Prólogo.

Lily se levantou assustada. Correu até a porta e verificou o corredor. Ninguém. Subiu as escadas do prédio onde morava e chegou à cobertura. Sussurros a incomodavam enlouquecedoramente. Subiu no parapeito e ficou observando a estufa que tampava a piscina. Virou-se de costas e pulou.

Atravessou primeiro o vidro e depois a piscina. Ficou boiando até que não lhe restasse um pingo de sangue e suas pupilas se dilatassem.

Capítulo 1

Eu dei um pulo da cama ao acordar. Meu peito subia e descia pesarosamente. Respirei fundo diversas vezes na tentativa de me acalmar. Que sonho mais estranho! Eu joguei as cobertas para o lado e me levantei rapidamente. Preparei uma caneca de café quente. Meu irmão, quando éramos pequenos costumava a me assustar dizendo que não se pode morrer em um sonho pois esse tipo de sonho costumava a se repetir na vida real. Pois é! Eu sou a prova viva que isso é mentira! Pelo menos por enquanto…

O telefone tocou me interrompendo minha discussão mental.

-Alô? –Falei me encostando no balcão.

-Lily? Aqui é a Dorcas do departamento de criminalística. –Falou minha melhor amiga. Não sei o porquê da identificação.

-O que foi? Estou de folga hoje. Nada vai me arrastar para o meu trabalho. A detetive aqui precisa descansar.

-Sim, sabemos que hoje é sua folga, mas o assunto é de extrema urgência. Passarei no portão ás oito. –Ela desligou.

Um calafrio percorreu minha espinha. A ligação fora muito estranha e não era do feitio da Dorcas. Coloquei um blazer preto, uma blusa fina branca, uma calça preta por cima das botas e sai do apartamento. Meu gato miou me lembrando de sua existência. Droga! Eu o peguei no colo e desci as escadas.

Dorcas, como sempre pontual, chegou às oito.

-Se importa de levá-lo para sua casa? –Eu o coloquei no banco traseiro.

-Claro que não. Mas somente depois de irmos aonde devemos ir. –Ela acelerou.

-O que é tão grave que tevês de me chamar com tanta pressa? –Eu perguntei desconfiada. O caminho pelo qual percorríamos me era muito familiar. A casa de minha irmã era por ali.

-Suicídio. Uma moça de 30 anos pulou do 20º andar.

Eu me detive. Eu tinha sonhado com alguém, acho que eu, pulando de um prédio. Não pude deixar de pensar que havia algo muito similar ali.

-Onde ocorreu o incidente? –Eu olhava para frente evitando olhar para Dorcas.

-No prédio da sua irmã. –Eu a olhei imediatamente.

Uma angustia surgiu em meu peito. Era pura coincidência, eu repetia para mim mesma. Mas o meu pressentimento… Não. Não pode ser.

-Quem era a mulher Dorcas?

-A vizinha disse que ela andava muito nervosa ultimamente.

-Droga, Dorcas! Quem era ela?

-Sua irmã, Lily. E-eu sinto muito. –Ela falou de uma só vez.

Não, não podia ser. Não Petúnia.

Eu fiquei em silencio até chegarmos ao local do crime. Antes mesmo que ela parasse o carro eu desci correndo passando pelo pessoal do trabalho e parei em frente à piscina.

-Lily, você não precisa ver isto. –Snape se colocou em frente à porta de acesso impedindo minha passagem.

-Saia da minha frente. –Eu o olhei com pura raiva.

Ele olhou-me com tristeza e abriu a porta. Andei devagar até um corpo coberto por um lençol. Tudo pareceu diminuir de velocidade. Eu me ajoelhei ao seu lado e tirei-lhe o lençol do rosto.

-Petúnia... –Sussurrei o choro saindo de uma só vez.

-Lily… -Falou Dorcas colocando a mão em meu ombro.

-E-ela não se matou. E-ela c-caiu. –Eu falei enxugando o rosto com as mãos.

-Lily não faça isso… -Falou Dorcas.

-Ela não se matou… –Eu falei com mais força.

-Lily…

Eu olhei para cima e vi uma câmera de segurança filmando exatamente a piscina.

-Quero ver os vídeos de segurança agora! –Gritei para os policiais.

POV JAMES

Eu retirei os papeis da pasta, cansado. Suspirei ao ver que chovia.

-Qual é o caso desta vez Peter? –Falei com preguiça de ler os papeis.

-Bom, um padre pediu para irmos a uma casa de uma mulher muito perturbada. –Ele falou entusiasmado.

Eu li a ficha redigida pelo padre.

-Petúnia Evans? Qual é o problema dela? –Eu falei com desdém.

-Acho que esquizofrenia aguda.

Eu olhei para o relógio.

-Nós vamos amanhã pela manhã.

-James eu não acho que ela agüenta até...

-Tchau Peter. –Eu o escoltei para fora do meu apartamento.

