Confia no teu maninho lindo e que te adora! – sussurrou George com um rasgo de sorriso no rosto.

- Vou pensar nisso, não te preocupes. – respondeu Ron, soltando um suspiro que não passou despercebido a Hermione.

Ela olhou para ele e abriu um sorriso enorme. Ron corou desde as pontas das orelhas.

- Ron, queres vir para o jardim comi… Quer dizer, connosco? – perguntou Hermione, também ela ruborizando um pouco, com o que ia dizendo.

-Sim, é claro! – Ron sorriu-lhe abertamente.

És tão lindo, Ron…

- O dia hoje está lindo, não acham? – perguntou Giny que, depois da guerra e do começo do seu namoro com Harry, achava todos os dias lindos.

Harry aproximou-se dela e passou os seus braços pela sua cintura, e disse: -Sim, está lindo, como tu!

Giny virou-se para ele e beijou-o com paixão.

Ron fez um som de desagrado. Hermione deu-lhe um toque no braço para o calar. Ron, com o simples toque quente dela, estremeceu e calou-se.

- Hermione… Queres ir dar uma volta por aí? – Ron tinha-se enchido de coragem perante o toque dela.

- Uma… Uma volta por aí? – Hermione nem queria acreditar, tinha sido apanhada de surpresa.

- Ãh… Sim… - olhou para Harry e Giny aos beijos – Estas coisas deixam-me enojado, tenho de sair daqui! – improvisou ele.

Hermione ao ouvir a verdadeira razão daquele convite, desfez o sorriso que se tinha formado segundos antes no seu rosto, baixou a cabeça e disse: - Ah, sim, claro. Vamos.

Enquanto andavam, calados, olhando a relva que pisavam, vários pensamentos percorriam as suas mentes.

-Quem me dera que não passasse de uma grande amiga tua. Queria que me visses como uma mulher e não como um dos teus amigos. Queria ser importante para ti. Como tu és para mim, meu amor.

-Queria tanto que fizesses aquilo outra vez, Mione. Que seguisses os teus impulsos outra vez. Só mais uma, e, aí, eu beijar-te-ia outra vez e nunca mais te largava. Só não tenho coragem para dar o primeiro passo. Covarde, Ronald Weasley! Não, eu tenho de fazer qualquer coisa. O George tem razão. Eu quero tanto aquela rapariga.

Quando Ron ia começar a falar, um barulho vindo do interior da Toca assustou-os. Hermione olhou-o com terror nos olhos. Ainda não se habituara à ideia de que Voldemort tinha sido, de facto, derrotado, e qualquer barulhinho e ela ficava desesperada.

- Tem calma Mione. Está tudo bem, tenho a certeza. Fica aqui que eu vou lá ver o que se passa, ok?

- Não! Não, Ron! Não me deixes sozinha, eu peço-te! – disse, agarrando-lhe a mão.

Ron olhou para as suas mãos dadas e sorriu, corando. Hermione fez o mesmo.

- Ok, vem comigo então. Eu não te vou deixar mais sozinha. Nunca mais, pensou ele.

Entrelaçaram ainda mais as mãos e seguiram até à Toca. Quando entraram, viram uma cena, no mínimo, curiosa.

Molly Weasley estava em cima da mesa da cozinha, gritando como uma doida para George que tentava tranquilizá-la, ao mesmo tempo que corria pela cozinha com a varinha na mão.

- George! Apanha-a! Ali, atrás do fogão! Rápido!

Ron desatou à gargalhada, enquanto Hermione fazia um esforço enorme para aguentar e não rebolar no chão de tanto rir.

- Importam-se de se largar e ajudarem-me aqui? – gritou George.

Ron olhou para a Hermione, que corava intensamente. Vindo que ele a olhava, ela olhou aqueles olhos azuis brilhantes. Sorriu timidamente. Ron sorriu-lhe de volta. Voltaram o olhar para o chão, envergonhados. Largaram as mãos devagar e foram ajudar George a apanhar uma ratazana que fugia para debaixo do frigorífico.

George abaixou-se para a tentar apanhar, mas ela fugiu para cima do móvel onde Hermione se tinha encostado. Ela gritou bem alto quando a ratazana lhe saltou para os cabelos revoltados.

-AI! Sai daí! Tirem-na! TIREM-NA! – berrava ela, em pânico.