Tirei a roupa que estava e caí na cama. Que dia cheio! Minha vida é definitivamente uma bagunça, mas tenho que admitir que eu gosto dela assim. Apesar disso ainda sinto como se algo faltasse aqui.

-James... –Um sussurro preencheu os meus ouvidos e de repente tudo virou fogo vento e confusão. Ah... Perfeito! Mais um espírito me arrastou para o seu "pesadelo". Não podia nem descansar em paz.

Eu procurei entre os destroços e vi uma ruiva de olhos claros a 5 meros de mim.

-Me ajude... –Ela falou com a voz entrecortada. Ela sumiu da minha vista e então estávamos em um precipício sem vida e com fogo ao fundo.

Fiquei em choque com sua beleza descomunal.

-Quem é você? –Eu perguntei mais para saber o nome da beldade do que pela situação.

-Não importa... A garota que está vendo não sou eu, mas é bem parecida comigo… Por favor, a ajude! Ela não sabe em que se meteu... –Ela caiu. Eu pulei da cama ao acordar.

-Mas que droga foi essa? –Eu senti algo subir pela minha garganta e com certeza não era algo bom. Eu corri para o banheiro e vomitei sangue na pia. Sentei no chão tonto. Eu sei que eu deveria parar de mexer com espíritos e demônios, mas eu sou bom nisso... E acredite, eu não sou bom em outra coisa.

Olhei para o nada me lembrando da mulher. Linda.

Eu ouvi algo tocar no meu quarto me despertando das imagens da mulher. Era o maldito relógio fazendo seu tic tac matinal. Já são 6 da manhã?

Saí sem pressa de casa e acabei chegando até o prédio. Cheio de carros da polícia. Parei em frente ao elevador. Na verdade em frente a um homem com uma cara de cavera de dar medo. Olhei para o distintivo e vi o nome: Severus Snape.

-Eu preciso subir. –Eu falei irritado.

-Houve um acidente. Ninguém passa. –Ele nem olhou para mim.

-E o que eu tenho haver? A única coisa que eu preciso é que você saia da minha frente.

-Deixe-o comigo. –Falou uma ruiva. A mesma com a qual eu tinha sonhado.

POV LILY

-E você é? –Ele falou com um olhar estranho.

-Minha irmã morava no 606. Quem é você? –Eu o olhei de cima a baixo.

-Você é a garota esquizofrênica?-Ele falou sem pudor nenhum. Que audácia a dele!

-Quem você pensa que é para vir testar a minha paciência nesse momento? –Eu cruzei os braços. Era da minha irmã que ele estava falando!

Ele deu um sorriso zombeteiro.

-James Potter. –Ele se virou e foi embora. Se eu pudesse pegar a minha arma e atirar na cabeça dele! Não importa o quanto ele é bonito, eu o mataria.

-Lily. Já liberaram o apartamento. –Falou Dorcas me despertando da raiva.

Eu subi ao apartamento. Eu diria que deveria esperar uma bagunça, mas eu já sabia que o apartamento estaria mais do que arrumado. Petúnia e suas fobias.

Depois de um tempo remexendo nas coisas dela eu percebi que ao lado da sua cama estava um caderno pequeno. Provavelmente um diário.

"Hoje está pior do que nunca. Eu sei que ele vem atrás de mim, mas se eu fugir... Não importa. Vai piorar. Só uma pessoa pode me ajudar além de Deus. O padre disse que o que eu ouço e presencio são frutos da minha imaginação. Mas sei que esse tal de James Potter é o único que pode me ajudar e dizer: Você não é louca. Ele vem depois de amanhã."

Ela parou de escrever. A data era de ontem.

-Dorcas, você conhece algum James Potter? –Eu falei sabendo que já ouvira esse nome em algum lugar.

-Claro que sim. A área dele é o ocultismo e exorcismo. O mais procurado nessa área. Pelo menos o único eficaz. Dizem que ele faz milagres. O conheci há algum tempo atrás com seus amigos. –Dorcas riu. Parecia mais uma piada interna. Não iria perguntar, estava sem ânimo.

Um estalo percorreu minha cabeça.

-Espera um minuto. Eu disse James Potter? Aquele bonitão arrogante que veio procurando pela minha irmã? - Claro. Fazia sentido.

-Sim… E desde quando você o acha bonitão?

-Eu preciso do endereço desse rapaz. Ele esteve aqui procurando pela minha irmã.

Depois de um tempo, muito na verdade até que só achei a casa dele a noite, pois era em cima de um boliche e era 5 vezes o meu apartamento eu consegui entrar no prédio e bati na porta do apartamento dele. Ainda bem que era um apartamento por andar. Não queria esse trabalho á toa.

Ele abriu a porta com raiva.

Nu.

POV JAMES

O mais estranho do meu dia foi realmente ter encontrado a mesma ruiva com a qual eu havia sonhado. Ela era realmente... Chata. Apesar de ser a garota mais bonita que já vira em toda minha vida ela me lembra a alguém, mas eu não lembro exatamente quem. E definitivamente bem mais atraente que a do meu sonho.

-Como foi lá James? –Peter me interceptou no caminho para casa.

-A garota se matou.

Ele parou com a boca aberta.

-Que horrível! Eu disse pra você ir ontem à noite! Mas você nunca me ouve.

-Não adianta chorar sobre o leite derramado.

-Jay eu te conheço. Algo pegou a sua atenção? –Ele me olhou desconfiado. Maldito baixinho.

-Eu já te disse para não me chamar de Jay.

-Ok, mas eu estou certo não estou? –Ele pulou pela perspectiva de ganhar mais pontos comigo.

-Está, mas não é da sua conta. –Eu sorri e parei em frente a um clube.

-Ah não. Você vai o Sirius outra vez? Eu não posso entrar aí.

-Vou sim. Sirius é o meu melhor amigo. –Eu dei uma risada e entrei. Claro que o desocupado estava bebendo e cantando a balconista. Pena que a balconista não é "a" e sim "o" balconista. Se eu vou avisá-lo? Nem por um decreto... Eu preciso ver o Sirius quebrando a cara de vez em quando.

Eu ri sentando ao lado dele.

-Qual é a graça Prongs? –Ele falou ao me olhar.

-Eu prefiro não dizer. E aí? Vai tentar ir pra cama com a balconista?

-Se eu der sorte... –Suspirou Sirius.

-Mentiroso. Você não seria capaz de traí-la. –Meu sorriso se alargou.

-Não mesmo.

-O que está fazendo aqui se embebedando em pleno dia?

-Nada não…

Eu dei uma risada alta. Sabia muito bem o que era.

-Ela te chutou de casa, não foi?

-Foi.

Pronto. Gargalhei bem alto.

-Olha eu sou mais normal na hora de beber. Vão pensar que você é louco. Rindo a toda hora…

-Eu não estou bêbado Sirius. Você sim. Jenny serve mais uma pro meu amigo aqui.

-Claro meu amor. –A balconista falou com a voz máscula.

Sirius arregalou os olhos e saiu como se tivesse uma praga naquele bar. Praticamente berrando. Típico dele.

-Põe na minha conta. –Eu falei pra balcoista e saí do bar.

-Era um homem? E você não disse nada?

-Peter, leve o Sirius para casa em seu carro. Eu vou andando até em casa. –Eu o carreguei até o carro e o joguei lá dentro.

-Se vira amigo! –Falei para Peter.

-Sempre sobra mim...

Eu caminhei para casa sem pressa e topei a banheira de água. Fiquei lá por muito tempo, eu presumo e, outra vez tive um sonho maluco.

-James... –O sussurro preencheu os meus ouvidos e bateram na minha porta impacientemente.

-Só um minuto! –Eu corri e coloquei a calça social com a qual eu tinha saído de manhã e ainda enxugando os cabelos molhados abri a porta.

Aquela ruiva irritante primeiramente aparentava estar ansiosa, mas aí os seus olhos baixaram para o meu abdômen e se arregalaram.

Ela balançou a cabeça e olhou para os meus olhos.

-Senhor Potter eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas.

-E você é? –Por favor, que ela não diga…

-Lily Evans. Posso entrar ou não? –Ela abriu um pouco a mais a porta e entrou. Eu, por reflexo, fechei imediatamente a porta nas costas dela.

-Vamos, diga o que quer logo. –Eu fui andando até o meu quarto e cheguei à sala fechando os botões da minha blusa branca.

-Senhor James é verdade que teria um encontro com minha irmã hoje? –Ela se encostou na janela.

-Defina encontro. –Eu falei colocando um pouco de uísque no meu copo.

Ela suspirou em reprovação ao meu gesto.

-O que? Não gosta de bebida alcoólica?

-Detesto, mas sem fugir do assunto, por favor. Você se encontraria com minha irmã hoje?

-Sim. Ela ligou para mim pedindo que avaliasse o quadro dela. Para ver se algum espírito ou demônio estava a perturbando. –Eu tomei um gole.

-E estava?

-Se você não notou, ela pulou de um prédio ontem. –Eu sorri.

Ela suspirou com raiva.

-Senhor Potter poderia guardar só um pouco a arrogância e o sarcasmo para o senhor? Não foi você quem perdeu a irmã agora a pouco.

-Desculpe, mas faz parte de quem eu sou. E não querendo ser rude, mas como a situação pede, eu lhe indico a saída. –Eu apontei para a porta.

Os olhos verdes dela perderam um pouco brilho ficando até duros.

-James... –Ela sussurrou essa parte para si mesma. Não pude deixar de notar que era o mesmo sussurro de agora pouco e de ontem à noite. –Eu sinceramente espero que o senhor vá para o inferno.

Ela saiu batendo a porta.

-Esperanças correspondidas. –Eu sorri brindando para o nada.

Um barulho me despertou a atenção. O barulho de garças e rosnados. Uma grande sombra atravessou as minhas janelas e antes que elas passassem pela ultima eu já estava na rua procurando por aquela mulher.