George olhou a cena incrédulo, Molly continuava aos guinchos em cima da mesa da cozinha. Ron olhou para os dois e acenou negativamente com a cabeça. Pegou a varinha que tinha guardada no bolso e aproximou-se de Hermione.

-Não te mexas! – pediu ele, apontando a varinha.

-Mas despacha-te Ronald Weasley! – mandou ela, tentando ficar quieta.

-Expelliarmus! – gritou ele, atingindo a ratazana, que voou , acabando por bater na janela e ficar inconsciente no balcão da cozinha.

-Estás bem, Mi? – perguntou ele, olhando-a com preocupação.

-Sim, graças a ti, Ron! Obrigada! – sorriu ela.

Ele ficou uns momentos sem reacção, boquiaberto, encantado com a sua voz e o seu sorriso. Foi acordado do seu transe pelos gritos da mãe.

-LEVA-A DAQUI PARA FORA, GEORGE!

George levitou a ratazana e largou-a longe de casa. Quando chegou à Toca novamente, foi acalmar a mãe, enquanto Ron rebolava de tanto rir. Hermione olhava, enternecida, para ele. Tem um sorriso tão lindo… Ai, Hermione, tens de fazer alguma coisa para que ele ria assim somente para ti! Ai, Hermione Granger, estás a ficar doida!

Entretanto, Ginny e Harry entraram na Toca, alheios ao que os amigos tinham acabado de passar. Ao verem Ron a rir a bandeiras despregadas, Hermione com um sorriso no rosto, tentando visivelmente controlar as gargalhadas, George e Molly abraçados, perguntaram: - O que se passou aqui? Porque estão… Assim?

- Mrs Weasley ficou com medo de uma ratazana que fugiu para debaixo dos móveis. – explicou Ron, ainda rindo. - Estava a ver que a mãe se mijava em cima da mesa! – comentou Ron, entre risadas.

- RONALD WEASLEY! OLHA A LIGUAGEM! – berrou Mrs Weasley.

Ron, Hermione, Giny, Harry e George deram um salto, com o susto que apanharam.

-Não teve assim tanta piada, Ron… - choramingou Hermione.

-Porquê, Mione? – perguntou Ginny.

-A ratazana saltou para cima da Hermione. – explicou Ron, um tanto preocupado – Mas agora ela já está bem, não é, Mi?

-Sim, mas graças a ti! – e completou, virando-se para Harry e Ginny – Foi o Ron que a tirou de lá! – sorriu para Ron, que lhe sorriu de volta.

-Bem, bem, vamos até lá cima? Os gritos da mãe estão a deixar-me maluca! – disse Ginny, fingindo uma cara de enjoo olhando para os amigos, sorrindo para Harry.

- Queres ir? – sussurrou Ron ao ouvido de Hermione, que estava ao seu lado.

- Sim, vamos! – Hermione não conseguia esconder o alívio de sair daquela cozinha e a felicidade de Ron lhe ter sussurrado ao ouvido, o que a fez estremecer.

Ron deu-lhe a mão e começaram a subir as escadas atrás de Harry e Ginny.

-Olhem, nós vamos até ao meu quarto, importas-te Mione? – perguntou Ginny, fazendo beicinho.

-Vocês vejam lá o que vão fazer, OUVIRAM? – retorquiu Ron, olhando-os com uma expressão ameaçadora.

-Ronald, deixa-os em paz, sim? Vão lá descansados! – respondeu Hermione.

Quando chegaram ao quarto dele, Ron deitou-se ao comprido na cama do lado da janela. Hermione fechou a porta e sentou-se na outra cama, ao lado da de Ron, que sabia ser a de Harry.

Ron sorria, encantado com a voz doce de Hermione e com a sua presença no seu quarto, quando se sentou na cama e sentiu os olhos cor de amêndoa de Hermione olhando-o. Uma onda de calor, emoção e algo que ele não sabia explicar, mas que o fazia sentir-se muito bem, trespassou-lhe o corpo inteiro.

Aquele olhar é tão poderoso! – pensou ele, sorrindo-lhe docemente.

Hermione soltou um breve suspiro e sentiu que, se não estivesse sentada, era capaz de cair, tal foi a forma como o seu corpo enfraqueceu de repente.

Aquele olhar é tão poderoso! – pensou ela, sorrindo-lhe de volta.

E assim ficaram, por uns tempos, olhando-se profundamente.

Espero que tenham gostado! Este primeiro capítulo ficou um bocado pequeno, mas compenso nos próximos!

Deixem review, que eu agradeço e muito! :D